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Roteiro 03
De acordo com Caio Mário, vocação hereditária é a convocação a suceder. Portanto, para
adquirir por causa morte, há de ocorrer o chamamento ou vocação do herdeiro, que pode se
dar por disposição de ultima vontade ou por lei.
No caso de herdeiro concebido, mas não nascido, seu quinhão será reservado sob condição
suspensiva.
Obs.: O CC/2002, trata a incapacidade sucessória ou falta de legitimação para suceder como
um impedimento legal de receber a herança.
De acordo com Tartuce, o nascituro é pessoa humana, tendo a personalidade jurídica formal
(relativa aos direitos da personalidade/ Teoria Concepcionista). Falta-lhe, porém a
personalidade jurídica material, relacionada aos direitos patrimoniais, no caso, o direito à
herança. Entretanto, pondera este autor que sua posição está inclinada a reconhecer ao
nascituro os direitos sucessórios desde a concepção, o que representa reconhecer a este
sujeito uma capacidade civil plena. Afirma ainda, que apesar de reconhecer a capacidade civil
plena do nascituro, o entendimento majoritário da doutrina é no sentindo de que o nascituro
somente terá direitos sucessórios se nascer com vida, pendendo uma condição para tal
reconhecimento.
Neste sentindo aduz Caio Mário: defere-se a sucessão ao nascituro, desde que já concebido no
momento da abertura da sucessão. Se, porém nasceu morto, deve ser considerado como se
nunca tivesse existido, assim o que morreu, ainda que apenas um instante antes da abertura
da sucessão, não é chamado para herdar.
Obs.: Coexistência
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Obs.: Extensão da regra sucessória aos embriões havidos das técnicas de reprodução assistida.
Não constitui ilícito ético a reprodução assistida post mortem desde que haja autorização
prévia específica do (a) falecido (a) para o uso do material biológico criopreservado, de acordo
com a legislação vigente.
Carlos Roberto Goncalves, afirma que em relação aos direitos sucessórios do concebido post
morte e, assim, na sucessão legitima, são iguais os direitos sucessórios dos filhos, e se o Código
Civil de 2002 trata os filhos resultantes de fecundação artificial homologa posterior ao
falecimento do pai, como tendo sido “concebidos na constância do casamento”, não se
justifica a exclusão de seus direitos sucessórios. Um entendimento contrario, conduziria à
aceitação da existência, em nosso direito, de filho que não tem direitos sucessórios, em
situação incompatível com o proclamado no art. 227, § 6º, da Constituição Federal.
Tartuce aduz que entendia que o embrião, a exemplo do nascituro, apesar de possuir
personalidade jurídica formal (direitos da personalidade), não teria personalidade jurídica
material (direitos patrimoniais) e só seria herdeiro por força de disposição testamentária.
Entretanto, está inclinado a reconhecer ao embrião uma personalidade civil plena, inclusive no
tocante à tutela sucessória, assim como ocorre com o nascituro.
Para Maria Berenice Dias, tratando-se de concepção homologa, nada justifica excluir o direito
sucessório do herdeiro concebido post mortem. Para a autora, o filho nascidos de concepção
póstuma ocupa a classe de herdeiros necessários. Já na concepção heteróloga, afirma que
quando foi autorizada a fertilização post mortem, é irrelevante a data em que ocorre o
nascimento, afirmando que, caso não ocorra à autorização necessária, não há que se falar em
capacidade sucessória.
Ainda de acordo com a autora, a doutrina vem entendendo que o vinculo sucessório é
afastado quando a implantação ocorra após a abertura da sucessão, pois pelo princípio da
saisine, é indispensável à existência do herdeiro ao menos concebido para que ocorra a
transferência da herança. (Neste sentindo: Paulo Lôbo, Guilherme Calmon, José Francisco
Cahali e o jurista português José de Oliveira Ascenção).
Nas palavras de Paulo Lôbo, diante do princípio da coexistência, o herdeiro deve estar vivo, ou
concebido quando da morte do de cujus. Assim, não é herdeiro o filho que faleceu antes do de
cujus nem o que foi concebido após a morte dele, com utilização de técnicas de reprodução
assistida, salvo se tiver deixado testamento com disposição expressa neste sentido, em
reconhecimento da autonomia privada do testador.
Provimento 63/CNJ
Da Reprodução Assistida
Art. 16. O assento de nascimento de filho havido por técnicas de reprodução assistida será
inscrito no Livro A, independentemente de prévia autorização judicial e observada a legislação
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Art. 17. Será indispensável, para fins de registro e de emissão da certidão de nascimento, a
apresentação dos seguintes documentos:
§ 2º Nas hipóteses de reprodução assistida post mortem, além dos documentos elencados nos
incisos do caput deste artigo, conforme o caso, deverá ser apresentado termo de autorização
prévia específica do falecido ou falecida para uso do material biológico preservado, lavrado por
instrumento público ou particular com firma reconhecida.
Art. 18. Será vedada aos oficiais registradores a recusa ao registro de nascimento e à emissão
da respectiva certidão de filhos havidos por técnica de reprodução assistida, nos termos deste
provimento.
§ 1º A recusa prevista no caput deverá ser comunicada ao juiz competente nos termos da
legislação local, para as providências disciplinares cabíveis.
Art. 19. Os registradores, para os fins do presente provimento, deverão observar as normas
legais referentes à gratuidade de atos.
INTERESSE DA CRIANÇA
De acordo com os autos, a criança, portadora de doença cerebral, e sua mãe, tutelada havia
mais de 40 anos, dependiam financeiramente da avó da menina, que recebia pensão por
morte de seu marido.
Em razão das condições especiais da criança e de sua mãe, a avó requereu a guarda da menor
para que esta pudesse usufruir de sua pensão quando viesse a morrer, o que aconteceu antes
da conclusão do processo.
Salomão destacou ser incontroverso nos autos que a menor vivia com a avó desde seu
nascimento e que a convivência era saudável e benéfica, além de não existir por parte dos
genitores da criança oposição ao deferimento da guarda, o que, segundo o ministro, seria um
quadro fático semelhante a precedentes da corte que admitiram a adoção póstuma.
“Evidenciado que a guarda era providência que se adequava ao melhor interesse da criança, à
época, e comprovada, ainda, a inequívoca intenção da autora em obtê-la, requisito
indispensável e bastante ao reconhecimento da guarda póstuma, em raciocínio simétrico e
analógico desenvolvido para o pedido de adoção, entendo deva ser provido este recurso
especial, reconhecendo-se a guarda requerida, com os efeitos dela decorrentes”, disse o
ministro.
Salomão lembrou que a jurisprudência do STJ não admite o pedido de guarda formulado por
avós para meros efeitos previdenciários, mas ressaltou que o quadro apreciado não poderia
ser confundido com essa hipótese, uma vez que o objetivo do processo era assegurar vida com
dignidade à menor especial, e não a obtenção de benefício previdenciário.
“No processo em julgamento, em momento algum ficou evidenciado que o objetivo único da
recorrente seria, repita-se, pura e simplesmente, garantir o recebimento de benefício
previdenciário pela neta, mas, acima de tudo, o escopo perseguido era a segurança de
sustento para quando a avó não mais estivesse com elas, para que a menor, com necessidades
especiais, tivesse condições dignas de vida e sobrevivência”, concluiu o relator.
Sucessão testamentária
- Prole eventual;
- Pessoa jurídica;
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O art. 1799/CC indica outras pessoas, além daquelas existentes ou já concebidas quando da
abertura da sucessão.
Prole eventual
- São os filhos não concebidos de pessoas indicadas pelo testador, estas devem estar vivas
quando da abertura da sucessão.
- Pessoas jurídicas
Nas palavras de Caio Mário, as pessoas jurídicas, não devem ser chamadas a suceder ab
intestato, mas podem, ser instituídas como herdeiras testamentárias.
Não é possível a deixa testamentária a pessoas jurídicas que não existem embrionarimente,
exceto no caso de fundações. Portanto, se existe uma pessoa jurídica em formação, existe
sujeito de direito para assumir o patrimônio.
- Fundações
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento,
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a
maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada
pela Lei nº 13.151, de 2015)
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela
Lei nº 13.151, de 2015).
IX – atividades religiosas;
Art. 63/CC Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se
de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a
fim igual ou semelhante.
Art. 69/CC Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe
promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato
constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim
igual ou semelhante.
Art. 64/CC Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a
transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer,
serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.
***As fundações adquirem personalidade jurídica com o registro de seus estatutos no Registro
Civil de Pessoas Jurídicas.
Art. 45/CC Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do
ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o
ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição
no registro.
Questão discursiva:
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Paulo deixa para seu sobrinho Mário todos os seus bens passíveis de serem dispostos por meio
de testamento. Paulo não tinha filhos vivos, pois o seu herdeiro Antônio havia falecido pouco
antes dele, sem deixar filhos. Ocorre que a sua esposa, Claudia resolve implantar um embrião
congelado que o então casal havia produzido e, passados 10 anos da morte de Paulo, nasce
Joana. A partir daí pergunta-se: será Joana considerada herdeira de Paulo, já que foi concebida
após a sua morte? Discorra sobre o entendimento doutrinário acerca da questão.