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1. O direito das famílias pertence ao direito público ou ao direito privado (natureza jurídica)?
(p. 34)
Não. Há, em verdade, no direito das famílias, acentuado domínio de normas imperativas. São
normas inderrogáveis, cogentes, que incidem independentemente da vontade das partes, daí
se falar num perfil publicista do direito de família. A tendência em considera-lo como parte
integrante do direito público se origina desse motivo. Entretanto, não há como sustentar tal
assertiva. Não se pode conceber nada mais privado, profundamente humano do que a família,
em cujo seio o homem nasce, vive, ama, sofre e morre. A pretensão de descolar a família do
direito privado representa um contrassenso, pois prepara o terreno para um intervencionismo
intolerável. Assim, ainda que tenha características peculiares e alguma proximidade com o
direito público, não deixa de pertencer ao direito privado. O Estado não pode mais controlar as
formas de constituição das famílias, ela é mesmo plural.
2. Conceito de família.
Principal papel: dar suporte emocional ao indivíduo, em que há mais intensidade no que diz
respeito aos laços afetivos.
a) 1ª Opção
b) 2ª Opção
Essa normas, da Constituição e do atual Código, visam a assegurar não haver discriminação
injusta e arbitrária entre os/filhos por causa da origem. O intuito é evitar, como ocorria no
direito anterior, tratamento diferenciado entre filhos legítimos e ilegítimos, naturais e adotivos
etc. (...) Não obstante, entre as duas soluções mencionadas, parece ser melhor a primeira, que
preserva a igualdade dos quinhões entre descendentes comuns e exclusivos. Isso não só para
preservar a igualdade entre todos os filhos, mas também por uma razão prática, pois, na
concorrência entre cônjuge e descendentes, o legislador também se esqueceu de prever na
hipótese de haver descendentes comuns e exclusivos (cf. art. 1.832). Concorrendo somente
com descendentes comuns, o cônjuge tem assegurada uma cota mínima de 25%. Se a
concorrência dá somente com filhos exclusivos do de cujus, o cônjuge recebe quota igual à dos
descendentes, podendo ser inferior a 25%. Como observado nos comentários ao art. 1.832, a
se permitir a desigualdades das cotas, entre descendentes comuns e exclusivos, há uma
limitação matemática na preservação da cota mínima de 25% ao cônjuge. Se forem seis ou
mais os filhos exclusivos, não há como manter essa cota mínima. Sendo assim, a solução mais
coerente para evitar soluções contraditórias em relação aos descendentes, é lhes dar
tratamento igualitário, assegurando aos comuns e exclusivos cota igual, em prejuízo do
cônjuge sobrevivente. Se a solução, no caso do cônjuge, deve ser a de tratar todos os filhos
como exclusivos, impõe-se, por coerência, a mesma solução para o companheiro.”. (Código
Civil Comentado, Coordenador Ministro Cezar Peluso, 3ª edição, Editora Manole, São Paulo,
2009, pág. 2018).
4. Multiparentalidade
Ainda, e não menos importante, embora o enunciado 642 não faça a expressa afirmação, o
mais lógico é que a orientação de interpretação se dirija ao § 2º do Artigo 1.836 (mas não ao
parágrafo primeiro do dispositivo), ou seja, àquela situação em que a herança será distribuída
entre ascendentes a partir do 2º grau (ex.: avós, bisavós). Isto porque, ocorrendo a sucessão
entre ascendentes de primeiro grau – sem prejuízo da participação da concorrência do cônjuge
que, se existente, aqui concorre independentemente de regime de bens - a herança se
distribui por cabeça, não havendo distinção de linhas (ex: falece pessoa e deixa vivos 2 pais e 1
mãe: o quinhão de cada um seria de 1/3, sem distinção de linhas paterna e materna); mas, a
partir do 2º grau, primeiramente a herança se distribui em linhas (paterna ou materna) e,
depois, é que se distribui entre os herdeiros de cada linha. Assim, se alguém falece, tendo 2
pais e 1 mãe que sejam mortos, mas sendo 5 avós vivos (sendo 2 por parte do pai 1; 1 por
parte do pai 2; 2 por parte da mãe), a herança se distribuiria em linhas (2 paternas e 1
materna) e, então, para cada 1/3 da herança, teríamos: 1/6 para cada avô por parte do pai 1;
1/3 para o avô por parte do pai 2; 1/6 para cada avô materno.
Enunciado 261 CJF: A obrigatoriedade do regime da separação de bens não se aplica a pessoa
maior de sessenta anos, quando o casamento for precedido de união estável iniciada antes
dessa idade.
https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/388310176/stf-repercussao-geral-622-
multiparentalidade-e-seus-efeitos