Você está na página 1de 4

DESAFIOS DO PROCESSO ADOTIVO NO BRASIL

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema DESAFIOS DO PROCESSO ADOTIVO
NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.

TEXTO 1

QUASE 70% DAS CRIANÇAS APTAS PARA ADOÇÃO NO BRASIL TÊM MAIS DE OITO ANOS
“Os pretendentes trazem aquela criança idealizada, é normal, natural. Mas cada vez
mais o movimento é mostrar a criança real. A partir de oito anos de idade, já começa a
ficar mais difícil da criança ser adotada. Quanto mais a idade avança, mais fica difícil.
Também grupos de irmãos, crianças com problemas de saúde. São o que a gente chama
de adoções necessárias”, colocou à CNN.
Em relação à idade, os dados do Conselho Nacional de Justiça mostram que 279 crianças
disponíveis para adoção têm até dois anos. Mais de 2,6 mil têm oito anos ou mais, sendo
que a principal faixa é dos adolescentes com mais de 16 anos – 742.

Vitória da Conceição Oliveira é uma delas. A jovem, que sonha ser veterinária, tem 16
anos e há nove está em um abrigo. Ela conta que teve dificuldade de adaptação em
quatro famílias. Agora, aguarda mais uma oportunidade. “Eu não queria facilitar as
coisas, só queria sair à noite, não avisava para onde ia… Se tiver uma nova chance, vou
fazer tudo diferente. Quero uma família, pessoas que se importem comigo”, revelou a
adolescente.

No caso da etnia, 54,1% dos que aguardam por uma família são pardos, 27,3% são
brancos, 16,8% são pretos e 0,8% não tiveram a etnia informada.

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/quase-70-das-criancas-aptas-para-
adocao-tem-mais-de-oito-anos/

TEXTO 2
CASOS DE DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS REVELAM DEFICIÊNCIAS NO
SISTEMA E NA LEI
Na última semana, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina – TJSC – determinou que os
pais paguem o tratamento psicológico para criança que devolveram para adoção. No
caso, o Tribunal negou a pretensão de um casal de desvencilhar-se da obrigação de
pagar tratamento psicológico/psiquiátrico a uma criança de sete anos, a qual desistiu de
adotar. Apesar de saber da condição psicológica da criança, que sofria maus-tratos da
mãe biológica, o casal insistiu em adotá-la, mas por duas vezes a devolveu para o abrigo
por conta de dificuldades no relacionamento com ela.

Consta no processo que os pais adotivos, durante o tempo em que estiveram com a
criança, suspenderam seu tratamento medicamentoso, psicológico e psiquiátrico, de
cuja necessidade de continuidade estavam cientes. Conforme depoimento das
psicólogas que acompanharam o caso, após ser devolvida por duas vezes à instituição,
a criança passou a apresentar maior agressividade, sentimento de raiva e agitação. Elas
ainda afirmaram que ela chamava os pretendentes de pai e mãe.

Para a advogada e psicanalista Giselle Groeninga, diretora de relações interdisciplinares


do IBDFAM, neste caso há uma corresponsabilidade dos adotantes e do Estado, “pois
cabe ao Estado zelar pelas crianças, e pelo visto esta criança em especial já trazia
dificuldades que não podem ser imputadas somente aos pais. No entanto, a
responsabilidade pela escolha da adoção cabe aos adultos e não se pode concordar em
que se ‘devolva’ uma criança”, disse.

Adaptado de https://larpequenoleao.org.br/2018/08/10/casos-de-devolucao-de-
criancas-adotadas-revelam-deficiencias-no-sistema-e-na-lei/

Exemplo:
No preâmbulo da Carta Magna brasileira, definiu-se o Estado Democrático como
imprescindível ao exercício da cidadania. Hodiernamente, contudo, a prevalente
dificuldade em adotar órfãos, por exemplo, configura uma realidade à margem da
democracia. Nesse viés, o processo adotivo, no Brasil, representa ainda enormes
desafios. Pode-se dizer, então, que a inércia estatal e o individualismo do empresariado
são os principais responsáveis pelo quadro.

Primeiramente, ressalta-se a inoperância governamental para combater a inflação.


Segundo o pensamento hobbesiano, o Estado é encarregado de garantir a estabilidade
social, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à negligência das autoridades, de
acordo o jornal “O Globo”, a desvalorização da moeda, em 2016, foi um dos fatores que
limitou a adoção de crianças. Dessa forma, geram-se condições favoráveis ao abandono
desses indivíduos, e os direitos mais básicos normatizados em lei, como o direito à
proteção, são ameaçados.

Outrossim, a exclusiva ambição por lucro é parte elementar do problema. Acerca disso,
destaca-se um princípio ético fundamental da filosofia de Eric Voegelin, do qual se deduz
que o egocentrismo prejudica a conservação da prosperidade coletiva. Em análise
realizada pela revista “Exame”, verificou-se que nos últimos anos, estúdios de cinema,
visando somente o enriquecimento, dificultaram o processo adotivo produzindo filmes
com apologia ao racismo contra adolescentes asiáticos, para atender à demanda dos
sócios investidores. Logo, desrespeita-se, em nome de interesses individuais, uma
importante noção da metafísica voegeliana, amplamente aceita, que harmoniza os
vínculos humanos. Dessarte, o bem grupal padece sob o jugo do egoísmo.

Portanto, são necessárias medidas capazes de restabelecer a ordem democrática. Cabe


ao governo federal atuar em favor da população, mediante a gênese de leis que
propiciem a regularização do cenário econômico, a fim de assegurar acolhimento e
proteção a todos. Ademais, o corpo social deve pressionar os empresários a
descontinuarem os projetos promotores de intolerâncias, por meio de atos educativos
e campanhas de mobilização em locais públicos, com a distribuição de cartilhas
informativas, no intuito de viabilizar um ambiente justo e equilibrado. Assim, obter-se-
ão os requisitos indispensáveis para a restauração da soberania civil.

Você também pode gostar