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Universidade de Passo Fundo - UPF

Disciplina: Direito das Sucessões


Professora: Cristiane Beuren Vasconcelos

DIREITO DAS SUCESSÕES

LOCALIZAÇÃ O  Livro V da Parte Especial do Có digo Civil arts. 1784 –


2027.

CONCEITOS:

Suceder = vir depois de alguém, tomar seu lugar.

Lato:
Sentido jurídico

Estrito:

Sucessã o = ato pelo qual uma pessoa, inter-vivos ou causa-mortis, toma o


lugar de outra, investindo-se, a qualquer título, no todo ou em parte, nos
direitos que lhe competiam.

DIREITO DAS SUCESSÕ ES

Conceito: (Cló vis BEVILÁ QUA) “é o conjunto de princípios segundo os


quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém que deixa de
existir”.1
É a transferência, por herança ou por legado, pela morte de
alguém, ao herdeiro ou legatá rio, seja por força de lei ou testamento.

Origem do instituto: a mesma da família.

1
Direito das Sucessões, 4.ª ed., 1945/RIO.

1
Herança: conjunto de bens, direitos e deveres
patrimoniais que constituem o patrimô nio
do falecido.
OBJETO DA universalidade das relaçõ es SUCESSÃ O
jurídicas de cará ter patrimonial em que o
falecido era sujeito ativo ou passivo.

Legado: é o bem certo e determinado que o


testador destina à pessoa ou entidade do
seu interesse.

PRESSUPOSTOS:

a) a morte do autor da herança:

 de cujo – de cujus – aquele de cuja sucessã o se trata;

 art. 426 CC;

 ausência = morte civil ou presumida:


- sucessã o provisó ria (art. 26 CC e 745, § 1º do CPC)
- sucessã o definitiva (arts. 37 e 39 CC e 745, § 3º do
CPC)

b) A vocaçã o hereditária: ordenamento legal que atribui a condiçã o


de herdeiro.

Código Civil – A Lei 10.406 de 10/01/2002 prevê profundas alteraçõ es:

Art. 1829: I – descendentes em concorrência com o cô njuge


sobrevivente, II – ascendentes, em concorrência com o cô njuge, III – ao
cô njuge sobrevivente, IV aos colaterais;

Art. 1787: a lei vigente na data da abertura da sucessã o regula a


legitimaçã o e processamento;

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Art. 1790: sucessã o a favor do(a) companheiro(a);

Art. 1798: legitimadas a suceder as pessoas já nascidas ou concebidas


no momento da abertura da sucessã o;

Art. 1845: cô njuge = herdeiro necessá rio.

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ESPÉCIES DE SUCESSÃO:

1. De acordo com sua regulamentaçã o:

1.1 LEGÍTIMA/LEGAL – A favor dos parentes consangü íneos


nela referidos, quando nã o houver testamento, ele for
nulo ou caducar.

1.2 TESTAMENTÁ RIA – ocorre por ato de ú ltima vontade,


expresso em documento legal = testamento.

2. De acordo com sua abrangência:

2.1 A TÍTULO UNIVERSAL – quando o herdeiro é chamado a


suceder na totalidade dos bens ou em fraçã o determinada
dos mesmos;

2.2 A TÍTULO SINGULAR – quando ocorre sub-rogaçã o


concreta em determinada relaçã o de Direito.

3. De acordo com a linha de descendência:

3.1 POR CABEÇA (art. 1832) – é a que se dá quando todos sã o


do mesmo grau, com direito a cotas iguais de herança.

3.2 POR DIREITO PRÓ PRIO – quando a pessoa é chamada à


sucessã o pela sua relaçã o pessoal de parentesco com o
“de cujus” ou por força de sua condiçã o de cô njuge (art.
1829, I, II, III e IV).

3.3 POR LINHA – na linha ascendente – materna


– paterna
Regras:

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 Sendo do mesmo grau divide-se em partes iguais para cada
linha (se um é morto, fica tudo para o outro – não há direito
de representaçã o);
 Os mais pró ximos excluem os mais remotos – sem distinçã o
de linha.
 Igualdade de grau e diversidade de linha – meio a meio entre
as linhas.

3.4 POR REPRESENTAÇÃ O OU POR ESTIRPE – art. 1835 CC –


Orlando GOMES: “mecanismo pelo qual se opera a vocação
indireta na sucessão legítima”. Washington de Barros
MONTEIRO: “é a convocação legal para suceder em lugar
de herdeiro, parente mais próximo do ‘de cujus’ (pré-
morto ou incapaz de suceder)”;

 Dá -se quando concorrem na sucessã o herdeiros que tenham


com o “de cujus”, diferentes graus de parentesco;
 Só se aplica à sucessã o legítima, nunca à testamentá ria;
 A partilha se dá entre grupos de herdeiros, de graus
diferentes, cada um integrando uma estirpe, que
representarã o;

 A pessoa é chamada à sucessã o, em substituiçã o a


ascendente seu pré-morto ou declarado indigno, que
sucederia, por direito pró prio, se vivesse.

Objetivo:

- evitar a injustiça que ocorreria se pudesse um descendente


mais remoto ser afastado da sucessã o pela morte ou
indignidade do seu mais pró ximo
- corrigir o rigor da RG – mais pró ximo exclui o mais remoto.

Extensã o:
- na linha descendente  sempre;

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- na linha ascendente  nunca.

Exceçã o:

- a favor dos colaterais;


- em benefício dos filhos de irmão do falecido quando
concorrerem com irmã os deste;
- SÓ ELES. Netos de irmã os não, pois sã o de 4º grau (só herdam
se não tiver de 3º grau).

Condiçõ es:

a) haver o representado falecido antes do ‘de cujus’ ou ter sido


declarado indigno;

b) descender o representante do representado;

c) nã o ocorrer soluçã o de continuidade entre o representante e


sucedido.

.......................

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TRANSMISSÃO DA HERANÇA
– art. 1785 do CC –
(a sucessã o abre-se no lugar do ú ltimo domicílio do falecido)

Princípio que disciplina o direito das sucessõ es: SAISINE– ficçã o


do direito definida no art. 1784 do CC – nã o há interrupçã o entre a
morte e a sucessã o. Esta se opera instantâ nea e automaticamente,
mesmo que o herdeiro nã o saiba, em funçã o de que a personalidade civil,
ou seja, a capacidade da pessoa humana se extingue com a morte.
Regula a sucessã o e a legitimidade, a lei vigente ao tempo de sua
abertura.

a) Abertura da Sucessão domicílio do falecido: valem as regras gerais


do domicílio civil;
- sem residência habitual: onde era encontrado;
- com diversos ou vá rios centros de ocupaçã o: qualquer um
deles;
- sem domicílio certo: situaçã o dos bens;
- com bens em diversos lugares.

b) Posse da Herança;

Art. 1791, § Ú nico: indivisível;

Art. 1792: respeito ao limite das forças da herança;

Art. 1797, I-IV: administraçã o da herança até o compromisso do


inventariante.

Art. 615 CPC – incumbência da abertura do inventá rio;


Art. 616 CPC – legitimidade concorrente.

c) Inventariança (arts. 613, 615, 616 e 617 CPC)

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1. ao cô njuge sobrevivente casado com comunhão de bens;
2. na falta de cô njuge sobrevivente – o co-herdeiro que estiver na
posse e administraçã o dos bens;
3. na falta do cô njuge e herdeiro – testamenteiro;
4. qualquer herdeiro, se nenhum estiver na posse e administraçã o do
espó lio;
5. inventariante judicial, se houver;
6. qualquer pessoa, como inventariante ‘ad hoc’.

d) Herança a favor de Nascituro - herança com caracteres de


propriedade resolú vel até o nascimento com vida.

Prole eventual  A transmissã o subordina-se a evento futuro e incerto


(art. 1799 CC).

e) Comoriência (art. 8.º do CC) – nã o havendo como precisar quem


morreu primeiro consideram-se simultaneamente mortos .
A legislaçã o francesa estabelece regras de anterioridade por
presunçã o, em favor dos mais velhos (idade-sexo).
A legislaçã o alemã , italiana e portuguesa também optam pela
presunçã o da simultaneidade.

.......................

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ACEITAÇÃO – RENÚNCIA e
CESSÃO DE HERANÇA

O FATO MORTE defere a herança ao herdeiro – art. 1784 CC

ACEITAÇÃO:

Ato pelo qual o herdeiro manifesta livremente sua vontade de


receber a herança que lhe é transmitida.

Características:

- não responde por encargos superiores às forças da herança (art. 1792


CC);
- nã o admite condiçã o (art. 1808, 1791 e § Ú CC);
- Irrevogá vel (1812 CC);
- o domínio da herança é adquirido no momento da morte (art. 1784 CC),
mas até a partilha permanece indivisível entre os herdeiros (art. 1791
CC);

Nã o aceitaçã o em fraude contra credores:


* os credores podem aceitá -la em seu nome;
* habilitaçã o dos credores em 30 dd;
* pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renú ncia.
Espécies de Aceitaçã o:

a) expressa: quando o herdeiro declara em documento pró prio que


aceita a herança;

b) tácita: quando sem declarar sua aceitaçã o, o herdeiro pratica atos


que demonstrem sua intençã o de ter aceito.

§§ do art. 1805 CC – atos que não revelam o propó sito de aceitar a


herança:

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§ 1.° - atos oficiosos de funeral ou meramente conservató rios do
patrimô nio ou os de administraçã o e guarda provisó ria;
§ 2.° - cessã o gratuita pura e simples aos demais herdeiros = renú ncia.

c) presumida: quando o herdeiro é intimado (20 dd apó s a abertura da


sucessã o) para dizer, em 30 dias, se aceita ou nã o a herança e, no prazo,
nã o se manifesta.

RENÚNCIA
(arts. 1806, 1808, 1810 e 1811 CC):

Ato solene pelo qual uma pessoa chamada à sucessã o de outra


declara que nã o aceita.
Não se confunde com cessã o à alguém ou desistência de algum
bem, que transmitem o domínio de forma específica.

Características da renú ncia:

- gratuita; em favor do monte; pura e simples; e, irrevogável;


- retroage ao momento da morte;
- é ato unilateral, nã o admitindo condiçã o;
- é ato ABDICATIVO da propriedade.

Forma:

- solene;
- a herança é tida como bem imó vel;
- exige consenso do cô njuge.

Efeitos: afasta o renunciante da sucessã o (1804, § Ú ).

Art. 1810:
- havendo herdeiros da mesma classe do renunciante, sua parte
acresce à dos demais;
- sendo o renunciante o ú nico de sua classe, DEVOLVE-SE aos
herdeiros da classe subseqü ente.

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Art. 1811:
- RG  ninguém pode suceder representando herdeiro
renunciante;
- Exceçã o  se o renunciante for o ú nico em sua classe, ou todos
os da mesma classe renunciarem, poderão vir os filhos à
sucessã o, por direito pró prio e por cabeça.

Renú ncia de legado testamental: a) havendo substituto indicado pelo


testador: a este caberá a herança ou o legado;
b) nã o havendo substituto e a instituiçã o for conjunta: o direito do
renunciante acresce à dos demais instituídos;
c) instituiçã o isolada: a renú ncia beneficia o herdeiro legítimo;
d) se o testador determinar que o herdeiro ou legatá rio entregue coisa
sua a outrem, nã o o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou a
herança ou legado.

Renú ncia em fraude contra credores: (de acordo com o art. 1813 já
mencionado, não há necessidade de interposiçã o de Açã o Pauliana. Os
credores podem aceitar a renú ncia até o valor dos seus créditos, ficando
o saldo, se houver, para os favorecidos com a renú ncia).

Renú ncia nã o acarreta incidência de Imposto de Transmissã o (ITCD): o


renunciante é considerado como se nunca tivesse sido herdeiro.

CESSÃO OU DESISTÊNCIA DE HERANÇA

É ato solene pelo qual o herdeiro faz a transferência, gratuita ou


onerosa, de todo ou parte do quinhão hereditá rio que lhe cabe com a
abertura da sucessã o.

Objeto:

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Forma: escritura pú blica.

Tempo: apó s a abertura da sucessã o, a qualquer tempo, antes da


partilha. É nulo qualquer ato que tenha por objeto herança de pessoa
viva.

Princípios:

- direitos decorrentes de substituiçã o ou de acrescer presumem-se não


abrangidos por cessã o feita anteriormente;
- nã o pode especificar bens sem o consenso dos herdeiros;
- pode ser rescindida por qualquer dos defeitos dos atos jurídicos;
- há a preferência legal dos demais herdeiros em relaçã o a terceiros;
Art. 1795: exercício do direito de preferência; e § Ú nico: sendo vá rios
os preferentes, o quinhã o será repartido proporcionalmente;
- preferência entre os herdeiros, para os que tiverem benfeitorias ou o
maior quinhã o;
- o cedente não responde pela evicçã o, salvo se enumerou os bens e que
nã o tem.

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DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO

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- arts. 1814 A 1818 -

Indignidade  pena cível pessoal de perda da herança.


É a privação do direito de sucessã o, cominada por lei, a quem
cometeu certos atos ofensivos à pessoa ou ao interesse do “de cujus”.

Origem: Direito Romano – bens do herdeiro declarado indigno passavam


ao fisco.

Fundamento:
- presumida vontade do “de cujus”, que excluiria o herdeiro se houvesse
feito declaraçã o de ú ltima vontade;
- prevenir e reprimir o ato ilícito.

Causas: atentados contra a vida , honra e/ou a liberdade de testar do “de


cujus”.

1. Contra a vida:
- autores ou cú mplices de homicídio voluntá rio ou tentativa;
- dolo é elementar para caracterizar a exclusã o – ingratidão
manifesta;
- nã o se estende ao homicídio culposo, erros in persona,
aberratio ictus, legítima defesa, estado de necessidade,
exercício regular de direito, loucura, embriaguez.

2. Contra a honra:
- o que acusar caluniosamente o “de cujus” no juízo criminal;
- o que der causa à instauraçã o de inquérito policial ou de
processo judicial contra alguém imputando-lhe crime de que
sabe inocente;
- o que praticar crimes contra a honra do “de cujus” (arts. 138 a
140 CP) – calú nia, difamaçã o, injú ria;
- CC Italiano e Português incluem também o ‘falso testemunho’,
bastando para tal o seu reconhecimento no juízo criminal.

3. Contra a liberdade de testar:

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- visa garantir a liberdade de testar do “de cujus”, bem como da
execuçã o da declaraçã o de ú ltima vontade.
Ex.: herdeiro ou legatário que constranger o de cujo a testar; ou
impedir de revogar testamento anterior, elaborar testamento
falso, suprimir testamento cerrado.

Procedimento:
- processo ordiná rio promovido por quem tenha interesse na sucessã o;
- amplo direito de defesa;
- indignidade só se caracteriza com a sentença;
- matéria de interesse privado;
- prazo para propositura: 4 anos a contar da abertura da sucessã o.

Efeitos:
1. Pessoais: perda do direito à herança;
personalidade da pena;
2. Sentença: retroage à data da abertura da sucessã o;
3. Frutos:
4. Validade dos atos de disposiçã o até a sentença:
- respeito à boa fé dos adquirentes;
- herdeiro efetivo pode demandar P&D contra o excluído;
exceçã o;
5. Reembolso dos gastos;
6. Perda do usufruto e administraçã o dos bens que a seus filhos
couberem na herança e a eventual sucessã o desses bens;

Reabilitaçã o do Indigno: (art. 1818 CC)


- ato privado e formal;
- reabilitaçã o expressa;
- reabilitaçã o tá cita (§ Ú nico).

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HERANÇA JACENTE

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- arts. 1819 a 1823 CC (arts. 738 a 743 CPC) -

Conceituaçã o:

Jacência: estado da herança enquanto não se conhecem seus titulares.

Objetivo: evitar a perda ou a ruína do acervo arrecadando-se a favor dos


herdeiros.

Condiçõ es: - herdeiros: inexistentes, em lugar incerto ou que hajam


renunciado sem ninguém para substituí-los;
- nomeação de curador especial para guarda e
administraçã o até entrega ao sucessor habilitado ou declaraçã o de
vacância.

Características:

a) qualquer interessado pode requerer a jacência;


b) Enquanto durar a jacência a massa fica despersonalizada, na
expectativa de um titular;
c) nomeaçã o de curador – com cará ter administrativo – pessoa da
família ou em quem o “de cujo” tivesse confiança;
d) procede-se à arrecadaçã o de bens (arts. 740 e §§);
e) publicaçã o de edital;
f) 1 ano da primeira publicaçã o nos editais, nã o havendo habilitaçã o será
declarada vacante.

.................

HERANÇA VACANTE
(arts. 1820 CC e 743 CPC)

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É aquela que é devolvida ao Poder Pú blico por não haver
herdeiros habilitados no período da jacência.
Arts. 1822 e 1844 nCC – decorridos 5 anos da abertura da
sucessã o, não sobrevindo parente algum sucessível, ou tendo estes
renunciado a herança, se devolve ao Município, DF se localizada em seus
territó rios ou à Uniã o, quando situada em territó rio federal (ñ existem
mais).

Características:
a) 1 ano (art. 743 CPC) apó s a publicaçã o do edital (741 CPC) não
havendo habilitaçã o de herdeiros;
b) até completar 5 aa da abertura da sucessã o a propriedade dos bens
fica resolú vel, apó s este prazo ela fica definitiva;
c) apó s 5 aa (1822 CC), os bens arrecadados sã o destinados ao Município
ou ao Distrito Federal.
* A Uniã o fica de fora por nã o mais existirem territó rios da Uniã o*
OBS: bens de estrangeiros – também comunicado ao Cô nsul do
respectivo país.

Efeitos da vacância:
- cessam os deveres do curador;
- devoluçã o da herança aos Municípios e ao DF;
- a propriedade fica resolú vel do 1º ao 5º ano ;
- herdeiros podem reclamar até 5 aa da abertura da sucessã o;
- obrigaçã o do Poder Pú blico aplicar a herança em fundaçõ es destinadas
ao desenv. do Ens. Univers.

PETIÇÃO DE HERANÇA
(Arts. 1824 – 1828 CC)

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Ação de Petição de Herança
Objeto: *demandar reconhecimento de direito sucessó rio;
* obter a restituiçã o da herança, ou parte dela contra quem a
possua na qualidade de herdeiro ou sem título.

Responsabilidade do possuidor:

Art. 1826: obrigado à restituiçã o dos bens do acervo com fixaçã o da


responsabilidade, de acordo com a posse.
§ Ú nico – a partir da citaçã o, segundo as regras concernentes à posse de
má -fé.

Eficá cia da venda a terceiros de boa fé, por herdeiro aparente: art. 1827,
§ Ú nico.

.....................

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VOCAÇÃO HEREDITÁRIA (art. 1829 CC)

É a relaçã o preferencial das pessoas chamadas à sucessã o do


“de cujus”.
Ordenamento legal que distribui os herdeiros em classes
chamadas a suceder, segundo linhas e graus.
Inspirada na vontade presumida do falecido que, se quisesse
diferente, teria feito testamento.

Duas regras:
a) uma classe sucessível só é chamada quando faltam herdeiros na
precedente;
b) na mesma classe, os mais pró ximos excluem os mais remotos, salvo o
direito de representaçã o nas hipó teses previstas.

Sucessã o de estrangeiros: art. 10 da L.I.C.C.


ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA:

1.º DESCENDENTES
arts. 1829, I e 1833 - 1835 do CC

- sã o herdeiros necessários: o autor da herança nã o pode dispor,


por testamento ou doaçã o de mais da metade dos seus bens
(art. 1789 – 1845 CC);

- equiparação dos filhos: arts. 227, § 6º da CF/88; 26 e 41 do


ECA;

- filhos adotivos: em perfeita igualdade

- Lei pertinente: a lei vigente por ocasiã o da abertura da


sucessã o;

- REGRA: os mais pró ximos excluem os mais remotos, salvo


direito de representaçã o;

- Art. 1835 – HERDAM:

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* por cabeça – quando todos sã o do mesmo grau de parentesco. Cotas
iguais;

* por estirpe (representaçã o) – quando os herdeiros nã o se acham no


mesmo grau, sendo que o chamado a representar recebe o que receberia
o representado se vivo fosse.

OBS: Se à herança concorrerem descendentes de graus diversos, o


espó lio é dividido pelo nú mero de linhagens. Quem por cabeça quota
integral; quem por representaçã o, o que receberia o representado.

2.º ASCENDENTES
(arts. 1829, II – 1836 e 1837 CC)

- herdeiros necessá rios – arts. 1789 e 1845 CC;


- em concorrência com o cô njuge;
- Sucessã o por direito pró prio e por linha – materna e paterna
(metade para cada linha).

RG: Os mais pró ximos excluem os mais remotos sem direito de


representaçã o

- Ex. (§ 1.° 1836): um avô materno e dois bisavó s:

- (§ 2.º 1836): dois avó s paternos e 1 materno:

3º CÔNJUGE
(arts. 1829, III – 1830, 1831, 1832, 1836, 1837 e 1838)

CONCORRÊNCIA:

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a) Com descendentes:
Casos:

Art. 1829, I – Salvo se casado:


 no regime da comunhão universal de bens;
 no regime da separação obrigató ria (art. 1641, § Ú nico)
 no regime da comunhão parcial caso o ‘de cujus’ não tenha
deixado bens particulares;

CONCORRÊNCIA:

a) Com descendentes: Casos:

Art. 1829, I – não concorre se casado:


 no regime da comunhão universal de bens;
 no regime da separação obrigatória/legal (art. 1641, §
Único)
 no regime da comunhão parcial caso o ‘de cujus’ não
tenha deixado bens particulares.

1. REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS C/ BENS


PARTICULARES

Antes da decisão RESP 1.368.123-SP (publicado 08/06/2015):

A concorrência admitia 3 correntes:

1.ª o Cônjuge concorria sobre toda a herança (meação e bens


particulares);

2.ª o Cônjuge concorria só sobre os bens da meação;

3.ª o Cônjuge concorria só sobre os bens particulares.


Após decisão RESP 1.368.123-SP (publicado 08/06/2015):

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A concorrência do cônjuge, no regime da comunhão parcial, restringe-
se aos bens particulares do de cujus.
Na decisão os votos: do Min. Relator Sidnei Benetti só sobre os
bens particulares;
Min. Nancy Andrighi (voto-vista)  só sobre bens comuns;
Min. Raúl Araújo (voto-vista)  só sobre os bens particulares;
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Min. Antônio Carlos Ferreira, Min.
João Otávio de Noronha, Min. Maria Isabel Gallotti, Min. Ricardo
Villas Boas Cueva e Min. Marco Buzzi  só sobre os bens
particulares.

ART. 1832:

Quantum: 1832 – quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça,


nunca inferior a ¼ da herança, se for ascendente dos herdeiros com
que concorrer.

2. CÔNJUGE CASADO SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO


CONVENCIONAL/PACTUADA DE BENS

Após decisão RESP 1.368.123-SP (publicado 08/06/2015)  O


direito à concorrência dá-se sobre todo o acervo hereditário (existindo
ou não bens particulares).

Embora não tenha proferido decisão sobre o caso específico


eis as linhas gerais esposadas pelo Min. Raúl Araújo nesta decisão:

Com isso, o cônjuge supérstite é herdeiro necessário,


concorrendo com os descendentes do morto, desde que casado
com o falecido no regime:

I) da separação convencional (ou consensual), em qualquer


circunstância do acervo hereditário (ou seja, existindo ou não bens
particulares do falecido);

OU,

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II) da comunhão parcial, apenas quando tenha o de cujus deixado
bens particulares, pois quanto aos bens comuns já tem o cônjuge
sobrevivente o direito à meação, de modo que se faz necessário
assegurar a condição de herdeiro ao cônjuge supérstite apenas
quanto aos bens particulares (conforme mencionado alhures).

2. CÔNJUGE CASADO SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO


LEGAL/OBRIGATÓRIA (1641 CC)DE BENS

Não concorre com os descendentes por expressa disposição


legal – art. 1829, I do CC.

Direito real de habitação: art. 1831 CC – ao sobrevivo, sobre o


imóvel residencial, se for o único desta natureza, em qualquer regime,
sem prejuízo da participação na herança.

b) Com ascendentes: (arts. 1829, II – 1836, caput – 1837)

- Independentemente do regime de casamento (o art. 1836 não impõe


qualquer limite ou ressalva)
- 1837 :
 concorrendo com ascendente de 1.º grau = 1/3 da herança;
 não havendo ascendente ou se maior for aquele grau = ½ da
herança;

Casamento Putativo:
a) se ambos os cônjuges de boa-fé, ambos têm direitos hereditários.
b) só um de boa-fé – este herda do de má-fé, como se válido fosse o
casamento;

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c) o de má-fé nada herda do de boa-fé, pois para ele, pela má-fé, o
casamento não produz nenhum efeito (Pontes de Miranda Teoria do
Direito Privado v. 8, § 827, p. 30, 1971).

4.º COLATERAIS

I. Regra Geral: 1840, 1.ª parte

23
Exceçã o: arts. 1840 e 1853 – direito de representaçã o concedido
aos filhos de irmãos, quando concorrerem com os tios.

II. Art. 1841 - aos bilaterais integral; aos unilaterais ½ metade do


que cabe aos bilaterais.

III. Sobrinhos e tios – ambos de 3º grau: dá preferência aos


sobrinhos.
– A sucessã o se dá por cabeça quando o espó lio é dividido entre os
sobrinhos sem interessar a estirpe.

IV. Depois dos sobrinhos é que vêm os tios, também de 3º grau.


Depois dos sobrinhos-netos, os tios-avó s e primos-irmã os – 4º
grau – por cabeça

5º DEVOLUÇÃO DA HERANÇA AO MUNICÍPIO OU DISTRITO


FEDERAL (1844)

Obs. Não existem mais territó rios da União (Lei 8.049 de 21/06/90
e Dec. Lei 8207 de 22/11/45 contanto que os benssejam aplicados em
Fundaçõ es destinadas ao desenvolvimento do Ensino Universitá rio com
fiscalização do MP).

Fundamentos: - político-social;
- - o ordenamento jurídico-econô mico estatal é que possibilitou
ao autor da herança a aquisiçã o do patrimô nio transmitido.

Destino: atualmente cada município ou o DF é que disciplinam a sua


aplicaçã o;

................
Sucessão ao companheiro(a): art. 1829, I apó s inconstitucionalidade
do 1790 pelo STF.
8

HERDEIROS NECESSÁRIOS
1845 a 1850 CC

24
Herdeiros necessários: 1845 CC – descendentes, ascendentes e
cô njuge.

- Configura um meio termo entre a plena liberdade de testar e a


proteçã o aos direitos dos parentes mais pró ximos e do cô njuge;

- sendo beneficiado pela parte disponível não perde o direito da sua


legítima (1849);

- só podem ser afastados da sucessã o por indignidade ou deserdação;

- desrespeito à regra do art. 1845 obriga reduçã o das disposiçõ es ao


limite dos 50%.

DIVISÃO DO PATRIMÔNIO:

a) - legítima  porçã o dos bens que o testador nã o pode dispor por


estar reservada aos herdeiros necessários.
* forma de cá lculo: = valor dos bens na abertura da sucessã o,
menos dívidas e despesas de funeral, mais valor dos bens sujeitos à
colaçã o.

b) - parte disponível  metade disponível dos bens que ficaram depois


de calculadas as legítimas.

CLAUSULAÇÃO DA LEGÍTIMA - 1848

- inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade (só com


justa causa declarada pelo testador);
- proibida conversã o dos bens da legítima em outros de espécie diversa
(§ 1.º);
- levantamento da clausulaçã o só com autorizaçã o judicial,
convertendo em outros bens, com sub-rogaçã o do ô nus.

25
ARTIGOS QUE GARANTEM PROTEÇÃO À LEGÍTIMA – 544; 549; 550;
1789; 1857; 2002;
2005 e 2018.

9
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

26
É a que provém de ato de ú ltima vontade do de cujus, expressa
em documento legal: TESTAMENTO.
- só pessoa física pode testar;
- pessoa jurídica pode receber legado testamentário.

TESTAMENTO - (art. 1857) - como o contrato, é a consagraçã o do


princípio da autonomia da vontade (contrato em vida, testamento na
morte).

- se caracteriza por uma tipicidade pró pria.

Definições- art. 1857 - conceito restrito ao patrimô nio

- CAIO MÁ RIO: “ato pelo qual uma pessoa dispõ e dos seus
bens para depois de sua morte ou faz outras declaraçõ es de ú ltima
vontade”.

- PONTES DE MIRANDA: “ato pelo qual a vontade de alguém,


declarada para o caso de morte, reconhece, cria, transmite ou extingue
direitos.”
- ARNALDO RIZZARDO: “ato unilateral de vontade de uma
pessoa, dispondo gratuitamente sobre os bens, ou parte dos bens , ou
até sobre os filhos menores, para valer apó s a sua morte”.

- WASHINGTON: “É ato unilateral e gratuito, de natureza


solene, essencialmente revogável, pelo qual alguém dispõ e dos bens para
depois de sua morte, ou determina a pró pria vontade sobre a situaçã o
dos filhos e outros atos de ú ltima vontade.”

Etimologia

- TESTARI = testemunhar ; e,
- MENTUM (mentis) = expressã o da vontade
Finalidades:

- patrimoniais  instituiçã o de herdeiro ou legatário, substituiçã o de


herdeiro, deserdação, pagamentos de obrigaçõ es, clausulaçã o,

27
instituiçã o de beneficiário em seguro de vida, deliberar sobre partilha,
exclusã o de colaterais à herança.

- não patrimoniais  reconhecimento de filho natural (1609, III CC, 26


ECA); nomeaçã o de tutor para filho ou neto (1634, IV e 1729, § Ú nico);
reabilitaçã o/perdã o de indigno (1818); deserdaçã o (1964); instituiçã o
de fundaçã o (62 CC); educaçã o da prole; recomendaçõ es relativas à
funeral; revogaçã o de testamento anterior (1969); dispensa de herdeiro
da colaçã o (2006), substituiçã o de beneficiá rio na estipulaçã o em favor
de terceiro (438, § Ú nico).

Características

1) - ato jurídico;
2) - unilateral;
3) - personalíssimo;
4) - gratuito;
5) - solene;
6) - revogá vel.

- tã o solene que o descumprimento de qualquer formalidade


tem por conseqü ência sua nulidade;
- testamento nulo = natimorto;

OBS: a jurisprudência atualmente têm apontado para uma maior


preocupaçã o com o efetivo desejo do testador, sendo mais
condescendentes com o cumprimento das formalidades do testamento.
- prazo para impugnar sua validade:

testemunhas testamentárias -

- 2 no testamento pú blico (1864, II);


- 2 no testamento cerrado (1868, I e III);
- 3 no testamento particular (1876, §§ 1.º e 2.º);
- 2 no testamento marítimo ou aeronáutico (1888);
- 2 ou 3 no testamento militar (conforme o testador nã o saiba ou não
possa assinar).

28
.................

10

CAPACIDADE PARA TESTAR E PARA RECEBER EM TESTAMENTO


- 185, 1860 e 1861 = ativa

29
- 1798 e 1803 = passiva

a) capacidade ativa - 1857/1860/1

Nã o podem testar: todos os incapazes e os menores de 16 anos e os que


ao testar, nã o tiverem pleno discernimento .

Regra específica para o testamento cerrado: quem não saiba ou não


possa ler (1872).

Regra do art. 1861


- Incapacidade superveniente nã o invalida o testamento eficaz; -
Testamento do incapaz não se valida com a superveniência da
capacidade.

b) capacidade passiva

RG: existir ao tempo da morte do testador;


Exceçã o: nascituro– art. 2º CCB.

Também podem:
I – os filhos ainda nã o concebidos, de pessoas indicadas pelo testador,
desde que vivas estas ao abrir-se a sucessã o
 Reserva de bens – apó s a liquidação da partilha os bens
serã o confiados a um curador nomeado pelo juiz ;
 Nascendo com vida o herdeiro esperado, receberá a herança
com frutos e rendimentos a partir da morte do testador;
 Passados dois anos da abertura da sucessã o e não concebido
o herdeiro esperado, os bens reservados caberão aos
herdeiros legítimos, salvo disposiçã o em contrário.

II – as pessoas jurídicas;
III – as fundaçõ es, cuja organizaçã o for determinada pelo testador.

30
Nã o podem ser herdeiros ou legatá rios

I – o que a rogo escreveu o testamento, nem seu cô njuge/companheiro,


ascendente, descendente e irmã os. Da mesma forma o intérprete que
traduz as disposiçõ es enunciadas pelo testador;
II - as testemunhas do testamento;
III - a concubina do testador casado;
IV – o tabeliã o, civil ou militar, o comandante, o escrivã o perante quem
se fizer, assim como o que fizer ou aprovar testamento

.............................

11

FORMAS DE TESTAMENTO

31
- Ordinários -:
- público
- cerrado
- particular

- Especiais:
- marítimo e aeronáutico
- - militar

*Codicilo – seria um semi-testamento.


Pela natureza das suas disposiçõ es incluído entre os
testamentos.
Có digo não o enquadra como um testamento, disciplina em
separado.

PROIBIÇÕES DO ART. 1630 - é proibido testamento conjuntivo (RG),


seja ele simultâneo, recíproco ou correspectivo.

Conjuntivo -

Justificativa da proibiçã o:

- quer seja simultâ neo


- quer seja recíproco
- quer seja correspectivo

TESTAMENTO PÚBLICO
CC arts. 1864 a 1867; CPC - 736
(registro conforme os arts. 735 e §§ CPC);

32
DEFINIÇÃO - é o instrumento lavrado por oficial pú blico, em livro de
notas que contém a ú ltima vontade de alguém, conforme o ditado ou as
suas declaraçõ es espontâ neas, na presença de 5 testemunhas.

REQUISITOS - CARACTERÍSTICAS (1864)


a) - ser escrito por tabeliã o ou seu substituto, em livro de notas, em
língua nacional, conforme declaraçõ es do testador;
b) - presença de 2 testemunhas, do começo ao fim;
c) - ser lido pelo tabeliã o, depois de lavrado, perante o testador e as
testemunhas, ou pelo testador, perante o oficial e as testemunhas;
d) - assinado pelo testador, oficial e testemunhas em ato contínuo (se
analfabeto, a rogo, valendo para tanto uma das testemunhas;
e) – testador inteiramente surdo, sabendo ler, lerá e se nã o souber,
designará quem o leia em seu lugar, na presença das testemunhas;
f) – cego, lido em voz alta, duas vezes, com mençã o circunstanciada no
instrumento.

VANTAGEM - forma de maior segurança para o testador porque feito


por funcionário que tem fé pú blica, ficando o original arquivado em
cartó rio para qualquer eventualidade.

DESVANTAGEM - nã o deixa em segredo as deliberaçõ es do testador.

PROVA - apresentaçã o do instrumento.

CUMPRIMENTO - apó s a morte com apresentaçã o ao juiz do domicílio


do testador para registro e cumprimento. Vista ao MP.
Juiz nomeia testamenteiro, manda registrar e abre processo de
inventá rio.
Regras: arts. 735 e §§ e 736 do CPC.

TESTAMENTO CERRADO
- 1868 a 1875 CC - 735...CPC -

33
DEFINIÇÃO - É o escrito particular, sigiloso feito e assinado, pelo
pró prio testador ou por alguém a seu rogo, completado por instrumento
de aprovação lavrado pelo oficial pú blico, em presença de 2
testemunhas, comprovando-se assim a entrega à autoridade competente.

ORIGEM – Ordenaçõ es.

VANTAGEM - mantém conteú do em sigilo até a sua abertura.

ELEMENTOS: a) testamento em si;


b) instrumento de aprovaçã o.

REQUISITOS:
- seja entregue ao tabeliã o perante duas testemunhas;
- pode ser escrito mecanicamente;
- nã o se permite a quem nã o saiba e nã o possa ler– 1872 CC;
- surdo-mudo, contanto que o escreva todo e, ao entregá -lo para
aprovaçã o, escreva no envoltó rio que aquele é o seu testamento, cuja
aprovaçã o lhe pede (1873);
- o tabeliã o lavra o auto de aprovação perante o testador e as duas
testemunhas;
- aprovado e cerrado, o tabeliã o entrega ao testador, lançando no seu
livro, nota de aprovaçã o;
- pode ser redigido em língua nacional ou estrangeira.

CUMPRIMENTO:
- aberto pelo juiz do domicílio do testador, manda registrar e arquivar,
depois de ouvir o MP e nomear testamenteiro;
- existência de violaçã o no instrumento faz presumir a sua revogaçã o,
salvo prova contrária;
- sem vício ou irregularidade: segue o processo de inventá rio.

TESTAMENTO PARTICULAR

ORIGEM - Direito Romano.

34
DEFINIÇÃO - É o escrito pelo testador (de pró prio punho ou
mecanicamente) e lido perante 3 testemunhas que também assinam.
* Holó grafo: holos + graphein

REQUISITOS – 1876: I - se de pró prio punho... (lido e assinado por


quem o escreveu perante e conjuntamente pelas três testemunhas);
II – se elaborado por processo mecânico, sem rasuras
ou espaços em branco...

VALIDADE SEM TESTEMUNHAS: (Excepcionalidade) 1879 CC – em


circunstâ ncias especiais declaradas no pró prio testamento, escrito de
pró prio punho e assinado pelo testador, a critério do juiz.

CUMPRIMENTO:

Art. 1877 – public. Em juízo c/ citaçã o dos herdeiros legítimos e do MP;

- homologaçã o pelo juiz que determinará o registro, inscriçã o e


cumprimento (art. 735, § 2º CPC).

VANTAGEM - desnecessidade de oficial;


simples e barato.

DESVANTAGEM - possibilidades de pressã o, substituiçã o ou alteraçõ es;


perigo de extravio;
para registro as testemunhas devem confirmá -lo;

12

DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS EM GERAL


- 1897 a 1911 CC -

35
I - REGRAS DE CARÁTER INTERPRETATIVO

- regra geral - 1899 - interpretaçã o de modo que prevaleça sempre a


vontade do testador (a favor do testamento ).

- Nomeação de herdeiro ou legatário:

* pura e simples;
* sob condiçã o;
* para certo fim ou modo;
* por certa causal.

1. - pura e simples - sem qualquer cláusula ;


- a partir da morte do testador.

2. - condicional - eficá cia sujeita a evento futuro ou incerto;


- sob condiçã o : contanto que...;
- titular de direito eventual.

- condiçã o - é a cláusula que aposta a um ato jurídico subordina a


eficá cia do mesmo a um evento futuro e incerto .
Verificando o evento, confirma a nomeaçã o.

3. - modal ou com encargo - que impuser uma contraprestaçã o.

4. - por certa causa (causal) - indicaçã o do beneficiário acompanhada da


causa que a ditou.
Art. 1903 – erro na designaçã o do beneficiá rio ou da coisa legada,
anula a disposiçã o. Admite-se, não obstante, para cumprimento das
disposiçõ es testamentárias, recurso a outros documentos ou fatos
inequívocos, a fim de corrigir erro quanto à pessoa ou legatá rio ou a
respeito da causa alegada.
Arts. 1904 a 1908 - definem a pretensa vontade do testador:

a) - nomeados vários herdeiros sem discriminar a parte de cada– art.


1904;

36
b) - nomeados certos herdeiros individualmente e outros coletivamente
(art. 1905) - dividido em tantas cotas quantos forem os indivíduos e os
grupos;
c) - o que nã o tiver sido testado será partilhado de acordo com as regras
da sucessã o legítima (1906);
d) - quando determinados os quinhõ es de uns e nã o os dos outros, a
estes, o saldo em partes iguais (1907);
e) - dispondo que certo e determinado objeto não caberá ao herdeiro
instituído, caberá ele aos legítimos (1908).

II - REGRAS PROIBITIVAS

- 1898 CC - veda instituiçã o de herdeiro a termo;


- considera-se não escrita.

- 1900 CC - nulidade de disposições:

I - veda os pactos sucessó rios - troca de favores - -‘pacta corvina’ -


proibiçã o de contratos que tenham por objeto herança de pessoa viva.

II. - beneficiá rio deve ser determinável, sob pena de tornar impossível a
relaçã o jurídica.

- Exceçã o: 1901 - I , admite que seja determinado por um terceiro,


entre duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador.

III. - sucessã o testamentária é eminentemente ‘intuitu personae’;


IV. - direito de testar é personalíssimo, também de aquinhoar.;
V. – favorecendo os que nã o podem ser nomeados herdeiros ou
legatá rios ou simuladamente em favor de 3.º.

ANULABILIDADE DE CLÁ USULA TESTAMENTÁ RIA:

13

FIDEICOMISSO

37
“fidei tua committo ” = confiança na tua fidelidade/encomendo à tua
consciência
Art. 1951.
Extensã o  só é possível até o 2°. grau
FIDUCIÁ RIO = adquire propriedade restrita e resolú vel (morte, prazo ou
condiçã o) – art. 1953;
- é obrigado a proceder o inventá rio dos bens gravados; e, prestar
cauçã o;
- caso renuncie a herança/legado, direito de aceitar passa ao
fideicomissário (1954 CC).

FIDEICOMISSÁ RIO = renunciando a herança/legado, caduca o


fideicomisso, ficando a propriedade para o fiduciá rio (propriedade deixa
de ser resolú vel) – art. 1955 CC;
- aceitando a herança/legado, terá direito à parte que fiduciário
acrescer;
- Art. 1952 CC: somente se permite aos não concebidos ao tempo da
morte do testador; § Ú nico: se na morte do testador já tiver nascido o
fideicomissário, ele adquirirá a propriedade dos bens fideicometidos,
convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário.
- Art. 1958 CC: caduca o fideicomisso se o fideicomissá rio morrer antes
do fiduciário ou de realizar-se a condiçã o resolutó ria.

................

CLAÚSULA DE INALIENABILIDADE

- limitaçã o do domínio - só uso, gozo e reivindicaçã o - não disposiçã o;

38
- finalidade - proteçã o contra a incompetência do herdeiro ou legatá rio;

- pode gravar a legítima e a parte disponível.

- importa em impenhorabilidade e incomunicabilidade;

- nã o pode ser vendido, doado ou dado em pagamento;

- exceçã o – desapropriação ou venda autorizada judicialmente, por


conveniência econô mica do herdeiro ou donatário (com conversã o do
produto da venda em outros bens, sub-rogando-se neles a clausulaçã o);

- bem clausulado pode ser disposto em testamento e transmitido livre


por herança;

- nã o excede em duraçã o a vida do herdeiro;

- frutos (2 correntes): a) – sim, genericamente;


b) – se assim dispô s o testador.

- crítica - “legislador agiu como pai de filha mal casada”.

Hoje jurisprudência questiona validade no exame do caso a caso.

14

DESERDAÇÃO
- 1961 a 1965 CC-

39
- peculiar à sucessã o testamentá ria;

- não se confunde com instituto da indignidade - coincidência de efeitos


e causas, deserdaçã o, ainda um plus;

CLÓ VIS - “instituto questionado, combatido, odioso e inú til porque


imprime à ú ltima vontade do testador, características de castigo”;

PENA CÍVEL

DEFINIÇÃO:

É a privação, por disposiçã o testamentária, da legítima do herdeiro


necessário (ORLANDO GOMES).

É o ato pelo qual o ‘de cujus’ exclui da sucessã o, mediante


testamento, com expressa declaraçã o de causa, herdeiro necessário,
privando-o da sua legítima, por ter praticado qualquer dos atos
enumerados pelo Có digo Civil nos artigos 1814, 1962 e 1963.

REQUISITOS:

a) - testamento com expressa declaraçã o da causa prevista pelo CC


(1814, 1962 e 1963);

b) - existência de herdeiros necessá rios;

c) - comprovaçã o do motivo alegado para deserdação, em açã o pró pria,


movida pelo herdeiro instituído ou aquele que se beneficia com a
deserdaçã o (1965);
- açã o ordinária;
- prazo decadencial.

CASOS:

40
- os de indignidade (1814) e mais:
- a) - de descendente pelo ascendente - art. 1962;
b) - do ascendente pelo descendente - art. 1963.

a) - de descendente pelo ascendente - 1962 -


- ofensas físicas;
- injú ria grave;
- relaçõ es ilícitas com padastro ou madastra;
- desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade).

b) - de ascendente pelo descendente - 1963 -


- mesmo juízo do art. 1962, só com inversã o da situaçã o.

.................

REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS


- arts. 1966 a 1968 CC-

- O excesso, além da metade disponível não anula o ato, obriga a


reduçã o;

Regras para a reduçã o:


- REGRA GERAL (p/ operar a reduçã o): primeiro o herdeiro depois o
legatá rio;
- Demais disposiçõ es: § 2.º 1967 e 1968 CC.

15

REVOGAÇÃO DOS TESTAMENTOS


– 1969 a 1972 CC –

41
DEFINIÇÃO: É o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna
ineficaz – TOTAL ou PARCIALMENTE o testamento anterior,
manifestando vontade contrária ao que nele se acha expressa.

ESPÉCIES:

– expressa – (1969 CC).

– tácita – (§ Ú nico, 1970 CC).

Exemplos :

 o novo testamento estabelece normas contrá rias ao anterior;


 nomeaçã o de outro beneficiário para o bem.

c) – presumida - Artigo 1972  rompe-se... – quando apó s a


elaboraçã o do testamento ocorrer um fato em virtude do qual se
presume uma modificaçã o de declaraçã o de ú ltima vontade do testador..

- justificativa:.

Exemplos:

 na ignorância da existência de outros herdeiros


necessá rios;
 Se apó s a feitura do testamento nascer ou aparecer um
descendente que o testador supunha falecido ou nã o conhecia... e
esse descendente sobreviver ao testador;

 Se promover adoçã o, reconhecimento, ou tiver


reconhecida a paternidade;

42
 Quando se tornou pú blica a existência ou a ocorrência
de descendente, o testador já era incapaz, nã o fosse a revogaçã o
presumida, não haveria como corrigir o problema;

 Mesmo revogado testamento com reconhecimento de


filho, vale pelo reconhecimento, que é irrevogá vel.

.......................

16

INVENTÁRIO E PARTILHA

43
- CC 1991 -
CPC - legitimidade: 615 a 616 CC: partilha: 2013 - 2027
- inventariante 617 a 625 sonegados: 1992 a 1996
- avaliaçã o e imposto: 630 a 638 colaçã o : 2002 a 2012
- colaçõ es: 639 a 641 pagto dívidas: 1997-2001
- partilha: 647 à 658
- arrolamento: 659 a 667 (Lei 7.019 de 31/08/82)
- de estrangeiro - art. 23, II
- prazo – 611
- remessa a os meios ordiná rios: 612

- INVENTÁRIO -

- Definição: é o processo judicial (CC 1991/CPC 982) que se destina a


apurar os bens deixados pelo finado, a fim de sobre o monte proceder-se
a partilha.
- é o processo judicial tendente à relaçã o, descriçã o, avaliaçã o
e liquidaçã o de todos os pertences do ‘de cujus’, ao tempo da sua morte,
para distribuí-los entre seus sucessores.

- Competência: foro do ú ltimo domicílio do autor da herança.

- Prazo: 2 meses para abertura e 6 meses para encerramento;


- Documentos necessários:
- certidã o de ó bito - essencial - art. 615, § ú nico;
- procuraçã o;
- documento que prove a qualidade do herdeiro;
- rol de bens.

- Quem pode requerer:


- 615 CPC, 1797 CC(quem estiver na posse dos bens da herança);
- 616 CPC - cô njuge supérstite;
- herdeiros ou legatá rios ou seus cessionários;
- testamenteiro;
- credor do herdeiro;
- síndico ou liquidante da falência do herdeiro ou do
cô njuge do falecido;
- MP se houver interesse de menores;
- Fazenda Pú blica.

44
- Inventariante: administrador e representante da herança - 617 CPC.

- ordem de preferência -
I. - cô njuge;
II. - herdeiro;
III. - qualquer herdeiro, se nenhum na posse e na administraçã o do
imó vel;
IV. - testamenteiro, se lhe foi confiada a administraçã o do espó lio;
V. - inventariante judicial, se houver;
VI. - terceiro (quando nã o houver inventariante judicial).

- Incumbências: arts. 618 a 619 CPC

- Primeiras declarações: 620 CPC (prazo: 20 dias do compromisso).


- Últimas declarações: 621 e 636 CPC
- mesmo termo negativo deve ser feito
- serve para marcar responsabilidade do inventariante
- oportunidade de corrigir ou emendar as primeiras declaraçõ es

- Remoção: 622 CPC;


incidente de remoçã o – 623 e § ú nico CPC.

- Avaliação do espólio: por perito judicial.

- Ocorrência de morte do cônjuge ou de herdeiro antes da partilha -


672 CPC – ver incisos;

- INVENTÁRIO NEGATIVO -

a) prova para casamento do cô njuge sobrevivente sem


submeter-se ao regime da separaçã o legal de bens;

45
b) prova quando credores do falecido pretendem cobrar
herdeiro ou a suposta herança.

ARROLAMENTO
1773 CC, arts. 659 à 667 do CPC

46
- ESPÉCIES -
a) - sumário - CPC 660 à 663 
b) - heranças de pequeno valor (comum - de alçada) - 664 CPC

a) - Sumário -
- qualquer que seja o valor dos bens;
- interessados maiores e capazes;
- acordo;
- todos constam do pedido;
- suprime todos os termos;
- inventariante nomeado independentemente de compromisso;
- lançamento da tributaçã o nã o é obrigató rio;

b) - Heranças de pequeno valor (Arrolamento


Comum/Alçada)
- espó lio igual ou inferior a 1 mil Salá rios Mínimos (664 CPC);
- podem haver incapazes;
- avaliaçã o só se houver impugnaçã o por qualquer interessado;
- aplica-se o art. 662 CPC quanto ao lançamento da tributaçã o.

.................

17
PARTILHA

- 2013 a 2027 CC

47
- 647 a 658 CPC

- FORMAS -

a) amigável  (é homologada) 2015 CC, 659 CPC

1. - condiçõ es - herdeiros maiores e capazes;


- acordo;
2. - forma - escritura pú blica;
- termo nos autos;
- escrito particular homologado pelo Juiz (1773 CC, 657 CPC).

b) judicial 

- quando houver incapaz ou inexistir acordo dos herdeiros;


- partidor faz esboço de partilha atendendo ao princípio da maior
igualdade possível entre os herdeiros.

c) determinada por testamento – 2014 CC.

d) - em vida pelo de cujus - (2018 CC) - estabelecendo o modo de


divisã o, respeitados os valores das legítimas;

1. - inter-vivos - (doaçã o) - sujeita as regras de doaçã o;


- também chamada partilha-doaçã o;
- só revogável por ingratidão;
- sujeita à s regras dos arts. 548 e 549 do CC.

2. - testamentá ria - sujeita à s regras do testamento;


- também chamada partilha-testamento;
- disposiçõ es testamentárias serã o meramente
distributivas.

Passos:
a) - herdeiros formulam pedido de quinhão;
b) - juiz delibera (647 CPC) procurando perfeita igualdade;
c) - partidor faz esboço.

48
REGRAS PARA A MELHOR PARTILHA - 2017, 2019 CC

a) - observância da maior igualdade possível quanto ao valor, natureza e


qualidade;
b) - procurar prevenir litígios futuros;
c) - na distribuiçã o dos quinhõ es atender comodidade dos herdeiros;
d) - quando imó vel nã o couber no quinhão de um herdeiro:
1. - deixa em comum;
2. - venda em comum;
3. - herdeiro pode requerer adjudicaçã o pagando os demais em
dinheiro,
se mais de um pretender sorteio entre herdeiros quando não
houver acordo.

FORMAL DE PARTILHA -

- é o título de aquisiçã o - materializaçã o do inventário a favor do


herdeiro;
- peças essenciais - 655 CPC: compromisso de inventariante, título de
herdeiro; avaliaçã o, pagamento do quinhão e dos impostos, sentença de
homologaçã o;
- § ú nico do art. 655 CPC admite certidã o para pagamentos de até 5 SM;

SOBREPARTILHA –

Para bens:
a) - remotos do lugar do inventário, litigiosos ou de liquidaçã o morosa
ou difícil;
b) - sonegados;
c) - descobertos depois da partilha.

FRUTOS DOS BENS HEREDITÁRIOS

- Os herdeiros que tiverem a posse, o cô njuge, o inventariante sã o


obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberem desde a abertura

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da sucessã o, com direito ao reembolso das despesas necessá rias e ú teis
que fizeram, e, responsabilidade pelo dano que por dolo ou culpa
tiverem causado.

NULIDADE DA PARTILHA -
Nulidade absoluta de partilha: incapacidade, não atender a forma
prescrita em lei, preteriçã o de formalidades essenciais, incompetência
do juiz.

Nulidade relativa de partilha: partilha de bens nã o pertencentes a


herança, desigualdade de quinhõ es, omissã o de herdeiros.

CPC 657 - açã o anulató ria comum - repete o art. 2027 do CC, para
“partilha amigá vel”.
- casos: erro essencial, dolo, coaçã o - Prazo : 1 ano (§ Ú nico );

CPC 658 - casos de rescisã o da “partilha judicial”:


- os do art. 657: preteriçã o de formalidades legais ou de herdeiro, ou,
inclusã o de quem nã o o seja.

CC 2027 - depois de feita e julgada só nos casos de vícios e defeitos dos


atos jurídicos.

Ação de nulidade de partilha

Prazos:
a) - 1 ano;
b) - 2 anos para rescisó ria;
c) - 10 anos por petiçã o de herança quando houver transferência
indevida em relaçã o aos bens ou pessoas.

..........................

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SONEGADOS
- arts. 1992 a 1997 -

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Definição - sã o os bens pertencentes ao espó lio ou os adiantamentos de
legítima que o herdeiro, o inventariante ou o cô njuge meeiro deixam de
apresentar no inventá rio;
- sã o os bens que deviam entrar na partilha e que, ciente e
conscientemente, dela foram desviados.

Pena - perda do direito que o sonegador tinha sobre os bens sonegados;


Se testamenteiro ou inventariante: remoçã o.

Quem pode ser punido?

- inventariante - este só depois de encerrada a descriçã o de bens com a


declaraçã o que faz nas ú ltimas declaraçõ es de não existirem mais bens a
inventariar.

- herdeiro – depois de declarar no inventário que nã o os possui (CC,


1784 e CPC, 612)

***Cô njuge nã o inventariante? - 2 correntes:


a) - NÃ O, o art. 1992 fala só herdeiro;
b) - pela ló gica: SIM.

Elementos - omissã o na declaraçã o do bem/propó sito malicioso.

Quando ? (1996 CC).

Como? AÇÃ O DE SONEGADOS


- açã o ordinária dos herdeiros ou credores da herança (legitimidade se
estende ao inventariante, testamenteiro, cessioná rios);
- sentença aproveita a todos;
- prescriçã o em 10 anos/contagem das ú ltimas declaraçõ es;
- prova do dolo ou culpa;
- caracteriza crime de APROPRIAÇÃ O INDÉ BITA (168 CP) ESTELIONATO
(171-I do CPP);

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- os bens que se houverem na açã o serã o sobrepartilhados (art. 669, I
CPC).

Exemplos:
jó ias, dinheiro, títulos ao portador, obras de arte...;
falsificaçã o de lançamentos contá beis para diminuir crédito do
‘de cujus’ em empresa;
simulaçã o de dívidas a favor do sonegador.

Solução prática: Incidente nos pró prios autos do inventário pedindo


para intimar o inventariante para que apresente o bem.

.......................

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COLAÇÃO

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– arts. 2002 a 2012 e 639 a 641 CPC -

Origem - ‘collatium bonorum’ do direito romano, para evitar


desigualdades decorrentes dos dotes ou adiantamentos recebidos pelos
filhos por ocasiã o da emancipaçã o.

Definição - é uma conferência dos bens da herança com outros


transferidos pelo ‘de cujus’, em vida, aos seus descendentes,
promovendo o retorno ao monte, das liberalidades feitas pelo autor da
herança, objetivando igualdade das cotas hereditárias dos sucessores
legitimados.

- art 544 CC;

- é o retorno ao monte partível das liberalidades feitas pelo ‘de


cujus’, antes de sua morte, a seus descendentes.

- é o procedimento de o descendente trazer à partilha o bem


anteriormente recebido, em vida do ‘de cujus’, por dote ou doaçã o.

Objetivo -
- conferir as doaçõ es ou dotes recebidos;
- igualar as legítimas dos herdeiros;
- para atender o princípio de igualdade dos quinhõ es no Direito
Sucessó rio.

Características -

- não afeta a parte legítima, serve de base para cá lculo da legítima, de


modo a iguala-las;
- os pró prios bens doados integram o acervo hereditá rio
- o que foi recebido em vida integra a legítima;
- sã o sujeitos à reduçã o os excessos, além do que o doador poderia
dispor em testamento no momento da doaçã o ;
- nã o havendo no acervo bens suficientes para igualar as legítimas, os
adiantados serã o conferidos em espécie, ou nã o os tendo mais o
donatá rio, pelo seu valor ao tempo da liberalidade ;

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- para calcular a legítima, valor dos bens conferidos é computado na
parte indisponível, sem aumentar a disponível.

Valor da colação – o certo ou estimativo atribuído pelo ato de


liberalidade.
§ 1.° Não constando valor certo, nem havendo estimaçã o da época =
pelo que na partilha se
§ 2.º Benfeitorias, rendas e lucros acrescidas não colacionam.

Forma - conferência por termo nos autos - 639 CPC;

Quando - 10 dias das primeiras declaraçõ es do inventariante -639 CPC;


- se nã o fizer poderá ser argü ida sonegaçã o;

Herdeiro renunciante - ou excluído - não se exime de conferir, se for


o caso, das liberalidades que houve, em vida, do doador para
repor a parte inoficiosa (art. 640 CPC).

Bens excluídos:

- as benfeitorias, rendas e lucros ( § 2°do art. 2004 e § ú nico do art. 639


CPC)
- gastos do ascendente com o descendente, enquanto menor, para sua
educaçã o, estudos, sustento, vestuá rio, tratamento de enfermidade,
enxoval, despesas de casamento e processo crime de que tenha sido
absolvido;
- Art. 2010 CC = ‘gastos ordinários ‘.
- as doaçõ es remunerató rias de serviços prestados ao ascendente não
caracterizam liberalidade = pagamento em contraprestaçã o.

Dispensa: Art. 2005 CC

- quando doador determinar que saiam da sua metade disponível,


computado o seu valor, ao tempo da doaçã o.
- deve ser expressa no testamento ou no pró prio ato doaçã o.

§ Ú nico: a doaçã o feita a descendente que, ao tempo do ato, não seria


chamado à sucessã o na qualidade de herdeiro necessá rio.

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REDUÇÃO DOS EXCESSOS = PARTE INOFICIOSA DA DOAÇÃO

Art. 2007 – doaçõ es acima do que o doador poderia dispor em


testamento no ato da doaçã o:

§ 1.º = apuraçã o do excesso = pelo valor dos bens no ato da doaçã o;

§ 2.º procedimento de reduçã o = restituiçã o ao monte do excesso, em


espécie, ou, não tendo o donatá rio mais o bem, em dinheiro pelo seu
valor ao tempo da abertura da sucessã o;

§ 3.º = sujeita à redução, só a parte que exceder a legítima e mais a quota


disponível
§ 4.º = vá rias doaçõ es, em diferentes datas, serã o reduzidas a partir da
ú ltima, até eliminar o excesso.

.................

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PAGAMENTO DE DÍVIDAS
1997 a 2001 CC
642 a 646 e 597 CPC

- Princípio geral definido pelos arts. 1997 CC e 796 CPC:

Herança responde pelas dívidas do falecido até a partilha,


depois, os herdeiros até o limite de seus quinhões.

- credores devem requerer a habilitaçã o antes da partilha;


- juiz determina a habilitaçã o em apenso;
- concordando as partes, juiz declara habilitado, separa bens para seu
pagamento, manda aliená -los em praça ou leilã o ;
- credor pode adjudicar bens;
- não havendo acordo de todas as partes, o pedido de pagamento é
remetido para as vias ordiná rias;
- dívida nã o vencida : tudo igual, para pagamento futuro;

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