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AULA 3

quarta-feira, 30 de novembro de 2022 19:51

Lorena de Castro dos Anjos - 190139536

Aula 3

Sucessão Legítima: AB Intestato - decorre da Lei, art. 1.829 e seguintes do Código Civil. Herdeiros - herdam sobre um pedaço de
todo o patrimônio

Partilha de bens :

João - 2 filhos e pais, solteiro. Patrimônio de um milhão de reais. Não deixou testamento, será, portanto por sucessão legítima: seu
patrimônio vai para os filhos, pais, se houver irmãos, avós, tios e primos. A sucessão legítima vai até o 4° grau colateral - até mesmo
o primo entraria. Todavia, faz sentido ter seu patrimônio dividido por todos esses? Nesse caso, a sucessão valoriza aqueles que tem
maior proximidade, especialmente levando em presunção a afinidade dos parentes mais próximos.

Os pais já são "velhos" e não precisam tanto de dinheiro como os filhos. Em tese, já "viveram mais tempo" de vida do que os filhos
então é como se não precisassem mais do que os filhos que tem uma vida inteira pela frente. Aqueles já construíram seu patrimônio.

Art. 1.829 CC: Ordem hereditária: a herança é deferida por classes preferenciais de herdeiros

1ª Classe: Viúvo + Descendentes

Se não houver descendentes: 2ª Classe: Viúvo + Ascendente

Casos de guarda compartilhada - o filho deve ter convívio igualitário entre os pais. Deve-se observar o nível de afinidade entre o pai e
o filho.

Principalmente em relação ao cônjuge surgem as maiores dúvidas, pois nem sempre eles concorrem a herança, isso depende do tipo
de regime de bens adotado pelo casal. No caso da comunhão universal de bens, o cônjuge é meeiro. Enquanto que na comunhão
parcial de bens, os bens adquiridos no casamento fazem parte da meação, e quanto aos bens adquiridos antes do casamento o cônjuge
concorre com os herdeiros.

Caso o autor da herança não tenha ascendentes ou descendentes, os parentes colaterais até 4º grau passam a fazer parte da sucessão
(figura 02). Ou seja, somente integraram a linha sucessória no caso de ausência dos necessários. Parentes colaterais são irmãos,
sobrinhos ou tios e primos. Sendo que é importante deixar claro que, os mais próximos excluem os remotos.

E quando não há parentes? Nesses casos, a herança será direcionada ao Município ou a União Federal, quando situada em território
federal.
O autor da herança pode deixar também testamento, que é a “declaração de última vontade”, onde a pessoa expressa a sua última
vontade acerca da distribuição de seus bens. Mas existe uma regra importante nos casos de testamento: o autor do testamento só pode
dispor de 50% dos bens, assim, os outros 50% são obrigatoriamente destinados aos herdeiros necessários.

LEMBRE-SE: TODO HERDEIRO NECESSÁRIO É HERDEIRO LEGÍTIMO, MAS NEM TODO HERDEIRO LEGÍTIMO É
HERDEIRO NECESSÁRIO.

Herdeiro legítimo é aquele que a lei elenca para suceder o falecido: (1) o descendente, (2) o ascendente, (3) o cônjuge ou
companheiro sobrevivente e (4) o parente colateral até o 4º grau.

Compõem a classe dos herdeiros necessários: o descendente, o ascendente e o cônjuge ou companheiro sobrevivente.

A lei garante a metade do patrimônio do falecido aos herdeiros necessários. Assim, o autor da herança poderá dispor/destinar
livremente apenas até a metade de seu patrimônio, por testamento ou outro instrumento.

Não havendo herdeiros necessários, o autor da herança poderá dispor da totalidade de seus bens ou afastar um ou mais herdeiros
colaterais.

O herdeiro colateral, portanto, não tem garantia alguma à herança. Poderá ou não suceder o falecido.

O parente colateral de 5º grau ou superior nada pode reclamar da herança, pois a lei nem ao menos o considera herdeiro.
Por fim, na ausência de herdeiro legítimo, testamentário ou legatário, a herança será declarada vacante.

Sucessão testamentária: Disposição de última vontade. Por meio de um testamento ou de um codicilo - art.1.857 e seguintes.

Discussão sobre se é possível usar formas contratuais ou societárias para contornar ou antecipar a futura sucessão: planejamento
sucessório.

Autonomia da vontade: princípio da soberania da vontade do testador. Qualquer cláusula testamentária, na dúvida, deve-se buscar a
vontade do testador.

Questionar porque o ordenamento jurídico tem uma resistência muito grande para garantir essa autonomia. O consenso geral das
sucessões se volta muito ao herdeiro, como se ele fosse o real protagonista e não o próprio autor. Deve-se assegurar "o direito de
herança do herdeiro". Quem é o sujeito de direito? Apenas o herdeiro?

O direito DE herança - de quem é a Herança? O professor entende que o autor DA herança é o verdadeiro titular desse direito e, logo,
as restrições impostas ao testador poderiam ferir o direito do autor de dispor sobre seu próprio testamento, seu próprio "patrimônio
após a morte". Ora, se posso dispor enquanto vivo do meu patrimônio, por que não após a morte?

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É uma garantia do próprio direito de propriedade - ordem pública: direitos reais e obrigacionais + sucessões = destino do patrimônio.

Porque a autonomia na sucessão não é tão defendida como é para os direitos reais.

O Autor da herança deserdar um herdeiro necessário - deve-se ter em testamento, deve justificar com base nos artigos do código civil,
e ainda, deve um dos demais herdeiros solicitar que seja cumprida e ainda comprovar que houve restrito cumprimento às causas de
deserdação. Por isso, nas maiorias das vezes as decisões não cumprem, por falta de cumprimento dos requisitos restritivos.

Ex: Testamento do professor Antônio - deserdou o filho, mas o tribunal não reconheceu. A vontade do testador não foi respeitada.
Porque a lei não admite uma interpretação mais favorável à vontade do testador. Fere-se o direito da liberdade econômica, de dispor
sobre seu patrimônio pós a morte.

Ex: hipóteses de exclusão por indignidade. Não se trata nem mesmo de anulação mas sim de indignidade, nulidade absoluta.

A herança não pode ser objeto de contrato enquanto vivo estiver o autor dela. O legislador proíbe que o herdeiro possa transacionar
seu direito antes de aberta. Só pode ser objeto de contrato após a abertura de sucessão.

A renúncia à herança: aqueles que entendem não ser possível usam o 426 do CC. Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança
de pessoa viva.

Muitos cônjuges renunciando as heranças, pois não queriam concorrer com os filhos.

Direito concorrencial: na sucessão, o cônjuge não quer disputar com os filhos, mantendo-se em seu lugar na ordem: o terceiro lugar.
Na visão do professor, o cônjuge poderia renunciar a esse direito concorrencial.

O companheiro foi considerado herdeiro necessário e, por conseguinte, não poderia renunciar.

O Código Civil de 2002 garantiu o direito à sucessão do cônjuge de forma mais ampla, permitindo a concorrência com os
descendentes e ascendentes, e, na ausência desses, teve acesso a todo o acervo hereditário. Maria Helena Diniz comenta:

Protege-se, juridicamente, o consorte supérstite, deferindo-se lhe a sucessão, se, ao tempo da morte do outro preenchimento os
requisitos gerais legais, do art. 1.830, não estava separado extrajudicial e judicialmente nem de fato a mais de dois anos, salvo se
comprovar ocorrendo a última hipótese, se a convivência se tronara impossível sem culpa do sobrevivente.

Havia tempo que se lutava para que o cônjuge fosse colocado na situação de herdeiro necessário. Com a entrada em vigor do CC/02,
o cônjuge passou a ser considerado herdeiro necessário em situação privilegiada, concorrendo em situação de igualdade com os
descendentes, e, dependendo da situação, podendo ter acesso a quinhão não inferior a ¼ da herança e com os ascendentes, além do
direito a meação e de habitação que já tinham por direito, à luz do código anterior.

Silvio de Salvo Venoso assim escreve “A doutrina sempre defendeu a colocação do cônjuge como herdeiro necessário, posição que
veio a ser conquistada com o Código de 2002 embora sob condições.

Nos termos do art. 1.829 do CC/02, o cônjuge que antes era apenas o terceiro na ordem sucessória, agora passa a concorrer na
herança como herdeiro de 1ª, 2ª ou 3ª classe. Dependendo do regime de bens em que eram casados, concorre com os descendentes e,
independentemente do regime de bens adotado, concorrem com os ascendentes.

Art. 1.829 A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão
universal, ou no da separação obrigatório de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares;

II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III – ao cônjuge sobrevivente;


IV – aos colaterais.

Obs:

- O cônjuge sobrevivente, no regime da comunhão universal, não é herdeiro, mas sim meeiro, o que significa que ele já é
proprietário de 50% do patrimônio, não havendo o que se falar em herança.
- Na separação obrigatória, ou seja, aquela que a lei impõe para o casamento válido o regime de separação total de bens, os bens
de cada cônjuge não se comunicam, logo não há meação, pois não há bens em comum. Ademais, só haverá direito à herança se o
cônjuge falecido não tiver herdeiros descentes, contudo, se houver herdeiros ascendentes receberá uma parte da herança. Assim,
só receberá a integralidade da herança se não houver nenhum herdeiro necessário vivo.
- No regime da comunhão parcial de bens, o cônjuge sobrevivente somente irá participar da herança em concorrência com os
descendentes se o falecido tiver deixado bens particulares, anteriores à união. Isto porque neste regime nós temos 3 tipos de
bens: os comuns do casal, os bens particulares de um e os bens particulares de outro.
Então, caso A venha a falecer, o patrimônio particular de B permanece com B. Considerando que A deixou 800 mil reais de
patrimônio, sendo 600 mil de patrimônio comum e 200 mil de bens particulares, anteriores à relação. E que A e B tiveram 1
filho. Como fica a partilha de bens? Sobre os bens comuns B tem direito à metade como meação, ou seja, 300 mil e como
herança tem direito a 100 mil reais, totalizando 400 mil reais. Assim, o filho do casal ficará com os outros 400 mil a título de
herança.
- a separação total de bens nenhum bem se comunica, tantos os adquiridos antes quanto na constância do casamento, salvo se
adquirirem conjuntamente um bem. Por tal fato, o cônjuge sobrevivente, não é meeiro, uma vez que não existe patrimônio
comum, porém concorrerá ao seu quinhão na herança com os descendentes na sucessão. Não havendo descendentes, o cônjuge
sobrevivente, concorrerá com os ascendentes, conforme determinam os artigos 1.836 e 1.837 do Código Civil, e na ausência de
descendentes ou ascendentes, herdará a totalidade da herança.

Contudo, o legislador colocou algumas condições para o cônjuge concorrer à herança. A primeira delas está prevista no art. 1.830 do
CC/02. O supérstite só terá direito a herança ou a concorrer na herança, quando não estiverem separados judicialmente, nem
separados de fato por mais de dois anos, na época do falecimento, salvo se provar que a separação se deu por culpa exclusiva do “de
cujus”, que tornou impossível a convivência do casal.

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cujus”, que tornou impossível a convivência do casal.

Conforme o inciso I, do art. 1.829 do CC/02, o cônjuge só poderá concorrer quando o regime de bens em que eram casados não for o
da comunhão universal, da separação obrigatória e o da comunhão parcial, sem patrimônio particular, situações em que o cônjuge
terá direito apenas a meação. Em relação aos outros regimes de bens, adotando o ensinamento de Maria helena Diniz, o cônjuge irá
concorrer na totalidade dos bens da herança: [...] entendemos que o art. 1.829. I, contém, ante a teoria da unidade sucessória, ou da
herança de savigny, adotada pelo art. 1.791 do código civil, tão somente requisitos especiais legais para tal concorrência, pois o
cônjuge viúvo, que os preencher, terá sua quota, considerando-se todo acervo hereditário, e não apenas os bens particulares do
falecido[...]

Além da participação na herança, o cônjuge também goza do direito de habitação, conforme nos ensina Maria Helena Diniz “assim
não ficará privado de moradia, nem desamparado”, nos termos do art. 1.831 do CC/02”.

Art. 1.831 Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba
na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado a residência da família, desde que seja o único daquela
natureza a inventariar

O legislador, ao definir como se dará a concorrência do cônjuge com os herdeiros, condicionou o direito daquele ao regime de bens
que era casado. Entrementes, ao instituir como se daria a concorrência do cônjuge, quando casado no regime da comunhão parcial de
bens permitiu divergentes interpretações sobre em quais bens incidirá a partilha.

Hipóteses de concorrência do cônjuge sobrevivo com os herdeiros, quando casados no regime da comunhão parcial de bens. Na
forma da parte final do art. 1.829 do CC/02, quando o legislador trata quais serão os casos em que o cônjuge não concorrerá na
herança, tem-se que “se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares.

Nestes termos, caso o “de cujus” tenha deixado bens particulares, o sobrevivente tem o direito de concorrer há herança, mas caso
aquele não tenha deixado bens particulares este só terá direito a meação, não podendo concorrer na herança.

Conclusão: Para o supérstite, que agora passa a ser herdeiro concorrente a partir do 1º grau na ordem sucessória, que era casado só o
regime da comunhão parcial de bens, e o “de cujus deixou patrimônio particular, o direito sucessório deve ser aplicado da melhor
forma que se adeque a sua proteção, sendo este herdeiro em condição de igualdade com os descendentes e ascendentes, não podendo
herdar quinhão inferior ¼ do espólio, além da sua meação, quanto for o caso. Ainda, à luz da legislação pátria, não pode a
companheira ser colocada em condição de melhor privilégio na sucessão do que o cônjuge, pois, como foi visto, a nossa Carta Magna
melhor protege a família oriunda do casamento, devendo assim a regra sucessória ser interpretada sempre em favor o sobrevivente.

DIREITO CIVIL. CÔNJUGE SUPÉRSTITE CASADO EM REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL E SUCESSÃO"


CAUSA MORTIS ". No regime de separação convencional de bens, o cônjuge sobrevivente concorre na sucessão causa mortis com
os descendentes do autor da herança. Quem determina a ordem da vocação hereditária é o legislador, que pode construir um sistema
para a separação em vida diverso do da separação por morte. E ele o fez, estabelecendo um sistema para a partilha dos bens por causa
mortis e outro sistema para a separação em vida decorrente do divórcio. Se a mulher se separa, se divorcia, e o marido morre, ela não
herda. Esse é o sistema de partilha em vida. Contudo, se ele vier a morrer durante a união, ela herda porque o Código a elevou à
categoria de herdeira. São, como se vê, coisas diferentes.(...) o cônjuge casado sob tal regime, bem como sob comunhão parcial na
qual não haja bens comuns, é exatamente aquele que a lei buscou proteger, pois, em tese, ele ficaria sem quaisquer bens, sem amparo,
já que, segundo a regra anterior, além de não herdar (em razão da presença de descendentes) ainda não haveria bens a partilhar. Essa,
aliás, é a posição dominante hoje na doutrina nacional, embora não uníssona. Precedentes citados: REsp 1.430.763-SP, Terceira
Turma, DJe 2/12/2014; e REsp 1.346.324-SP, Terceira Turma, DJe 2/12/2014. REsp 1.382.170-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel.
para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 22/4/2015, DJe 26/5/2015.

Portanto, verifica-se que mesmo que o regime adotado seja o de separação convencional de bens, isso não exclui o cônjuge/
companheiro da condição de herdeiro, sendo assim, quando houver interesse de preservar o patrimônio que seria objeto de herança e
concorrência entre descendentes e cônjuge, por exemplo, o máximo que poderá ser feito é reduzir o alcance ao patrimônio
protegendo os 50% que fogem à legítima, já que não é possível a renúncia à herança, por força do Art. 426 do CC/2002, ao
estabelecer que não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva, o que contraria o princípio da autonomia privada da
vontade das partes, afinal, quem não deseja que ocorra comunicação de bens em vida, dificilmente pretende que ela aconteça após a
morte, em inventário, afinal, se assim desejasse, pela lógica, poderia fazer um testamento beneficiando o cônjuge/ companheiro.

O direito à legítima. Repercussão Geral. Direito concorrencial.

1ª = Viúvo + descendentes
2ª = Viúvo + ascendentes
3ª = Viúvo
4ª = irmão
5ª = sobrinhos
6ª = tios
7ª = primos e sobrinhos netos

O viúvo tem direito a herança quando ele está na terceira classe, quando são as outras classes, fala-se em direito concorrencial.

Como fica na união estável - não admitiram como herdeiro necessário, apenas o cônjuge.

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