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SUCESSÕES

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL E


DIREITO DE FAMÍLIA

1. A morte enquanto fato jurídico e o Direito das Sucessões

A morte é o cerne do direito das sucessões, sendo desencadeador do direito


sucessório

A morte pro direito é a perda da personalidade jurídica da pessoa natural,


seja ela rela ou presumida

Esta é um fato jurídico

A morte tudo resolve- o morto não pode ser sujeito de direitos ou


obrigações

1.1. A morte real

A morte é um processo, não se concretizando em um simples ato.

Há a morte normal ( parada do sistema cardio respiratória) e a morte


encefálica ( quando o cérebro para de funcionar, podendo inclusive ser feita
a doação dos órgãos)

Obs: na morte normal um médico pode atestar

Obs: na morte encefálica precisa de dois médicos

Obs: é necessária a pericia para atestar a morte biológica

1.2. A morte presumida sem prévia declaração de ausência

Obs: não confundam com morte civil – algo hoje banido do nosso sistema,
quando o sujeito embora vivo era considerado morto, sendo uma forma de
tirar da pessoa seus direitos

A norte presumida é quando há tanta possibilidade do sujeito estar morto,


que o ordenamento, mesmo sem o corpo e independentemente de processo
de ausência, já o considera morto ( artigo 7 do CC)

Ex: queda de avião

Ex: pessoa desaparecida em campanha de guerra

Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem


decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito


prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida,


nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a
sentença fixar a data provável do falecimento.

1.3. A morte presumida com prévia declaração de ausência

Morte presumida pode ser com ou sem declaração de ausência.

Ausente é quem desaparece sem dar notícia e sem deixar procurador


(a ausência precisa ser declarada judicialmente, em processo de jurisdição
voluntária, movido pelos interessados ou MP). Há uma premência em
administrar uma massa patrimonial que se encontra “abandonada”, mas em
determinado momento vai ser preciso transmitir esse patrimônio
definitivamente.

Ausência

falta da presença: alguém que desaparece

sem dar notícias

dúvida se está vivo ou morto (não tem aquela situação de probabilidade da


morte)

Reunidas estas condições, institui-se um procurador e em seguida presume-


se a morte.

3 fases para a declaração de ausencia

a) nomeação de curador (art. 22 ss): preserva os bens deixados pelo


ausente, nomeando um curador para o ausente

fim: cuidar do patrimônio

curador nomeado pelo juiz arrecada os bens do ausente e expede editais (o


CNJ ainda não regulamentou os editais, conforme previsto no CPC)

duração: pelo menos 1 ano


b) sucessão provisória: o ordenamento se preocupa com os interesses
dos sucessores. Os herdeiros podem se imitir na posse dos bens, com
certas cautelas

passado 1 ano sem notícia do ausente ou de sua morte, os interessados


podem requerer a abertura da sucessão provisória

se o ausente deixou curador, passados 3 anos do desaparecimento, pode-se


buscar o judiciário para declaração de ausência e abertura da sucessão
provisória.

bens entregues aos herdeiros em caráter provisório e condicional: desde


que prestem garantia da restituição desses bens (posse, mas não domínio).
Pode obter frutos, mediante caução, considerando que se o ausente voltar,
ele vai reaver seus bens.

frutos também não são apropriados pelos herdeiros provisórios - os frutos


também precisam ser garantidos

se justificado e requerido, pode reter até metade dos frutos (evitar


enriquecimento sem causa)

ascendentes e descendentes e cônjuge: não precisam prestar caução e


podem sempre, por lei, reter 50% dos frutos

imóveis só podem ser alienados ou gravados mediante autorização judicial

se o ausente reaparecer nessa fase, ele terá direito de reaver os bens e os


frutos.

c) sucessão definitiva

mediante certeza da morte do ausente ou, passados 10 anos (ou 5 se o


ausente completar 80) após trânsito em julgado da abertura da sucessão
provisória, mediante solicitação dos herdeiros

só aqui se caracteriza a morte presumida (se ele não aparecer morto de


fato - morte real) e a transmissão do patrimônio vai ser definitiva.

sucessores definitivos adquirem o domínio dos bens, mas essa propriedade


é resolúvel, pois se o ausente retornar nos próximos 10 anos ele pode
reaver seu patrimônio no estado em que se encontre

são levantadas as cauções e o herdeiro só devolve o que tem (ainda que


sejam bem subrogados - ex: vende uma fazenda e compra um apartamento
- entrega o apartamento)

2. Parentesco e o Direito das Sucessões.

Quando alguém morre, seus bens são transmitidos AOS PARENTES. A


escolha dos parentes que vão suceder é o que vai ser importante - a lei
estabelece vários critérios para contemplar os parentes mais próximos. A
presunção legal é de que você quer beneficiar sua família. A lei estabelece
uma ordem de afinidade, de certa forma.

Quais são os parentes chamados a herdar?

Parentesco = relação de ordem familiar entre duas pessoas. Este


pode ser: natural, civil, qualquer outra origem (ex: socioafetivo)

As origens do parentesco refletem no direito de família e no


sucessório.

Todos os parentes têm condição potencial de ser herdeiro, mas nem


todos serão (“muitos são chamados, poucos são os escolhidos” - Jesus kk)

A princípio, os mais próximos preferem aos mais remotos;


linha reta (que é infinita) prefere à linha colateral (que só é parente
até o 4º grau); descendentes preferem aos ascendentes.

 Alargamento do conceito de parentesco/filiação no direito de família.-


classificação

consanguíneo ou natural: origem num ascendente. Filiação ou


ascendente em comum (colaterais). [filiação]

biológica natural ou não natural - técnicas de reprodução assistida


quando o material genético é dos genitores

adoção (civil): rompe o vínculo natural- a adoção (e seus efeitos


sucessórios) só se concretiza depois do trânsito em julgado da sentença de
adoção.

obs: extinção do poder familiar não caracteriza a adoção e a adoção não se


resume a isso

socioafetivo: posse do estado de filho, prestígio da verdade (social)


afetiva frente à verdade biológica.

multiparentalidade - relações homoafetivas ou quando por qualquer outro


motivo o sujeito tem mais de um pai ou mais de uma mãe.

Ex: Chicão é filho de Cássia Eller e de Maria Eugênia

o reconhecimento da filiação socioafetiva já pode ser feito no cartório, sem


necessidade de processo judicial (provimento 63 foi limitado pelo
provimento 83)

ponto polêmico: adoção à brasileira

social: técnicas de reprodução heteróloga - basta que um deles não seja o


doador do material genético
por afinidade: surge do casamento ou da união estável. Vínculo entre
o cônjuge e os parentes do outro cônjuge ou companheiro.

ascendência e descendência por afinidade não tem reflexo sucessório

obs: a extinção do poder familiar não rompe o vinculo de parentesco, porem


destituído do poder familiar o genitor não tem direitos sucessórios em
relação ao filho- o filho permanece com direito de herança do pai

obs: o conjugue sobrevivente é herdeiro necessa´rio, sendo convocado a


herdar em terceiro lugar

2.3. LINHA

Para fins sucessórios, além da origem importam as linhas - parentesco é a


relação entre duas pessoas sempre a partir da identificação de um
ascendente comum.

Linha reta: descendem umas das outras diretamente- Ilimitado e


perpétuo- a depender do ângulo que se visualiza parentesco em
linha reta é ascendente ou descendente (existindp a linha materna e
linha paterna)

Os parentes em linha reta são herdeiros são necessários

A lei os divide em classes e estabelece uma ordem de preferenia:

Primeiro os descendentes preferem os ascendentes

O conjugue e companheiro concorrem com os ascendentes e


os descendentes

O parentesco na linha colateral se estabelece quando duas pessoas não


descedem uma da outra, mas entre elas existe um ancestral em comum ex:
primos- colateral (até o 4º grau)- herdeiros legítimos e facultativos

sobe até o parente em comum para chegar ao parente colateral (exemplo:


eu - meu pai - minha vó - tio gio - peu → sobe e desce → peu (primo) é
meu parente de 4º grau na linha colateral)

OBS: Herdeiro legítimo é diferente de herdeiro necessário: os


colaterais são legítimos, mas são facultativos - só herdam se não
houver herdeiro necessário.

2.4. GRAU.
O grau é o numero de gerações que separa os parentes. Os mais
próximos preferem aos mais remotos e a proximidade é definida
pelos graus

linha reta = nº de gerações. O intervalo entre geração e outra é um


grau.

Ex: filho pro pai = 1 grau. Filho pro avô = 2 graus. Não existe limite de
grau na linha reta, todos são parentes para todos os fins.

classes = ascendentes e descendentes. Ascendentes só são convocados se


não houver descendentes, ainda que sejam mais próximos. Somente entre
os herdeiros de uma mesma classe é que se atenta ao grau de parentesco.

Todos que pertencem a mesma classe, independe do grau, preferem


aos da classe seguinte ex: caso o filho do decujus tenha falecido, herdam
os netos (próximos descendentes) e não o pai

Somente entre herdeiros de uma mesma classe que se atenta ao


grau de parentesco ex: entre o filho e o neto (ambos descentes) herda o
filho ( primeiro grau, eis que o neto é de segundo grau

colateral: a contagem sobe até o ascendente e depois desce para


chegar no parente. Por isso não tem parete colaeral de 1o grau, já que
sempre tem um ascendente comum interposto. Ex: de mim para meu pai,
de meu pai para minha vó, de minha vó para minha tia - 3 graus.

limitado ao 4o grau desde o CC2002

2.5. CLASSE

Ascendente e descendente

2.6 ESTIRPE

O que é estirpe? Em relação aos irmãos, se são germanos/bilaterais


(mesmo pai e mesma mãe) ou unilaterais

Filiação híbrida: irmãos que têm só um genitor em comum. Não há


igualdade na partilha entre irmãos bilaterais e irmãos unilaterais: os
bilaterais (ou germanos) têm direito ao dobro. Previsto no CC.
Inconstitucionalidade (distinção entre irmãos é vedada pela CF).

2.6. Afinidade

Parente afins não são comparados aos consanguíneos, mas há simetria.

Parente afim é o parente do cônjuge.


Os em linha reta, são para vida toda, mesmo que se dissolva o
casamento. Na linha colateral, só vai até os cunhados e o
parentesco se dissolve com o casamento.

Não tem repercussão no direito sucessório, só no direito de família


(impedimento ao matrimônio). Nem mesmo durante a vigência do
casamento - ex: a nora não herda do sogro, ainda que casada no regime da
comunhão universal.

2.7. Adoção póstuma e reconhecimento da filiação


socioafetiva post mortem

ADOÇÃO PÓSTUMA: A adoção se perfectibiliza com o trânsito em


julgado da sentença. Se o adotado morre antes da sentença, o processo é
extinto por falta de pressuposto processual e a adoção não se concretiza.
Mas se o adotante morre no curso da ação, ela prossegue e os efeitos da
sentença retroagem à data do óbito. A ação de adoção precisa já ter sido
proposta pelo adotante ou a intenção de adotar precisa ter sido
demonstrada de forma inequívoca (mitigação jurisprudencial) - consta no
ECA. Constitutiva de filiação desejada pelo adotante.

RECONHECIMENTO: Ação declaratória de que o vínculo parental se


constituiu antes, ainda que não tenha acontecido qualquer manifestação de
interesse do falecido. Declara uma situação de fato - natureza do convívio,
independente de manifestação do falecido no sentido da adoção. Adoção
não se confunde com parentesco socioafetivo (voltar pro início do tópico)

Obs: falecimento do pai antes do nascimento do filho

Garante-se a herança para este filho. Quando os pais eram casados, basta
que a mae , na posse da certidão d casamento, requeira o registro do filho
extrajudicialmente. Se viviam em união estável, é necessário a proposição
de uma ação de investigação, cumulada com petição de herança para
assegurar os bens

RESUMO PRATICO
- Todos os parentes desfrutam da condição de herdeiro, mas nem
todos são comtemplados com a herança
- os mais próximos preferem os mais remotos
- a ordem de vocação hereditária prioriza os parentes em linha
reta
- os descentes afastas os ascendes, que antecedem o conjugue e o
companheiro

2. A questão do patrimônio do falecido.

Com a morte, é preciso transmitir o patrimônio do falecido para os


herdeiros. É preciso, então, identificar o patrimônio do falecido,
especialmente quando ele é casado ou vive em união estável → meação é
diferente de herança.

meação x herança

Tanto a meação quanto a herança podem ser motivadas pela morte


(a meação pode ser da dissolução/divórcio). Primeiro se faz a meação (para
identificar qual o patrimônio do falecido), depois parte para distribuição da
herança.

Meação decorre de uma relação patrimonial existente em vida


estabelecida por lei e por vontade dos cônjuges/companheiros. A herança
decorre sempre da morte e é definida por lei ou testamento.

Meação é o patrimônio que decorre da dissolução do casamento, pelo


motivo que for. ITCMD não incide sobre a meação, porque a propriedade é
mantida (lembrar que no casamento tem um “condomínio”, que na verdade
é uma mancomunhão). Na herança, há um acréscimo patrimonial, uma
transmissão do patrimônio. Por isso, antes de se pensar na herança, é
preciso excluir a meação do cônjuge ou do companheiro.

Bem partilhável, é o que sobra depois da meação. Metade dessa


parte vai ser a legítima - destinada aos herdeiros necessários. A outra
metade pode ser disposta por testamento.

Súm 377/STF - comunicam-se os bens adquiridos na constância do


casamento, mesmo no regime de separação obrigatória. (“No regime de
separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do
casamento.”) → comunicar = integrar a meação. Essa é uma alteração
jurisprudencial da letra da lei, que garante à pessoa casada em regime de
separação obrigatória (ex: a sugar baby que casa com um idoso) um
mínimo de garantia - ao menos em relação ao que for adquirido na
constância do casamento, vai se presumir o esforço dos dois para a
aquisição.

Monte mor (legítima + parte disponível) = meação + bens


particulares

3. O CASAMENTO E SEUS EFEITOS NO DIREITO DAS SUCESSÕES

POSIÇÃO PRIVILEGIADA DOS CÔNJUGES

Cônjuge não é parente e ocupa o 3º lugar na ordem de vocação


hereditária, mas na prática possui uma posição privilegiada.

faz jus à legítima (herdeiro necessário), por isso não pode ser excluído
da herança, se não houver ascendentes e descendentes
direito de concorrência: concorre com ascendente e descendente. -
lhe é garantido, no mínimo, a quarta parte da herança

concorre sempre com os ascendentes e às vezes com os descendentes.

segue sendo herdeiro, independente do regime de bens do


casamento e da vontade do de cujus

DOS DIFERENTES REGIMES DE BENS E SUAS IMPLICAÇÕES NA SUCESSÃO


DA PESSOA CASADA.

Se a primeira coisa a fazer é excluir a meação, é preciso prestar


atenção no regime de bens do casamento/união do sujeito.

O regime se inicia na data do casamento, no casamento, ou a partir


da convivência, na união estável, salvo se houver contrato dispondo
diferente (contrato de união estável ou pacto antenupcial que altere o
regime de bens inicial). O término se dá com a separação de fato, em
ambos os casos.

comunhão parcial: comunicam-se todos os bens que sobrevierem na


constância da relação (aquestros)- os bens onerosamente
adquiridos no período da vida em comuns + frutos e rendimentos.
Não entram bens possuídos anteriormente (aprestos) e tudo que
receberem por sucessão ou doação. Há 3 patrimônios - 2 particulares +
1 comum

comunhão universal: funde mesmo o patrimônio pretérito. Doação,


herança e frutos também. Salvo se houver cláusula de
incomunicabilidade na doação ou sucessão. Também não são
comunicadas dívidas anteriores ao casamento e bens de uso
pessoal, como instrumentos profissionais. Há 1 patrimônio

separação convencional: pacto antenupcial realizado por escritura


pública. Nada se comunica. ( não há meação ou concorrência sucessória)
Há 2 patrimônios

separação legal de bens: não observar causa suspensiva, maior de


70 anos, suprimento judicial. Súm. 377/STF - comunicam-se os
bens adquiridos na constância do casamento,desde que provado:
evita o enriquecimento sem causa de uma das partes. No fim, fica
como na comunhão parcial - 3 patrimônios. Obs: precedente do STJ
pode alterar esse entendimento.

participação final nos aquestros: findado o casamento, os bens


adquiridos durante o casamento se tornam comuns e vão ser
partilhados

Tipos de bens

bens particulares: anteriores ao casamento, subrogação, herança e


doação
patrimônio próprio: bens particulares de cada um somados aos
adquiridos em nome próprio na constância do casamento - a administração
desses bens vai ser independente do outro cônjuge

bens comuns: adquiridos pelo casal na constância do casamento

Patrimônio próprio e bens comuns vão ser partilhados no final, mas só na


dissolução do casamento. Mistura a comunhão com a separação - durante o
casamento é separação, na separação é comunhão.

patrimônio próprio gera direito de crédito (compensação)

bens comuns - direito ao bem mesmo

 Sempre será herdeiro caso não haja ninguém mais

CASAMENTO INEXISTENTE, CASAMENTO PUTATIVO E CASAMENTO


NUNCUPATIVO NO DIREITO DAS SUCESSÕES.

Putativo: baseado na boa-fé, as partes acham que estão casadas, mas não
poderiam. Efeitos do casamento são produzidos até a sentença anulatória →
meação. Casamento nulo ou anulável.

Nuncupativo: um dos cônjuges está em risco de vida. É igual ao


casamento normal, produzindo todos os efeitos regulares.

Inexistente: não produz qualquer efeito.

DA MEAÇÃO

A meação decorre de uma relação patrominial (conomini, comunhão)


existente em vida dos interessados e eé estabelecida por lei ou por vontade
das partes. De modo geral, a cada um dos conjugues pertence a metade do
patrimônio comum

Ainda que não integre o acervo hereditário, a meação necessariamente


acaba fazendo parte do inventário, pois a separação dos bens que integram
a meação do cnjugue sobrevivente corre quando da partilha

Assim, se o autor da herança era casado, antes e pensar na divisão do


patrimônio, a depender do regime de bens, é necessário excluir a meação
do conjuegue. Depois cabe identificar os herdeiros necessários, pois a
herança é pra eles reservada a titulo de legitima

- comunhão universal a meação é claculada sobre todo o patrimônio

- demais casos é a metade dos bens adquiridos

- nos casos de separação convenciona, não há bens comuns


PATRIMONIO

PARTE DISPONÍVEL
25%

MEAÇÃO
50%

LEGITIMA
25%

6. HERANÇA JACENTE E VACANTE

Herança jacente e vacante são institutos típicos de direito das sucessões.


São grupos despersonalizados.

Jacente: acervo patrimonial deixado pelo de cujus sem


testamento ou herdeiro legítimo conhecido. Vai ser arrecadada e
administrada por um curador (como no caso do ausente, mas aqui
já morreu), até que se localize o herdeiro ou que seja declarado
vago (herança vacante). Pode ser que não tenha herdeiro.

Vacante: praticadas todas as diligências, passado 1 ano da


publicação do 1o edital não há herdeiros habilitados para sucessão.
É declarada vaga a sucessão a partir do trânsito em julgado da
sentença que declara a ausência de herdeiros. Não tem herdeiro. É
transmitida para o município/DF/estado-

 Na inexistência de herdeiros conhecidos os bens são


recolhidos como herança jacente. Por meio de ação judicial
são declarados vagos e passam ao domínio do ente publico
onde estão localizados

DIREITO DAS SUCESSÃO

O SENTIDO DA EXPRESSÃO DIREITO SUCESSÓRIO

Direito sucessório no sentido estrito: conjunto das normas reguladoras da


transmissão de bens e obrigações em consequência a sua morte em virtude
de testamento ou morte.
A constituição federal assegura o direito a herança e o código civil também
vai disciplinar.

Sucessão geral ( estudo do conceito, os seus pressupostos, a Análise da


natureza jurídica, os princípios, a herança e sua adm, os legitimados, a
aceitação dela e etcs.)

Depois vamos estudar suas modalidades de sucessão: a sucessão legitima


(ausência de testamento= segue o previsto em lei = verdade presumida) e
testamentária ( verdade real)

Hoje a inventário judicial e extrajudicial

PREMISSAS DO DIREITOS SUCESSORES

- Pressuposto: morte ( não há sucessão de pessoa viva) (há no código civil


há proibição do pacto corvina- objeto de contrato a herança)

- Existência de Pessoas físicas ou jurídicas legitimadas a receber a herança

FUNDAMENTOS

- Em primeiro plano o direito da propriedade ( a proteção do patrimônio),


vinculado ou não a ideia de família

- O princípio da dignidade da pessoa humana (auto determinação e


autonomia privada)

FUNDAMENTO LEGAL

- Constituição: artigo 5, XXX, XXXI e 227,$6 ( poder constituinte originário


quis conferir ao direito hereditário uma proteção constitucional) => por
força disso submete-se o direito sucessório ao principio do não retrocesso,
eficácia horizontal, o código civil não pode excluir o direito sucessório, há
que se fazer o controle da constitucionalidade dos dispositivos

Obs: O direito sucessório não é so um interesse privado, mas um interesse


estatal ( preocupação que os bens tenham donos)

- Código Civil

Há uma disciplina do direito sucessório em outros pontos do código civil


(ex: direitos intransmissíveis). Há leis espaças que também disciplinam ex:
lei de direitos autorais, pertencem ao domínio público as obras de autores
falecidos que não deixaram sucessores; decreto lei 3.438/41 artigo 18
paragrafo segundo; Leis federais 6.858 8036/90 salto do FGTS, pensão por
morte- a pensão será para os indicados como dependentes, caso não haja
segue o rito da sucessão,
A NATUREZA JURÍDICA DA HERANÇA

A herança é um bem imóvel, do ponto de vista legal, submetida a


um regime jurídico de condomínio indivisível, surgindo a partir de
então um juízo universal sobre a herança.

Tartuce. Sucessão aberta é bem imóvel por força de lei (art. 80 - bem
imóvel por ficção legal) - por ser imóvel, sua cessão demanda escritura
pública, por exemplo (sem escritura, o negócio é nulo por vício de forma),
outorga conjugal (precedente do STJ: ausência de outorga gera invalidade e
ineficácia em relação à meação REsp 274.432) - tudo isso vale para a
renúncia também.

Universalidade de direito - complexo de relações jurídicas


positivas e negativas, de haveres e deveres.

Sílvio Venosa - isso é por uma necessidade prática, o patrimônio continua


íntegro, com nome de espólio. CC: a herança defere-se como um todo
unitário, ainda que vários sejam os herdeiros, e só se divide com a
partilha. Enquanto não houver a partilha, a condição é de composse
(sendo a herança um condomínio) - todos podem exercer atos
possessórios, desde que não excluam os outros herdeiros. Também,
todos devem contribuir proporcionalmente a sua cota para garantir a
integridade dos bens (manutenção) - ex: todos vão rachar o condomínio do
apartamento, ainda que nenhum deles seja ainda dono a título singular de
qualquer dos bens.

A transmissão da herança ocorre no momento da morte -


todos os herdeiros tem os mesmos direitos e deveres em relação ao
monte indivisível (saisine).

PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PUBLICO E O DIREITO HEREDITÁRIO

Se o de cujus não possuir herdeiro ou se os herdeiros renunciam à


herança (declaração de vacância), ela será devolvida ao município ou DF na
qual se localize. Se se tratar de território (não temos), será devolvida à
União.

Isso significa que eles são herdeiros? Em que condição? Art. 1829, CC. -
ordem de vocação hereditária, não menciona o poder público como
herdeiro.

O CC de 1916 colocava no art. 1603(?) o Estado no rol da vocação


hereditária.

Ou seja, o poder público não é mais herdeiro - já foi, mas não


é mais. Ele é uma espécie de sucessor anômalo ou irregular (não é
herdeiro, mas é sucessor), constituído pela norma por força de um
fundamento jurídico básico - não convém deixar uma propriedade sem dono
ou sem função. Mas dar ao Estado é uma exceção: o Estado só recebe
qualquer coisa quando houver vacância.

PACTO DE CORVINA

Pacto sucessório ou pacta corvina é o acordo que tem por objeto a


herança de pessoa viva. Não é admitido no direito brasileiro - objeto
ilícito (art 426). Ninguém poderia, portanto, transferir uma futura
herança.

STJ: 1343 (?). Evita o estímulo ao assassinato rs - é uma questão


moral.

Há exceções: art. 2.018, CC: considera válida a partilha feita por


ascendente por ato de última vontade, contanto que não prejudique a
legítima - planejamento sucessório. Adiantamento de herança: partilha
em vida - natureza de doação.

Nem os herdeiros nem o próprio sujeito proprietário podem fazer


esse tipo de negócio.

PRINCÍPIOS DO DIREITO HEREDITÁRIO

9. Princípios Específicos do Direito Hereditário.

Não específicos, mas importantes -- igualdade/isonomia -- relevante


especialmente para a condição dos companheiros e irmãos.

9.1. Princípio da Saisine ou Droit Saisine.

[...] transmissão automática da herança ipso iure. Os herdeiros


adquirem por efeito direto as obrigações, a propriedade… Prevista
no aar.t 1874 (?) (“transmitem-se desde logo”)

art. 1207 - sucessor universal x sucessor singular.

Todos os herdeiros, antes mesmo da partilha, têm o direito de proteger a


posse - a posse é transmitida com as mesmas características que tinha:
com todos os ônus e bônus (ninguém dá mais do que o que tem).

Os herdeiros já são titulares da herança antes mesmo de qualquer


registro. Na verdade, o efeito da partilha e o registro tem efeitos ex
tunc - inclusive o tributo incide no momento da morte, não no
momento do registro. Sum 112 STF.

LRP impõe a obrigatoriedade de registro das coisas de herança, mas isso


deve ser compreendido a luz da saisine - o registro não será constitutivo
da transmissão, o registro é ato consectário, que formaliza o
domínio (SJ 513783)

Orlando Gomes: o princípio da transmissão hereditária sem solução de


continuidade funda-se numa ficção jurídica necessária por não ser o espólio
pessoa jurídica.

Qualquer herdeiro pode praticar atos que visem a proteger o espólio, por
isso não é necessário nomear inventariante para que as medidas
necessárias sejam tomadas.

Saisine condicionada à aceitação da herança - a transmissão se


perfectibiliza com a aceitação. Aceitação é uma condição resolutiva.

9.2. Princípio (non) ultra vires hereditatis.

ultra vires hereditatis = com a aceitação pura e simples da herança, o


herdeiro se obriga a pagar pelas dívidas não só com o patrimônio do de
cujus, mas também com seus próprios bens. → herança maldita. Para
evitar, aceitava-se a herança com uma cláusula “a benefício do -----”

A partir do CC16, passa a viger o non ultra vires hereditatis: só o


espólio paga. O passivo é pago até o limite das forças da herança.

9.3. Princípio da Coexistência.

Deve haver a um só tempo sucessor e sucedido. Sem que haja


sucessor, os bens serão declarados jacentes e após vagos, e aí não se
aplica o direito sucessório.

O período entre a morte e a sucessão é chamado de delação


hereditária e é nesse período que a coexistência deve ser buscada. Nesse
período, deve-se buscar localizar os sucessores.

9.4. Princípio da Intangibilidade da Legítima.

A legislação destaca uma parte da propriedade hereditária


(monte-mor) em benefício dos herdeiros necessários. Essa parte é
chamada de legítima -- havendo herdeiros necessários, o
testamento só pode dispor de metade da herança. Assim, é preciso
saber quem são os herdeiros necessários para identificar os limites à
liberdade de testar.

Art. 845, CC -- herdeiros necessários são os descendentes,


ascendentes e cônjuge.

Havendo esses sujeitos, o testamento só pode dispor de metade da


herança. Companheiro não está no rol de herdeiros necessários, o que
afetaria o princípio da isonomia, que é um preceito central do ordenamento
jurídico - hoje, em geral, dá-se interpretação extensiva para alcançar os
companheiros, mas essa é uma tendência recente - o companheiro
costumava ser discriminado.

Sobre os companheiros, já chegou ao STF o direito de concorrência


dos companheiros, tendo o STF declarado a inconstitucionalidade do 1790,
CC, pela ofensa à igualdade pelo tratamento diferenciado entre cônjuges e
companheiros no direito de concorrência. Com esse precedente, há quem
entenda que todas as discriminações devem cair (pela premissa, ainda que
não tenha sido tocado especificamente neste tema), de modo que, também
por força da isonomia, o companheiro deve ser herdeiro necessário de
terceira posição, tal qual o cônjuge.

O cônjuge tem sempre direito a 25% (1.832, CC) da herança,


independente de quantos herdeiros sejam -- defende-se a extensão desse
tratamento aos companheiros. Paridade entre cônjuges e companheiros é
hoje entendimento majoritário, inclusive no STJ.

Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art.


1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos
que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota
ser inferior à quarta parte da herança, se for
ascendente dos herdeiros com que concorrer

Art. 1.845 -- pertence de pleno direito aos herdeiros necessários a


metade da herança.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes,


os ascendentes e o cônjuge.

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de


pleno direito, a metade dos bens da herança,
constituindo a legítima.

Ou seja, a liberdade de testar não é plena no Brasil, mas obedece


limites de ordem pública na proteção da legítima.

9.5. Princípio da territorialidade

1.785, CC - sucessão abre-se no lugar do último domicílio do de


cujus. Reflexos processuais - fixação da competência territorial em matéria
sucessória.

CPC - domicílio incerto ou pluralidade de domicílios. Juízo universal do


inventário. CPC de 73, então, determinava a competência pelo local da
morte, mas isso foi alterado no CPC15. Hoje o critério é o local dos bens
móveis se o domicílio for incerto (art. 46, NCPC).
9.6. Tempus Regit Actum (princípio da temporariedade)

Os fatos, atos e negócios jurídicos são regidos pela regra


vigente no momento em que aconteceram. Assim, a sucessão e
legitimação para suceder será a da lei vigente ao tempo da abertura
daquela. As alterações futuras não interferirão na sucessão. Ex: a
inclusão dos companheiros no rol de herdeiros, a priori, não vai retroagir
para alcançar os companheiros de pessoas falecidas antes da alteração. No
entanto, o que mudou nesse caso foi a interpretação, não a norma, de
modo que nesse caso esse reconhecimento de direitos sucessórios aos
companheiros pode “retroagir”.

Art. 2041 -- a ordem de vocação hereditária também é determinada pela lei


vigente à época do óbito.

9.7. Princípio do respeito à vontade manifestada.

Princípio do favor testamenti. Aplicável à sucessão


testamentária. A produção de efeitos post mortem em relação ao
patrimônio deve respeito à manifestação de vontade do titular
originário do patrimônio. Prevalece também em caso de irregularidades
simples no testamento - prevalece a identificação inequívoca da vontade do
testador: concessão do código às teorias subjetivas da vontade. Exemplo:
erro sobre a pessoa (error in persona) pode ser superado quando se
identifica a vontade efetiva, a intenção do testador, pela interpretação do
negócio.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS.

Existe um vocabulário próprio do direito das sucessões.

de cujus, extinto, inventariado, hereditando, falecido, autor da herança: o


morto. “Aquele cujo falecimento está gerando a transferência do
patrimônio”

herança, massa hereditária, patrimônio hereditário, acervo hereditário ou


monte-mor: universalidade de direito, complexo de relações jurídicas
deixada pelo falecido, dotada de valor econômico. Bem imóvel por
disposição legal com natureza de condomínio indivisível.

sucessor: expressão genérica - aquele que sucede. Espécies na sucessão


causa mortis

legatário: pessoas pré-definidas que recebem bens certos e determinados.


Sucedem a título singular e esse legado é feito sempre por testamento.

herdeiro: recebem a título universal um percentual da herança (quota-


hereditária) dentro da universalidade de bens.

legítimo: beneficiado por força de lei [1945, CC]


necessário: descendente, ascendente e cônjuge/companheiro (vide
discussão anterior e precedentes do STJ sobre a qualidade de herdeiro
necessário do companheiro)

facultativo: parentes colaterais - são herdeiros por força de lei, mas são
chamados a suceder apenas se o autor não o excluir por testamento. Para
excluir o facultativo da herança, basta que o autor atribua a terceiro o
direito via testamento

testamentário: beneficiado por força de testamento, pela vontade do autor


da herança. Participa herdando a título universal (por isso é herdeiro e não
legatário). Se assemelha ao legatário por ter como fundamento do direito
também o testamento, mas herda de forma distinta - herda uma quota-
parte, não um bem determinado.

legítima: cota indisponível do patrimônio do falecido (que é diferente do


acervo patrimonial/monte-mor! Deve ser excluída a meação). No Brasil,
equivale a 50% - cota fixa.

espólio: expressão processual da herança, representada pelo inventariante.


Ente despersonalizado (personificação anômala).

inventário: procedimento obrigatório que tem por finalidade arrecadar a


herança - define o monte-mor e paga as dívidas e tributos - apura ativo e
passivo.

partilha: procedimento pelo qual se paga as quotas hereditárias - divisão


dos bens entre os herdeiros.

inventário & partilha = procedimento bifásico; inventário extrajudicial

PONTO 3- DA SUCESSÃO EM GERAL

CAPACIDADE E LEGITIMAÇÃO PARA SUCEDER.

Capacidade civil - aptidão genérica para titularizar direitos e deveres


→ típica da pessoa humana (pessoa jurídica tem uma capacidade
específica).

Capacidade para suceder - aptidão genérica para receber


herança. A pessoa pode ser civilmente capaz, mas não deter os
atributos necessários para participar daquele processo como
herdeiro. É uma capacidade genérica, ainda que restrita ao processo
sucessório.

O direito ao recebimento da herança, por força da saisine, é


determinado pela lei da data do óbito.

HERANÇA DO NASCITURO
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas
nascidas ou já concebidas no momento da abertura da
sucessão.

Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser


chamados a suceder:

I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas


indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-
se a sucessão;

II - as pessoas jurídicas;

III - as pessoas jurídicas, cuja organização for


determinada pelo testador sob a forma de fundação.

Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente,


os bens da herança serão confiados, após a liquidação
ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.

§ 1 o Salvo disposição testamentária em contrário, a


curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava
ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas
indicadas no art. 1.775.

§ 2 o Os poderes, deveres e responsabilidades do


curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições
concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.

§ 3 o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á


deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos
relativos à deixa, a partir da morte do testador.

§ 4 o Se, decorridos dois anos após a abertura da


sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os
bens reservados, salvo disposição em contrário do
testador, caberão aos herdeiros legítimos.

Se o nascituro nascer morto, ele é excluído do processo sucessório.

A capacidade hereditária do nascituro é condicional ( necessidade de


nascer vivo)- até o momento que o sujeito vier a nascer ou não vivo, esse
direito sera administrado por um curador

227- enunciado da jornada de direito civil: a regra deve ser estendida


tambem as embriões gerado (fecundado) ( a condição para maria helena
diniz, seria quando ele fosse fecundado. Há forte divergência doutrinária.

Enunciado 267 da III Jornada de Direito Civil: A regra


do art. 1.798 do Código Civil deve ser estendida aos
embriões formados mediante o uso de técnicas de
reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação
hereditária da pessoa humana a nascer cujos efeitos
patrimoniais se submetem às regras previstas para a
petição da herança.

DA PROLE EVENTUAL, CONSEPTURO

Os filhos ainda não concebidos podem ser beneficiados hereditariamente


por testamento (1.799), desde que vivas estas ao abrir a sucessão

Prazo de espera: se decorrer dois anos após a abertura da sucessão não foi
concebido o herdeiro esperado passa-se aos herdeiros legítimos
(1799/1800)- Prazo decadencial- não precisa ser meu filho

PESSOAS JURÍDICAS

Tanto a pessoa jurídica atual, como a futura pode ser beneficiaria da


herança. É possível criar por testamento uma fundação´

BASTA A CAPACIDADE DE SUSCEDER? NÃO, PORQUE A PESSOAS QUE


APESAR DE DETER A CAPACIDADE PARA SUCEDER EM ABSTRATO, ELAS
SÃO IMPEDIDAS NO CASO CONCERTO= ILEGITIMIDADE ESPECIFICA PARA
SUCEDER

LEGITIMIDADE PARA SUCEDER

Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem


legatários:

I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o


seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e
irmãos;

II - as testemunhas do testamento;

III - o concubino do testador casado, salvo se este,


sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há
mais de cinco anos;

IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou


escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer
ou aprovar o testamento.

Não detém legitimidade:


- a pessoa que escreveu o testamento para alguém e as pessoas
relacionadas (autonomia da disposição do testamenteiro)

- as testemunhas do testamento

- o concubindo do testador do casado, separado há mais de 5 anos do


conjugue ( o inciso trabalha com a noção de culpa que tem sido afastado do
direito brasileiro) (esse prazo de 5 anos quebra a sistematicidade do código)

Obs: Sobre o concubino: professor critica o prazo. Interpretando


sistematicamente o prazo, ele deveria ser de 2 anos. Além disso, não se
pensa mais em um prazo para a separação de fato, bastando o efetivo
rompimento do liame.

- o tabelião, comandante ou escrivão perante quem se fizer o testamento

A consequência jurídica das cláusulas que prevejam a sucessão para


pessoas não legitimas para suceder: nulidade

EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO POR INDIGNIDADE ((ligado ao principio da


eticidade) ( se aplica aos herdeiros necessários e aos testamentários)

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:


(taxativo e interpretado restritivamente- há quem defenda uma
taxatividade finalística)

I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de


homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja
sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
descendente; maria helena diniz - hipótese não alcança
homicídio culposo, excludentes de ilicitude e erro em
relação à pessoa. deve ser homicídio doloso, com intenção
de matar aquela pessoa.

II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da


herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu
cônjuge ou companheiro; quando alguém causa investigação
policial/judicial. Guiado pelo tipo “calúnia” do CP. A
doutrina exige que seja uma denunciação caluniosa em
juízo criminal - ir na polícia e fazer a calúnia. Crime contra
a honra, cf. CP, pode atingir a pessoa já morta.

III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou


obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens
por ato de última vontade. Protege a liberdade/manifestação
de vontade do testador.

Afasta-se o indigno por uma razão ética. Maria Helena


- herdeiros e delegatários autores ou participes de homicídio doloso ou
tentativa desse contra o autor da herança ou pessoas relacionadas a ele

- os que tiverem acusado o autor em juízo, ou infligido a sua honra (injuria,


calunia e difamação) (vale para os autores relacionados)

- que por meios violentos ou enganoso atrapalhar o direito de dispor do


autor da herança

(apenas de forma minoritária a doutrina entende a possibilidade de


expansão dessas hipóteses)

Há necessidade de uma sentença reconhecendo essa ilegitimidade-


processo próprio que você pede a exclusão do herdeiro (ação de
indignidade)- haveria um direito potestativo. ( Independência relativa das
instâncias - o juízo cível pode reconhecer a indignidade ainda que não haja
condenação na seara penal. É necessária a declaração de indignidade por
juízo cível.

Prazo decadência de 4 anos da abertura da sucessão, devendo ser


aberta pelo herdeiro ou por qualquer outro interessado.

O reconhecimento depende de processo judicial - ninguém pode ser


privado de seu patrimônio sem o devido processo legal. É um processo civil
que vai resultar na exclusão do indigno da herança - direito potestativo de
demandar a exclusão do herdeiro pela ação de indignidade (ação
desconstitutiv

Certos autores defendem que o MP também poderia questionar e na


pratica o artigo 127 da CF vinha sendo usado como fundamento jurídico pra
justificar. Ocorre que em 2007 foi publicada a lei 13.542 estabelecendo a
legitimidade do MP para ajuizar demandas de indignidade para as hipóteses
de homicídio. A lei não autorizou o MP pedir a deserção

A legislação não trouxe o rito da ação de indignidade, entendendo a


doutrina ser o rito comum

A ação de indignidade será proposta após o falecimento do autor da


herança, contra aquele que cometeu o ato de indignidade. Salvo se o
indigno seja pre-morto ( os filhos do indigno herdarão)

Declaração da indignidade- EFEITOS

Indigno será considerado pré-morto de modo que não sucederá, nem


mesmo por representação, ao sujeito que ofendeu.

A sanção não passa da pessoa do indigno - os descendentes do indigno


ainda podem suceder e o farão como se o indigno fosse pré-morto
(representação)
- Efeitos da sentença: retroage a data do óbito: obrigado a restituit o que
foi percebido (c omo se fosse pre-morte a própria herança. No que se refere
aos negócios, são validados os negócios de boa-fé

- não requer sentença criminal, mas a sentença penal pode interferir no


cível mas não sempre

- se houver prejuízo para os demais herdeiros= resolve com perdas e danos

PRINCIPIO DA INTRASCEDENCIA-

O crime do pai não prejudica o filho. A consequência da indignidade é a


exclusão do indigno da sucessão, mas se o indigno tiver descendentes esses
podem herdar por substituição (como se o indigno fosse pré-morto)

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os


descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se
ele morto fosse antes da abertura da sucessão.

Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá


direito ao usufruto ou à administração dos bens que a
seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão
eventual desses bens.

A intranscendência vai ser seguida em outras sucessões que


eventualmente beneficiem o indigno - em outras palavras, ele não pode
receber por representação se ele já foi excluído. O sujeito é indigno pro pai.
Se a mãe morre, o indigno não pode receber da mãe aquilo que a mãe
recebeu por herança do pai.

A declaração de indignidade retroage à data do óbito, considerando


que o sujeito faleceu antes do autor da herança, por isso o indigno vai
devolver os frutos dos bens que eventualmente administrou - posição
semelhante ao do possuidor de má-fé: é indenizado apenas pelas
benfeitorias. Quanto aos terceiros, se foi realizado algum negócio com
aqueles bens da herança antes da sentença, são validados os atos de boa-
fé. Eventuais prejuízos aos demais herdeiros são indenizados (perdas e
danos).

O indigno também não pode administrar os bens herdados pelo filho


nem falar por ele no que toca à herança, por exemplo. Ele não pode ter
nenhum contato com a herança.

professor quando o filho do autor da herança é declarado indigno, a parcela


da herança passaria para o neto (filho do indigno)? Sim, há a possibilidade
dos filhos do indigno herdar por substituição (art. 1.816 do CC).

- Reabilitação do indigno
O COdifo civil permite a reabilitação do indigno: pode ser expressamente,
geralmente por testamento ou de forma tácita quando o autor da herança
inequivocamente reconhece o fato e ainda assim deixa bens

ex: que se fala que o herdeiro vai participar não como herdeiro, mas sim
como legatário=

A retratação é irretratável - artigo 1118

obs: será tácito quando houver um comportamento contundente. O


ofendido, sabendo da ofensa, age de forma incompatível com a indignidade.
Se ele, sabendo da ofensa, inclui a pessoa no testamento, ele a está
perdoando tacitamente, pois a indignidade e a deixa são incompatíveis.

ACEITAÇÃO OU ADIÇÃO DA HERANÇA

Voce pode aceitar ou repudiar a herança (1.806)- não há um prazo


para isso, a doutrina vem aceitando o prazo de 10 anos

1.804 a aceitação da herança retroage a data do morto

Quem responde pelas dividas da herança é a própria herança, ou seja


o herdeiro responde no limite da herança ( nada impede que o herdeiro
venha adimplir com as dívidas da herança para além dos limites da
herança). O ônus da prova do excesso da execução é do próprio herdeiro,
exceto se há inventário com a delimitação

A aceitação da herança é entendida como um ato uniletaral pelo qual


o herdeiro manifesta o desejo de receber a herança, confirmando o
recebimento da herança. E irretratável e irrevogável. A partir da aceitação,
a incorporação do patrimônio é ex tunc (só pode ser anulada por vicio)

MODALIDADES DE ACEITAÇÃO

A aceitação pode ser

(1) expressa: declaração escrita ou por termo nos autos;

(2) tácita: aceitação através pela pratica de atos compatíveis com a


qualidade de herdeiro- a lei diz alguns atos que não podem ser tidos como
aceitação da herança ex; atos meramente conservatórios, ato de pagar o
velório, guardo do bem, cessão gratuita, requerimento de abertura do
inventário;

(3) presumida ou ficta: quando 20 dias depois que o juiz designa o prazo
para a manifestação o herdeiro não informa se aceitou ou não herança

Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita,


ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão,
requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para,
nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança
por aceita.

Obs; aceitação de incapazes- se existe a aceitação presumida, isso ocorre


em vários casos. Na situação que envolve o incapaz; embora ele seja
incapaz vigora o principio do melhor interesse, entende-se que isso ocorre
com os incapazes (eles aceitam automaticamente)

Quanto a pessoa:

direta- quando o próprio herdeiro manifesta tácita ou expressamente o seu


direito de adir – aceitar a herança;

e indireta- quando uma pessoa aceita por representação, credores,


mandatário

tutor, curador - em substituição ao incapaz

mandatário de negócios - gestor não tem procuração: boa gestão x


má gestão

procurador - poderes especiais para aceitar receber herança

credores do herdeiro - mediante autorização judicial → incidente no


processo judicial, o credor vai adir no lugar do herdeiro para evitar fraude
contra credores → coibe a renúncia lesiva, independente de uma ação
pauliana; (QUESTÃO: no inventário não são saldadas as dívidas? em que
hipótese haveria uma renúncia lesiva?Renúncia não pode causar dano a
interesses de terceiros, exemplo em que, renunciando, o herdeiro se torna
insolvente perante seus próprios credores. Nesse caso, não será necessária
ação pauliana, o credor vai formular seu pleito direto no inventário
aceitando a herança em nome do renunciante, até o limite do seu
crédito. Há aqui uma ineficácia da renúncia, porque o juiz vai reconhecer
que a renúncia não produzirá efeitos e haverá aí um aceite indireto

herdeiro do herdeiro - o direito de aceite está no patrimônio, então o


herdeiro pode aceitar em nome de quem não aceitou antes de morrer,
desde que aceite a herança para adquirir esse direito de aceitar).

Explicando: A - B - C. A morreu e B herdou. O direito de aceitar a herança


de A está no patrimônio de B. B morreu antes de aceitar e C herdou. Se C
aceitar a herança de B, ele adquire o direito de aceitar a herança de A, mas
se ele recusa a herança de B, ele não pode aceitar a herança de A, porque
não chega a adquirir esse direito -- vedação da aceitação per saltum.

Transmissão do aceite não altera prazos prescricionais.

OBS: Não é possível a aceitação persaltum. A transmissão do aceite não


interfere nos prazos

CONTEÚDO DA ACEITAÇÃO
Não será possível aceitar a herança antes de aberta a sucessão, pela
vedação ao pacto de corvina.

Autonomia dos quinhões - um herdeiro pode aceitar um


quinhão e renunciar a outro (exemplo da pessoa que é herdeiro ao
mesmo tempo legítimo e testamentário). O que não é admitido é a
renúncia ou aceitação parcial de um único quinhão - para aceitar,
tem que aceitar tudo (indivisibilidade dos quinhões - não pode, por
exemplo, aceitar só os bônus). Aceitação não suporta condição e
termo.

RENUNCIA DA HERANÇA

Ato unilateral e abdicativo, por meio do qual a pessoa se afasta da


qualidade de herdeiro.

O renunciante é considerado como se nunca tivesse existido e a renúncia


tem efeitos ex tunc (retroage à abertura da sucessão). O ato por meio do
qual se declara a renúncia o exclui do processo sucessório. É a antítese da
aceitação.

Renúncia é diferente de desistência. Desistência exige a anterior


aceitação (só pode desistir do que já é seu). Ne renúncia, você nunca
adquire aquilo.

Acarreta a perda irretratável do direito de herdar.

Requisitos:

- Capacidade de quem renuncia: requisito para a prática de qualquer ato da


vida civil. Como dito, para os incapazes, a aceitação é presumida

- o representante do incapaz só pode renunciar mediante autorização do


juízo por força da proteção integral. Na renúncia feita por mandatário, a
procuração deve conter poderes especiais e expressos e caso o herdeiro
seja casado, será necessária outorga conjugal (renúncia a um bem imóvel -
imóvel por ficção legal), salvo no regime de separação absoluta,
participação final dos aquestos quando o pacto assim preveja. Ausência de
outorga = anulabilidade (2 anos depois de terminada a sociedade conjugal)

-forma prescrita em lei: renúncia não se presume, deve ser expressa.


Forma solene: termo nos autos do inventário (independente de
homologação do juiz, o efeito se opera da manifestação, por ser exercício
de direito potestativo - o juiz não pode não homologar uma vontade
manifestada, ele apenas declara) ou escritura pública.

-Preservação de interesses de terceiros! (vide questão acima) → ineficácia


da renúncia.
-inadmissibilidade de condição ou termo: renúncia indivisível e
incondicional. Não pode fracionar a quota (mas as quotas são autônomas!).

- não realização de qualquer ato equivalente à aceitação: a renúncia e a


aceitação são irretratáveis e irrevogáveis.

impossibilidade de repúdio parcial da herança

-objeto lícito

-abertura anterior da sucessão: vedação ao pacto de corvina. Não pode


prometer renunciar à herança.

Uma vez operada a renúncia, o quinhão retorna ao monte-mor: não


se fala aqui em direito de representação, diferente do que ocorre na
indignidade - ninguém vai participar no seu lugar. Acontece um acréscimo
na quota dos demais herdeiros, não uma substituição do renunciante.
Saisine - como se eu não fosse herdeira desde a abertura.

Enunciado 575 JDC: “Concorrendo herdeiros de classes diversas, a


renúncia de qualquer deles devolve sua parte aos que integram a mesma
ordem dos chamados a suceder” - o herdeiro de uma classe diferente que
pudesse herdar por representação, não participa.

Se o renunciante for o único da mesma classe ou se todos da mesma


classe renunciarem, aí os sucessores de outras classes vão ser chamados -
participam por cabeça e não por representação.

6.1. Espécies de Renúncia.

A renúncia é um ato abdicativo puro e simples de direito. O


patrimônio renunciado retorna ao acervo hereditário seguindo a ordem
sucessória, de modo que o único tributo devido é o ITCMD (causa mortis)
no momento da partilha pago no processo de inventário. Não será
possível, a priori, renunciar em favor de alguém, já que você não
pode dar o que não tem e quem renuncia não tem.

Renúncia translativa é imprópria - na verdade ela é uma cessão ou


uma desistência. Professores como Carlos Roberto Gonçalves entendem que
há duas modalidades de renúncia - abdicativa e translativa; mas Lago e o
fisco discordam. A renúncia translativa é um ato complexo que abarca a
aceitação e posterior transmissão. Ela é interessante quando se quer
favorecer alguém específico com essa renúncia. Assim, a renúncia
translativa concretiza dois fatos geradores do ITCMD - o ITCM para a
aceitação da herança e o ITD para o beneficiário da cessão. O fisco é quem
mais briga por essa tese e os tribunais costumam entender em favor do
fisco.
CESSÃO DA HERANÇA OU CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS.

O ordenamento autoriza a transmissão dos direitos sobre as quotas


hereditárias, de forma onerosa ou gratuita, total ou parcial, por ato inter
vivo (desde que a sucessão já esteja aberta).

São partes

o cedente: quem cede

o cessionário: o terceiro que adquire

o cedido: o falecido

Capacidade e legitimidade

capacidade de alienar: o herdeiro cedente deve ter capacidade jurídica para


alienar e em regra a terá desde a abertura da sucessão. Se, no entanto, a
herança estiver gravada com cláusula de inalienabilidade ou similar, será
impossível a cessão de quotas.

Carlos Roberto Gonçalves explica que a cessão deve se dar entre a


abertura da sucessão e a partilha, já que antes da abertura o pacto
de corvina é vedado e depois da partilha vai acontecer a
transferência de patrimônio próprio, não mais a cessão.

Forma: escritura pública e vênia conjugal (conforme contrato


ante-nupcial). A jurisprudência, pela conservação dos atos jurídicos, tende a
aceitar a cessão feita em termo nos autos.

Objeto da cessão: direitos hereditários havidos até a data da cessão.


Se após a cessão se der a substituição ou o direito de acrescer ao cedente
(mudanças na quota hereditária), isso, a priori, não será abrangido pelo ato
negocial, salvo previsão em contrário no contrato (não há norma cogente
sobre o assunto).

Direito de preferência: cessão onerosa deve observar a


preferência dos demais herdeiros. O bem condominial ao ser alienado
deve respeitar essa prelação. Há norma específica no direito sucessório - o
co-herdeiro não pode ceder sua quota a pessoa estranha a sucessão se
outro herdeiro a quiser tanto por tanto. Não alcança a cessão gratuita. O
herdeiro prejudicado/não notificado pode depositar o preço, no prazo
decadencial de 180 dias, e haver os bens para si. Se mais de um co-
herdeiro quiser o quinhão cedido, ele vai ser distribuído entre todos os
interessados. Sobre o prazo, são 180 dias após a transmissão, segundo a
lei, mas ele só pode contar a partir da transmissão, mas será contado
apenas da ciência do negócio se não houver registro em cartório (com o
registro, o ato é público e se presume cientificado o sujeito).

HERDEIROS

NECESÁRIOS: descendentes, ascendentes, conjugue e companheiro

FACULTATIVOS: colaterais ( os colaterais descendentes preferem


aos ascendentes ex: sobrinho prefere o rtio- excessão ao princípio da
proximidade)

( critério da proximidade para todos: os mais próximos preferem os mais


remotos)

Interferência do direito de representação- exceção ao princípio da


proximidade)

DA SUCESSÃO LEGITIMA

Sucessão legítima e testamentária podem coexistir. O testamento só pode


ser a única forma de herança se não houver herdeiro legítimo-necessário.
Havendo herdeiro necessário, a sucessão legítima terá lugar.

Os bens objeto dessa sucessão, a parcela, são chamados de legítima


e os herdeiros de herdeiros legítimos.

ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA

Na sucessão legítima, existem os herdeiros necessários (legitimários,


reservatários) e os facultativos. Os necessários têm direito à legítima. São
necessários os descendentes, ascendentes e cônjuge, e facultativos os
colaterais.

Ordem de chamada começa com os necessários (só não herdam em


hipóteses excepcionais como a indignidade). Entre os legítimos, existem
classes:

A) Descendentes são herdeiros de 1a classe (ordem natural da


vida - a continuidade se dá pelos descendentes). Se há
descendentes, cônjuge, ascendentes e colaterais não herdam
(posição diferenciada do cônjuge sobrevivente - direito de
concorrência).
B) Ascendentes são herdeiros de 2a classe. Herdam apenas na
falta de descendentes.
C) Cônjuge é herdeiro de 3a classe. Só herda sozinho se não
houver ascendente nem descendente. Cônjuge não é parente,
mas herda. Lembrar que herança não é meação.
D) Herdeiros facultativos são herdeiros de 4a classe - herdam
exclusivamente se o autor da herança não dispôs de todo o
seu patrimônio. Os únicos que podem ser excluídos do
processo sucessório (não têm direito à legítima). Aqui
também vigora o ideal de proximidade - irmãos > sobrinho >
primos > tios. Entre os colaterais de mesmo grau (ex:
sobrinho e tio) a lei diz que os colaterais descendentes
preferem aos colaterais ascendentes.

Herdeiros legítimos necessários têm uma reserva mínima. Na ausência dos


necessários, o de cujus pode dispor de todo o seu patrimônio. Se não
dispuser e não houver necessários, herdam os colaterais.

Dentro da mesma classe, os mais próximos referem aos mais


remotos (proximidade = grau).

A base da sucessão legítima é o parentesco e privilegia os graus.


Eventual preferência distinta da lei, precisa ser expressa pela via
testamentária.

Exceções à proximidade de grau:

- classe dos colaterais: prefere-se o descendente mesmo que seja de maior


grau

- direito de representação: quando x participa da herança porque seu pai


teria direito ao inventário

Hipóteses em que se afasta as regras ordinárias de direito sucessório: -


CF/88 - sucessão de bem estrangeiro situada no país - aplica-se a lei mais
favorável ao cônjuge brasileiro, de modo que pode ser aplicada a lei
estrangeira.

- Direito real de habitação do cônjuge/companheiro - direito de permanecer


no imóvel de residência da família, independente de herdar o bem, desde
que só haja um imóvel dessa natureza inventariado.

-Alvará judicial - crédito decorrente de emprego, FGTS, saldo de conta


bancária… não se submete ao procedimento sucessório, pode ser levantado
por alvará simples e não vai precisar observar a ordem de vocação.

-Direitos de autor quando caem em domínio público não podem ser


herdados (herda-se só o aspecto moral - legitimidade para proteger a
autoria).

-Direitos patrimoniais do autor até os 60 anos


1- DESCENTES (HERDEIROS DE PRIMEIRA CLASSE) CONCORRENDO
COM O CONJUGUE SOBREVIVENTE EM CERTOS REGIME DE BENS

Uma vez que existam os descendentes, eles preferem a herança.

A sucessão dos descendentes vai ser guiada pelos princípios da proximidade


e da igualdade (igualdade de todos da mesma classe)

Havendo alguém que pertença aos descendentes, afastada estão as demais


classes (salvo concorrência do conjugue, salvo o conjugue e companheiro

Por força do princípio da igualdade: os descendentes herdam de forma


igualitária na mesma classe (os herdeiros da mesma classe têm os mesmos
direito) - pouco importa também de onde veio essa desdencia (registro,
consaguineidade)

- os filhos sucedem por cabeça (direta)- receberam em nome


próprio quinhoes iguais

Ex: o morto deixa três filhos e um sobrinho: o sobrinho nada erra e cada
filho erra 1/3

- os demais sucedem por cabeça ou por estirpe (direito de


representação)

# Descendentes em graus diferentes: os de grau mais próximo recebem e


os de grau mais distante em regra não receberam

Ex: eu tenho três filhos e dois netos= so os filhos herdam

É possível que eventualmente algum desdente mais distante herde através


do direito de representação

DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

Direito de representação= quando uma pessoa chama a suceder no lugar de


um parente mais próximo do de cujus (quando esse parente não tem
capacidade ou esta pré-morto1)

Ex: eu tenho três filhos e seis netos, no momento da herança um dos filhos
já morreu: quem herda os dois filhos vivos e os dois netos do conjugue
morto ( direito de representação)

Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais


próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação.

O direito de representação há em relação aos descendentes e aos colaterais

1
O sujeito embora herdeiro, já faleceu antes do autor da herança
1851/1856

Para atesar o direito de representação: olhar se o decujus deixou um


descendente pré-morto, e se esse pré-morto deixou
filhos/conjugue/colateral

Ex: João é pai de Lucas e Matheus; Matheus faleceu em 2010 e Pedro o


único filho de Matheus recebe a herança dele; João faleceu em 2014: este
deixou dois herdeiros o filho Lucas (direta, por cabeça) e o Pedro (estirpe)

O instituto da representação, segundo parte da doutrina, se aplica somente


na sucessão legitima, e não a testamentária

Herda-se por direito a sucessão quando alguém é chamado a herdar no


lugar do pre-morto

- aplica-se ao ausente

- aplica-se ao indigno= considera-se o indigno como pré-morto

Requisitos para o direito de representação:

A) que o representado tenha falecido antes do autor da herança, salvo o


indigno (indignidade equivale a morte para o direito sucessório). Não
se representa pessoa viva, salvo a pessoa viva e o ausente.
B) que haja descendente do representado. Só ocorre representação
na linha reta de descendência, nunca na ascendência. É
possível na linha colateral, em favor dos sobrinhos quando estes
concorrem com [...?]. Os irmãos não podem participar por
representação, porque eles participam na mesma linha - o irmão
herda o seu por direito próprio. Se eu morro sem deixar filhos, meus
sobrinhos são chamados. 4º grau só herda em nome próprio e
quando não tem ninguém mais próximo.
C) legitimação sucessória: o sucessor deve estar hábil a suceder o
representado. Hipóteses que excluem a legitimação para suceder
(exemplos: indignidade e impedimentos - ex: testemunha do
testamento)
D) que haja continuidade na representação quanto aos graus. A
representação não deve se operar per saltum. Não pode pular
alguém vivo para beneficiar o parente mais distante, salvo no indigno
e no ausente.
E) herdeiro renunciante não pode ser representado.

Art. 1.856. A renúncia se interpreta de forma restritiva, logo se eu renuncio


a herança de meu pai, eu posso representá-lo para receber a herança de
meu avô. A renúncia não se estende a outras situações como a
representação. Mas se eu renuncio à herança de meu pai, meu filho não vai
me representar enquanto eu esteja vivo. Para o prof, é uma questão de
legitimidade.
F) não podem receber menos ou mais do que seria deferido ao
herdeiro pre-morto - atuam no limite do direito hereditário do
anterior/representado. Quem herda por representação, não pode
receber mais do que herdaria o representado. Logo, o patrimônio
herdado vai ser dividido por quantos sejam os representantes.

Concorrência com os descendentes:

1.829, I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,


salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou
no da separação obrigatória de bens (art. 1.6401641 (erro material),
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares;

Concorre com os descendentes, salvo se:

-comunhão universal: já existe a meação decorrente do regime


sobre todo o patrimônio, então não há necessidade de herdar
nada. ex: patrimônio total - 1M. O cônjuge sobrevivente já é
titular pelo regime de bens de 500k. Os outros 500K vão ser
herdados pelos herdeiros de 1ª classe sem concorrência com o
cônjuge.

-separação obrigatória: mantém a incomunicabilidade patrimonial


em vida. ex: sugar daddy que tem dois filhos e 1M, cada filho
herda 500K e o cônjuge, nada.

a priori, em uma interpretação literal, isso não se aplica à


separação convencional - na separação convencional ocorreria
a concorrência. Mas sistematicamente essa concorrência não se
coaduna com a vontade dos cônjuges, por isso na convencional
também não haveria concorrência. precedente do STJ: 992749.
Autonomia da vontade - não comunica. Rel. Nancy Andrighi.
Depois o STJ voltou atrás: no regime de separação
convencional, o cônjuge sobrevivente concorre. Interpretação
restritiva. Resp 1830753.

-comunhão parcial, herda só bens particulares. bens particulares:


bens anteriores, herança, doação… bens adquiridos de forma
gratuita por um dos cônjuges. Se não há bens particulares, o
cônjuge é meeiro e incide a mesma lógica da comunhão
universal. Se há bens particulares, entendimento majoritário, o
cônjuge concorre só em relação a eles, porque esses bens
particulares não integram a meação. Sempre que há bens
particulares, há concorrência em relação a eles.
OBS: Sobre separação obrigatória: súmula antiga do STF - se há esforço
comum, o bem é comum. O STJ começou a mudar: passou a exigir prova
do esforço comum, porque na época da formulação do casamento, essa
prova era necessária - sem a prova, vira comunhão parcial. Quando houver,
esse bem comum vai ser meado, sem alterar a questão da concorrência - o
cônjuge continua sem poder concorrer.

2- ASCENDENTES ( HERDEIROS DE SEGUNDA CLASSE) (TAMBEM


CONCORRE COM O CONJUGUE SOBREVIVENTE)

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à


sucessão os ascendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

§ 1 o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo


exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.

§ 2 o Havendo igualdade em grau e diversidade em


linha, os ascendentes da linha paterna herdam a
metade, cabendo a outra aos da linha materna.

Na falta de descendentes, herda o ascendente em concorrência com


o cônjuge independente do regime de bens.

Duas premissas

- proximidade: ascendente de grau mais próximo, exclui o mais remoto e o


em linha paterna herda metade, cabendo a outra metade à linha materna,
independente de quantos sejam de cada lado.

0 igualdade: a igualdade é nas linhas, não por cabeça

Não há representação na linha ascendente. Se um dos pais é pré-


morto, o outro herda tudo e os avós sobreviventes não herdam nada.
Representação flexibiliza o critério da proximidade.

A CONCORRÊNCIA ENTRE CÔNJUGE E ASCENDENTES.

Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em


primeiro grau (pai ou mãe), ao cônjuge tocará um
terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se
houver um só ascendente, ou se maior for aquele
grau.
Se alguém falece sem descendentes, com pai e mãe, sem filhos - a herança
é dividida em 3 - cada um herda ⅓.

Se alguém falece, sem filhos, só com mãe viva - cada uma herda
metade.

Não havendo ascendente de 1º grau ou havendo só um de 1º grau, o


cônjuge herda metade e os outros herdam o resto. Havendo mais de um
ascendente de 1º grau (havendo pai e mãe), o cônjuge herda só um terço.

3- CONJUGUE SOBREVIVENTE ( se aplica tudo ao companheiro)

- o conjugue participa da ordem de vocação hereditária em terceiro lugar

-como é herdeiro necessário tem garantia a legitima

- herda sozinho se não existir ascendente ou descendente

Obs: esse direito de herança não se confunde com a meação)

- O conjugue concorre com os descentes em pe de igualdade, sendo


assegurada no mínimo ¼ desse patrimônio, se tiver concorrendo com filhos
em comum e a depender do regime ( não se aplica se caso em regime de
comunhão universal ou separação obrigatório, ou se no regime de
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares)

- em relação aos ascendentes, independe do regime de bens

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem


seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge


sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou
se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança
não houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes


(art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão
igual ao dos que sucederem por cabeça, não
podendo a sua quota ser inferior à quarta parte
da herança, se for ascendente dos herdeiros com
que concorrer.
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à
sucessão os ascendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente.

4- HERDEIROS FACULTATIVOS (podem ser afastados por meio de


testamento)

Obs: o testamento só pode dispor de 100% se não houver legitima

Direito de concorrência do conjugue ( não ficando na terceira classe- ele fica


nessa classe quando não há descendentes ou ascendentes)

DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

TESTAMENTO

O testamento é um negócio jurídico unilateral (para sua formação só


depende da manifestação da vontade de uma das partes), mortis causa
(condição jurídica do testamento), formal (requer uma forma prescrita em
lei), gratuito (ato que não existe uma contrapartida equivalente de outrem),
personalismo, revogável

Expressão da autonomia privada

-a lei incide ante a inexistência dos herdeiros necessários ( a legitima dos


herdeiros necessários é intangível, não sendo possível incluir no
testamento) e inexistência de testamento

Conceito de testamento: código 16+ testamento despersonalisados


( testamento pode tratar de questões existenciais)

DIRETIVAS ANTECIPADAS DA VONTADE

Doutrina tem admitido que seja feito em testamento: diretivas ou


orientações sobre tratamento de saúde (diretiva antecipada da vontade do
paciente=) =TESTAMENTO VITAL (expressão da vontade da pessoa dos
tratamentos que ela deseja se submeter se caso este não consiga expressar
a sua vontade, não se confunde necessariamente ao testamento)=

Enunciado 528 da Jornada de direito civil (algo


opcional) : “É válida a declaração de vontade expressa
em documento autêntico, também chamado
"testamento vital", em que a pessoa estabelece
disposições sobre o tipo de tratamento de saúde, ou
não tratamento, que deseja no caso de se encontrar
sem condições de manifestar a sua vontade.”
Diretivas antecipadas da vontade (A DAV é um negócio inter vivos -
diferente do testamento), que produz efeitos quando o autor ainda está
vivo, mas não pode mais manifestar vontade)= mandado duradouro (se
elege alguém para agir em interesse do paciente para decidir sobre o
tratamento) + testamento vital (pessoa consciente diz quais tratamentos
quer ou não se submeter quando não esteja mais em condições de
expressar sua vontade. É um negócio jurídico ATÍPICO e não se confunde
com o testamento; diz antecipadamente qual a sua vontade);. Estas são
consideradas abraçadas pelo direito através do direito comparado. São um
negócio jurídico inter vivos

Obs: você pode colocar no testamento ou não ( não tem forma


determinada)

Nada impede que o testamento, o testamento vital e o mandato estejam


reunidos no mesmo document

Resolução 1995/2012

O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições


conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de
1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de
julho de 1958, e pela Lei nº 11.000, de 15 de
dezembro de 2004, e

Resolve:

Art. 1º. Definir diretivas antecipadas de vontade como


o conjunto de desejos, prévia e expressamente
manifestados pelo paciente, sobre cuidados e
tratamentos que quer, ou não, receber no momento em
que estiver incapacitado de expressar, livre e
autonomamente, sua vontade.

Art. 2º. Nas decisões sobre cuidados e tratamentos de


pacientes que se encontram incapazes de comunicar-
se, ou de expressar de maneira livre e independente
suas vontades, o médico levará em consideração suas
diretivas antecipadas de vontade.

§ 1º Caso o paciente tenha designado um


representante para tal fim, suas informações serão
levadas em consideração pelo médico.

§ 2º O médico deixará de levar em consideração as


diretivas antecipadas de vontade do paciente ou
representante que, em sua análise, estiverem em
desacordo com os preceitos ditados pelo Código de
Ética Médica.
§ 3º As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão
sobre qualquer outro parecer não médico, inclusive
sobre os desejos dos familiares.

§ 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas


antecipadas de vontade que lhes foram diretamente
comunicadas pelo paciente.

§ 5º Não sendo conhecidas as diretivas antecipadas de


vontade do paciente, nem havendo representante
designado, familiares disponíveis ou falta de consenso
entre estes, o médico recorrerá ao Comitê de Bioética
da instituição, caso exista, ou, na falta deste, à
Comissão de Ética Médica do hospital ou ao Conselho
Regional e Federal de Medicina para fundamentar sua
decisão sobre conflitos éticos, quando entender esta
medida necessária e conveniente.

Art. 3º. Esta resolução entra em vigor na data de sua


publicação.

CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA

Não se confunde com a capacidade genérica, A capacidade para testar se


inicia com 16 anos. Qualquer pessoa maior de 16 com discernimento
(problema de como auferir); só a lei pode limitar essa capacidade de testar.

Ato personalíssimo= um ato que o sujeito tem que fazer ele próprio e
sozinho

 Se inicia aos 16 anos + o testador ter discernimento/ tenha


compreensão e discernimento ( não pode restringir os deficientes)
(também conferido a pessoa que toma decisão apoiada- precisa ter
previsão no termo de acordo de apoio ; o curatelado não poderia
testar, mas vai depender da decisão do caso concreto)
 Não se admite outras restrições a não ser que estejam em lei
 Pode tratar de direitos patrimoniais e imaterias

Obs: Discernimento: a pessoa que deseja testar pode exprimir livremente


sua vontade demonstrando compreender o que está de fato tratando, as
consequências, etc. Na sistemática do EPCD, essa liberdade é assegurada
aos deficientes mediante tomada de decisão apoiada. Qualquer restrição
pautada na deficiência seria inconstitucional. A deficiência em si mesma não
fundamenta a ausência de capacidade ou discernimento do sujeito. Para o
professor e parte da doutrina essa disposição no capítulo sucessório não
deve estar relacionado à deficiência, sob pena de inconstitucionalidade -
permanece apenas no que toca a “””outras formas””” de falta de
discernimento.
A capacidade para testar deve ser auferida no momento de testar ( o
testamento feito por menor de 16 não vai se tornar validado) (a incapaicade
futura não vai interferir na validade do testamento)

Prazo de 5 anos do registro para impugnar o registro

FORMAS ORDINARIAS (comuns ou vulgares) DE TESTAMENTO

Testamento é ato solene - a forma visa a proteger o testador de influências


físicas e psíquicas, daí a importância de se observar as formalidades. Ainda
assim, não se deve priorizar a forma em detrimento da vontade. A forma
não pode se sobrepor a expressão de vontade ( a mitigação da formalidade
parece ser uma tendencia nos tribunais superiores)

Deve-se buscar a vontade do testador- Visão mais subjetivista da


manifestação da vontade: o juiz pode, em certos casos, interpretar a
vontade interna do sujeito

Obs: O código civil veda a formação do mesmo de forma conjuntiva (para


não haver interferência da vontade) (conjuntivo- um só instrumento a
vontade de várias pessoas- será reciproco quando o testamento é de dois
sujeitos e um atribui os bens ao outro e será correspectivo será aquele em
que mais de um sujeito faz o testamento no mesmo instrumento
direcionando bens a outras pessoas)

O testamento deve ser ELABORADO DE UMA SÓ VEZ (princípio da


unicidade), na presença dos indivíduos necessários (as testemunhas, o
registrador se for o caso)

TESTAMENTO PUBLICO

Ato pelo qual um oficial exara a última vontade de uma pessoa. Forma mais
segura de elaborar um testamento, mas há o inconveniente de não se
guardar segredo. Publicidade que não autoriza o acesso a qualquer pessoa -
as razões para solicitar conhecimento do testamento precisam ser
justificadas, ainda que seja de acesso público.

Requsitos:

- escrito por tabelião ou substituto legal

- lançado no livro de notas

- feito de acordo com as vontades do testador (pode utilizar de notas,


apontamentos)
- deve ser lido em voz alta ao tabelião na presença de duas testemunhas e
do testador

-assinado pelo testador, testemunha e tabeliao

- lisura

- Analfabeto só poderá testar pela forma publica, assim também aquele que
não consegue ver

- idioma nacional ( por ser ato tonorial

Falecido o testador, o testamento deve ser registrado e cumprido. CPC2015.


Procedimento realizado perante um juiz. O juiz avalia as questões de forma,
não de mérito. Se estiver tudo ok, determina o arquivamento e
cumprimento. O MP deve necessariamente intervir.

Provimento 56/2016 - consulta da existência de testamento online

CC 1864

(os cônsules podem fazer isso no exterior)

TESTAMENTO CERRADO (secreto ou místico)

Escrito pelo próprio testador, ou por outra pessoa por ele solicitado, por ele
assinado

Requisitos:

- Que o testador o entregue ao tabelião perante duas testemunhas/ declare


ser seu testamento e deseja a aprovação

- E o tabelião lavre o auto de aprovação que deverá ser assinado pelo


testador, testemunhas, e tabelião)

- Escrito ou digitado

Obs: O tabelião também pode escrever o testamento a rogo ( normalmente


assim o é)

- Tem que ter paginas numeradas e rubricadas pelo testador

-Só pode ser feito por aquele que possa ler

-Pode ser em língua estrangeira o documento (e o auto de aprovação deve


ser feito em português)

- o conteúdo não vai ser sabido por terceiros

O auto de aprovação vem escrito no final do testamento, imediatamente


após a última palavra o testamento, e aí o tabeliã devolve
cerrado/costurado/lacrado o documento para o testador.
A grande vantagem dele é o sigilo e a desvantagem é a possibilidade de
perder a carta, o que leva à ineficácia (depois de lavrado o auto de
aprovação, o tabelião entrega o testamento para o sujeito para que ele dê
conta, então pode ser que ele perca).

Deve ser apresentado ao Tabelião, com pedido para que se lavre o auto de
aprovação

obs: o surdo mudo pode fazer o testamento, desde de que escreve.

O tabelião lança seu livro

-Esse registro cartorário somente certifica a sua existência, não o conteúdo

Esse testamento só pode ser aberto pelo magistrado que ordenará o


registro após a análise da integralidade/formalidades do testamento.
Jurisdição voluntária com participação do MP.

Se houver notícia da existência de testamento cerrado mas sem sua


apresentação, o juiz pode determinar de ofício que o sujeito apresente sob
pena de busca e apreensão e outras medidas do tipo

TESTAMENTO PARTICULAR OU HALÓGRAFO

- Não submete a segurança do tabelião, mas há uma rapidez e simplificação


(poucos usam)

-tres testemunhas

-deve ser assinado e lido pelo testador e por três testemunhas

- Se mecânico (digitado) não pode contar rasuras, entrelinhas, espaço em


branco… deve ser contínuo e assinado pelo testador e também pelas 3
testemunhas.

- pode ser elaborado em qualquer lingua

1878, CC - se as testemunhas estiverem de acordo sobre o fato da


disposição ou sobre sua leitura perante ela e se reconhecerem as próprias
assinaturas e a do testador, o testamento pode ser confirmado perante o
juiz. Se faltarem testemunhas (por morte, por ausencia…) ou se ao menos
uma delas reconhecer o testamento, ele pode ser confirmado a critério do
juiz (validação excepcional).
1879 testamento excepcional ( urgência sem testemunhas) ( o juiz pode
avaliar)

Enunciado 611 JDC: O testamento hológrafo simplificado, previsto no art.


1.879 do Código Civil, perderá sua eficácia se, nos 90 dias subsequentes ao
fim das circunstâncias excepcionais que autorizaram a sua confecção, o
disponente, podendo fazê-lo, não testar por uma das formas testamentárias
ordinárias.

Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas


na cédula, o testamento particular de próprio punho e
assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser
confirmado, a critério do juiz.

CODICILOS-

Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá,


mediante escrito particular seu, datado e assinado,
fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre
esmolas de pouca monta a certas e determinadas
pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo
lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de
pouco valor, de seu uso pessoal.

Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo


antecedente, salvo direito de terceiro, valerão como
codicilos, deixe ou não testamento o autor.

Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881,


poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros.

Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes


revogam-se por atos iguais, e consideram-se
revogados, se, havendo testamento posterior, de
qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar.

Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do


mesmo modo que o testamento cerrado.

Todas pessoas capazes de testar, poderá fazer disposições especiais


sobre pequenas coisas ( a isso se denomina codicilo)

Escrito particular, desde que assinado e datado

Não exige as mesmas formalidades


O codicilo é ato de ultima vontade, contendo recomendações para
serem cumpridas depois da morte ou disposições de peqeuna monta ( não
ultrapasse 10% do multicor, segundo a doutrina)

Os codicilos podem existir independente do testamento e pode


servir para designar o testamenteiro (que vai promover a execução do
testamento, após a morte do de cujus)

Pode ser cerrado

Não podem revogar testamento ( se consideram revogados se não


"concordar" com um testamento depois do codicilo) - o contrário, se o
testamento infirma ou modifica o testamento, prevalece o testamento.
Decisão do STF sobre o assunto.

Quem pode mais pode menos - o testamento pode tudo o que o codicilo
pode (apesar de que pode ser, por exemplo, que perca o objeto pq vc foi
enterrado antes de abrirem o testamento e aí o codicilo vai ser descoberto
depois). O contrário não - o que se exige testamento está fora da alçada do
codicilo (ex: bens de grande valor).

FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO

MARITIMO, AERONAUTICO: envolvem situações em que a pessoa está em


viagem, permite que elabore o testamento desde que presente o
comandante e duas testemunhas, na forma pública ou cerrada, e o registro
do testamento será no diário de bordo. Caduca se o testador não morrer na
vigem ou nos 90 dias seguintes. Este não valerá se ao tempo que se fez o
navio estava no porto

MILITAR: qualquer pessoa em campanha, dentro ou fora do país, a serviço


do exército. Faz-se perante 2 testemunhas ou 3 se o testador não souber
assinar. Perante o respectivo comandante. Se estiver em tratamento no
hospital, pelo diretor do estabelecimento ou oficial de saúde, decadência do
item anterior

DISPOSIÇÕES TESTAMENTARIAS

Busca da vontade interna do testador:

- em caso de interpretações dúbias, prevalece a que mais se aproxima da


vontade do legislador
- nula a condição captatoria, se estabelece como condição para testar que
ele disponha de algo para o testador ou terceiro

- nula a disposição para pessoa incerta ou pessoa incerta cuja certeza seria
atribuída por terceiro

- nula aquela que deixa ao arbítrio de outro o valor da herança

- nula aquelas que não tem legitimidade para receber- ilegítimo. Se à época
a pessoa já era indigna, é hipótese de nulidade. Se a incapacidade para
suceder ocorre depois, é uma hipótese de caducidade.

´- Valerá disposição testementaria em favor de pessoa incerta, que deverá


ser indicada entre um grupo de pessoas indicada pelo testador (por
exemplo deixar que alguém escolha entre duas ou 3 pessoas, uma família
ou um corpo coletivo)

=> é possivel favorecer pessoa determinável, e não absolutamente


indeterminável

- a disposição aos pobres e fundações, se entende para as questões locais-


sempre em relação ao privado, em detrimento do publico

-o erro da designação da coisa ou do bem anula a disposição, salvo se pelo


contexto do testamento ou de documento ser possivel identificar

- se o testador não determina a quantidade/ percentual para cada pessoa,


presume-se igual. Observa indivíduos ou grupos designados - se eu deixo
para Fulano e para a Família X, fulano vai receber o mesmo que família x.
Ou se eu digo para A e para o grupo B+C. Tantas quotas quantos forem os
indivíduos e os grupos determinados.

- se segundo a disposição não for disposto todo o montante dos bens,


segue-se a ordem de vocação hereditária legitima

- A clausula viciada, contamina as demais nos casos em que haja relação

- A clausula de inalienabilidade implica também na incomunicabilidade e


impenhorabilidade - STJ entende que há possibilidade de impor estas 3
cláusulas de forma autônoma, separadamente (ex: só incomunicabilidade
ou só impenhorabilidade…). Mas uma vez posta a inalienabilidade, as outras
2 são presumidas ex vi lege, mas o contrário não (impenhorabilidade não
leva a inalienabilidade). Dura 1 geração.

Prazo decadencial de 4 anos da ciência do vicio


LEGADO

Forma disposição causa mortis a título singular, recai sobre coisa individual

É possivel que se deixe o legado a qualquer pessoa (legado precípuo ou


pre-legado é aquele deixado para o herdeiro legitimo). Isso não conta na
cota que lhe cabe como herdeira legítima

). Todo legado é a título singular e pode ser dirigido a qualquer pessoa,


parente ou não, mesmo pessoa jurídica, podendo beneficiar também o
herdeiro legítimo (pré-legado ou legado precípuo).

Trata-se de negócio jurídico que surge por meio de testamento, pressupõe a


existência de um testamento. E pode envolver qualquer bem jurídico

Espécies de legado

-O legado de coisa alheia é ineficaz. Dir. Brasileiro - é um problema de


eficácia. Se a coisa é de terceiro, não produz efeito algum. Como é um
legado e não um herdeiro, a pessoa que seria beneficiária não vai ter direito
a nada. A pessoa está recebendo por mera liberalidade, não terá nenhum
direito contra o espólio.

-Pode ter uma determinação de recebimento do legado e obrigatoriedade de


dispor algo: pode aceitar ou não o legado-

Obs: sublocatário terceiro beneficiado coma coisa dada pelo legatário

-Legado de coisa comum= vale em relação a parte que cabia ao finado

- Legado de coisa genérica= razão pela qual deve ser cumprido mesmo que
não tenha no patrimônio (testador identifica pelo gênero e quantidade)

- legado coisa certa só é eficaz se a coisa existir quando do óbito

- legado de coisa localizada bem deve se encontrar em determinado lugar e


será ineficaz se ali não estiver salvo se temporariamente tiver sido retirado

-legato de credito entrega ao legatário o título comprovatório do crédito; se


há uma dívida entre o legatário e o testador, o legatário recebe um perdão

- legato de alimento (1920)- envolve educação do menor, alimentação,


moradia… É possível indeferir quando no caso concreto o beneficiário não
necessita pois não haverá o binomio necessidade x possibilidade- prof. acha
errada a interpretação de Venosa, pq fere o princípio da máxima vontade do
testador. Tartuce entende que precisa ter tempo determinado. Pro prof. o
melhor é sempre atender à vontade do testador.

- legado do usufruto ou direitos reais sem fixação do tempo

- legado de imóvel se o imóvel for “ampliado”, eventuais acréscimos e


acessões, não incorporam o legado salvo previsão expressa. A deixa
testamentária se restringe à inicialmente deixada.

-legado de coisa certa transfere os frutos desde o momento da morte do


testador, EXCETO se houver alguma condição suspensiva ou termo inicial

DO DIREITO DE ACRESCER

O direito de acrescer, está previsto no artigo 1.941 do Código Civil, o


qual é conferido quando vários herdeiros, pela mesma disposição
testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhões
indeterminados e um deles não puder ou não aceitar a mesma, sendo a
parte deste acrescida aos coerdeiros, ressalvado o eventual direito de
substituto.

Nesse mesmo sentido, o artigo 1.942 do CC prevê o direito de


acrescer aos colegatários, nos casos em que nomeados conjuntamente em
relação a uma coisa, determinada e certa, ou quando o objeto legado não
pode se dividir.

Destaca-se que prevalece no Brasil a teoria da vontade presumida do


testador, segundo a qual o direito de acrescer teria por base a concretização
da vontade presumida do autor da herança.

No que se refere à possibilidade de recusa do direito de acrescer, se


aplica o artigo 1.945 do Código Civil, segundo o qual o beneficiário não
pode repudiar o acréscimo separadamente da herança ou do legado que lhe
caiba, salvo se este comporta encargos impostos pelo testador. No caso de
haver encargos e for repudiado, o acréscimo será revertido para a pessoa a
favor de quem o encargo for instituído.

Um exemplo do direito de acrescer é quanto no testamento, o


testador deixa a herança para seus três filhos Hugo, Vitor e João, sem
determinar a quota de cada um e João recusa a sua parte. Diante disso,
Vitor e João, que antes recebiam um terço, passarão a receber a metade da
herança.

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