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Unidade Betim
Disciplina: Direito Internacional Público
Professor: Jairo Coelho Moraes
AULA: Precursores do Direito Internacional -breves aspectos históricos.
- Direitos são conquistas que requerem vigília. Não existem direitos absolutos, sempiternos.
Legitimações várias - invocação de Deus, da família, dos valores morais– frequentemente
tentam impor modelos conformistas, autocráticos ou absolutistas.
- Perspectivas:
a) Fundamento natural do Direito: o direito internacional compreende as normas que a razão
natural estabeleceu entre as nações: quod naturalis ratio inter omnes gentes constituit vocatur
jus gentium – afasta a visão isolacionista das nações, em defesa de vinculação entre elas.
b) Sociedade mundial entre estados: existe societas naturalis das nações - nas bases dessa
sociedade, encontram-se, em estado latente, os elementos que serão os fundamentos das
teorias das escolas de direito natural e das gentes, a saber, o conceito de estado de natureza e
o contrato social. Na lição sobre o poder civil (De potestate civili) asseverava: “o direito das
gentes não tem somente força de pacto ou de convenção entre os homens, mas possui,
igualmente, força de lei.
d) Combate à teoria soberânica absolutista (o direito de cada Estado sobre o seu território
seria da mesma natureza que o do proprietário sobre os seus campos, mas, na verdade, mais
absoluto, porquanto nenhuma autoridade superior pode limitá-lo).
e) Defesa da interdependência das nações: enquanto a maioria dos autores sustenta a total
independência das nações, VITÓRIA insiste na interdependência: o mundo inteiro, na
verdade, que, de certo modo, constitui uma república, tem o poder de levar leis justas e
ordenadas para o bem de todos, tais como são as do direito das gentes. Consequentemente,
quando se trata de questões graves, nenhum Estado pode se considerar desvinculado do
direito das gentes, pois este é colocado pela autoridade do mundo inteiro.
1.3) Cornélio Von Bynkershoek (1673 – 1743), holandês, precursor da escola positivista no
direito internacional, autor que se popularizou por definir a extensão do mar territorial como
sendo a distância de um tiro de canhão.
- Perspectivas:
a) Paradigma cientificista e seus reflexos no campo do conhecimento humano: relevância a
apenas fenômenos que possam ser empiricamente comprovados em uma investigação
científica. Aplicação do método/paradigma científico às ciências sociais;
b) Apenas as normas criadas pelos Estados são reais, consideráveis/ princípio Lotus: os estados
soberanos podem agir livremente, desde que não infrinjam uma proibição explícita. Ou seja,
não existiriam normas alheias à vontade dos Estados.
O Direito Internacional, na visão positivista, seria o conjunto de normas criadas pelos Estados
para reger suas relações;
b) Defesa da pactualização e fragilidade das ações de força: “como ensina a todos o intelecto
natural e como demonstra a experiência, mestra de todas as coisas”, não pode ser duradoura a
obra da força: “porque as coisas feitas por força logo desaparecem”.
NB: tratativa (frustrada) da pactuação da paz com a Alemanha no Tratado de Versalhes, junho
de 1919 (criação da Sociedade das Nações e da Organização Internacional do Trabalho): “a
única e segura regra que, tanto no punir, no vingar-se, quanto no ditar as condições da paz,
reflete a equidade. Porque aquele que fosse ofendido além do justo não repousaria nunca e
alimentaria o desejo de vingança e aquele que fosse oprimido por leis desapiedadas ficaria sob
aquele peso até que desaparecesse a necessidade de obedecer”.
5) Hugo GRÓCIO (1583-1645): jurista holandês, pedra angular do direito internacional público
que surge como ciência autônoma, sistematizada, no século XVII.
- Obras de relevo: Mare liberum (parte da De jure praedae) e O direito da guerra e da paz (De
jure belli ac pacis).
-Perspectivas:
a) Consensualidade: a construção dos conceitos e a aplicação destes, em âmbito internacional,
há de fazer-se mediante consenso com paulatina aceitação e adoção de padrões de
comportamento, entre e pelas unidades políticas que compõem o contexto internacional.
b) Recurso aos ensinamentos bíblicos e históricos (Antigos) para estabelecer normas de direito
internacional;
c) Fundamento de categorias relevantes ao Direito: direito natural e direito subjetivo; concebe
o direito como:
1) sinônimo de justo – definido como aquilo que não é injusto, ou seja, contrário ao direito
natural;
2) poder atribuído ao sujeito (subjetivo), como sendo um poder, uma qualidade inerente à
pessoa: “[...] uma qualidade moral ligada ao indivíduo para possuir ou fazer de modo justo
alguma coisa.”;
3) o direito (ius) como lex, como lei, regras objetivas que são válidas apenas se consideradas
conforme a justiça e compatíveis com outras virtudes.
d) Jusnaturalismo profano, natural, laico: existência de direitos naturais e inatos a homem que
nenhuma convenção pode ignorar ou suprimir. Essa nova base do direito natural
fundamentará o pensamento de John Locke, Jean Jacques Rousseau e Immanuel Kant, tese
presente, ainda, em Thomas Hobbes e Samuel Pufendorf.
NB: Segundo aponta Macedo, uma das maiores diferenças entre o jusnaturalismo medieval e
moderno reside na concepção de direito subjetivo, o poder de agir conferido a um indivíduo. A
lei natural, para os medievos, representa um ordenamento, um conjunto de deveres que se
impõe aos homens. Ela designa tarefas e atividades obrigatórias. Em certo sentido, a lei natural
opõe-se à liberdade do ser humano. No máximo, ela estabelece o limite externo dessas
liberdades; corresponde aos deveres do indivíduo em relação à comunidade. Diversamente, no
direito Natural moderno, a lei natural, ao contrário, confere ao homem um determinado poder
em face de toda a sociedade. O direito subjetivo é sinônimo de poder. Trata-se de uma
liberdade que o indivíduo possui mesmo que outro ordenamento jurídico (mormente o
positivo) não lhe atribua. A existência desse direito independe do conjunto de leis; sua origem
e fundamento repousam no próprio homem, não em algo externo. (MACEDO, Paulo Emílio
Vauthier Borges de. Hugo Grócio e o direito. O jurista da guerra e da paz. Rio de Janeiro:
Lumen Iuris, 2006).
Prevalência da visão positivista até o início do século XX; após, na metade do século XX, o
pensamento jusnaturalista voltou a influenciar a criação das normas internacionais:
b) Há normas dotadas de uma carga axiológica tão elevada que irão vincular toda os sujeitos
de Direito Internacional: vg – nem mesmo o Poder Constituinte Originário é ilimitado. Ele deve
observar, segundo José Gomes Canotilho: