Você está na página 1de 7

FACULDADE UNINORTE DE TUCURUÍ

CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

RHADIGEN PEREIRA BEZERRA

ALIENAÇÃO PARENTAL

TUCURUÍ–PA

2023
FACULDADE UNINORTE DE TUCURUÍ

CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

RHADIGEN PEREIRA BEZERRA

ALIENAÇÃO PARENTAL

Atividade Avaliativa apresentada ao Curso de


Psicologia, da Faculdade Uninorte de Tucuruí,
como um dos pré-requisitos para avaliação da
disciplina Psicologia Forense I.

Orientador(a): Rafaela Moraes.

TUCURUÍ-PA

2023
Alienação Parental
Sua origem está ligada à intensificação das estruturas de convivência
familiar, o que fez surgir, em consequência, maior aproximação dos pais com os
filhos. Assim, quando da separação dos genitores, passou a haver entre eles uma
disputa pela guarda dos filhos, algo impensável até algum tempo atrás. Antes, a
naturalização da função materna levava a que os filhos ficassem sob a guarda da
mãe. Ao pai restava somente o direito de visitas em dias predeterminados,
normalmente em fins-de-semana alternados.
A ideia de que a família “leva à sua idealização e a crença de que, com o
casamento, todos serão felizes” (Dias, 2014, p. 5), enseja na não elaboração da
separação e do fim do amor. Com o rompimento do vínculo conjugal, todos os
membros da família precisam se adaptar a uma nova situação estrutural,
aprendendo a viver dentro de um novo formato familiar e redefinindo papéis e
funções. Nessas situações, sobram mágoas e ressentimentos, podendo ocorrer de
um dos genitores não conseguir lidar com a frustração do fim do relacionamento.
Assim, há casos em que, ao perceber o interesse do outro genitor em preservar a
convivência familiar com o filho, busca vingar-se do mesmo, nem que para isto
tenha que recorrer a práticas lesivas ao próprio filho, que muitas vezes se
caracterizam como alienação parental.
Esse fenômeno pode ser conceituado como uma interferência negativa, por
parte de uns dos pais ou responsável pela criança, na formação psíquica da prole,
visando prejudicar o relacionamento com o outro genitor. Ademais, este instituto
configura-se como uma forma de abuso e descumprimento dos deveres inerentes
ao poder familiar, além de violar preceitos constitucionais, como o melhor interesse
da criança, a dignidade humana e a paternidade responsável (Pereira, 2013).
Divórcios e separações, tão frequentes atualmente, implicam diversos
desafios para a esfera jurídica e para a clínica analítica, de forma que a qualidade
das vivências entre pais e filhos determinará a intensidade dos efeitos do fim do
relacionamento conjugal. Tais experiências são decisivas principalmente quando
houver grande litigiosidade neste rompimento e na própria definição da guarda dos
filhos, podendo acarretar um forte abalo emocional para todos os envolvidos.
Alienação Parental e a Psicologia
O termo Síndrome da Alienação Parental (SAP) surgiu por volta da década
de 1980, criado por um psiquiatra norte-americano chamado Richard Gardner. Este
autor considerava a SAP como um distúrbio infantil que surgiria, principalmente,
em contextos familiares que envolvessem o divórcio e a disputa de guarda de filhos
e deveria ser elencado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM). Segundo Gardner (2001), a SAP seria caracterizada por uma diversidade
de sintomas, como "campanha de difamação", "falta de coerência", "fenômeno do
pensamento independente", "suporte ao genitor alienador no litígio".
A alienação parental precisa ser analisada à luz das construções sociais
acerca da parentalidade, considerando-se as relações de gênero, a distinção entre
conjugalidade e parentalidade e o princípio do melhor interesse da criança. A SAP
não deve ser atribuída como resultado singular de condutas paternas ou maternas
e deve ser rejeitada como constructo de síndrome ao se considerar a conexão
entre o individual e o coletivo socialmente construído. Dessa forma, é preciso levar
em conta as práticas discursivas sustentadas no mito do amor materno, pois ao se
designar uma mãe como alienadora, localiza-se no sujeito um fenômeno que é
construído e reafirmado socialmente (Sousa, & Bolognini, 2017).
Em situações onde alega-se a ocorrência da alienação parental, a criança,
já muito fragilizada, pode possuir uma forte ligação com o genitor acusado de
praticar alienação, e as medidas de alteração de guarda ou de suspensão da
autoridade parental podem causar extremo sofrimento para ela. Além disso, a lista
de sanções enumeradas na legislação "parece sugerir que, agora, o Estado é
quem possui o direito de alienar um dos pais da vida da criança" (Sousa, & Brito,
2011, p. 276). Entende-se que prejudicar o convívio da criança comum dos pais
não parece ser a melhor solução para a problemática e usurpa o direito da criança
à convivência familiar.
A presença do psicólogo judicial faz-se necessária para intervir em cenários
conflituosos permeados por demandas conjugais atreladas a questões que
envolvem a parentalidade. A garantia da convivência familiar de crianças e
adolescentes com os pais, independentemente das condições em que se encontra
a conjugalidade destes, é princípio basilar consagrado em normativas nacionais e
internacionais de proteção aos direitos infanto-juvenis.
Cabe apontar que o psicólogo jurídico pode ser entendido como
o profissional que trabalha com questões relacionadas ao Sistema de
Justiça, podendo ser um profissional com vínculo empregatício nas instâncias
judiciais ou que não possua vínculo, mas que seja solicitado por juízes com a
função de perito ou pelas partes, como assistente técnico. De acordo com a
bibliografia consultada, constatou-se que a atuação do psicólogo jurídico no
contexto da alienação parental pode ocorrer de três formas: perícia e
avaliação psicológica, mediação e acompanhamento psicológico (Brockhausen,
2012; Serafim e Saffi, 2012).
Uma das atribuições do psicólogo jurídico no Brasil reside em auxiliar os
juizados na avaliação e na assistência psicológica de crianças e adolescentes,
bem como de seus familiares. Cita-se ainda a realização de “atendimento a
crianças envolvidas em situações que chegam às instituições de direito, visando
à preservação de sua saúde mental”. Neste sentido, entende-se que o
atendimento psicológico às vítimas de alienação parental busca minimizar os
traumas da violência sofrida, pois permite à criança e ao adolescente um espaço
para que possam expressar, compreender e elaborar seus sentimentos,
principalmente as crianças,pelo pequeno repertório de experiências e de
vocabulário que possuem. Esta forma de atuação do psicólogo encontra
dificuldades na questão de mensuração, pois trata de atos e omissões de caráter
subjetivo (Mello, 2011). Cabe ao profissional a decisão e a escolha sobre a melhor
forma de intervenção de acordo com cada caso (Hirschheimer e Waksman, 2011).
Através de sua atuação com o público infantil, seja na área clínica, escolar
ou social, o psicólogo é o profissional que estará mais bem capacitado e preparado
para compreender e auxiliar neste contexto, ajudando as vítimas, acusados e ainda
auxiliará o juiz para que este possa tomar decisões com detalhes de
esclarecimentos sobre todo o contexto familiar que envolve tais acusações.
Referências

BADINTER, E. (1985). Um amor conquistado: O mito do amor materno. Rio de


Janeiro, RJ: Nova Fronteira.

BROCKHAUSEN, T. (2012). Alienação Parental. Revista Diálogos ,9(8), 14-20.

DIAS, M. B. (2014). Síndrome da alienação parental, o que é isso?. Acesso em


31 de março de 2014.

GASKELL, G. (2003). Entrevistas individuais e grupais. In M. Bauer, & G.


Gaskell, Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático (2a
ed., pp. 64-89). Petrópolis, RJ: Vozes.

HIRSCHHEIMER, M. R., Waksman, R. D. (2011). Roteiro de atendimento


e notificação. In Waksman, R. D., Hirschheimer, M. R. (2011) Manual
de atendimento às crianças e adolescentes vítimas de violência / Núcleo de
Estudos da Violência Doméstica contra a Criança e o Adolescente. Brasília:
CFM. (pp. 85-100).

MELLO, A. C. M. P. C. (2011) Violência Psicológica. In Waksman, R.


D., Hirschheimer, M. R. (2011) Manual de atendimento às crianças e
adolescentes vítimas de violência /Núcleo de Estudos da Violência
Doméstica contra a Criança e o Adolescente. Brasília: CFM. (pp. 57-62).

SOUSA, A. M., & Bolognini, A. L. (2017). Pedidos de avaliação de alienação


parental no contexto das disputas de guarda de filhos. In M. Therense, C. F. B.
Oliveira, A. L. M. Neves, & M. C. H. Levi, Psicologia jurídica e direito de família:
Para além da perícia psicológica (pp. 169-203). Manaus, AM.

SOUSA, A. M., & Brito, L. M. T. (2011). Síndrome de alienação parental: Da


teoria norte-americana à nova lei brasileira. Ciência e Profissão, 31(2), 268-283.

Você também pode gostar