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FILIAÇÃO E RECONHECIMENTO DOS FILHOS

FILIAÇÃO: consiste na situação de descendência direta em primeiro grau. O estudo da filiação


atualmente deve considerar como premissa básica o princípio da igualdade dos filhos,
contemplado na CF/88: Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação.
Vedada, portanto, qualquer distinção entre família legítima e ilegítima. Hoje a filiação independe
da relação conjugal. O reconhecimento dos filhos acaba por se desdobrar na importante noção de
veracidade da filiação. O ordenamento deve criar óbices para se reconhecer a verdadeira
vinculação entre pais e filhos. Ex.: Art. 1.601 CC.
Critérios Determinantes da Filiação: Presunção Legal; Critério Biológico e Critério Afetivo.
Reconhecimento da Filiação: Voluntário e Mediante Provocação Judicial.

FILIAÇÃO E RECONHECIMENTO DOS FILHOS


Particularidades do Critério Biológico: Com o avanço da tecnologia, o critério biológico passou a
admitir particularidades quanto à sua constituição. A evolução científica, por meio de intervenção
médica, criou novas formas de fecundação, a exemplo da Inseminação Artificial Intrauterina e sa
Fertilização In Vitro:
a) Barriga de Aluguel ou Maternidade de Substituição (ocorre quando há problema médico que
contraindique a gestação na doadora genética);
OBS: As doadoras temporárias do útero deverão já ter tido ao menos um filho, devendo
pertencer à família da doadora genética, num parentesco até o 4º grau, sendo os demais
casos sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina. A doação temporária do
útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.

Essas técnicas repercutem trazendo diversos questionamentos, por exemplo: na barriga de aluguel,
o filho é de quem deu o material genético ou de quem gerou? Como consequência dessas técnicas
a legislação trata, portanto, do reconhecimento dos filhos havidos por:
 Fecundação Artificial Homóloga: realizada com material genético de ambos os cônjuges;
 Inseminação Artificial Heteróloga: realizada com material genético de terceiro, ou seja,
alguém alheio à relação conjugal.

RECONHECIMENTO DOS FILHOS


1. Critério da Presunção Legal (pater is est) é um entendimento legal de que os filhos
concebidos na constância do casamento são presumidamente filhos dos cônjuges, mesmo nas
situações de inseminação artificial. Art. 1.602 CC: não é qualquer prova que basta para afastar
a presunção. Alegações circunstanciais (adultério feminino) ou mesmo a confissão expressa
da mulher não bastam.
OBS: no critério da presunção legal, mesmo que de forma mitigada e com exceções, também
está presente o caráter biológico.

2. Critério Biológico
Reconhecimento Voluntário da Filiação: a perfilhação é o reconhecimento voluntário que se dá,
extrajudicialmente aos filhos havidos fora do casamento. O reconhecimento voluntário é ato formal,
de livre vontade, irretratável, incondicional e personalíssimo.
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:
I - no registro do nascimento;
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o
objeto único e principal do ato que o contém.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu
falecimento, se ele deixar descendentes.

Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir
no lar conjugal sem o consentimento do outro. (esse consentimento deve ser visto com cautela,
sempre considerando o melhor interesse do menor).

Art. 1.612. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do genitor que o reconheceu, e,
se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhor atender aos interesses do
menor.

Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode
impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
 OBS 5: Reconhecimento feito por incapaz: é necessária a instauração de um procedimento de
jurisdição voluntária (Ação de Reconhecimento Voluntário de Filho), com a participação do MP,
para que o registro seja lavrado, por segurança jurídica.
 Sendo o menor relativamente incapaz, dispensa-se a assistência ministerial no ato do
reconhecimento, eis que está apto a celebrar o reconhecimento de um fato, e não um negócio
jurídico.
Reconhecimento Judicial: o reconhecimento judicial de paternidade ou maternidade dá se por meio,
obviamente, de ação judicial, por Ação Investigatória de Paternidade (postulação imprescritível).
 Legitimidade Ativa:
- Investigação de Paternidade ou Maternidade, onde se alega filho (investigante) ou o MP,
como legitimado extraordinário.
- Investigação de Filiação: o suposto pai ou mãe, ou aquele(a) que se apontou como tal.

 Legitimidade Passiva:
- Investigação de Paternidade/Maternidade: do pai e/ou da mãe ou de seus herdeiros (se
a investigatória for após a morte).
- Investigação de Filiação: o filho, representado por quem detenha sua guarda.

Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil.

Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de investigação de
paternidade, ou maternidade.
* A exceptio plurium concubentium: alega de que a mãe mantinha relação com outro homem ou
mais de um homem à época da concepção.A prova mais importante e definitiva é o EXAME DE DNA,
mas diversas outras provas podem ser juntadas para ajudar no esclarecimento.
* SÚMULA 301 STJ: em Ação Investigatória de Paternidade a recusa do suposto pai a submeter-se ao
exame de DNA induz presunção juris tantum (relativa) de paternidade.

Continuando Ação Investigatória de Parentalidade:


} Causa de Pedir: consistirá simplesmente na relação sexual.
} Foro competente: é o domicílio do réu e havendo cumulação com pedido de alimentos,
desloca-se para o domicílio do autor.
} Efeitos da Sentença: A sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os
mesmos efeitos do reconhecimento; mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da
companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade. È possível a rediscussão da
parentalidade nos casos em que não houve o Exame de DNA, entendendo que a sentença não
transitaria materialmente em julgado.

3. Critério Afetivo: Parentalidade Socioafetiva e Multiparentalidade - Reconhecimento


Extrajudicial Voluntário: Provimentos 63 e 83 CNJ.
} Poderão requerer o reconhecimento da paternidade ou maternidade socioafetiva de filho os
maiores de dezoito anos de idade, independentemente do estado civil.
} Não poderão reconhecer a paternidade ou maternidade socioafetiva os irmãos entre si nem
os ascendentes.
}O pretenso pai ou mãe será pelo menos dezesseis anos mais velho que o filho a ser
reconhecido.

*Enunciado 339 do CJF: A paternidade socioafetiva, calcada na vontade livre, não pode ser
rompida em detrimento do melhor interesse do filho.

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