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SUCESSÓRIOS
DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Para ser inserido na relação jurídica hereditária, o sujeito deve ter legitimidade sucessória
passiva para receber a herança. Portanto, não é toda pessoa que pode ser chamada à sucessão.
A regra material esculpida no art. 1.798 do Código Civil se aplica tanto na sucessão legítima
quanto na testamentária.
LEGITIMIDADE ESPECIAL
Nascituro não é mesmo que prole eventual. O nascituro já foi concebido, porém ainda não
nasceu. A prole eventual nem sequer foi concebida, por isso “eventual”, estando condicionada à sua
concepção.
Vamos imaginar a seguinte situação: A realiza testamento beneficiando filho ainda não
concebido de B. Todavia, ao tempo de sua morte, B deve estar vivo, sob pena de caducar a cláusula
testamentária. Portanto, sendo concebido e nascendo com vida, a herança lhe será deferida,
consolidando o direito sucessório.
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b) Pessoas jurídicas: é possível a destinar da herança, em todo ou em parte, para pessoas
jurídicas, como associações, igrejas, instituições de ensino, etc.
c) Fundações:
Art. 62, CC: Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura
pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a
que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
IMPEDIMENTOS LEGAIS
Vamos imaginar a seguinte situação: A é casado com B e mantém relação paralela com C
(concubina). A fica proibido de beneficiar C de forma indireta, beneficiando, por exemplo, o irmão
desta em testamento. A também não pode simular uma compra e venda para C ou pessoa interposta.
Vamos imaginar a seguinte situação: A é casado com B e mantém relação paralela com C
(concubina) e com esta tem um filho, D. A pode testar em favor de seu filho D, respeitando a legítima
dos demais herdeiros necessários.
EXCLUSÃO DA SUCESSÃO
INDIGNIDADE
Com natureza essencialmente punitiva, pode ser entendido como um instituto de amplo
alcance, se aplicando à sucessão legítima ou testamentária. Assim, afasta da relação sucessória
aquele que cometeu ato grave, reprovável socialmente, contra a integridade do autor da herança.
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Se assemelha muito com a previsão contida no art. 557, Código Civil, que permite a
revogação da doação por ato de ingratidão do donatário.
CAUSAS/HIPÓTESES
Não há, pelo texto legal, exigência quanto à condenação criminal, assim, a mera comprovação
no juízo cível da conduta atentatória à vida do autor da herança pode ensejar a aplicação da pena
sucessória.
Vale lembrar a regra do art. 1.815, §2º, CC, no sentido de que o Ministério Público tem
legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário, principalmente nos casos em que o
herdeiro a ser declarado indigno não concorre com outros sucessores interessados.
A imagem e a honra também integram o patrimônio moral do sujeito, e merecem ser tuteladas.
c) Violência ou fraude:
Esses atos violentos podem ser entendidos como a coação, que vicia o consentimento para
a prática do ato jurídico, podendo ser física, agindo diretamente sobre o corpo da vítima, ou moral,
que incute na vítima um temor constante que perturbe seu espírito.
Já a fraude pode ser entendida como dolo, induzindo o titular da herança a praticar ato falso
em contexto fático. Por exemplo: enfermeira que induz o autor da herança a crer que seu filho
faleceu, para que ela mesma figurasse como beneficiária. Ou ainda, herdeiro destrói testamento, ou
falsifica documento para que receba maior fração da herança.
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PROCEDIMENTO
Deve ser exercido no prazo decadencial de quatro anos, a contar da data da abertura da
sucessão (art. 1.815, §1º, CC).
EFEITOS
O herdeiro excluído, cujo filho recebeu sua cota na herança, pode vir a ser
?
herdeiro deste?
?
PERDÃO
a) Expresso:
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança
será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em
testamento, ou em outro ato autêntico.
b) Tácito:
DESERDAÇÃO
Historicamente, a deserdação consistia em um castigo imposto pelo pai ao filho como ato
preparatório para adoção de terceiro. Assim, havia grande margem de decisão em favor do autor
da herança, que poderia decidir de acordo com o caso concreto. Posteriormente há uma evolução
no sentido de restringir a deserdação, sendo cabível apenas nos casos descritos em lei, mormente
nos casos de ingratidão.
Portanto, a deserdação é uma medida sancionatória que exclui a relação sucessória, sendo
esta medida imposta pelo testador ao herdeiro necessário que tenha cometido qualquer dos atos
de indignidade previstos nos art. 1.962 e 1.963 do Código Civil.
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação
dos descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física;
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II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação
dos ascendentes pelos descendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com
o marido ou companheiro da filha ou o da neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
PROCEDIMENTO
Não se exige que o testador tenha conhecimento jurídico para tanto, todavia, a interpretação
do testamento deve restar clara, evidente, livre de dúvidas. Não há deserdação implícita.
Após a abertura da sucessão, o herdeiro que for beneficiado pela exclusão do outro deverá,
mediante ação própria, provar a veracidade de causa alegada pelo testador, em um prazo
decadencial de quatro anos.
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EXERCITANDO O QUE APRENDEU
(2021 – FGV – TJ-PR) Lucas deliberadamente matou seu próprio pai, Leônidas, movido pelo
rancor de o pai ter se oposto ao seu casamento. Aberto o testamento de Leônidas, redigido dois
meses antes de sua morte, ele deixava para Lucas, além da sua parte na legítima, um relógio de
ouro de seu uso pessoal. Leônidas deixou uma neta, Melina, filha de Lucas, seu filho único. Diante
disso, é correto afirmar que:
a) Lucas mantém seus direitos à herança do pai, tanto na parte legítima quanto
especificamente ao relógio, pois não foi deserdado expressamente no testamento;
b) Lucas fica excluído da sucessão no tocante à parte legítima do acervo hereditário, mas
mantém o direito a receber o relógio de ouro;
c) Lucas fica excluído de pleno direito da sucessão, herdando Melina, automaticamente, em
seu lugar, como se Lucas fosse pré-morto;
d) Melina poderá herdar no lugar de Lucas, como se ele fosse pré-morto, se, em até quatro
anos, ajuizar ação de indignidade, e esta for reconhecida por sentença judicial;
e) tanto Lucas como Melina serão excluídos da sucessão de Leônidas, devendo o juiz
pronunciar de ofício a indignidade no âmbito do procedimento sucessório.
(2015 – VUNESP – MPE/SP) No que diz respeito à deserdação dos descendentes por seus
ascendentes, assinale a alternativa correta.
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