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FERNANDO COSTA DE SOUZA

VICTOR GABRIEL FERREIRA DA SILVA

LEGITIMIDADE SUCESSÓRIA

Ji-Paraná
2023

FERNANDO COSTA DE SOUZA


LEGITIMIDADE SUCESSÓRIA

Projeto de pesquisa apresentado ao


Centro Universitário São Lucas Ji-Paraná
– São Licas JPR.

Prof. Aline Nayara Garcia Guimarães.

Ji-Paraná
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................

2 ARGUMENTAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO.................................................................
1. INTRODUÇÃO E PROBLEMETIZAÇÃO

Pela leitura do art. 1.798 do Código Civil nota-se que tem legitimidade
sucessória as pessoas já nascidas ou concebidas no momento da abertura da
sucessão (falecimento do autor da herança). Todavia, no que se refere à sucessão
testamentária, o art. 1.799 traz algumas exceções, também chamadas de
legitimidades especiais. Entre elas está a chamada prole eventual, consagrada no
inciso I do citado artigo, que permite ao testador beneficiar os filhos ainda não
concebidos de pessoas indicadas por ele, ficando a disposição testamentária
condicionada à concepção dentro do prazo decadencial de dois anos, conforme art.
1.800, §4º, CC. Diante disto, surgem algumas questões, como filhos havidos por
adoção ou filiação socioafetiva, reconhecimento do embrião como prole eventual ou
mesmo legitimado autônomo. Não podendo deixar de lado os avanços científicos no
planejamento familiar, o Código Civil resguarda o direito à filiação no que se refere
às concepções artificiais homólogas (material genético do casal) e heterólogas
(material genético de terceiro), desde que com prévia autorização do marido neste
último caso (art. 1.597). Mas isso seria o mesmo que reconhecer direitos
sucessórios? Sendo assim, analisem o seguinte caso e respondam (de forma
fundamentada): Eduardo e Mônica são casados civilmente, ainda sem filhos. Em
razão da descoberta de um câncer em estado avançado de Eduardo, o casal resolve
se valer de técnicas de reprodução assistida, congelando embriões. Eduardo falece
sem deixar testamento e, quatro anos após seu falecimento, Mônica decide iniciar a
reprodução assistida, engravidando de gêmeos. Os gêmeos serão reconhecidos
como filhos de Eduardo? Os gêmeos possuem capacidade sucessória? Os gêmeos
podem ser entendidos como prole eventual? Analisando as divergências doutrinárias
e jurisprudenciais a respeito do direito sucessório dos filhos póstumos, de acordo
com o entendimento do grupo, os gêmeos terão direito à herança deixada por
Eduardo?
ARGUMENTAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO

O direito sucessório dos filhos póstumos concebidos por reprodução assistida


é um tema controverso na doutrina e na jurisprudência brasileiras. Há duas
correntes principais sobre o assunto:

A primeira corrente defende que os filhos póstumos não possuem legitimidade


para suceder, pois foram concebidos após a morte do autor da herança e não se
enquadram no conceito de prole eventual do art. 1.799, I, CC1. Essa corrente
argumenta que a sucessão se abre no momento da morte e que os herdeiros devem
estar vivos ou concebidos nessa ocasião (art. 1.798, CC). Além disso, essa corrente
sustenta que a reprodução assistida póstuma viola os princípios da dignidade da
pessoa humana e do melhor interesse da criança. Essa corrente se baseia na
Resolução 2.168/2017 do Conselho Federal de Medicina, que dispõe que é
permitida a reprodução assistida post mortem desde que haja autorização prévia
específica do(a) falecido(a) para o uso do material biológico criopreservado1. Essa
resolução também estabelece que o prazo máximo para utilização do material
biológico é de dois anos após a morte. Além disso, essa corrente se apoia na Lei
11.105/2005 (Lei da Biossegurança), que regula o uso das técnicas de engenharia
genética e clonagem no Brasil

A segunda corrente defende que os filhos póstumos possuem legitimidade


para suceder, desde que haja consentimento expresso do falecido em vida para a
utilização dos embriões congelados. Essa corrente argumenta que os filhos
póstumos são equiparados aos concebidos na constância do casamento (art. 1.597,
CC) e que têm direito à filiação e à herança como qualquer outro filho (art. 227, §6º,
CF). Além disso, essa corrente sustenta que a reprodução assistida póstuma
respeita os princípios da autonomia da vontade e da afetividade. A segunda corrente
se baseia no Provimento 63/2017 da Corregedoria Nacional de Justiça, que
estabelece as normas para o registro civil dos nascidos mediante reprodução
assistida. Esse provimento prevê que nas hipóteses de reprodução assistida post
mortem, além dos documentos elencados nos incisos I a IV do art. 10, deverá ser
apresentada autorização prévia específica do(a) falecido(a) para uso do material
biológico criopreservado, lavrada por instrumento público ou particular com firma
reconhecida. Além disso, essa corrente se apoia na Constituição Federal de 1988
(CF), que garante a igualdade entre os filhos e o direito à paternidade responsável
(art. 227).

No caso apresentado, os gêmeos serão reconhecidos como filhos de Eduardo


se houver prova de seu consentimento expresso em vida para a utilização dos
embriões congelados por Mônica3. Os gêmeos possuem capacidade sucessória se
forem considerados prole eventual do falecido ou beneficiários testamentários dele4.
Os gêmeos podem ser entendidos como prole eventual se for admitida uma
interpretação extensiva do art. 1.799, I, CC para abranger os casos de reprodução
assistida póstuma3. Analisando as divergências doutrinárias e jurisprudenciais a
respeito do direito sucessório dos filhos póstumos, de acordo com o entendimento
do grupo, os gêmeos terão direito à herança deixada por Eduardo se prevalecer a
segunda corrente acima exposta.

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