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DIREITO CIVIL (SUCESSÕES)

Indicação: faca na caveira (youtube)

Plano de ensino:
- Sucessões em geral. Sucessão legitima. Sucessão Testamentária. Inventário
e partilha. Sucessão de ausentes. Morte presumida.
- Bibliografia básica: Maria Helena Diniz, Curso de Direto Civil Brasileiro
Sucessões.
- Cristiano Vieira Pinto, Direito Civil Sistematizado, Juspodvim.
- Flavio Tartuce, manual de Direito Civil.

SUCESSÃO EM GERAL:
a) Aspectos introdutório:
Suceder: passar de um para o outro. Em sentido amplo, significa substituir.
Para o direito civil, essa substituição pode se dar intervivos ou causa mortis.
- Exemplos de sucessão intervivos: contrato de compra e venda, doação,
cessão de dívida, usucapião.
- Causa mortis, também chamada de sucessão hereditária; neste último caso
estaremos diante do direito das sucessões.
- De cujos: Falecido (morto).
- Direto das sucessões, pode ser conceituado como ramo do direito civil
responsável por disciplinar as diferentes formas através das quais se transmite
os bens do de cujos aos seus sucessores, que poderão ser legítimos e/ou
testamentários.
- Existem duas formas de se transferir o patrimônio deixado pelo falecido:
sucessão legitima; sucessão testamentária.
- O direito da sucessão no código civil:
 art. 1.784 a 2.027, CC.
 Dividem-se: sucessão em geral que traz as regras aplicáveis a toda e
qualquer sucessão;

16/08/22
Sucessão legítima, é aquela que decorre da lei;
Obs: existe uma ordem de vocação a hereditária, ou seja, reserva uma parcela
da herança para os legítimos e herdeiros necessários, ou seja, a lei parte da
vontade que o falecido escolheu, caso não se enquadre em nenhuma das
outras.
Sucessão testamentária, é a decorre de disposição de última vontade do
testador.
Inventário e partilha, referem-se ao procedimento voltado a partilha a
herança.
Previsão constitucional, art. 5°, XXX (direito a herança) e XXXI (sucessão de
bens estrangeiros) e art. 227 (igualdade entre os herdeiros ‘’paridade de
direito’'), §6°, e CF/88.

Respeito à última vontade do falecido


O direito das sucessões tem como fundamento o respeito a última vontade do
falecido, que poderá ser: Real, que é aquela manifestada expressamente pelo
individuo em vida através do testamento; presumida, inexistindo testamento,
aplica-se o que estabelece o legislador, o qual presumiu a vontade do de cujus
ao estabelecer uma ordem de vocação hereditária, protegendo determinada
pessoas, como se fosse a vontade deste.

Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

Modalidades
1 – Sucessão Legítima: decorre da lei e independe da vontade do de cujus;
- Ocorre quando houver o falecimento e nos for deixado testamento.
(falecimento ab intestato).
- Quando herdeiro necessário.

2 – Sucessão Testamentária: é quando se tem um ato de disposição de última


vontade, que poderá ser;
-Testamento;
-Legado; (bens específicos determinado a uma pessoa, ex: joia de família.)

-Codicilo (é a manifestação de última vontade, de forma escrita, onde a pessoa pode


estabelecer disposições para serem cumpridas após a sua morte, que sejam referentes ao seu
funeral, doações de pequenas quantias em dinheiro, bens pessoais moveis, roupas ou objetos
de pequeno valor.)
Herdeiro legítimo  ascendentes, cônjuges ou companheiro, descendentes,
parentes de até 4° grau (irmão, sobrinho, tio e primo).

Herdeiro necessário  Ascendentes, cônjuge ou companheiro, descendentes.

Pressuposto para a abertura da sucessão

É a morte, que além de, dentre outras consequências, põe fim a pessoa
natural, encerra a personalidade civil (art 6°, CC) e abre a sucessão, com a
transmissão automática e imediata do patrimônio do falecido aos seus
sucessores.

 Modalidades de morte:

- art.6°morte real, que é a morte encefálica.

- art.7°morte presumida sem declaração de ausência. (não se localiza o


corpo, mas a morte é muito provável)

- art. 22 a 39 morte presumida com declaração de ausência.

OBS; art.8° > comoriência; corresponde à presunção de morte simultânea.


Será verificada quando pessoas, que incialmente seriam herdeiras entre si,
falecem na mesma condição de tempo, não necessitando ser no mesmo lugar.
Diante da impossibilidade de se definir quem morreu primeiro, o direito
considerará ocorrida a comoriência e os falecidos NÃÃÃÃÃAÃÕ serão tidos
como herdeiros entre si, e a transmissão de bens se direcionará aos herdeiros
de cada isoladamente, mesmo por que só herdam pessoas vivas.

- A morte faz com que surja herança. Portanto, à abertura da sucessão se da


com a morte.

Desaparecido - abertura da sucessão provisória - (abertura da sucessão


defini.)

|____________|________________________________________________|

-Sem procurador constituído (1 ano) - 10 anos da abertura da sucessão prov.

-Com procurador constituído (3 anos) - 5 anos se o desaparec. Maior de 80


anos e etá desaparecido a 5 anos.

 Herança/ acervo hereditário/ monte-mor:


-Aberta a sucessão, seja em razão de morte real ou presumida, a herança,
como universalidade de bens, é transmitida automaticamente, sem interrupção
de continuidade, aos herdeiros legítimos e testamentários (art 1.784).

- É um conjunto patrimonial deixado pelo falecimento de alguém.

- É considerado uma UNIVERSALIDADE DE DIREITO.

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de
valor econômico.

A herança é considerada, por lei, como um bem IMÓVEL (art. 80), ainda que
constituída de bens móveis e imóveis. Esta é sua natureza jurídica.

-Assim, a herança, enquanto não houver partilha, será considerada um


CONDOMÍNIO INDIVISÍVEL e os herdeiros ostentaram a situação de
COMPOSSE.

-OBS: vide art. 1.791 do CC

e) Sucessores: (É um gênero)

- São aqueles que darão continuidade às relações jurídicas titularizados pelo


falecido.

- Espécies:

Herdeiros -> recebem a título universal, em percentual em cima da herança.

Legatário -> são pessoas certas que recebem bens específicos e


determinados, estabelecido através do testamento. Para ele a transmissão não
ocorre automaticamente com a morte do testador.

Herança - é sempre bem imóvel, universal.

Condomínio - variou donos.

- Portanto, se de um lado a herança corresponde à um conjunto de bens do


decujos. Já o legado representará uma disposição de última vontade, através
da qual o testador deixa bem específico a uma pessoa também específica.

- Herdeiro herda a título universal

- Legatário herda a título singular

OBS: legítima ≠ herdeiro legítimo

Legítima: Parte indispensável da herança destinados à herdeiros necessários,


não se pode mexer no patrimônio legítimo.
Herdeiro legítimo: São as pessoas arroladas por lei que são chamadas a
suceder.

- Nem todo herdeiro legítimo receberá a legítima. Mas a legítima será destinada
a herdeiros necessários, que integram o rol de herdeiros legítimos.

- Quem não recebe a legítima?

Os herdeiros legítimos COLATERAIS até 4º grau.

- Espólio -> Representa também o conjunto de bens do falecido, mas que


abrange tanto a herança como o legado. Trata-se de um conceito de cunho
PROCESSUAL

OBS: Não obstante o espólio possuir capacidade de ser parte, não possui
capacidade processual, necessitando ser representado em juízo (art. 75 §Vll,
CPC)

f) Princípios aplicáveis ao direito sucessórios:

f.1) Princípio de Saisine: transmissão automática.

- Traz a ideia de que, com a morte, a lembrança se transmite


IMEDIATAMENTE aos SUCESSORES, independentemente de qualquer ato do
herdeiro.

- Por força deste princípio os herdeiros já são titulares da herança mesmo sem
o registro da mesma no cartório competente, ainda que se trate de bem imóvel,
o que representa uma exceção à exigência de registro público, típico dos
direitos reais.

- Em função deste princípio, a decisão de partilha terá efeitos ex tunc, que


serão retroativos ao óbito.

- Efeitos de Saisine:

1º) transmissão de pleno direito e automática da herança aos herdeiros


legítimos e testamentários. Se transmite tanto a posse como a propriedade

Exceção -> A posse do legatário, que nos termos do artigo 1923, CC não a
terão concedida imediatamente após a morte.

2° Determina a lei aplicável sucessão, que será a da data do fortalecimento do


de cujus (art. 1787, cc)

3°Identificação dos herdeiros legitimação para suceder – art. 1798, CC.


OBS: a legitimação para suceder é regida pela lei do tempo da abertura da
sucessão. Contudo, a capacidade para testar é analisada ao tempo em que foi
lavrado o testamento (art. 1861).

Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o


testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da
capacidade

OBS A transmissão imediata da propriedade se condiciona ao evento futuro


que será a aceitação da herança visto que o ordenamento admite a renúncia
desta.

f.2) Princípio da coexistência:

- art 1788 e 1798 do cc.

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos


herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem
compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento
caducar, ou for julgado nulo.

Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no


momento da abertura da sucessão.

- Trata-se de princípio aplicável tanto à sucessão legitima como à sucessão


testamentária.

- Trata-se da legitimidade passiva na sucessão. Estabelece que, para ser


herdeiro, legitimo ou testamentário, basta que, no momento da abertura da
sucessão, a pessoa designada pela lei ou pelo testador já tenha nascido ao
menos tenha sido concebida.

f.3) Princípio da intangibilidade da legitima;

- art. 1.789 e 1.846 e 1.847

- Reflete a preocupação do legislador em destacar uma parte da propriedade


hereditária em benefício dos herdeiros necessários tal parte é denominado de
legítima.

- Desta forma, existindo herdeiros necessários (Descendentes, ascendentes e


cônjuge/ companheiro), eventual testamento somente poderá dispor sobre a
metade da herança.

OBS: O respeito à legitima é limitação de ordem pública.

OBS2: a legitima é calculada sobre o valor dos bens existentes na abertura da


sucessão (morte), abatendo-se eventuais dívidas, despesas com o funeral,
adicionando em seguida, o valor dos bens sujeitos à colação.
f.4) Princípio do tempus regit actum. (o tempo rege o ato)

- art. 1787, CC.

Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente


ao tempo da abertura daquela

Obs: imaginemos hipoteticamente que uma pessoa faleça no ano em 2023.


Contudo, em 2024 a lei é alterada passando a incluir o irmão como herdeiro
necessário, o que não ocorria sob o tempo da lei vigente em 2023. Neste caso,
o irmão não poderá ser considero por herdeiro necessário falecido.

Fundamenta-se na ideia de que os atos, fatos, e negócios jurídicos são regidos


pela norma vigente ao tempo em que foram celebrados, e não pela norma
atual.

- No âmbito do direito sucessório significativo que as regras de sucessão não


se preocupam com alterações futuras que, eventualmente venham ocorrer, as
quais não irá interferir na sucessão.

OBS: vide art 2.041 do CC.

g) competência em matéria de inventario.

- Inventario judicial e extrajudicial (2007).

- Inventário extrajudicial requisitos: maioridade, consensual, advogado


presente, não ter testamento.

- Inventario judicial requisitos: por opção ou quando não couber o extrajudicial.

 o inventario é o procedimento destinado à verificação e levantamento de


bens, direitos e dívidas do de cujos.

- O procedimento de inventário pode ser realizado de forma judicial ou


extrajudicial.

- O inventario extrajudicial (Lei 11.441/07) de 2007 poderá ser realizado


perante qualquer cartório de notas, independentemente do endereço dos
envolvidos ou mesmo da situação dos bens.

Para a realização do inventario extrajudicial exige-se a maioridade e


capacidade; que todos estejam em consenso sobre a partilha de bens; que não
exista testamento ou este seja invalido ou tenha sido revogado; e exista a
presença do advogado no ato; seja lavrado por meio de escritura pública.

20/09
Mesmo sendo cabível o inventário extrajudicial, os envolvidos poderão optar
pelo judicial. Contudo, este será obrigatório caso exista herdeiro incapaz, haja
testamento ou não haja consenso entre os herdeiros.

Obs: Havendo testamento, é possível a realização de inventário extrajudicial?

R: não é possível se extrair a solução por meio da leitura do art. 610, Caput e
do §1°, razão pela qual doutrina e jurisprudência se posicionam pela
possibilidade.

- O enunciado 600 do Conselho de Justiça Federal estabelece que: após


registrado judicialmente e sendo todos os interessados e concordes com os
seus termos, não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o
inventário extrajudicial.

- Neste sentido decidiu o STJ em agosto de 2022, sob o fundamento de que


eventual testamento não inviabiliza a realização do inventário extrajudicial.

- No procedimento obrigatório, caso não seja aberto no prazo pro algum de


seus legitimados, a contar da abertura da sucessão, será aplicada multa aos
herdeiros.

OBS: Mas qual seria esse prazo?

R: art. 1796 no prazo de 30 dias  CPC art. 611 = 2 meses.

Tendo em vista que a antinomia abrange duas normas são federais e que trata
de assuntos gerais, deverá ser aplicado o critério CRONOLOGICO e não os da
hierarquia da especialidade. Como o CPC é norma mais nova deverá
preponderar, sendo considerado o prazo de 2 meses para abertura do
inventário sem imposição de multa.

OBS: mas qual seria o patamar dessa multa?

Inicialmente vide súmula 542 do STF, é constitucional a cobrança de multa


como sansão pela não abertura do inventário ou pelo seu retardamento.

O ITCD e/ou ITCMD é um imposto estadual, quando há transmissão de bens


por doação (inter vivos) ou mesmo pela morte (causa mortis). O não
pagamento deste imposto no prazo acarretará multa.

H.1) legitimação para suceder do embrião:

- a reprodução humana assistida causa controvérsia em relação a legitimidade


para sucederias pessoas concebidas por meio de técnicas de reprodução post
mortem.

- Em que pese a divergência na doutrina a respeito do tema, entende-se que o


embrião, em função de já ter sido concebido, ainda que congelada, possui
direito de postular seus direitos sucessórios, se aplicando as regras da ação de
petição de herança.

- Obs: vide enunciado 267 da III jornada de direito civil.

- Por sua vez a doutrina se divide:

- 1º posicionamento -> sustenta que somente o NASCITURO tem legitimação


para suceder. Logo, os filhos nascidos posteriormente não teriam direito à
herança. (Flávio Tartuce, Jorge Simão, dentre outros).

- 2º posicionamento -> sustenta que o embrião também sucede, não se


admitindo discriminação em relação aos filhos gerados post mortem. (Maria
Helena Diniz, Gizelda hironaka, Zeno Veloso, dentre outros).

- H.2) aceitação e renúncia à herança:

- Art. 1.804 e 1.813 do CPC.

- Segundo dispõe o princípio de saisine, com a morte de uma pessoa, a


propriedade e a posse de seus bens são transmitidas de forma automática a
seus herdeiros. Contudo não são obrigados à aceitá-la.

- H.2.1) aceitação: é um ato necessário para que o herdeiro venha a herdar e


tornar a transmissão ocorrida com a morte do de cujos definitiva.

- A aceitação é INDIVISÍVEL sendo vedada a aceitação parcial da herança.

- 1.808 cc.

- É incondicionado, uma vez que deve ser livre e desembaraçada, não sendo
possível aceitá-la, impondo condição ou termo. De igual modo, não é possível
aceitar apenas o bônus e rejeitar o ônus.

08/11

OBS.4) Renúncia translativo ou imprópria; na verdade, trata-se de uma


impropriedade técnica, mas sim de cessão de direitos hereditários. Envolve o
ato de aceitação da herança e transmissão desta. Neste caso, haverá
bitributação, pois ao aceitar, o herdeiro pagará o ITCMD (causa mortis e o
ITCMD da doação.

H.2.3) Cessão de direitos hereditários ou cessão de herança; admite-se a


alienação de direitos hereditários tanto a título oneroso como a título gratuito,
art. 1.793, CC.
- Como a sucessão aberta é considerada por lei um bem imóvel, em
condomínio indivisível, a cessão também será assim considerada até o final da
partilha, exige-se que seja feita por escritura pública.

-Caso o cedente seja casado, exige-se à outorga conjugal de seu cônjuge,


salvo se casados em regime de separação absoluta de bens, inciso I, art.
1.637, CC.

A cessão poderá ocorrer desde o falecimento do de cujus a antes de efetuado


a partilha. Após a partilha devera ser feita por meio de venda ou doação.

- Direito de preferência; arts. 1.794 e 1.795. o direito de preferência tão


somente terá que ser respeitado na cessão onerosa, uma vez que o co-
herdeiro não poderá ceder a pessoa estranha à sucessão se outro co-herdeiro
a quiser.

H.3) Sucessão Legítima: Arts 1.798 a 1.803, CC.

- Aplicação das regras de partilha.

- Será essencial diante da existência de herdeiros

- Na sucessão legitima, a lei estabelece quem serão os herdeiros, os


chamados herdeiros legítimos.

- Ordem de vocação hereditária; trata-se da ordem através da qual serão


chamados os herdeiros a suceder o falecido. é a ordem para entrega da
herança.

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