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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A sucessão legítima é aquela que acontece por presunção legal, em situações que
inexiste testamento (sucessão ab intestato), quando o testamento é parcial - em relação
aos bens não compreendidos nele (respeitando a legítima dos herdeiros necessários) –
ou, ainda, quando o testamento tiver caducado, for declarado nulo ou anulado. Em
todas essas situações, o acervo hereditário será distribuído entre os parentes, cônjuge
ou companheiro do autor da herança, conforme a ordem determinada pelo legislador,
e se não houver nenhum parente nem testamento, a herança será declarada jacente e
posteriormente vacante.
Importa notar que, a existência de herdeiros de uma classe preferencial, exclui a sucessão
dos herdeiros da classe subsequente. Assim, se existem descendentes e ascendentes do autor
da herança, apenas os primeiros herdarão. Conforme o magistério de Maria Helena Diniz, “a
relação é, sem dúvida, preferencial; há uma hierarquia de classes obedecendo a uma ordem,
porque a existência de herdeiro de uma classe exclui o chamamento à sucessão dos herdeiros da
classe subsequente” (2015, p. 125).
Direito Civil – Direito das Sucessões
Professor Stanley Costa
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald prelecionam1:
Existe uma lógica afetiva na disposição do legislador. Por inexistir testamento (ab
intestato), faz-se uma presunção legal daqueles que, em situações comuns, seriam mais
próximos do autor da herança. Assim, primeiro são chamados os descendentes e o
cônjuge/companheiro (analisando o regime de bens), posteriormente são chamados os
ascendentes e o cônjuge/companheiro (independente do regime de bens), depois é chamado
apenas o cônjuge/companheiro e, por fim, os colaterais na sequência dos graus de parentesco.
Desde já, nos importa esclarecer alguns termos e situações que aparecerão no
desenvolvimento desta unidade, os quais podem gerar algumas complicações no entendimento
das regras subsequentes. Por isso, reservamos este capítulo para a análise de algumas premissas
básicas da sucessão legítima.
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FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil – Vol. 07. Salvador: Ed.
JusPodivm, 2016, p. 253.
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protegidos pela legítima (50% do patrimônio hereditário), e os facultativos (colaterais) são
aqueles que não possuem esta proteção sucessória.
Ademais, três são os modos de suceder: a) por direito próprio; b) por representação; c)
por transmissão.
Herda por DIREITO PRÓPRIO aquele que figura no grau prioritário dentro da classe que
se está chamando. Para deixar mais claro, herda por direito próprio o filho em relação ao pai,
pois dentro da classe dos descendentes ele pertence ao primeiro grau. Igualmente, se não
houver nenhum filho, os netos são chamados a herdar por direito próprio, pois pertencem ao
segundo grau descendente.
Para encerrar, além dos três modos de sucessão legítima, temos três formas de partilha,
quais sejam: a) por cabeça; b) por estirpe; c) por linhas.
Dá-se a PARTILHA POR CABEÇA quando os herdeiros de mesma classe recebem partes
iguais da herança, por exemplo, o autor da herança faleceu deixando três filhos que vão herdar
por direito próprio e partilharão por cabeça, na proporção de 33,3% cada um.
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Em contrapartida, dá-se a PARTILHA POR ESTIRPE quando pessoas de graus mais remotos
concorrem com outras de grau mais próximo, em sucessão por representação, por exemplo, o
autor da herança faleceu deixando dois filhos vivos, que vão herdar por direito próprio e
receberão a partilha por cabeça, mas tinha um filho que morreu antes do autor da herança, o
qual deixou dois filhos (netos do autor da herança) que herdarão por representação e receberão
a partilha por estirpe. Assim, os dois filhos do autor da herança (1º grau descendente) receberão
33,3% da herança cada um, enquanto que os netos (2º grau descendente – descendentes do
filho pré-morto) receberão 16,5% desse patrimônio.
Existe uma última forma de partilha, que ocorre por linhas quando são chamados os
ascendentes do de cujus. Assim sendo, se o autor da herança faleceu sem deixar descendentes,
contudo seus pais já eram falecidos, seus avós serão chamados por direito próprio em partilha
por linhas, na seguinte proporção, 50% para a linha materna e 50% para a linha paterna.
3. RELAÇÕES DE PARENTESCO
Conceituando parentesco, Maria Helena Diniz leciona que: “O vínculo existente não só
entre pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmo tronco comum, mas também
entre o cônjuge ou companheiro e os parentes do outro e entre adotante e adotado” (Código,
2010, p. 1.122).
A partir deste conceito e das normas estabelecidas no artigo 1.591 do Código Civil e
seguintes, podemos identificar as três modalidades de parentesco existentes em nosso direito:
a) parentesco natura ou consanguíneo – aquele existente entre pessoas que possuem vínculo
de sangue (biológico); b) parentesco civil – aquele que decorre de adoção ou outra origem
(reprodução assistida heteróloga); c) parentesco por afinidade – aquele que existe entre um
cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro.
Por fim, temos o parentesco por afinidade, aquele que existe na relação do companheiro
ou cônjuge com os parentes do outro companheiro ou cônjuge. Destaca-se que na linha reta
(descendente ou ascendente) ele é infinito, enquanto que na linha colateral limita-se ao irmão
do cônjuge ou companheiro. Ademais, não podemos nos esquecer que o parentesco por
afinidade em linha reta não se extingue com a dissolução do casamentou.
Assim como pontuamos nos demais casos, a previsão legal do parentesco por afinidade
encontra-se no artigo 1.595 do Código Civil, que estabelece o seguinte: cada cônjuge ou
companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. Mais uma vez, vejamos
como ocorre esta divisão nos quadros sinóticos abaixo:
4. REGIME DE BENS
Quanto aos regimes de bens, importa-nos também fazer algumas considerações, primeiro
para diferenciar meação de herança, e, segundo, para compreender a sucessão do cônjuge
supérstite, especialmente quando estiver concorrendo com descendentes do autor da herança.
Assim, vale dizer que meação é instituto de direito de família, que concerne à metade
ideal do patrimônio comum do casal, ao qual o cônjuge faz jus de pleno direito, em razão do
regime de bens adotado para o casamento. Os principais efeitos são produzidos, portanto, no
término do vínculo matrimonial, seja por divórcio ou por morte.
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Em sentido diverso, a herança é instituto de direito sucessório, que concerne ao
patrimônio particular do de cujus, a totalidade daquilo que era só dele, que será transmitido em
razão da morte, sem incluir a meação do cônjuge supérstite.
Desta forma, veremos que, a depender do regime de bens, o cônjuge supérstite receberá
sua meação (direito de família), mais uma parte da herança (direito sucessório). Noutras
situações, ele será só meeiro ou só herdeiro.