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Introdução, Definição, Da sucessão em geral,

Sucessão legítima e testamentária, Sucessão a


título singular e a título universal, Liberdade de
testar, Foro competente para a abertura da
sucessão

Introdução

O direito à herança é direito fundamental,


Constituição Federal de 1988, art. 5º, inciso XXX.

Após a Constituição Federal de 1988, busca-se a


constitucionalização de todos os ramos do direito.

É análise do Direito Civil voltada para a


Constituição Federal. No Estado Democrático de
Direito a Constituição é a Lei Fundamental, neste
sentido é a doutrina de César Fiúza.

Essa constitucionalização tem que ser feita pelo


legislador, judiciário e doutrina.

Legislador: adaptar as normas à Constituição


Federal.

Judiciário: processo constitucional jurisdicional,


intensa dialeticidade estabelecida pelas partes.

Doutrina: alicerce para a constitucionalização do


direito, sobretudo do Direito Civil, ciência que tem
mais de XX séculos e é cheia de tradições e dogmas
(teoria, opinião, doutrina) difíceis de serem
alterados.

Direito civil é um dos mais importantes ramos do


direito, pois trata da vida da pessoa antes do seu
nascimento (art. 2º do Código Civil) até depois da
sua morte (testamento, art. 1.857 do Código Civil).

Definição

Sucessão significa “vir no lugar de alguém” ou


‘substituir’, existe a substituição do titular de um
direito.

Juridicamente significa: transmissão de bens de uma


pessoa a outra em razão da morte.

Campo específico do Direito Civil: transmissão de


direitos, bens e obrigações em razão da morte.

O Direito das Sucessões é um ramo do Direito Civil.


PINHEIRO, Jorge Duarte.O direito das sucessões
contemporâneo, Lisboa: Alameda da Universidade,
2011, p. 23/24

Na sucessão, podem-se vislumbrar duas pessoas:

- o autor da herança ou de cujus


- sucessor que é o herdeiro ou legatário
Art. 1.228 do CC.

A sucessão pode ser:

- a título gratuito – doação


- a título oneroso – compra e venda
- “inter vivos” – cessão (Direito das coisas e-ou
direito das obrigações)
- “causa mortis” – herança ou legado

Definição: é o conjunto de normas (princípios e


regras jurídicas) que disciplinam a transmissão do
patrimônio (herança – passivo e ativo) de uma
pessoa que morreu aos seus herdeiros.

Segundo Arnold Wald: o Direito das Sucessões


estabelece as normas referentes à transmissão dos
bens pertencentes a pessoas falecidas.

A sucessão ocorre quando uma ou mais pessoas são


chamadas à titularidade das relações de uma
pessoa falecida. As pessoas colectivas não morrem,
extinguem-se. PINHEIRO, Jorge Duarte.O direito
das sucessões contemporâneo, Lisboa: Alameda da
Universidade, 2011, p. 23/24

A sucessão é meio de aquisição de propriedade.


Sendo considerada bem imóvel por ficção legal,
ainda que constituída somente de bens móveis, art.
80, II do Código Civil.

O Código Civil de 1916 previa expressamente na


norma de seu art. 530, IV que a sucessão era forma
de aquisição da propriedade.

No Código Civil o direito das sucessões é tratado em


4 títulos:

- Da sucessão em geral
- Da sucessão legítima
- Da sucessão testamentária
- Do inventário e da partilha

No Código Civil português o direito das sucessões,


também é tratado em 4 títulos:

- Da sucessão em geral
- Da sucessão legítima
- Da sucessão legitimatária (o herdeiro pode ser
afastado por vontade do testador)
- Da sucessão testamentária

Da sucessão em geral

A sucessão abre-se com a morte. Neste momento, a


titularidade dos direitos do falecido transmite-se
imediatamente aos seus sucessores a título universal.
Art. 2031º do Código Civil português – a abertura da
sucessão ocorre no momento da morte da pessoa.

No Brasil o patrimônio não fica um minuto sequer


sem titularidade. No Direito Português somente com
a aceitação é que as situações jurídicas
patrimoniais voltam a ter titular. PINHEIRO, Jorge
Duarte.O direito das sucessões contemporâneo,
Lisboa: Alameda da Universidade, 2011, p. 25.

Entre a abertura da sucessão e a aceitação há um


período de pendência, nos termos do art. 2046 do
Código Civil português. Nos termos do art. 2047 do
mesmo estatuto, contudo o sucessível não está
inibido de providenciar a administração dos bens.
Pois, há possibilidade de ser nomeado curador.

O Brasil adotou o Princípio da “saisine” que tem


origem germânica, mas chegou até nós, pelo direito
francês. Este princípio foi adotado pelo Código
Napoleônico. (Venosa, 2010, p. 16, VII)

A palavra deriva de saisir que significa agarrar,


prender ou apoderar-se (Venosa, 2010, p. 16, VII)

Com a morte ocorre a transmissão da herança. Não


há necessidade de manifestação de vontade dos
sucessores.
A partir do evento morte, os sucessores podem
utilizar de todas as ações para defesa de seus
direitos. Ex. ações possessórias, art. 1207 do Código
Civil.

Previsão legal: art. 1.784 do Código Civil de 2002 e


1.572 do Código Civil de 1916

Do princípio acima exposto, art. 1.784 do Código


Civil, resulta a seguinte consequência:

- art. 1.787 do Código Civil – a capacidade para


suceder é a do momento da abertura da sucessão
(art. 1804 do Código Civil).

Comoriência:

Definição de SIDOU, J. M. Othon, Dicionário


jurídico. Academia brasileira de letras jurídicas. 10ª
Ed. ver., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2009, p. 179: morte simultânea de
duas ou mais pessoas que são herdeiras entre si, sem
que se possa averiguar qual precedeu a outra. CC,
art.8.

OBS. O princípio da simultaneidade, devido ao


direito alemão, simplificou proveitosamente o
problema, complexo em direito romano, pois
considerados mortos no mesmo instante, nenhum
dos comorientes é sucessor do outro, enquanto são
chamados à sucessão os herdeiros de um e de outro.

Assento de óbito, art. 77 da Lei 6.015/1773, Lei de


Registros Públicos.

O momento da morte é outro ponto importante.


Deve ser fixado sempre que possível no assento de
óbito.

Art. 8º Código Civil.

Legislação francesa estabelece presunções de


anterioridade das mortes, maior probabilidade de
sobrevivência dos mais jovens em relação aos mais
velhos.

Exemplo clássico de comoriência: casal sem filhos e


sem ascendentes.
Sucessão legítima e testamentária

O art. 1.786 do Código Civil prevê duas formas de


sucessão:

Legítima – oriunda da lei, art. 1788 do Código Civil.


Ocorre sempre que o autor da herança morre sem
deixar testamento, quando o testamento não abrange
todos os bens ou quando o testamento é declarado
nulo. É residual ou supletiva. Obedece ao disposto
no art. 1.829 do Código Civil. Em sentido
semelhante é o art. 2.131 do Código Civil português.

Testamentária – decorre de manifestação de vontade


do testador (autonomia privada) – autor da herança.

O direito brasileiro permite a coexistência da


sucessão legítima com a testamentária.

Contudo, a sucessão testamentária encontra limites:


arts. 1.789, 1.845, 1.846 e 1.801, todos do Código
Civil.

A legítima era a reserva romana.

Sucessão a título singular e a título universal

Universal: quando se transfere a totalidade do acervo


hereditário ou uma quota parte dele. O sucessor
recebe a denominação de herdeiro.

Singular: quando se transfere os bens de forma


individualizada. O sucessor é chamado de legatário.
Exemplo: ser beneficiária testamentária de uma
determinada casa, carro ou lote.

A sucessão legitima é sempre a título universal.


Exemplo: o de cujus tem 4 filhas, cada uma herdará
¼ ou 25% da herança.
A sucessão testamentária pode ser a título singular
ou universal.

Na sucessão a título universal a transmissão do


patrimônio opera-se como um todo (ativo e passivo).

Na sucessão a título singular a transmissão do


patrimônio limita-se à coisa certa e determinada
(uma casa, um lote ou um carro).

Herdeiro: sucede a título universal

Legatário: sucede a título singular

Herdeiro: entra desde logo na posse e propriedade da


herança

Legatário: precisa pedir ao herdeiro a entrega da


coisa legada, o que é feito através de inventário,
após a abertura do testamento, em juízo, conforme
arts. 1.125 e seguintes do CPC e arts. 735 e
seguintes do Novo CPC.

Herdeiro: é quem recebe os bens.

Herdeiro legítimo – está previsto em lei (art. 1.829


do CC).

Herdeiro testamentário – nomeado através de


disposição testamentária (autonomia privada).
Legatário: é indicado através de disposição
testamentária (autonomia privada) e ocorre quando o
testador deixa uma coisa ou quantia certa e
individualizada.

Liberdade de testar

Pode ser absoluta ou limitada

Absoluta: americana e inglesa. Exemplo: Michael


jackson

Limitada: Brasil – arts. 1.789, 1.846 e art. 1.845


todos do CC.

Exemplo: o patrimônio é dividido em duas partes:


parte legítima ou indisponível e parte disponível.

A legítima pertence aos herdeiros necessários


(descendente, ascendente e cônjuge)

A quota disponível pode ser disponibilizada, em


regra, em favor de qualquer pessoa herdeiro ou não.
Exemplo: um amigo ou um dos filhos.

Se o testador for casado tem que ser observada a


meação que irá depender do regime matrimonial de
bens. Exemplo: testador possui um patrimônio de
800 mil reais e é casado sob o regime da comunhão
universal de bens, tem que ser observada a norma do
art. 1.667 do CC.

Foro competente para a abertura da sucessão


I – Regra geral: último domicílio do falecido, art.
1785 do Código Civil e 96 do Código de Processo
Civil.

II - Ausência de domicílio certo: foro da situação do


imóvel, art. 96, par ún, I do Código de Processo
Civil.

III - Pluralidade de domicílios, lugar em que ocorreu


o óbito, art. 96, parágrafo único, II do CPC.

IV - Falecimento no estrangeiro, foro do último


domicílio no Brasil, art. 96, caput do Código de
Processo Civil.

Art. 48 do novo Código de Processo Civil

Lei que regula os direitos sucessórios (Arnold


Wald):

A sucessão obedece à lei dos país em que era


domiciliado o defunto.
A capacidade para suceder regular-se-á pela lei do
domicílio do falecido. Ver art. 10, caput, §§1º e 2º
da Lei de Introdução.

Neste mesmo sentido é a norma do art. 152 do


Código Bustamante – Convenção de Direito
Internacional Privado

Art. 152. A capacidade para suceder por


testamento ou sem ele regula-se pela lei pessoal
do herdeiro ou legatário. (grifo nosso).

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