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Sucessões

SUCESSÕES (art. 1784 e ss. do CC)

Sucessão envolve um fenômeno denominado morte.

A morte põe fim à pessoa natural. O que acarreta uma série de situações, sendo uma delas o
surgimento do fenômeno da herança.

Após a morte herança é transmitida para os herdeiros.

Aberta a herança transmite-se desde logo aos herdeiros legítimos e testamentários (princípio
da saisine).

Princípios
PRINCÍPIO DA “SAISINE”

A morte opera a imediata transferência da herança aos seus sucessores legítimos e


testamentários, sem a exigência de qualquer ato por parte desses, visando impedir que o
patrimônio deixado fique sem titular, enquanto se aguarda a transferência definitiva dos bens
aos sucessores do falecido

PRINCÍPIO “(NON) ULTRA VIRES HEREDITATIS” (além do conteúdo da herança) – Art. 1792, CC

O patrimônio deslocado aos sucessores é a garantia do adimplemento das obrigações do de


cujus, ou seja, o princípio proíbe o alcance do patrimônio pessoal do herdeiro dívida do falecido.

PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA HERANÇA

A herança também possui uma função social, ela permite uma redistribuição da riqueza do de
cujus. Como é uma transferência de bens, que de um modo geral, produz riqueza, a função
social é continuada.

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE

Trata-se de um princípio que delimita a atuação do Direito de sucessão. Percebe-se que anda
lado a lado com o processo civil, visto que, a consonância das duas disciplinas delimita a
competência territorial de qualquer sucessão que for ser realizada no território nacional, logo,
a sucessão abre-se no local do último domicílio do de cujus.
PRINCÍPIO DO RESPEITO À VONTADE MANIFESTA

É sobre respeitar a vontade do morto, admitindo a produção de efeito post mortem em


relação a determinado patrimônio.
Prevalece a lei em detrimento da vontade do de cujus, caso este tenha feito um testamento
que não esteja de acordo com a lei pátria.

ACEITAÇÃO DA HERANÇA (Art. 1804, CC)

A aceitação é o ato pelo qual o herdeiro, pautado no princípio da autonomia privada,


anui/confirma com a transmissão dos bens do falecido, a qual ocorre através da abertura da
sucessão.

A aceitação poderá ser expressa, tácita ou presumida.

Aceitação expressa: feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento público
ou particular.

Aceitação tácita: resultante tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. Pode-se
citar como exemplo o fato de que o herdeiro toma posse de um bem e começa a administrá-lo
e geri-lo como se fosse seu.

Aceitação presumida: quando houver ausência de qualquer manifestação do herdeiro dentro


do prazo para se manifestar sobre a herança e, permanecendo o silêncio, presumir-se-á aceita
a herança.

FORMAS DE ACEITAÇÃO DA HERANÇA


Pode a aceitação da herança ainda se apresentar de forma direta ou indireta:

Direta: advém do próprio herdeiro;

Indireta: ocorre quando alguém a faz por ele, o que se verifica nos seguintes casos:

a) aceitação pelos sucessores - se o herdeiro falecer antes de declarar se aceita ou não a


sucessão, seus herdeiros ficam com o direito de assim fazer, valendo a declaração destes,
como se daquele partisse.

b) aceitação pelo tutor ou curador - À vista do que temos no art. 1.748, II, do Código Civil, o
tutor só poderá aceitar pelo tutelado, heranças, legados ou doações, se tiver autorização
judicial para assim fazer. Tal exigência também se estende ao Curador, à vista do que reza o
art. 1.774, do mesmo Código.

c)aceitação por mandatário - nenhum óbice existe quanto a admissão da aceitação da


herança por meio de procurador. Na verdade, quando o mandante dá poderes para o
mandatário assim fazer, já está aceitando a herança, tornando-se desnecessário qualquer
outro procedimento.
CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO DA HERANÇA

A aceitação é ato unilateral que se aperfeiçoa com a manifestação de vontade de seu titular.
Assim, são
características da aceitação:

** Independe de anuência dos demais herdeiros ou sucessores potenciais;

**Gera efeitos ‘ex tunc’ à data da abertura da sucessão;

** Salvo os casos de aceitação indireta é, em regra, ato personalíssimo;

** É declaração de vontade não receptícia;

** É ato indivisível, não sendo admitida aceitação parcial (art. 1.808, CC); pode, no entanto,
ocorrer em separado quando o herdeiro possui dupla qualidade, por exemplo, de sucessor
necessário e legatário;

** É ato incondicional, ou seja, não aceita termo ou condição (art. 1.808, CC).

**É ato jurídico irretratável e irrevogável. No entanto, a aceitação pode ser anulada se verificados
vícios.

MODALIDADE DE SUCESSÃO - ART.1786, CC


Legítima e Testamentária

Sucessão Legitima: a lei define a forma de partilhar os bens e quem são os herdeiros.

** quem são os herdeiros legítimos?


São descendentes, ascendentes e o cônjuge/companheiro e colaterais até o 4º grau.

Obs. Todo herdeiro necessário é legítimo, mas nem todo herdeiro legítimo é necessário, pois os
necessários são: cônjuge/companheiro, descendentes e ascendentes. (STF declarou a
inconstitucionalidade do artigo 1790, pois não se deve fazer diferença entre cônjuge e
companheiro para fins de sucessão).

A sucessão legitima ocorre quando o morto não deixa testamento, bem como quando não
houver herdeiro necessário.

Sucessão testamentária: ocorre quando o falecido deixa um testamento.

Pode o falecido dispor de 100% dos bens para testamento? Pode, desde que não haja herdeiros
necessários, pois estes, têm direito a 50% dos bens (legítima).

Obs. As dívidas são pagas com a herança.


Quem possui legitimidade para herdar? Pessoas nascidas ou concebidas no momento da
morte.
ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
É a ordem de entrega da herança. Conforme o art.1.829 do CC, a sucessão se dá na seguinte
ordem:

DOS REGIMES DE CASAMENTO


COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS:
O cônjuge é meeiro, somente;
A herança do de cujus será dividida por cabeça e/ou representação.

SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS


O cônjuge não recebe nada;
A herança do de cujus será dividida por cabeça e/ou representação.

COMUNHÃO PARCIAL DE BENS C/ BENS PARTICULARES


O cônjuge é meeiro e herdeiro;
A herança do de cujus será dividida por cabeça e/ou representação.

SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS


A única hipótese de participação do cônjuge sobrevivente na herança é a presença de bens
particulares e, nesse caso, a herança do de cujus será dividida entre os
descendentes/ascendentes e o cônjuge sobrevivente.

1º Descendentes, em concorrência com o cônjuge/companheiro.


Regra dos Descendentes:
·Por cabeça;
·Por representação;
·Os mais próximos excluem os mais distantes;

2º Ascendentes, em concorrência com o cônjuge/companheiro. (art. 1836, CC)

Regra geral: não havendo descendentes, a herança será deferida aos ascendentes.
·Independe do regime de casamento;
·Por cabeça;
·Os mais próximos excluem os mais distantes;
·Não existe representação;
·Na hipótese de sucessão dos ascendentes, com ou sem a existência do cônjuge sobrevivente,
estabelece-se uma linha imaginária, dividindo a quota-parte em 50%.

Ex. ¹ (sem cônjuge): Maria tem Pai, Mãe, Avó Materna, Avô Materna, Avô Paterno e Avó Paterna.
Aplica-se a regra do mais próximo, excluindo o mais remoto. Os mais próximos são Pai e Mãe e
a herança é dividida por cabeça, dividida por 2, metade para o Pai e metade para a Mãe.

Ex. ² (com cônjuge): Maria é casada com João tem Pai, Mãe, Avô Materno, Avó Materna, Avô
Paterno e Avó Paterna. No ano de 2010, o Pai e a Mãe de Maria morreram e, em 2020, Maria
morreu. João, quando estiver concorrendo com 2º grau na ascendência ou mais terá direito a
50% da herança de Maria. Nos restantes 50% aplica-se a linha imaginária: metade desses 50%
para a linha paterna e a outra metade dos 50% para a linha materna.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
PENAS CIVIS: razão subjetiva – o herdeiro é desprovido de moral para receber a herança.

·INDIGNIDADE (art. 1814 – 1818, CC)

** é pedida por terceiros interessados, no prazo de 4 anos da abertura da sucessão, e obtida


mediante sentença judicial;

causas:
homicídio doloso ou tentativa contra o autor da herança ou em face do seu
cônjuge/companheiro, ascendentes ou descendentes;

calúnia/crime contra honra em face do autor da herança ou seu cônjuge/companheiro;

ato de violência ou fraude na “competição” da herança.

alcança os herdeiros legítimos (necessários ou facultativos) e os testamentários;


nem sempre os fatos são anteriores à morte do autor da herança;
ü os motivos da indignidade são válidos para deserdação;

·DESERDAÇÃO (art. 1961 – 1965, CC)

incidência da lei – arts. 1962 e 1963 + testamento com declaração expressa + decisão judicial;
alcança os herdeiros necessários, ascendentes, descendentes e cônjuge sobrevivente;
causas:
art. 1814 + art. 1962: ascendentes deserdando os descendentes;
art. 1814 + art. 1963: descendentes deserdando os ascendentes;
ü nem todos os motivos da deserdação configuram a indignidade;

QUOTA-DISPONÍVEL
Parte da herança que é reservada exclusivamente aos herdeiros necessários – parte indisponível
– equivale à metade do acervo, deduzidas as dívidas e as despesas do funeral (art. 1847, CC).

Quota-disponível: equivale a quota em que o testador pode dispor.


Calcula-se a quota-disponível sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão,
abatidas as dívidas e as despesas de funeral.

Legítima: porção de bens que a lei reserva aos herdeiros necessários (ascendentes,
descendentes, cônjuge/companheiro, colaterais).

calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as
dívidas e as despesas de funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a
colação.
fórmula
Fórmula para calcular a legítima

Lg= {[Hd – (d+f)]}/2 + C


onde:
Lg: legítima
Hd: herança
d: dívidas
f: despesas com o funeral
C: bens colacionados
Obs.¹: divide-se por 2 em razão de a legítima corresponder à metade do patrimônio deixado
pelo de cujus.
Obs.²: na existência de cônjuge, tanto o patrimônio deixado pelo de cujus quanto o valor
colacionado/adicionado cairão pela metade, em razão da meação.

**caso passado em aula**


ativo: 200 mil
passivo: 35 mil
gasto c/ velório: 15 mil
doação apt.: 100 mil
200-50= 150 / 2: 75 (quota-disponível)
75 (outra metade) + 100 (doação): 175 (legítima)

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