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Exclusão por Indignidade

1. Introdução
Com a constitucionalização do Direito Civil e as demais modificações na normativa
em face ao princípio da dignidade da pessoa humana, a herança deixou de ser mera
distribuição de patrimônio daquele que falecera. Em verdade, ficam ainda mais evidentes as
raízes do instituto sucessório como transmissibilidade de valores igualmente entre os
herdeiros. Tal distinção é incompatível com a permissividade de atribuição ou direito
sucessório ao herdeiro que age em contradição com a eticidade e boa-fé em relação ao de
cujus.
Herdar não pode ser visto como uma “mina de ouro” ou uma fonte de renda. Da
mesma forma que é impossível pactuar em face de herança de pessoa viva, é incabível
considerar que o indigno que comete, contra seu ascendente ou co-herdeiros, assassínio,
crimes contra a honra ou a prática de atos que lhe impeçam de testar. Por isso, com base nos
princípios básicos do Direito Civil, não é possível que persista o direito sucessório, apesar de
constitucionalmente assegurado, daqueles que se utilizam de artimanhas para conquistar um
patrimônio em momento ou de modo indevido, mesmo que pertencentes à ordem de vocação
sucessória.
Portanto, com origens históricas profundas, a exclusão por indignidade é hipótese
legal que afasta a possibilidade do abuso do direito de herdar. Este trabalho intenciona
abordar, de modo objetivo, os conceitos básicos da capacidade sucessória, a historicidade da
exclusão da herança por indignidade, a aplicabilidade do princípio da eticidade em sua
fundamentação, bem como as hipóteses, jurisprudência e diferenciação clássica com o
instituto da deserdação.

2. Conceitos básicos da capacidade sucessória e da vocação hereditária


2.1. Capacidade Sucessória
O direito sucessório rege-se conforme o princípio de que todas as pessoas possuem
legitimidade para suceder, exceto as excluídas em virtude de lei. Tanto a pessoa jurídica como
a natural, seja de direito privado ou público, podem se beneficiar com a sucessão, sob a
condição de estarem vivas ou já concebidas a tempo da abertura da sucessão. Assim,
fomenta-se a capacidade sucessória enquanto a aptidão de um sujeito, mediante diversos
caracteres intrínsecos de sua capacidade civil, conforme a possibilidade ou não de receber
determinado patrimônio em vias de herança.
No entanto, nesta regra geral se encontra uma exceção, que corresponde ao caso do
nascituro. De acordo com o Código Civil, a personalidade natural começa a partir do
nascimento com vida e por meio deste ocorre também o início da personalidade; filiando-se
esta parte do ordenamento à teoria natalista de início da personalidade plena. Entretanto, na
hipótese sucessória, devem ser respeitados e resguardados os direitos patrimoniais do
nascituro desde sua concepção, podendo estes serem chamados a suceder tanto na sucessão
legítima como na testamentária, ficando a eficácia da vocação dependente de seu nascimento
(GONÇALVES, 2021, p. 30).
Nos mesmos moldes, conforme definição de Silvio Rodrigues, o nascituro
é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. A lei não lhe
concede personalidade, a qual só lhe será conferida se nascer com vida. Mas, como
provavelmente nascerá com vida, o ordenamento jurídico desde logo preserva seus
interesses futuros, tomando medidas para salvaguardar os direitos que, com muita
probabilidade, em breve serão seus.

Há algumas hipóteses, entretanto, que devem ser consideradas para este estudo,
voltadas à parte geral do Direito Civil. Neste sentido, se o feto nascer morto, ou seja,
configurar-se como natimorto, não haverá a este a aquisição da sucessão e, com isso, nem
recebe ou transmite direitos a outrem. A herança ou a quota hereditária será devolvida aos
herdeiros legítimos, ou ao substituto testamentário, se o for indicado.
Um segundo princípio aplicado em ambas as espécies de sucessão é o princípio da
coexistência, que indica que o herdeiro ou o legatário tem de estar vivo durante o processo de
sucessão. A designação de herança presume a sobrevivência do herdeiro a ela, bem como que
seja conhecido. Portanto, se no momento da ação este já estiver morto, a herança é
transmitida aos outros de sua classe, ou aos de imediato, se ele for o único.
A sucessão da herança pode ocorrer também por meio de testamento, conforme
indicado no art. 1.799 do Código Civil. Neste caso, outras pessoas podem ser contempladas
na sucessão, conforme disposição ou ato de última vontade. Assim expõe o referido artigo:
Art. 1.799 Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que
vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II – as pessoas jurídicas;
III – as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a
forma de fundação.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2021), o inciso I insere nova exceção à regra
geral ao permitir a atribuição de herança à cláusula condicional de nascimento de filhos com
vida, de modo que os herdeiros beneficiados por tal cláusula se filiam à destino futuro e
incerto que pode ou não revestir de efetividade o ato de última vontade. Na mesma hipótese,
quando aberta a sucessão, os bens serão guardados por um curador nomeado pelo juiz, a não
ser que apontado em testamento a curatela seja responsabilidade da pessoa cujo filho o
testador esperava ter como herdeiro, e depois as indicadas no art. 1.775 do Código Civil.

No entanto, a nomeação do curador não fica ao arbítrio do juiz, pois deve ele deferir o
munus à pessoa cujo filho o testador pretende beneficiar, ao pai ou a mãe do concepturo
(GONÇALVES, 2021, pág. 31). Uma alternativa aplicável à curatela do concepturo é a
contemplada no §2° do art. 1.775, em que consta a previsão de permissão ao juiz para nomear
um curador dativo quando sopesa a falta de pessoas citadas no testamento.

Se o testador já deixa instruído herdeiros existentes e também a prole eventual, a


partilha deve ser realizada sob condição resolutiva, feita inicialmente e provisoriamente entre
os herdeiros que já existem. Neste caso, esses têm obrigação de recomporem sucessivamente
o quinhão aos herdeiros que ainda irão nascer. Caberão aos legítimos tais bens, caso o
herdeiro aguardado acabe nascendo morto.

No que concerne aos filhos adotados, segundo o Código Civil de 2002 em seu art.
1.596, o texto jurídico reafirma o princípio constitucional da igualdade entre os filhos em
relação aos direitos e qualificações, sendo eles adotivos ou não – estando proibida qualquer
forma de discriminação.

Quanto ao tópico dos direitos sucessórios da pessoa que foi concebida por
inseminação artificial post mortem, não se pode falar que subsistem tais direitos para a
respectiva criança, visto que a transmissão da herança se dá em consequência da morte e dela
participam as pessoas que se encontram vivas ou concebidas no momento da abertura do
testamento; ou seja, o feto já deve estar sendo gestado no momento da sucessão. No entanto,
há uma controvérsia por conta do disposto nos arts. 1.597, do Código Civil e 227, §6°, da
Constituição Federal. O primeiro artigo afirma que se presumem concebidos durante o
casamento os filhos adquiridos por fecundação artificial homóloga, mesmo que o marido já
tenha falecido. No segundo, se consagra a igualdade absoluta entre os filhos, não podendo
haver qualquer discriminação. Se assim trata a Constituição Federal, não se justificaria então
a exclusão dos direitos sucessórios do descendente gerado por inseminação artificial post
mortem, visto carregar o material genético daquele que falecera.

No inciso II do art. 1.799, consta a inclusão da ficção correspondente à pessoa


jurídica, como também capaz de integrar a sucessão. Neste diapasão, qualquer pessoa jurídica
pode ser contemplada, seja empresária, de direito público, privado ou simples. No entanto,
quando se trata de pessoas jurídicas de direito público externo, vigem algumas restrições,
como o impedimento de adquirirem bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação no Brasil.

É possível, portanto, compreender que é plena a capacidade sucessória, abrangendo


inúmeras hipóteses de entes a título universal ou singular. Apesar destas regras, é possível um
ente ser capaz de exercer o direito à herança mas, ainda assim, não poder realizá-lo, conforme
se pretende a exclusão da herança por indignidade.

2.2. Vocação hereditária

Outro conceito importante para a compreensão plena do tema deste trabalho é a


vocação hereditária, isto é, a convocação de pessoa com direito à herança para que receba o
patrimônio deixado pelo finado. Tal transmissão patrimonial pode ocorrer por sucessão
legítima ou por disposição de última vontade da pessoa falecida por meio de testamento,
conforme descrito no item acima. É comum que o patrimônio do de cujus não baste para
satisfazer integralmente e de forma justa a transmissibilidade a todos os herdeiros, existindo,
portanto, uma ordem de prioridade que deve ser seguida.

Conforme tal hierarquização, expressa taxativamente em lei (art. 1829 do Código


Civil) e brilhantemente desenvolvida pela doutrina, primeiro herdarão os descendentes, em
concorrência com o cônjuge sobrevivente – salvo-se o cônjuge sobrevivente for casado no
regime de separação universal dos bens, comunhão total dos bens ou se em caso de
comunhão parcial o falecido não tiver deixado bens particulares. De acordo com esta
disposição, enquanto houver descendentes aptos a sucederem nesta classe, não serão
convocadas outras pessoas pertencentes ao segundo núcleo.

Em segundo núcleo, encontram-se os ascendentes, grupo que somente será chamado


para a sucessão caso não haja nenhum herdeiro que pertença ao conjunto anterior. Deste
modo, só serão convocados depois que se esgotarem as possibilidade de descendentes
receberem a herança deixada pelo falecido. Em terceiro núcleo, encontra-se o cônjuge
sobrevivente. E, por fim, são chamados os membros que compõem o último núcleo da
vocação hereditária, sendo os sucessores de até quarto grau; entre eles irmãos, primos,
sobrinhos e tios.

Os ascendentes, descendentes e cônjuge são denominados pela lei de herdeiros


necessários, visto que não podem ser excluídos da sucessão, apenas que por disposição
expressa em testamento. Portanto, se faz importante ressaltar que todo herdeiro é legítimo,
porém nem todo herdeiro legítimo pode ser considerado herdeiro necessário.

Conforme será desenvolvido adiante, é possível que, apesar de um ente estar em plena
capacidade sucessória, bem como na posição mais vantajosa em relação à ordem de vocação
hereditária, seja moralmente excluído da sucessão; pela observação combinada e necessária
dos princípios de eticidade e solidariedade familiar. A respeito do referido instituto se verá a
seguir, de modo objetivo e em consonância com os conceitos já apresentados.

3. Exclusão da herança por indignidade


Passa-se agora à análise mais detalhada acerca da exclusão da herança por
indignidade, seus princípios informadores e suas hipóteses. Em um primeiro momento, é
imperiosa a análise histórica acerca de tal instituto dentro do Direito Civil. Conforme Biazzo
(2016), o primeiro aspecto da sucessão, em vistas a proteger e manter uma tradição familiar, é
delineado pelo Livro de Êxodo, alocado na Bíblia e possuidor das primeiras normativas
judaicas: a lei mosaica. Tal conceituação de proteção à tradição e aos costumes locais é
postergada por meio do Código de Hamurabi e de Manu, que introduziram o filho
primogênito à condicionante de prioridade da herança.
Quebrando o paradigma inicial, ainda nas lições de Biazzo (2013), na Grécia antiga, a
sucessão tinha como principal objetivo manter o patrimônio dentro da família,
consolidando-se com a então inovação legislativa romana, a Lei das XII Tábuas. Se
consolida, neste momento, os aspectos hereditários como Direito das Sucessões. Como todas
as áreas jurídicas originadas neste momento, o período da Idade Média e as releituras
decorridas do século das luzes, quando já de encontro com a Idade Moderna, provocaram
mudanças profundas no entendimento do que antes correspondia à mera transmissão de
tradições e patrimônio a âmbito familiar.
Em momentos iniciais de ressignificação, a dignidade surge como balizador da
transmissão hereditária, vinculada à eticidade, igualdade e liberdade; na incorporação dos
ideais de fraternidade, nos termos da Revolução Francesa. Assim, é possível compreender um
histórico complexo de princípios jurídicos que tornam a sucessão um tema sensível, que deve
ser analisado mediante toda a concepção moral que alimentou o Código Civil Napoleônico e,
em diálogo, o Código Civil Brasileiro de Augusto Teixeira de Freitas, concluído por Clóvis
Beviláqua, em 1916. Nessa conclusão legislativa, ao invés de proceder com o confisco pelo
Estado, a indignidade passava a ser então uma penalidade pessoal, direcionado ao herdeiro
que pratica um dos atos contemplados no rol do art. 1.595, que apreende a exclusão como
consequência à violação de direitos pessoais do de cujus. O Código de 2002, apesar de
provocar mudanças profundas conforme as alterações sociais pós Constituição de 1988, não
altera de forma significativa o instituto em questão.
A moral, portanto, permanece como regente das relações sucessórias, o que justifica
determinadas vedações legais, como a contratação baseada na herança de pessoa viva (pacto
corvina), a exclusão por indignidade e a deserdação. Para Gonçalves (2017),
A sucessão hereditária assenta em uma razão de ordem ética e moral: a afeição real
ou presumida do defunto ao herdeiro ou legatário [...] A quebra dessa afetividade,
mediante a prática de atos inequívocos de desapreço e menosprezo para com o autor
da herança, e mesmo de atos reprováveis ou delituosos contra a sua pessoa, torna o
herdeiro ou legatário indignos de recolher os bens hereditários.

A régua da eticidade e moralidade disposta no Ordenamento Brasileiro segue os


próprios fundamentos constitucionais, bem como as reiteradas decisões das cortes superiores
nacionais, de modo que se faz inequívoca a sua aplicação mediante a modulação do direito
fundamental à herança sob determinadas hipóteses. Neste diapasão, será realizado
detalhamento técnico em face do instituto da exclusão por indignidade e suas hipóteses
legais, sendo antes considerados os princípios que sustentam a necessidade deste recurso
delimitante.

3.1. Princípio da eticidade


Modulados pela moral objetiva e constitucionalizados em 1988, o Direito de Família,
seguido pelo Direito Sucessório, encontram limitações e guias em determinados princípios –
como a socialidade, eticidade e operabilidade. Em aplicação frontal relacionada à exclusão da
herança por eticidade encontra-se o segundo citado, sendo objeto de estudo deste subtópico
para melhor compreensão das hipóteses, do procedimento e dos casos concretos.
O princípio da eticidade, conforme Tartuce (2008), traduz os princípios da boa-fé e
ética em um dimensionamento prático, deixando de ser mero coringa aplicado na
fundamentação teórica de produções jurisprudenciais. Nesse sentido, segue-se o conceito
hegeliano (HEGEL, 1996), que determina que a eticidade promove a mediação social da
liberdade, sendo o conteúdo material em nível superior às opiniões pessoais dos particulares.
Ou seja, é um estado de diálogo entre a moral e a práxis, fugindo do formalismo kantiano
(KANT, 1974) e fortalecendo um comportamento generalizado que deve ser seguido pelo
cidadão para a manutenção dos direitos fundamentais, em detrimento da guerra entre
vontades e arbítrios a que se constitui a vida pública.
Neste sentido, o princípio da eticidade é cabível para afastar, sob a proposta de ter um
efeito negativo na realidade pública, determinados comportamentos com base na moral.
Assim, não se permite o prosseguimento do direito hereditário para aqueles que praticam atos
de indignidade contra co-herdeiros ou contra o próprio de cujus; a fim de guiar os
comportamentos, por meio de tal sanção e penalidade pessoal, para um status quo em que o
patrimônio seja compreendido não como mais importante do que as relações interpessoais, a
dignidade da pessoa humana e a boa-fé.

3.2. Hipóteses
A exclusão do herdeiro por indignidade se dá por três hipóteses legais, dispostas no
art. 1.814 do Código Civil. Tal modalidade, conforme apresenta Maria Helena Diniz (2014),
configura um rol taxativo, em que não se podem adicionar, criativamente, novas
funcionalidades para atender um clamor social. A indignidade é uma pena civil, sendo
necessária portanto, em semelhança à tipicidade penal, sua descrição na lei, para que sejam
vedadas com efetividade a prática de atos ofensivos, criminosos e reprováveis em violação à
honra, vida ou liberdade do autor da herança ou familiares.
Em seu primeiro inciso, consta que a penalidade civil será aplicada em casos de
homicídio doloso (art. 121 CP) contra a vítima ou demais herdeiros na modalidade de autoria,
coautoria ou participação no crime, podendo ser consumado ou tentado, em caráter de
temporalidade estendida em face ao momento da morte. Ou seja, mesmo se o crime tiver
ocorrido em um período remoto em relação à morte, a pena civil lhe será aplicada.
Em seguida, a próxima hipótese refere-se aos crimes contra a honra praticados contra,
especificamente, o autor da herança, cônjuge ou equivalente, sem se aplicar aos herdeiros em
totalidade. Para tanto, faz-se necessária ação penal transitada em julgado, com todos os seus
requisitos de legitimidade. Cabe ressaltar que a ação penal deve ser proposta pelo ofendido
ou seus representantes, nos termos da modalidade privada de propositura em face aos crimes
contra a honra.
A ação declaratória de indignidade também poderá ser proposta pela hipótese em que
houver atentado contra a possibilidade do autor da herança à testar, no que se reconhece
como um cerceamento de sua liberdade testamentária e personalíssima. Neste caso, só é
considerado relevante o ato impeditivo realizado em função do autor da herança, por privar o
Estado de tomar conhecimento do ato de última vontade do de cujus.

4. Procedimento

Conforme o art. 1815 do Código Civil, a exclusão do indigno sucessório dependerá de


propositura de ação específica, postulada por quem tenha interesse na sucessão, sendo
decretada por sentença de natureza declaratória. Assim, o herdeiro não poderá ser excluído
automaticamente da sucessão ipso jure, a não ser que haja uma ação declaratória proposta
com o objetivo de afastá-lo por meio de um decreto judicial; mesmo que este tenha cometido
o mais grave dos atos mencionados no art. 1814 – que trata das possibilidades de exclusão da
herança –, o homicídio doloso.

Segundo o Código Civil de 2002, a ação de exclusão por indignidade deve ser movida
por quem tem interesse na sucessão. Deve aplicar-se então as regras processuais referentes
aos procedimentos e à legitimidade processual em geral. A matéria, como bem compreendeu
o legislador, tem sede própria no Código Processual Civil, cujo art. 17 dispõe sobre, “para
postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade” (GONÇALVES, 2021, p. 50).

Conforme pontuado na doutrina, quem detém a legitimidade para propor a ação são o
herdeiro e o donatário que se favorecem com a exclusão do indigno, assim como o
Município, o Distrito Federal ou a União, quando há falta de sucessores legítimos e
testamentários. Sobre tais conjunturas, assinala Carlos Roberto Gonçalves (2021):

Não o tem, todavia, aquele que, embora sucessor do autor da herança, não se
beneficiar diretamente da exclusão, como o irmão do indigno, por exemplo, quando
este tiver filhos, herdarão no lugar do ofensor uma vez proclamada a exclusão.

O legislador, na propositura do atual Código Civil, optou por remeter tal matéria ao
Código de Processo Civil, no rito ou procedimento comum. A ação para a exclusão do
indigno não pode ser proposta enquanto o hereditando ainda estiver vivo, pois até então a
sucessão não existe, conforme o princípio da saisine. A parte legítima passiva se refere ao
imputado. Cabe ressaltar que, como nesta hipótese a culpa não pode ser transmitida, pois que
de cunho pessoal, se este vier a falecer antes do autor da herança, não mais caberá a ação de
indignidade, pois este não chegou a adquirir a qualidade de herdeiro.

Além disso, caso haja o falecimento do litigado durante o curso do processo, a ação
deve ser extinta, por efeito do princípio da personalidade da culpa e da pena. A morte do
indigno acarreta a transmissão dos bens herdados para seus próprios sucessores. O direito de
solicitar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se no prazo decadencial de quatro anos,
contado da abertura da sucessão, que o considera, porém, prescricional.

Em vistas a estudar de modo mais aprofundado a aplicabilidade de tal instituto, será


realizada breve análise de célebre caso acerca da exclusão da herança por indignidade. Deste
modo, a exploração do caso concreto será objetiva para fundamentar, de modo específico, os
conceitos abordados até o presente ponto.

5. Casos concretos e jurisprudência


5.1. Caso Richthofen

O crime identificado como “caso Richthofen” ocorreu na noite de 31 de outubro de


2002, no Bairro Campo Belo, da zona sul de São Paulo. O homicídio, cometido contra o casal
Manfred e Marísia von Richthofen, havia sido planejado e comandado pela filha deles,
Suzane Von Richthofen, que na época contava com seus 18 anos de idade. As vítimas foram
atingidas por diversos golpes na cabeça, executados por dois outros agressores, Daniel e
Cristian Cravinhos, que desde então passaram a ser identificados como os “irmãos
Cravinhos”. As motivações de Suzane para a prática delituosa estão calcadas na não
aprovação, por parte dos pais, do vínculo que mantinha com Daniel Cravinhos; acrescida da
vontade de herdar o vultoso patrimônio da família.

O art. 1.814 do Código Civil declara as ações que autorizam a declaração do herdeiro
como indigno, se tratando de interpretação restritiva, visto que referente a um rol taxativo -
de forma que não se faz possível indicar outros fatos como geradores de indignidade. Frente a
típica configuração do caso de Suzane Richthofen como coautora do crime de homicídio
cometido contra seus pais, constata-se seu enquadramento perante as circunstâncias
deflagradoras de indignidade sucessória, conforme pontuado pelo referido artigo, em seu
inciso I:
Art. 1814: São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:

I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou


tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente.

A prática de homicídio doloso contra o autor da herança é a primeira causa de


indignidade, de modo que o dispositivo não trata apenas dos autores do crime, mas também
dos coautores e partícipes do homicídio doloso, tentado ou consumado. Por conta disso,
mesmo que o sucessor não tenha diretamente executado, mas desde que tenha intentado para
a concretização do resultado morte, como co-autor ou partícipe, em acordo com seu nível de
responsabilidade perante o fato criminoso, haverá de arcar com a punição da exclusão
hereditária por indignidade.

Para que se comprove a indignidade é necessária a prova prática do delito, mas não a
prévia condenação do réu; e caso seja reconhecido algum excludente de antijuridicidade, a
alegação de indignidade deverá ser afastada. Então para que Andreas Richthofen, irmão de
Suzane, ajuizasse ação de indignidade contra a irmã deveria contar com prova prática do
crime cometido, na vinculação subjetiva àquela; tal como ocorreu no caso, antes da sentença.
Por ter desrespeitado o princípio da dignidade da pessoa humana, que preza pela vida e
ignorado os laços de afeto, confiança e respeito que hão de ser respeitados em uma família,
buscando apenas a satisfação de seus interesses patrimoniais foi que prosseguiu com as
ordens para que fosse efetivado o homicídio; culminando em sua exclusão na linha sucessória
por indignidade.

Para que o sucessor seja declarado indigno é necessária a proposição de uma ação
civil, se tratando de uma demanda de procedimento ordinário. A ação só pode ser proposta
pelo interessado na sucessão dentro do período decadencial de quatro anos, a contar da
abertura da sucessão. Se o interessado for absolutamente incapaz, o prazo fica suspenso até
que este atinja a relativa capacidade, de acordo o art. 102 do Código Civil. Assim foi feito na
ocasião de Andreas a época da abertura do inventário, visto que era incapaz e teve de esperar
alcançar a maioridade para mover a ação de indignidade contra sua irmã.

Com a repercussão do caso Richthofen, houve uma alteração legislativa proposta em


2007, dado que seu irmão não ingressou com a ação de indignidade e que posteriormente
sofreu a interferência do Ministério Público. Sancionada a Lei 13.532/2017, um parágrafo foi
adicionado ao artigo 1.815 do Código Civil, concedendo legitimidade ao Ministério Público
para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário na hipótese do inciso I do art. 1.814. A
intervenção do Ministério Público delimita-se à existência de interesse do incapaz e o agir do
outro herdeiro em vias de se tornar formalmente indigno constituir crime de ação penal
pública incondicionada; preservando, deste modo, o direito do herdeiro incapaz.

O polo passivo da demanda deve ser configurado pelo herdeiro ou legatário a quem se
atribui ato indigno, visto que qualquer sucessor pode incorrer em indignidade sucessória.
Caso o litigado faleça durante o processo, a ação é extinta e por efeito do princípio da
personalidade da culpa e da pena, a morte acarreta na transferência dos bens herdados aos
seus próprios sucessores, pelo fato da indignidade alcançar apenas a própria pessoa.

5.2. Jurisprudência

Há, em relação aos casos concretos em andamento, construção jurisprudencial


notável. É imperioso citar decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
acerca da legitimidade de propositura da ação de exclusão de herdeiro por indignidade, ao
apreciar pedido da avó em face à neta, sendo a avó fonte do patrimônio possivelmente
sucedido pela descendente. Nesta decisão, configura-se impossível a pessoa viva propor tal
ação, sendo necessária disposição de última vontade ou, meramente, a propositura por parte
dos demais herdeiros. Acerca de tal decisão, lê-se:

Ao julgar apelação interposta em face de sentença que extinguiu o processo sem


resolução de mérito por ausência de interesse processual, a Turma negou
provimento ao recurso. Segundo a Relatoria, a autora promoveu ação declaratória
de indignidade contra sua neta para excluí-la da sucessão hereditária em virtude de
ofensa à honra. Nesse contexto, o Desembargador explicou que a exclusão de
herdeiro ou legatário, em qualquer dos casos de indignidade, será declarada por
sentença (art. 1.815 do CC), cujo prazo será iniciado a partir da abertura da
sucessão. Assim, o Magistrado esclareceu que apenas após o falecimento do titular
da herança surge a possibilidade de a ação de indignidade ser intentada. Na
hipótese, o Magistrado afirmou que, além da impossibilidade jurídica, a autora não
tem legitimidade ativa ad causam, pois a propositura da ação declaratória de
indignidade cabe às pessoas que tenham legítimo interesse na sucessão, ou seja, aos
coerdeiros, legatários, donatários, ao fisco ou a qualquer credor. Por fim, os
Julgadores confirmaram a sentença recorrida, mas destacaram a possibilidade do
hereditando, ainda em vida, utilizar-se da deserdação testamentária (art. 1.963 do
CC), cujos requisitos são mais amplos que os da ação proposta.
20100110943193APC, Rel. Des. Convocado ALFEU MACHADO. Data do
Julgamento 09/11/2011.

Outra decisão importante foi proferida pelo Superior Tribunal de Justiça em relação à
equiparação dos maus tratos ao crime doloso contra a vida descrito taxativamente pela norma
civil. No caso em tela, o colegiado equiparou o desamparo ao enfermo ou idoso como uma
conduta em que há previsibilidade de resultado morte, necessidade de cuidado e, configurado
o dolo, equiparável ao homicídio doloso. Conforme o informativo da referida corte,

Trata-se de ação ordinária para exclusão de mulher da sucessão de tio, que


apresentava problemas mentais por esclerose acentuada, anterior ao consórcio. O
casamento restou anulado por vício da vontade do nubente, que também foi
interditado a requerimento de uma das recorridas, bem como anulada a doação de
apartamento à recorrente. Apesar de o recurso não ser conhecido pela Turma, o
Tribunal a quo entendeu que, embora o efeito da coisa julgada em relação às três
prestações jurisdicionais citadas reste adstrito ao art. 468 do CPC, os fundamentos
contidos naquelas decisões, trazidos como prova documental, comprovam as ações
e omissões da prática de maus tratos ao falecido enquanto durou o casamento, daí a
previsibilidade do resultado morte. Ressaltou, ainda, que, apesar de o instituto da
indignidade, não comportar interpretação extensiva, o desamparo à pessoa alienada
mentalmente ou com grave enfermidade comprovados (arts. 1.744, V, e 1.745, IV,
ambos do CC) redunda em atentado à vida a evidenciar flagrante indignidade, o que
leva à exclusão da mulher da sucessão testamentária. REsp 334.773-RJ, Rel. Min.
Cesar Asfor Rocha, julgado em 21/5/2002.

Em contradição, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul proferiu, em 2019,


decisão afastando completamente a possibilidade de interpretação extensiva ao instituto,
resguardando de forma precípua a legalidade em relação às sanções cíveis, de modo
equiparado às demais sanções legais. Segue-se tal informativo a partir de sua respectiva
ementa:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INDIGNIDADE. CRIME DE HOMICÍDIO


PRATICADO PELO ESPOSO DA DE CUJUS DEMONSTRADO
NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DA ADJUDICAÇÃO FEITA PELO
INDIGNO. 1. A indignidade é uma pena aplicada ao sucessor que pratica atos
indignos contra o autor da herança, taxativamente previstos na lei, não sendo
permitida interpretação extensiva. Inteligência do art.1.814, do Código Civil. [...]
(Apelação Cível n.º 700080205461, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 29/05/2019)

Ademais, cabe ressaltar o debate jurisprudencial do Tribunal de Justiça de São Paulo,


no que se refere à aplicabilidade da reserva de quinhão no momento da partilha quando há
possibilidade de decretação de indignidade em face de um dos herdeiros. Neste sentido,
refere-se o tribunal que:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Inventário - Insurgência contra decisão que


determinou a reserva de bens suficientes para satisfazer o quinhão da herança que
pode vir a ser destinado à agravada em razão da existência de ação declaratória de
indignidade da inventariante Decisão mantida. Cabimento da reserva de quinhão
(art. 1.001, CPC) Existência de ação de exclusão de herdeiro. Medida cuja
prudência recomenda a manutenção Desnecessidade de suspensão do processo.
Agravo ao qual se nega provimento. (TJSP; Agravo de Instrumento
0121493-90.2013.8.26.0000; Relator (a): Carlos Alberto de Salles; Órgão Julgador:
3ª Câmara de Direito Privado; Foro de Americana - Vara de Família e Sucessões;
Data do Julgamento: 03/09/2013; Data de Registro: 05/09/2013)
Segue-se, portanto, que tal tema, apesar de consolidado na doutrina, ainda promove
frutíferos debates jurisprudenciais. São questionadas a necessidade ou não de trânsito em
julgado de crimes de denunciação caluniosa, a possibilidade de propositura da ação por
pessoa diversa das expostas no rol de legitimados em virtude de ação penal privada por
representação, bem como a reserva de quinhão em relação aos demais herdeiros. Há também
diversas discussões na mesma sede a respeito dos direitos do nascituro, do produto de
fertilização in vitro antes do momento da concepção1 e se há distinção sobre esse evento ser
pré ou post mortem.

6. Diferença entre indignidade e deserdação


Apesar de tais institutos serem diversos, é possível a errônea interpretação por parte
do operador do Direito pelas frequentes dúvidas entre os conceitos de indignidade e
deserdação. Deste modo, a indignidade é causa pessoal excludente da sucessão do herdeiro
ou legatário e consiste na prática de determinados atos ofensivos ao titular dos bens, ou às
pessoas de sua proximidade, decorrentes de disposição legal. Como supracitado, deve ser
declarada por sentença. Em suma, a indignidade é uma punição civil aplicada a quem
prejudicou o autor da herança de algum modo, e se não fosse a aplicação dessa pena, poderia
se beneficiar da herança, direta ou indiretamente, apesar da ofensa grave cometida. Para que
ocorra a exclusão do direito de herdar por indignidade é necessário que o autor da herança
venha a sofrer, por parte de herdeiro ou legatário, atos contra a sua vida, honra e liberdade de
testar. A indignidade trata de uma sanção civil, portanto não há necessidade de uma sentença
penal condenatória.

Em contraposição, a deserdação consiste na determinação da perda da sucessão de


herdeiro por disposição testamentária decorrente da prática de atos que acarretem a
indignidade ou por outros atos ofensivos à pessoa do autor da herança ou a pessoas próximas
a ele, pelas causas descritas na lei. mediante comprovação e sentença judicial. É, portanto, ato
do testador em face de legatários, e não meramente de um sucessor universal possível. Este
ato de sanção, portanto, só pode ser realizado pelo autor da herança, e é necessário que o
mesmo em sua cédula testamentária expresse sua vontade.

1
Conforme a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Artavia x Costa Rica), entende-se como o momento
da nação.
Como principais requisitos, é preciso que o testador diga o porquê de tal decisão,
sempre se baseando nos motivos elencados pelo Código Civil. As hipóteses de deserdação
são as mesmas tratadas na exclusão por indignidade. Entretanto, as causas que geram a
indignidade também vão gerar a deserdação, mas nem todas as causas que geram a
deserdação vão gerar a indignidade.

Portanto, o ordenamento jurídico brasileiro prevê que a deserdação e a indignidade


são considerados distintos entre si, mesmo que apresentando algumas semelhanças. Enquanto
a indignidade decorre da lei e é suscitada pelos herdeiros após a morte, a deserdação é uma
pena aplicada pelo autor da herança em relação ao seu sucessor, de modo expresso em seu
testamento. Ambas são sanções cíveis aplicáveis àqueles que não procederam de maneira
correta com o autor da herança. Portanto, embora possam parecer semelhantes, os dois
institutos possuem natureza e efeitos jurídicos distintos.

7. Conclusão

Diante de todo o exposto abordado, conclui-se que que o instituto inerente à


indignidade é uma punição na área civil para o herdeiro que atenta contra a integridade
psíquica e física do autor da herança, bem como sua liberdade de testar. É semelhante aos
institutos aplicados pelo direito romano e afasta completamente a possibilidade de
adiantamento forçado da herança mediante atos de indignidade. Mesmo aqueles que, em
primeiro momento, possuíam capacidade testamentária plena, podem perdê-la conforme seus
atos pregressos na vida do de cujus.

A Constituição Federal prevê o absoluto respeito à dignidade da pessoa humana, de


modo que qualquer ato que venha contra este preceito fundamental poderá ser punido na
esfera do direito. Mesmo que contrário ao direito fundamental de herdar, é dever do Estado o
resguardo dos direitos fundamentais da pessoa humana e a proteção da família, bem como
promover a eticidade e a boa-fé.

Por conseguinte, fica evidente que o instituto da indignidade tem por objetivo a
proteção do patrimônio do autor da herança contra aquele que cometeu atos contra a vida,
honra ou ato contra a liberdade de testar. Isto posto, é de direito do autor da herança preservar
seu patrimônio e resguardá-lo do indivíduo que lhe ofendeu gravemente. Assim, mais do que
apenas uma regra de proteção a direitos fundamentais, a exclusão da herança por indignidade
é normativa fundamentada na moral e no significado histórico do direito de herdar: a
possibilidade de eternizar um contexto familiar no decorrer das gerações.

8. Referências bibliográficas
BIAZZO FILHO, João. Direito das Sucessões: histórico. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
18, n. 3639, 18 jun. 2013. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/24714/historico-do-direito-das-sucessoes>. Acesso em: 25 abr. 2023.
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18, n. 3639, 18 jun. 2013. Disponível em:
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HEGEL, Georg W. F.. Estética: a ideia e o ideal. Fenomenologia do Espírito. Os Pensadores. São
Paulo: Nova Cultural Ltda., 1996.
KANT, Immanuel. Textos Seletos. Trad. Raimundo Vier. Petrópolis: Vozes, 1974
TARTUCE, Flávio. O Princípio da Boa-Fé Objetiva no Direito de Família. 2008. Disponível
em: <IBDFAM: O princípio da boa-fé objetiva no direito de família> . Acesso em: 21 dez. 2021.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 6.
TARTUCE, FLÁVIO. Direito Civil: direito das sucessões.10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: família, sucessões.3.ed. São Paulo:
Saraiva,2010.
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8710/Exclusao-da-sucessao-diferencas-entra-indigni
dade-e-deserdacao
https://www.migalhas.com.br/depeso/41451/ordem-de-vocacao-hereditaria

CIÊNCIAS CRIMINAIS. Caso Richthofen. Disponível em:


<https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/323442322/caso-richthofen>.
Acesso em: 03 abr. 2023.

‌LEAL, Ana Isabel Vieira. VITÓRIO, Teodolina Batista da Silva Cândido.A indignidade
como instituto do direito sucessório no cenário do caso Richthofen. Revista online
Fadivale, Governador Valadares, Ano XVI, n° 20, p. 37–69, 2020.

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