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Lúcia Vaz de
Campos Moreira.
Elsa de Mattos*1
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Doutora em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia. Participa do grupo de pesquisa
Desenvolvimento em Contextos Culturais (UFBA). Professora de Psicologia na Faculdade
Independente do Nordeste – FAINOR (Bahia). Atuou como coordenadora de projetos sociais
voltados para crianças, adolescentes e jovens na Fundação Clemente Mariani e na ONG Cipó-
Comunicação interativa. Email: e.mattos2@gmail.com
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Capítulo publicado no livro: Psicologia, Família e Direito, Ed. Juruá (2013), Org. Lúcia Vaz de
Campos Moreira.
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Capítulo publicado no livro: Psicologia, Família e Direito, Ed. Juruá (2013), Org. Lúcia Vaz de
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Capítulo publicado no livro: Psicologia, Família e Direito, Ed. Juruá (2013), Org. Lúcia Vaz de
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Capítulo publicado no livro: Psicologia, Família e Direito, Ed. Juruá (2013), Org. Lúcia Vaz de
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emergem e que fazem com que as partes busquem mais uma vez o Judiciário,
solicitando uma revisão nos dias e horários ou forma de visitas que foram
anteriormente acordados. De acordo com Maciel e Cruz (2009), nesses casos, o
psicólogo deve procurar compreender a dinâmica relacional das famílias,
identificando a natureza e a qualidade dos vínculos que se estabelecem, bem como,
as formas de cuidados parentais, levando em conta o sistema familiar como um
todo em sua complexidade. Além disso, conforme sugerem Lago e colegas (201), o
psicólogo pode também atuar como mediador, procurando apontar a interferência
de conflitos intrapessoais na dinâmica interpessoal dos cônjuges, de forma a
promover a colaboração e transformar o conflito, buscando preservar a autonomia
da vontade das partes.
A disputa de guarda é conflito que emerge nos processos de divórcio
quando é preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda ou a custódia dos
filhos. Em casos mais graves, conforme aponta Silva (2012), tais disputas podem
ocorrer em âmbito judicial e pode ser adotada a mediação para solução do conflito
ou o juiz pode solicitar uma perícia ou avaliação psicológica para que se identifique
qual dos genitores tem melhores condições de exercer esse direito. Nesses casos,
além dos conhecimentos sobre avaliação, psicopatologia, psicologia do
desenvolvimento e psicodinâmica do casal, é fundamental conhecer temas como
guarda compartilhada, falsas acusações de abuso sexual e alienação parental que
vêm emergindo com bastante frequência nesse tipo de processo. É importante
ressaltar, em casos extremos, existem pais que colocam seus próprios interesses e
vaidade pessoal acima do interesse dos filhos, na tentativa de atingir ou magoar o
ex-marido/mulher, apresentando dificuldade para exercer a parentalidade de
forma saudável e responsável (SILVA, 2012). Recentemente, com o advento da Lei
da Guarda Compartilhada (Lei 11.628/2008), determinando que ambos os
genitores dividam os direitos e deveres em relação aos filhos, os operadores do
Direito vêm se voltando para esse tipo de tutela dos direitos.
Além das áreas de atuação já destacadas anteriormente, vinculadas ao
Direito de Família, o psicólogo jurídico também tem sido chamado a atuar na
promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, especialmente após a
publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Nesses casos, destaca-
se o papel do psicólogo junto aos processos de adoção e destituição de poder
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Capítulo publicado no livro: Psicologia, Família e Direito, Ed. Juruá (2013), Org. Lúcia Vaz de
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Capítulo publicado no livro: Psicologia, Família e Direito, Ed. Juruá (2013), Org. Lúcia Vaz de
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para a família. Nela não existem ganhadores nem perdedores, pois a prioridade é
dada à cooperação entre os envolvidos, evitando processos litigiosos. Diferente do
processo litigioso, a mediação representa uma tentativa de encontrar um
denominador comum entre as partes, fomentando entre elas o diálogo. Ela é uma
ferramenta que confere mais autonomia às partes para que possam resolver suas
desavenças da maneira mais conveniente para elas, com o apoio de um terceiro
que atua como facilitador (KRUGER, 2009).
Para Gonçalves e Brandão (2008), a mediação pode ser geral ou específica.
É geral quando contempla todos os assuntos a serem resolvidos no divórcio e
específica quando aborda somente alguns aspectos. Dentre questões que podem
ser tratadas numa mediação familiar, encontram-se: definição da guarda dos filhos,
pensão alimentícia, regulamentação de visitas ou divisão de bens. Outro aspecto
frequentemente abordado nas mediações familiares é a responsabilidade pelo
cuidado com idosos.
Cabe ao mediador ouvir atentamente a necessidade das partes, com uma
postura acolhedora às diferenças, facilitando a comunicação e evitando
imposições, orientando a busca de ideias que facilitem a construção de uma
responsabilidade mútua, especialmente no que diz respeito à parentalidade.
Diferente do processo litigioso há uma tentativa de encontrar um denominador
comum entre os envolvidos. No entanto, embora a aceitação da mediação venha
crescendo no Brasil, ela não foi ainda regulamentada em nosso país.
Recursos Teórico-Metodológicos
Conforme sugere Cezar-Ferreira (2007), o trabalho dos profissionais que
atuam em Psicologia Jurídica envolve a investigação da subjetividade em
diferentes níveis de complexidade. Voltados para esse objetivo, esses profissionais
se utilizam de diferentes recursos teórico-metodológicos em suas abordagens,
podendo partir de diversas perspectivas teóricas (p. ex. Psicanálise, Terapia
Familiar, Terapia Narrativa, Gestalt, entre outras) e realizar observações,
entrevistas, testes psicológicos, trabalhos em grupos, visitas às residências das
famílias, escolas e outros ambientes frequentados pelas crianças.
De uma forma geral, a perícia psicológica ainda continua sendo o campo de
maior demanda para os psicólogos no judiciário. No campo do Direito, a perícia é
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Considerações Finais
Este artigo buscou esclarecer pontos de convergência entre as áreas da
Psicologia e do Direito. Em especial, destacamos o papel do psicólogo que atua no
campo do Direito de Família e do Direito da Infância e Juventude. Ao analisar os
campos de atuação do psicólogo jurídico, percebe-se um predomínio da atuação
desses profissionais enquanto peritos/avaliadores. Contudo, a demanda pela
atuação do psicólogo no campo jurídico vem se ampliando cada vez mais: são
acompanhamentos, orientações familiares, participações em políticas de cidadania,
combate à violência, participação em audiências, entre outros. Nesse sentido, os
profissionais da área precisam buscar constante atualização.
Finalizando, destacamos a necessidade de ampliar o espaço para discussão
acerca da Psicologia Jurídica no ambiente acadêmico, mediante a criação de
disciplinas nos cursos de Direito e de Psicologia, além da promoção de encontros
voltados para ampliação do conhecimento e troca de experiências. Um grande
desafio que se apresenta para os profissionais de psicologia jurídica é não se
limitar aos conhecimentos de uma única área, buscando redimensionar a
compreensão do agir humano, considerando a complexidade da subjetividade
humana em seus aspectos legais, afetivos e comportamentais.
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Referências
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