Professor: Anderson Sampaio DIREITO DAS SUCESSÕES Dos Herdeiros Necessários Conceito: são aqueles que não podem ser afastados da sucessão pela simples vontade do sucedido, senão apenas na hipótese de praticarem, comprovadamente, ato de ingratidão contra o autor da herança. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge (art. 1.845, CC). Restrição à liberdade de testar Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima. *Aos herdeiros necessários a lei assegura o direito à legítima, que corresponde à metade dos bens do testador, ou à metade da sua meação, nos casos em que o regime do casamento a instituir. A outra, denominada porção ou quota disponível, pode ser deixada livremente. *Se não existe descendente, ascendente ou cônjuge, o testador desfruta de plena liberdade, podendo transmitir todo o seu patrimônio. DIREITO DAS SUCESSÕES Cálculo da legítima (art. 1.847, CC): calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação. O patrimônio líquido é dividido em duas metades, correspondendo, uma delas, à legítima, e a outra, à quota disponível. Ambas, em princípio, têm o mesmo valor. *Em resumo, falecido o autor da herança, pagas as suas dívidas e as despesas de funeral, divide-se o patrimônio em duas partes iguais. Deixa da parte disponível ao herdeiro necessário: apesar da lei assegurar a legítima aos herdeiros, nada impede que o testador deixe sua quota disponível ao herdeiro necessário. Direito do testador de dispor da quota disponível: pode o testador, uma vez que tem o direito de dispor da quota disponível como lhe aprouver, beneficiar com ela um filho mais necessitado que outro. DIREITO DAS SUCESSÕES Cláusulas restritivas: não havendo ofensa à legítima, pode o autor da herança realizar a partilha dos bens em vida, ou estipulá-la por disposição de última vontade. Restrições legais: Cláusula de inalienabilidade: as cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade são admitidas somente em casos excepcionais, de justa causa declarada no testamento. Aceita a justificação, deverão ser obedecidas. *A cláusula de inalienabilidade não excederá, em duração, à vida do herdeiro. *A inalienabilidade pode ser absoluta (quando prevalecerá em qualquer caso e com relação a qualquer pessoa) ou relativa (se facultada a alienação em determinadas circunstâncias ou a determinada pessoa, indicada pelo testador). Cláusula de incomunicabilidade: é disposição pela qual o testador determina que a legítima do herdeiro necessário, qualquer que seja o regime de bens convencionado, não entrará na comunhão, em virtude de casamento. *A incomunicabilidade, contudo, não acarreta a inalienabilidade do bem. Assim, bens gravados somente com a primeira cláusula não se tornam inalienáveis. A impenhorabilidade dos bens decorre do fato de a penhora representar começo de venda, forçada ou judicial. DIREITO DAS SUCESSÕES Cláusula de impenhorabilidade: visa impedir a sua constrição judicial em execução, por dívidas contraídas pelo herdeiro, restringindo a atuação dos credores. *O s frutos e rendimentos caracterizam-se pela sua alienabilidade, pois destinam-se à satisfação das necessidades do titular da coisa. Desse modo, a cláusula de inalienabilidade imposta a esta não os atinge. Sub-rogação de vínculos: é permitida mediante autorização judicial e havendo justa causa, alienando-se os bens gravados e convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros. DIREITO DAS SUCESSÕES Do Direito de Representação Existem 2 maneiras de suceder: Por direito próprio (jure proprio), quando a herança é deferida ao herdeiro mais próximo, seja em virtude de seu parentesco com o falecido, seja por força de sua condição de cônjuge ou companheiro. Por representação ou estirpe (jure representationis), quando chamado a suceder em lugar de parente mais próximo do autor da herança, porém premorto, ausente ou incapaz de suceder. *Assim, se o de cujus deixa descendentes, sucedem-no estes por direito próprio. Se, no entanto, um dos filhos já é falecido, o seu lugar é ocupado pelos filhos que porventura tenha, que herdam por representação ou estirpe. Fundamentação jurídica: a representação é restrita à sucessão legítima, não se aplicando à testamentária. A finalidade do direito de representação é mitigar o rigor da regra de que o grau mais próximo exclui o mais remoto, mantendo o equilíbrio entre pessoas sucessíveis da mesma classe pela substituição, por sua estirpe, da que faltar. DIREITO DAS SUCESSÕES Requisitos do direito de representação: Que o representado tenha falecido antes do representante, salvo nas hipóteses de ausência, indignidade e deserdação. *Admite-se também a representação quando ocorre a comoriência, visto não se poder averiguar, nesse caso, qual dos dois sobreviveu ao outro. Que o representante seja descendente do representado. *A representação se caracteriza, com efeito, pela chamada do descendente para substituir o ascendente em uma sucessão. Quando é feita na linha reta, o filho substitui o pai na sucessão do avô, e assim por diante. Quando ocorre na linha colateral, o filho substitui seu pai, na sucessão de um tio, em concorrência com outros tios. Que o representante tenha legitimação para herdar do representado, no momento da abertura da sucessão. *A representação se caracteriza, com efeito, pela chamada do descendente para substituir o ascendente em uma sucessão. Quando é feita na linha reta, o filho substitui o pai na sucessão do avô, e assim por diante. Quando ocorre na linha colateral, o filho substitui seu pai, na sucessão de um tio, em concorrência com outros tios. DIREITO DAS SUCESSÕES Que não haja solução de continuidade no encadeamento dos graus entre representante e representado *A representação se caracteriza, com efeito, pela chamada do descendente para substituir o ascendente em uma sucessão. Quando é feita na linha reta, o filho substitui o pai na sucessão do avô, e assim por diante. Quando ocorre na linha colateral, o filho substitui seu pai, na sucessão de um tio, em concorrência com outros tios. Que reste, no mínimo, um filho do de cujus ou, na linha colateral, um irmão do falecido. *Isso porque, se todos os filhos do falecido já morreram, ou todos os irmãos deste, os netos, no primeiro caso, e os sobrinhos, no segundo, herdam por direito próprio. DIREITO DAS SUCESSÕES Linhas em que se dá a representação: O direito de representação só se verifica na linha reta descendente, nunca na ascendente (CC, art. 1.852). Na linha colateral, ocorrerá em favor dos filhos de irmãos falecidos (dos sobrinhos) quando com irmão deste concorrerem (art. 1.853). Na linha reta descendente os filhos herdam por cabeça, enquanto os outros descendentes herdam por estirpe, se não estiverem no mesmo grau. *Herdar por estirpe é o mesmo que herdar por direito de representação. Assim, havendo descendentes de graus diversos, a herança dividir-se-á em tantas estirpes quantos forem os vários ramos, isto é, os descendentes em grau mais próximo. E o quinhão cabente à estirpe dividir-se-á entre os representantes. DIREITO DAS SUCESSÕES Efeitos da representação Atribui o direito sucessório a pessoas que não sucederiam, por existirem herdeiros de grau mais próximo, mas que acabam substituindo um herdeiro premorto. Só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse (art. 1.854, CC). Os representantes herdam exatamente o que o representado herdaria, se vivesse. O quinhão do representado “partir-se-á por igual entre os representantes” (art. 1.855, CC). O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra (art. 1.856, CC). Os netos, representando seus pais, têm a obrigação de levar à colação as doações que estes receberam do avô, cujos bens estão sendo inventariados (art. 2.009, CC).