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Gabriela Soldano Garcez

Advogada. Jornalista diplomada. Pós-doutora pela Universidade Santiago de Compostela/Espanha.


Mestre em Direito Ambiental e Doutora em Direito Ambiental Internacional, ambas com bolsa CAPES,
pela Universidade Católica de Santos. Membro efetivo da Comissão de Meio Ambiente; Vice-Presidente
das Comissões de Arbitragem e de Empresarial, todas da OAB/SP – Subseção de Santos.
Professora universitária, e de cursos para concursos e OAB. E-mail: gabrielasoldano@unisantos.br
DA SUCESSÃO EM GERAL
-> O QUE É SUCESSÃO? -> “substituição”: alguém está substituindo a outrem.
Formas:
a) ato inter vivos -> no direito civil, esse fenômeno é estudado no ramo das
obrigações. Ex.: cessão de debito ou de credito; cessão de posição
contratual.
b) ato causa mortis -> direito sucessório. Conceito: conjunto de normas que
regula a transmissão do patrimônio de alguém para após a sua morte.

-> CONTEÚDO LEGISLATIVO DO DIREITO SUCESSÓRIO NO BRASIL


a) sucessão em geral
b) sucessão legitima -> pautada na ordem de vocação hereditária
c) sucessão testamentária -> pautada no fato gerador da vontade do de cujus
d) inventário e partilha -> afeto mais ao processo do que a parte material
(procedimento bifásico: primeiro deve inventaria (trazendo a ordem dos
bens) para depois partilhar).
DA SUCESSÃO EM GERAL
→ Esse direito sucessório possui dois fundamentos importantes:

a) fundamento legal: artigo 5º, inciso XXX, da CF/88 + artigo 227, §6º, da
CF/88
Artigo 5º, inciso XXX - é garantido o direito de herança;
Artigo 227, §6º: Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação. -> paridade de direitos,
inclusive sucessórios, entre todos os filhos.

→ clausula pétrea: submissão à vedação ao retrocesso + eficácia horizontal.

B) fundamento ideológico: transmissão proprietária dentro da mesma família.


(no BR temos a legitima: ideia de que 50% do patrimônio do falecido tem de ir
aos herdeiros legítimos necessários: ascendentes/descendentes/cônjuge +
companheiro, na visão da jurisprudência).
Trata-se da manutenção propriedade na mesma família (nascimento da
propriedade privada como conhecemos, passada dentro da mesma família)
DA SUCESSÃO EM GERAL
- O direito sucessório é construído em cima do direito de propriedade -> trata
da propriedade do morto. Em que alcance? -> o sujeito falece. O que se deve
fazer com a propriedade dessa pessoa que morreu? -> justificativa da
perpetuidade da propriedade.

- Com a morte, o direito real “sai de cena”, entra o direito sucessório para
tratar a propriedade.
Primeiro, diz que essa propriedade é um espólio – ou seja, um condomínio
indivisível, insuscetível de rateio até a partilha (proteção contra terceiros).
Aí, instaura um condomínio entre os herdeiros que perdura até que toda a
propriedade seja tratada, observando a regularidade fiscal (com o recolhimento
dos tributos), regularidade registral (no tabelionato – se está regularmente
registrada ou não) e depois o quinhão de cada herdeiro.

Feito esse tratamento jurídico (retirando os vícios dessa propriedade ou


certificando que não existe vício algum), o direito hereditário transforma esse
condomínio pro indiviso em condomínio pro diviso (Pontes de Miranda).
Daí, pode realizar a partilha desse patrimônio, e entrega aos herdeiros (que
agora serão chamados simplesmente de proprietários, e volta o direito real,
porque o saneamento sucessório já foi feito).
DA SUCESSÃO EM GERAL
“Complexo dos princípios segundo os quais se realiza a transmissão do
patrimônio de alguém que deixou de existir” -> conceito de Clóvis Beviláqua
-> conceito patrimonialista do DS.
OU
“Conjunto das normas reguladoras da transmissão dos bens e obrigações de
um indivíduo em consequência de sua morte” -> conceito também de Clóvis
Beviláqua. conceito patrimonialista do DS
DA SUCESSÃO EM GERAL
- 1º fundamento principiológico do direito hereditário/sucessório:
Princípio: Droit de saisine → artigo 1784, do CC/02 -> aberta a sucessão,
transmite-se, desde logo (= de imediato), a herança para os herdeiros
legítimos ou testamentários.
(expressão gaulesa: “le mort saisit le vif, son hoir pel plus proche, habile à lui
suceder” → “o morto prende o vivo, seu herdeiro mais próximo, hábil a
suceder” -> para quem a herança é imediatamente transmitida desde a data
do óbito (independentemente de qualquer ato do herdeiro). Isso influenciou
o código civil francês de 1804. Desde então, esse princípio norteia a maioria
dos CCs orientais).
DA SUCESSÃO EM GERAL
- “aberta a sucessão”? → MORTE/óbito. PRESSUPOSTO DO DIREITO
SUCESSÓRIO. (não há herança de pessoa viva – pacta corvina. Consequência:
nulidade absoluta) ****¹°²
Com o óbito/morte, a herança é imediatamente transmitida aos herdeiros. →
ficção jurídica, cujo efeito é acarretar a imediata transmissão da herança,
desde o evento morte/data do óbito.

-> (primeiro) PRESSUPOSTO DO DIREITO HEREDITÁRIO: MORTE.


Não há herança de pessoa viva. Herança somente existe depois que a pessoa
falecer.
Ex.: duas filhas de um senhor viúvo procuram advogado porque depois de
velho encontrou uma nova mulher para curtir a vida. Isso está
comprometendo a herança. Que herança? Seu pai morreu? → viventis nulla
hereditatis: não há herança de pessoa viva.
DA SUCESSÃO EM GERAL
→ PRINCÍPIO DA PACTA CORVINA: veda a realização de contrato que envolva
herança de pessoa viva (nulo – objeto impossível e/ou ilícito: artigo 166, do
CC/02)

Se é pressuposto do direito hereditário a morte, não pode fazer contrato de


herança de pessoa viva, porque o pressuposto inexiste.
Se a lei proíbe a realização desse tipo de contrato, o que acontece se faz esse
contrato? Consequência jurídica – nulidade absoluta. Será nulo de pleno direito.
Fundamento jurídico: artigo 166, inciso VII, do CC/02 -> é nulo o negocio
jurídico toda vez que a lei proibir a pratica sem combinar pena (sem dizer
consequência jurídica).

Pacta corvina -> a doutrina faz uma referencia aos corvos sobrevoando os
contratantes na espreita de sua morte. “Os contratantes são corvos uns dos
outros”. Ex.: desejo de morte para receber a herança – o CC/02 deseja que esse
pensamento não entre na sua cabeça, vedando a pratica desse contrato.
DA SUCESSÃO EM GERAL
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção.
DA SUCESSÃO EM GERAL
- Outras consequências da morte:
a) Abrir a sucessão (transmissão imediata e automática do patrimônio do
falecido aos sucessores).
b) Extinguir o poder familiar (1.635, I, do CC/02)
c) Por fim aos contratos personalíssimos (intuito personae (607, do CC/02).
d) Cessa obrigação e alimentos para ambas as partes (transmite-se aos
herdeiros as parcelas vencidas e não pagas – no limite da herança).
e) Extinguir o usufruto, uso e habitação (vitalícios e não perpétuos)
f) Findar o casamento e/ou união estável (inclusive no que tange ao regime de
bens).
DA SUCESSÃO EM GERAL
Duas EXCEÇÕES a essa realidade:
a) testamento – entretanto, somente tem eficácia causa mortis. Por isso, não se
trata de uma exceção propriamente dita -> artigo 1857 e ss do CC/02

b) partilha em vida → exceção propriamente dita.


Artigo 2018, do CC/02: É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre
vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos
herdeiros necessários.
Requisitos: é possível a partilha entre ascendente para descendente + por
escritura pública + respeito a legitima (ou seja, não prejudique os 50% que
são devidos aos herdeiros necessários).
DA SUCESSÃO EM GERAL
DROIT DE SAISINE + ninguém é obrigado a aceitar uma herança -> aceitação
ou renúncia da herança.

Artigo 1784: não pode ser interpretado isoladamente. Conjunto com os


institutos da ACEITAÇÃO (em determinado momento processual, a pessoa
pode declarar que aceita a herança, por escritura pública) e da RENÚNCIA
(“demissão a qualidade de herdeiro”).
Conclusão: qual é a consequência da ficção jurídica da transmissão da herança
desde o evento morte/óbito/abertura da sucessão? -> essa transmissão,
prevista no artigo 1784, está condicionada ao aceite ou renúncia.

Se o sujeito aceitar → significa que é proprietário do bem desde a data do


óbito. X Se renunciar → significa que NUNCA foi proprietário do bem.
Ou seja, a aceitação ou a renúncia retroagem até a data do óbito.
DA SUCESSÃO EM GERAL
Ex.: obito em 08 de março de 2019. Portanto, de acordo com o artigo 1784,
houve a transmissão da herança (chamada de saisine). A posteriori, existe uma
aceitação (ou seja, o herdeiro para quem a herança foi transmitida a aceitou).
Essa aceitação tem efeitos ex-tunc (retroage até a data do obito).
É como se esse herdeiro, fosse o proprietário dos bens desde a data do obito.
Ou seja, toda a responsabilidade civil (incluindo a responsabilidade tributária:
de impostos e condomínios) do herdeiro existe desde a data do obito.
Entretanto, se houver a renuncia, o sujeito nunca foi proprietário dos bens. Ou
seja, o quinhão/a cota objeto da renúncia retorna ao montemor para ser
partilhada entre os demais herdeiros possíveis.
DA SUCESSÃO EM GERAL
→ ACEITAÇÃO e RENÚNCIA da herança – direito subjetivo.
Artigo 1804 a 1805 + 1806 a 1813

-> ACEITAÇÃO DA HERANÇA -> a herança precisa ser aceita. Não é obrigado a
ficar com tudo o que lhe dão. Ex.: deixo 15 dálmatas para morar contigo no
seu quarto e sala.
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro,
desde a abertura da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro
renuncia à herança.

Se aceitar a herança, responde pelas dívidas do morto NOS LIMITES DA


HERANÇA (artigo 1792 – ou seja, quem responde pela dívida do morto é o
patrimônio do morto). Ex.: recebeu 40 mil, somente responde pelas dívidas
até 40 mil.
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver
inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
DA SUCESSÃO EM GERAL
- Aceitação e renuncia são atos jurídicos irretratáveis (não admitem
revogação). São irrevogáveis
+ irretratáveis -> Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de
renúncia da herança.
+ indivisíveis (não pode aceitar apenas metade. Ou aceita tudo, ou, renuncia
tudo; não há possibilidade de divisão).
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição
ou a termo.
§ 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a
herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. -> herdeiro e legatário: pode aceitar
um e renunciar outro → são naturezas jurídicas diferentes.
§ 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar
quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. -> pode renunciar a
legitima, mas aceitar a testamentária (vice-versa).
DA SUCESSÃO EM GERAL
- Formas de aceitação:
a) expressa: tem que ser por escrito. Ex.: manifestação nos autos, numa declaração,
de que quer a herança. Manifestando o desejo de titularizar a cota hereditária

b) tácita: se dará quando o herdeiro pratica ato incompatível com a recusa da


herança. (não diz que aceita, mas pega o objeto hereditário põe debaixo do
braço e leva para casa).
Ex.: recebi uma fazenda de herança do meu pai. Não peticiono afirmando que
aceito a herança. Mas, vou morar no local com toda a minha família -> prática de
atos compatíveis com o desejo de receber a herança. Trata-se, portanto, de
aceitação tácita -> quando o herdeiros prática atos como se proprietário fosse
(atos de herdeiros propriamente ditos). De acordo com o artigo 113 – os NJs
devem ser interpretados de acordo com boa fé e costumes do lugar (ou seja,
pode interpretar uma aceitação tácita).
DA SUCESSÃO EM GERAL
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração
escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da
qualidade de herdeiro.
§ 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do
finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda
provisória. -> atos oficiosos NÃO são aceitação tácita. Ex.: funeral;
informação aos inquilinos; administração dos bens.
- os atos de mera administração ou de manutenção do patrimônio (ou de
pagamento de despesas do funeral) NÃO configuram aceitação tácita. São atos
levados pelo dever jurídico de conservação da coisa ou de pagamento do
funeral (dignidade da pessoa humana).

§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da


herança, aos demais co-herdeiros.
DA SUCESSÃO EM GERAL
c) ficta ou presumida: se depois de 20 dias da abertura da sucessão (morte),
algum herdeiro não disse se aceita ou não, o juiz deve fixar prazo razoável
(não maior do que 30 dias) para que o herdeiro diga se aceita ou não. O
silencio gera PRESUNÇÃO DE ACEITAÇÃO.

Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a


herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo
razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob
pena de se haver a herança por aceita.
DA SUCESSÃO EM GERAL
- artigo 1809: a aceitação da herança é um direito transmissível -> trasmite-
se com o POS MORTE, se que o sujeito que morreu não tinha aceito ou
renunciado.

Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder


de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita
a uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da
aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão
aceitar ou renunciar a primeira.

Ex.: Carlos morreu em 10.01.2019, deixando os filhos Marcos (com a neta


Manuela) e Hugo (sem filhos). Marcos, ao saber da morte do pai, teve um
infarto em 15.01.2019, e morreu, sem dizer se aceitava ou não a herança. É
pos morto. Portanto, o direito a aceitação da herança de carlos está no
patrimônio de marcos Quando Manuela aceitar a herança de marcos, passa
a ter o direito de aceitar a herança de carlos. O que não pode é renunciar
marcos, e querer a de carlos.
DA SUCESSÃO EM GERAL
-> RENUNCIA À HERANÇA: deve ser expressa, por instrumento público ou
termo judicial, sob pena de nulidade absoluta.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial. → NÃO EXISTE RENUNCIA TÁCITA OU
FICTA/PRESUMIDA.

- Artigo 1813: A renuncia não pode ser feita em fraude contra credores. Ex.: é
devedor de alguém, que não consegue executar porque não tem patrimônio.
Entretanto, vai receber herança. Sabendo disso, renuncia para não ser
executado. Não pode -> o credor pode se habilitar na herança nos limites
do créditos.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do
renunciante.
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao
conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao
remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
DA SUCESSÃO EM GERAL
- Na renuncia NÃO cabe representação -> artigo 1811.
Ex.: Hugo morreu deixando as filhas Mariana e Marina (com a neta Vitória).
Marina renuncia a herança. Com isso, Vitória não recebe NADA do avô. 100%
da herança irá para Mariana.
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se,
porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da
mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por
direito próprio, e por cabeça.

- Precisa de outorga conjugal/ vênia conjugal (fundamento: 1.647, inciso I, do


CC/02).
DA SUCESSÃO EM GERAL
Consequência jurídica do montante renunciado? -> O quinhão volta ao
Montemor para ser partilhado pelos demais herdeiros. -> NÃO VAI PARA O
HERDEIRO DAQUELE QUE RENUNCIOU.

Ex.: joão morreu, deixou três filhos: a, B e C. C tem um filho C1, e renuncia a
herança do pai. O C1 não fica com NADA! Não há direito de representação
do neto. Ou seja, o filho do renunciante não recebe a cota renunciada. A
cota renunciada vai ser dividida por dois apenas (voltando ao montemor).
X
Ex.: joão morreu. Seu filho josé tem que dizer se aceita ou renuncia (esse
período é chamado de “delação” ou devolução sucessória ou delação
hereditária -> período de tempo entre a morte e a manifestação de vontade
do aceite ou da renuncia).
Entretanto, José tem um filho chamado Mario. Por acaso, josé morre antes de
dizer se aceita ou não. Diante de situação, o direito de manifestar o aceite
ou a renuncia transmite-se a Mario. Artigo 1809.
DA SUCESSÃO EM GERAL
- A renuncia é sempre abdicativa -> o patrimônio volta para o montemor e
segue a ordem da vocação hereditária.
Tecnicamente, não existe “RENUNCIA TRASLATIVA” (ex.: eu, Gabriela, renuncio
em favor de maria – não é renuncia!!!! Bens voltam ao Montemor - devolve
os bens para a ordem da sucessão.
REALIDADE: está aceitando e transmitindo em seguida. É ato complexo (de
aceitação e cessão).

- RENÚNCIA ABDICATIVA X RENÚNCIA TRASLATIVA -> Construção doutrinária


e jurisprudencial. Não há isso na legislação.
De acordo com Clovis Bevilacqua ou Washington de Barros:

Renuncia abdicativa -> renuncia propriamente dita ou demissão da qualidade


de herdeiro. É quando o sujeito apenas diz que não quer a herança, pouco
importando para quem vai a herança. Por isso, não há tributação para o
renunciante.
X
DA SUCESSÃO EM GERAL
Renuncia traslativa -> ocorre quando o sujeito renuncia em favor de alguém.
Chamado de renuncia. Realidade: “cessão de direito hereditário”. Se é
cessão, deve acontecer tributação (porque modificou o caminho do
patrimônio).

Ex.: joão, viúvo, morreu, deixando 3 filhos. O filho 1 diz que renuncia em favor
da prima X. o patrimônio objeto da renuncia não retorna ao montemor, mas
sim é desviado (indo para a prima X). a jurisprudência diz que esse filho 1
deve pagar um tributo decorrente de um fato gerador (ITCMD – imposto de
transmissão causa mortis, porque na vdd recebe a herança – ato causa
mortis) + um segundo tributo por um segundo fato gerador ( a transmissão
do bem para terceira pessoa – evento inter vivos: cessão -> depois de ter
recebido, foi transferida).
DA SUCESSÃO EM GERAL
→ CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS ou CESSÃO DE HERANÇA -1793, do
CC/02
Pode ceder a herança? – PODE!, desde que o faça após a abertura da sucessão
e antes da partilha.
(antes da morte não pode ceder, porque é nula a contratação de herança de
pessoa viva – pacta corvina – NJ NULO. NÃO HÁ CESSÃO DE DIREITO
HEREDITÁRIO entre pessoas vivas, o que vedado pela doutrina e
jurisprudência + depois da partilha não pode ceder, porque não há mais
herança. O direito já é próprio. Pode vender ou doar).

Nulidade. Partilha. Bem. Terceiros. Foi realizada a partilha no processo de


separação amigável entre o recorrente e a recorrida. Ficou ajustado que a
varoa ficaria com a totalidade do único imóvel do casal e ao varão caberia
“direito sucessório ou “doação“ de parte de um terreno de propriedade de
seus sogros (ainda vivos a época da partilha) que sequer participaram do
acordo. Diante disso, a Turma entendeu tornar nula a partilha, pois é certo
que não se pode contratar herança de pessoa viva ou nesses termos, obrigar
quem não é parte no acordo à doação
(REsp 300.143-SP. Relator ministro: Aldir Passarinho Junior, julgado em 2006).
DA SUCESSÃO EM GERAL
Requisitos para a cessão de direitos hereditários:
a) Lapso temporal: entre a abertura da sucessão e a partilha do patrimônio.
b) Requisitos formal: forma solene -> A cessão de herança tem que ser feita
por escritura pública (sob pena de nulidade absoluta por vício de forma).
c) Requisito subjetivo: cedente precisa ter capacidade jurídica geral (prática
dos atos da vida civil) + capacidade específica (alienar bens jurídicos
IMOVEIS).
+ precisa de outorga conjugal (independentemente de ser o autor da herança o
único dono do bem).
d) Requisito objetivo: não pode dizer respeito a bem certo e determinado (sob
pena de ser ineficaz) -> Deve ceder a porcentagem integral. (indivisibilidade
e universalidade da herança).
DA SUCESSÃO EM GERAL
+ Antes de ceder a terceiro estranho, tem que dar preferência aos demais
coherdeiros tanto por tanto
(mesma condição de preço e prazo -> informação/notificação sobre a vontade
de cessão dos direitos hereditários + condições de pagamento -> permissão
para um juízo de valor).
Se não der preferencia, o coherdeiro preterido tem o prazo decadencial de 180
dias para depositar o preço e haver o quinhão hereditário para si.
Se mais de um coherdeiro quiser a preferência, dá-se a preferencia no limite
do quinhão de cada um.
DA SUCESSÃO EM GERAL
Ex.: 300mil de joão com 3 herdeiros. Com a morte de joão, há um espólio de
300mil em condomínio aos 3 herdeiros. No momento adequado da partilha,
cada um deve receber 1/3 da herança (100mil reais).
Imagine que um dos herdeiros, josé, está precisando de dinheiro. Ele pode
fazer uma cessão de direito hereditário a quem ele quiser, envolvendo a sua
própria cota da herança (inclusive por preço menor do que realmente ela
vale. Ex.: vende 100mil por 70mil). Obviamente que josé deve dar
preferencia aos demais herdeiros (é possível que algum deles deseje
comprar e pague o valor pedido – preferencia aos condôminos). Mas se o
direito de preferencia não for exercido, é possível que essa cessão seja dada
a um terceiro, não herdeiro.
José terá de fazer cessão da cota, porque o condomínio é indivisível (não há
ainda coisa individualizada). O terceiro terá de se habilitar no inventário,
sendo um cessionário (um novo credor), enquanto que o José será o cedente,
e o valor cedido será a cota do josé (100mil).
Essa cessão será feita por escritura pública (forma específica na lei), vai juntar
essa cessão nos autos do inventário, habilitando-se e aguardando a partilha
(quando receberá a individualização).
DA SUCESSÃO EM GERAL
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e
posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao
condomínio.
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o
co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de
direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita
anteriormente.
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre
qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por
qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a
indivisibilidade.
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa
estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá,
depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até
cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se
distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
DA SUCESSÃO EM GERAL
- Efeitos da cessão dos direitos hereditários:
Transferência para o cessionário dos direitos patrimoniais do cedente,
abrangendo a posse a propriedade dos bens + ações defensivas
correspondentes.

O cessionário passa a ocupar o lugar do herdeiro cedente.


DA SUCESSÃO EM GERAL
-> SISTEMAS SUCESSÓRIOS POSSÍVEIS
1) liberdade de disposição: trata-se de um sistema no qual o sujeito tem livre
disposição de todo o patrimônio que possui. Pode destinar o patrimônio a
quem bem entender. Ex.: pode fazer um testamento de todos os seus bens a
quem quiser.
Trata-se do sistema norte americano (EUA – é possível que o cidadão faça um
testamento deixando todo seu patrimônio a alguém. Ex.: bil gates que doou
cerca de 90% dos seus bens/ Ashton Kutcher já disse que deixará tudo pra
caridade)

2) vinculativo: 100% legitimário -> 100% do patrimônio deve ser endereçado


segundo a lei. Está afeto a sistema com influencias religiosas (ex.: filho
homem mais velho – “varão”).

3) divisão necessária: BRASIL. É uma solução intermediária → de todo


patrimônio que o cidadão possui, 50% é legitima e os outros 50% é
disponível (com algumas restrições legais – ex.: não pode deixar para
testemunhas ou concubino). ----> mitigação da autonomia privada do
patrimônio.
DA SUCESSÃO EM GERAL
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da
metade da herança. → princípio da INTANGIBILIDADE DA LEGITIMA:
destacamento de uma parte da propriedade hereditária em benefícios de
determinados herdeiros (necessários) – legitima. Ou seja: havendo herdeiros
necessários, eventual testamento somente poderá dispor sobre metade dos
bens.
Garantia de ordem patrimonial estabelecida em favor de um núcleo familiar
básico.

Liberdade em apenas 50% do patrimônio -> caso concreto indicará: liberdade


de testar toda a herança ou apenas metade dessa.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o


cônjuge. -> herdeiros necessários, legitimários, herdeiros forçados.

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos
bens da herança, constituindo a legítima. → fundamento jurídico: proteção
patrimonial de pessoas vinculadas ao titular do patrimônio.
DA SUCESSÃO EM GERAL
-> calculo da legitima: corresponde a metade do patrimônio líquido do autor
da herança.

Momento em que se deve fazer a analise do patrimônio líquido? →


a) no momento da liberalidade do contrato de doação (no instante em que se
realiza o ato de disposição de vontade de doação). Ex.: no momento em que
se realiza doação -> Artigo 549, do CC/02. Nula é também a doação quanto
à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia
dispor em testamento. *****
DOAÇÃO
-> Doação inoficiosa: artigo 549, do CC/02 -> Nula é também a doação quanto à
parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia
dispor em testamento.
Significa que a doação efetuada ultrapassou o quinhão disponível para testar.
Viola a herança legítima dos herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e
cônjuge/companheiro) -> têm direito a 50% da herança.

Assim, se houver herdeiros necessários, o doador somente pode dispor de metade


do patrimônio em vida.
Aquilo que ultrapassar a metade será nulo. -> NULIDADE ABSOLUTA.
Ex.: doador tem 200mil, e faz uma doação de 120mil → o ato será valido até
100mil reais e nulo com relação aos 20mil: Ação de redução de doação –
objetivo: declaração de nulidade da parte inoficiosa.

Interessado -> ajuíza Ação de Redução – pedido: invalidade da parte inoficiosa.


MANTEM-SE o NJ no quanto for valido – princípio da conservação do NJ.
DA SUCESSÃO EM GERAL
b) Testamento: calculo da legitima deve ser feito no momento da abertura da
sucessão.
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura
da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se,
em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.

Valores a serem levados em consideração? → complexidade contábil.


1) Bens existentes no patrimônio do autor da herança à data de sua morte
2) Valor dos bens já doados (que o legislador englobou na colação –
“adiantamento da herança”) + Valor dos bens sujeitos à colação. ****
3) Dívidas da herança
4) Despesas do funeral

- Excesso na legitima? -> redução da disposição testamentária que exceda a


metade disponível (não torna nulo a integralidade).
Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o
testador só em parte dispuser da quota hereditária disponível.
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos
limites dela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes.
DOAÇÃO
→ PERMISSÃO DO CC/02 – estão expressamente autorizadas as doações entre/para:

De ascendente a descendente OU de cônjuge ao outro – Art. 544. A doação de


ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento
do que lhes cabe por herança.
Está relacionado ao adiantamento da legitima (herança/direito sucessório) (na
modalidade de presunção), visto que confere as doações o valor, que dele em
vida receberam, sob pena de sonegação.

- De ascendente para descendente: o donatário deve colacionar o bem objeto da


doação à época do inventário.
Colação: descendente traz à partilha discussão sobre doações feitas em vida pelo
ascendente comum a outro descendente.
O valor comprovado será somado na parte indisponível da herança para igualar a
legítima entre os irmãos.

Dispensa de colação: quando o doador enquadrar o bem (em testamento ou no


próprio título da doação) como sendo bem objeto da cota disponível da herança.
DA SUCESSÃO EM GERAL
Esse sistema de divisão necessária, com a disposição da legitima aos herdeiros
necessários, no BR, é pautada/guiada pela ideia da PROXIMIDADE → ideia de
que a parte legitima (cujo endereçamento patrimonial é feito por lei) deve
seguir a ideia de proximidade, ou seja, os mais próximos preferem os mais
remotos.

Exceção da proximidade: DIREITO DE REPRESENTAÇÃO -> parte da analise de


um caso de que existe um PRÉ-MORTO, ou seja, aquele que faleceu antes do
de cujus que é objeto do inventário no momento.

Artigo 1851 (a lei chama parentes do falecido a suceder em todos os direitos,


em que ele sucederia, se vivo fosse) + 1852 e 1853: essa representação
somente se aplica na descendência e na linha transversal/colateral (em favor
dos filhos do irmão do falecido, ou seja, sobrinho).
DA SUCESSÃO EM GERAL
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos
parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia,
se vivo fosse.

Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas


nunca na ascendente. + Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o
direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando
com irmãos deste concorrerem.

Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o


representado, se vivo fosse.

Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os


representantes.

Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na


sucessão de outra.
DA SUCESSÃO EM GERAL
NÃO SE APLICA NA LINHA ASCENDENTE.
Não há direito de representação na ascendência. -> na ascendência, a
proximidade é sempre absoluta.
Ex.: Pedro é filho de Matheus (e os avós paternos são caio e joana) e mariana (
e os avós maternos hugo e renata). Se Pedro morrer, 50% para mateus e 50%
para mariana (os mais proximos preferem os mais remotos -> os pais
preferem os avós). Entretanto, se mateus for pré-morto? – a mariana deve
receber 100% do patrimônio. (neste caso, caio e joana não podem
representar o patrimônio de mateus).

-----> EXEMPLOS PRATICOS DA REPRESENTAÇÃO:


A) DESCENDÊNCIA →
Ex.: Ana é mãe de Jorge e maria. Jorge é pai de hugo e joão, enquanto maria é
mãe de Luciano e caio. Ana morreu. Pelo ideal de proximidade, vai 50% pro
Jorge e 50% pra maria.
Mas, e se maria for pré-morta (ou seja, morreu em 2016, enquanto que a Ana
faleceu em 2019)? -> nesse caso, haverá o direito de representação
(descendência) -> Luciano e caio receberão cada um 25% (representando a
Maria como se ela fosse viva, ou seja, a cota que iria para maria será dividida
entre os representantes), enquanto que Jorge receberá os outros 50%.
DA SUCESSÃO EM GERAL
B) COLATERALIDADE – LINHA TRANSVERSAL →
Ex.: Rodolfo é irmão de joão, que é irmão de orlando. João tem dois filhos:
bernardo e mário. Orlando tem dois filhos: hugo e marina. Rodolfo morre
(sem outros parentes). O que fazer com sem patrimônio?: 50% para joao e
50% para orlando. (porque os irmãos estão mais próximos que os
sobrinhos).
Entretanto se orlando for pré-morto (morreu em 2015, enquanto que Rodolfo
morreu em 2019). Nesse caso, hugo e marina recebem o que seria de
orlando, por meio da representação (com 25% para cada um deles).

- esse direito de representação também costuma ser chamado nos livros (e na


pratica forense) de sucessão por estirpe.
Assim, a sucessão pode ser por:
a) por cabeça: quando herda em nome próprio e em direito próprio.
b) por estirpe: quando herda por representação.
DA SUCESSÃO EM GERAL
- SEGUNDO FUNDAMENTO DO DIREITO SUCESSÓRIO: ULTIMA VONTADE ->
expressão máxima da dignidade humana no direito sucessório (finalidade: dar
cumprimento ao ultimo desejo/vontade do falecido – “é o triunfo da ultima vontade
sobre a morte”).

Maria Helena Diniz: o DS vem a ser o conjunto de normas que disciplinam a


transferência do patrimônio de alguém, para depois de sua morte, ao herdeiro,
em virtude de lei ou testamento [...] no complexo de disposições jurídica que
regem a transmissão do ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro” -> conceito
mais moderno. Trata da dignidade.

Essa ultima vontade pode ser:


a) Presumida → ordem de vocação hereditária. Ocorre quando a lei disciplina a
forma como o patrimônio do finado é distribuída entre os herdeiros, diante da
ausência de qualquer tipo de testamento. Por isso, a lei presume que a vontade
do finado será aquela: filhos, descendentes, ascendentes. Na falta de ambos,
cônjuge e companheiro herda sozinho. Na falta de todos, colaterais herdam.
Trata-se de uma ultima vontade presumida ou legal. → ordem de vocação
hereditária.
Nesse caso, chama-se de sucessão legitima.
DA SUCESSÃO EM GERAL
b) real → revela-se através do testamento. Trata-se da vontade verdadeira do
finado, estampada num documento/NJ chamado de testamento.
Nesse caso, chama-se de sucessão testamentária.

Essa divisão está no artigo 1786, do CC/02: A sucessão dá-se por lei ou por
disposição de última vontade.
DA SUCESSÃO EM GERAL
-> ESPÉCIES/CLASSIFICAÇÃO DE SUCESSÃO no BR:
a) intervivos: obrigação X causa mortis: direito sucessório.

b) legítima (ab intestatio – sem testamento: regra geral do BR)


X
testamentária: decorre do sistema sucessório nacional – sistema da divisão
necessária: 50% é legitima e 50% é disponível.
Art. 1.786. A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

b.1) A legitima segue a ideia da chamada SUCESSÃO LEGITIMA (a qual é


endereçada diretamente pela lei, de acordo com a ordem de vocação
hereditária). -> o legislador tenta imaginar qual seria a ultima vontade do
finado, já que ele mesmo não esclareceu. Por isso cria a figura dos herdeiros
legítimos.
DA SUCESSÃO EM GERAL
Herdeiros legítimos -> são subdivididos no ordenamento jurídico brasileiro
(pela doutrina):

a) herdeiros necessários ->


Quem são? - artigo 1845: ascendentes, descendentes e cônjuge) + que
direitos tem? - artigo 1846: os herdeiros necessários tem direito a legitima
→ ou seja, 50% do patrimônio do finado.
Com herdeiros necessários METADE da herança deve ser distribuída ente eles,
em ordem vocacional. Entretanto, se não existirem herdeiros necessários,
pode pegar 100% da herança e transmitir a quem quiser.

LEGITIMA -> metade da herança pertencente aos herdeiros necessários.


Quem tem ascendentes, descendentes ou cônjuge -> o de cujus não pode
fazer testamento deixando 100% da herança para quem quiser. O de cujus
somente poderá fazer testamento sobre 50% de sua propriedade, que é a
cota disponível, já que o patrimônio é composto de uma cota parte
indisponível (50% dos herdeiros necessários) + 50% disponível (que pode ser
conferido a quem quiser).
DA SUCESSÃO EM GERAL
Dessa forma, a liberdade do direito de testar é LIMITADA por conta da
existência de herdeiros necessários.

E quem tem apenas irmão, tios e primos? -> tem COLATERAL.

b) herdeiros facultativos -> são os colaterais.


Com colaterais, simplesmente pode pegar o patrimônio total e testar para
quem quiser.
Não é obrigado a respeitar a legitima.
Sem herdeiros necessários, pode pegar 100% da herança e colocar para quem
quiser (pode pular herdeiros facultativos, através de testamento).

Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o


testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.

Legítimos -> necessário + facultativo. –> ordem de vocação hereditária. Toda


a disciplina sucessória leva em consideração essa ordem
DA SUCESSÃO EM GERAL
+
b.2) cota disponível: pode dispor de 50% de seu patrimônio, que segue uma
sucessão testamentária (não há ordem de vocação hereditária – o fato
gerador é a vontade do falecido, que foi externada enquanto ainda vivo,
segundo restrições impostas por lei). -> pode dispor de ATÉ 50%, ou não
fazer nada → SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA.

Se não fizer nada: faleceu sem deixar testamento (tudo segue a ordem da
legitima). Modelos podem coexistir, ou pode existir apenas um deles:
somente tem herdeiros necessários, ou, diante da falta de herdeiros
legítimos necessários, não terá legitima, podendo dispor de 100% do
patrimônio.
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

-> MOMENTO DA ABERTURA DA SUCESSÃO – DROIT DE SAISINE: MORTE


Artigo 1784: aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.
Quando o sujeito morre automaticamente se abre a sucessão, e desde logo, os
bens se transmitem aos herdeiros (sejam legítimos ou testamentários).
+ Repercussão para o direito sucessório:
Artigo 1787: Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao
tempo da abertura daquela. → o Droit de Saisine fixa a legislação aplicável
aquela respectiva sucessão + fixação de quem são os herdeiros.

-> princípio do tempus regit actum -> o tempo rege o ato. Fixação da norma
material sucessória.
A lei que se deve aplicar para fins sucessórios (seja para legitimar quem vai
receber ou a forma como será partilhada), deve ser a lei da data do obito. (e
não a lei da data do julgamento/partilha). -> os fatos, atos e negócios
jurídicos são regidos pela norma do momento em que aconteceram.
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

Paradigma: lei do tempo da morte/obito. -> identificação de quem são


legitimados a herdar/receber a herança + forma de partilha (como a herança
deve ser partilhada). Ou seja, legitimação e sucessão.
Ex.: pessoa que faleceu em 2002. Entretanto, o CC/02 somente entrou em
vigor em 2003 (porque teve o prazo de vocatio legis de 1 ano). Imagine que
o juiz da causa vai sentenciar a partilha. Qual é a lei que deve considerar
para identificar as pessoas legitimadas a herança ou forma? -> o CC/16!!!!
Porque se o obito foi em 2002, a lei que vigorava na época do obito é a lei
do CC/16.
Se o sujeito tivesse morrido em 2004, iria aplicar integralmente o CC/02.

Fenômeno da ultratividade ou pos-eficácia normativa → trata-se de uma


hipótese excepcional na qual se aplica nos dias de hoje uma normatização já
revogada.
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

Ex.: óbito em 2000; inventário em 2004 e partilha em 2018 -> quando morreu
ainda tinha vigência no CC/16, entretanto o inventario e partilha já estavam
sob a égide do cc/02. Deve ser aplicado a partilha o CC/16 ou CC/02? ->
com base no Droit de Saisine a abertura da sucessão deu-se no momento do
óbito, sendo aí que fixa a legislação aplicável a todo o procedimento.
É no óbito que há a transferência do patrimônio aos herdeiros e legatários.
Assim, do ponto de vista do direito, tem efeitos ex-tunc (há de retroagir até
a data do óbito).

Nesse sentido: Sumula nº. 112, do STF: “o imposto de transmissão causa


mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão” ->
a alíquota a ser levada em consideração para fim de recolhimento do
imposto de transmissão causa mortis (ITCMD) é a alíquota da data do óbito,
porque esse é o momento efetivo da transmissão dos bens).
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

- LUGAR DA ABERTURA/ FORO COMPETENTE → regras do CPC + CC/02


REGRA GERAL:
CC/02, artigo 1785 -> a sucessão deve ser aberta no ultimo domicílio do
falecido.
+
CPC, artigo 48 -> domicilio do autor da herança.
Ex.: falecimento em salvador, mas domicilio em recife o inventário deve ser
aberto em recife. Porque é lá o ultimio domicilio do falecido, ou seja, pouco
importa o local do óbito, mas tão somente o ultimo domicilio do finado.

Assim, em termos de competência para abrir processo de inventário:


REGRA -> processo judicial de inventário deve ser ajuizado no domicílio do
falecido (porque o finado tinha domicilio certo).
Afasta o local do obito. Motivo: o ultimo domicilio tem a tendência de que seja
mais fácil fazer o inventário, por ser o centro civil dos negócios jurídicos do
finado (mais fácil levantar os bens, a documentação etc).
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

EXCEÇÕES – regras subsidiárias – pressuposto: autor da herança não tem


domicilio certo:

a) foro da situação dos imóveis: lugar onde os bens imóveis se encontrem.

b) imóveis em foros diferentes: qualquer um destes foros. É a aplicação da


prevenção.

c) se não houver imóveis: o foro do local de qualquer dos bens (móveis, leia-
se) do espólio.
Trata-se, portanto, de competência relativa -> sumula nº. 33, do STJ: a
incompetência relativa não pode ser declarada de oficio. (nada impede que
as artes venham a eleger foro diverso ou que se o tema não for suscitado
por nenhum dos herdeiros, que o inventário venha a ser feito em outro local.
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES
ATENÇÃO – INVENTÁRIO ADMINISTRATIVO OU EXTRAJUDICIAL
Essa regra de competência é para os inventários judiciais. Entretanto, é
possível abrir um inventário administrativo ou extrajudicial. Esse processo
administrativo pode ser apresentado em QUALQUER tabelionato. Não se
submetendo, portanto, as regras do processo civil. Tendo em vista que se
trata nada mais de uma escritura pública que será lavrada (podendo ser feita
em qualquer domicilio).
Entretanto, tendo lavrado essa escritura pública de inventário e partilha, tem
que pegar essa escritura e ir ao local da situação do imóvel, e proceder o
registro da escritura pública para proceder a transferência de propriedade
do imóvel após o pagamento dos tributos. Tem que apresentar essa
escritura publica no DETRAN para transferência do móvel, ou ao banco para
sacar uma quantidade colocada em banco.

→ inventário extrajudicial (consensual) segue a Resolução nº. 35, do CNJ: não


há norma vinculativa de competência. -> ou seja, as partes podem eleger
um tabelionato de sua preferencia e confiança. Trata-se de um inventário
com consenso, maiores e capazes e representados por advogado (pode até
mesmo ser advogado único, mas tem que ter).
DOMICÍLIO
Mas o que é “domicilio da pessoa natural”? → subdivide-se em domicilio
pessoal; profissional; e, aparente/ocasional.
· Domicilio pessoal: é aquele que vai guiar a competência do direito
sucessório. É o lugar onde tem sua residência (residência objetivo) com
animus definitivo (requisito subjetivo).
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo.

· Morada: é efêmera e transitória. Ex.: passa 4 dias viajando com a família.


· Residência: exige habitualidade maior, uma ligação maior com o lugar. Ex.:
tem uma residência/casa de praia no litoral. Vai até o lugar com frequência.
· Domicilio: é o único que tem o animus de permanecer. Residência + animus
de permanecer.

· Pluralidade de domicílios -> pode ter varias residências, sem animus


definitivo. Qualquer dos domicílios pode ser competente, o critério será o da
prevenção.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde,
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
DOMICÍLIO
· Domicilio profissional: reativo as relações profissionais; local onde exercita a
sua profissão.
Nada impede que por coincidência geográfica o domicilio profissional e
pessoal seja o mesmo.
Ex.: mora e trabalha em santos. Ex.: mora em santos e trabalha no Guarujá.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um
deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

Nada impede ainda que se tenha o domicilio profissional plural, se exercitar a


profissão em lugares diversos. Ex.: dá aula em salvador, são Paulo, são luis e
amapá.

· Domicilio aparente ou ocasional: qual é o domicilio daquele que não tem


residência? – artigo 73: local onde for encontrado. Aquele que não tiver
residência, será considerado aquele local onde for encontrado, é o domicilio
aparente ou ocasional.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual, o lugar onde for encontrada.
DOMICÍLIO
· E se o falecido for estrangeiro? → entende-se aquele que é domiciliado no
estrangeiro (porque se tiver domicilio no BR, o processo corre aqui). Neste
caso, a LINDB, artigo 10, indica que a lei aplicável é a lei do país do
domicilio.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a
situação dos bens.

· E se o estrangeiro tiver bens imóveis no br? – a competência será exclusiva


da autoridade brasileira.
Artigo 10, § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros,
ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus.

CONCLUSÃO --> é estrangeiro? – lei do domicilio do país. Tem bens imóveis


no BR? – para esse bem imóvel, lei BR.
Em relação a este imóvel que é situado no BR, em que o processo correrá no
br.
DOMICÍLIO
Mas qual lei será aplicável nesse caso de bem no BR de estrangeiro? (nacional
ou estrangeira) – LINDB artigo 10, §1º+artigo 5, inciso XXXI -> deve aplicar
a lei mais benéfica ao conjuge ou filhos brasileiros.
Artigo 5º, inciso XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de
cujus".

------> Resumo:
· Domicílio do estrangeiro – processo no estrangeiro com lei estrangeira
· Domiclio no estrangeiro com imóvel no BR – com relação ao imóvel situado
no br: processo corre aqui (trata-se de competência exclusiva – não se
admite decisão estrangeira -> trata-se de rara hipótese de competência
territorial absoluta inafastável, que via de regra é relativa).
· Lei aplicada nesse caso? - a norma mais favorável ao conjuge ou
descendentes brasileiros.
RESUMO !!!

-
Efeitos jurídicos decorrentes da regra da abertura da
sucessão (CC, art. 1.784)

Efeito principal: transmissão automática das relações patrimoniais,


ativas e passivas.

Efeitos acessórios anexos:


a) fixação da norma jurídica sucessória
b) fixação do lugar da sucessão
c) averiguação da capacidade sucessória
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

-> HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO - artigo 1791 e ss, do CC/02

Herança é um direito fundamental; uma garantia constitucional. Essa herança


se materializa pela figura do espólio.

Espólio -> conjunto de bens/patrimonial deixado pelo finado (ex.: morre e


deixa um apto, dois carros e uma conta bancária). A lei afirma que esse
espólio é um todo unitário, ainda que existam vários herdeiros. Por conta
disso, é indivisível até a partilha.

Como esse espólio deve ser administrado? – como em um condomínio.


Ou seja, até a partilha o direito dos coherdeiros devem ser tratados como se
fossem um condomínio.
Sendo assim, alguém precisa administrar esse condomínio. (nos direitos reais,
seria o sindíco). Na sucessão, essa administração será feita por um
administrador provisório (nomeado enquanto não há inventariante – trata-se
daquele que está na posse dos bens), e depois por um inventariante (assume
a inventariança por termo).
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-


á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da
sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança.

Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança


caberá, sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da
sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais
de um nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos
antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao
conhecimento do juiz.
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

O espólio traz impacto em UMA questão importante: responsabilidade civil de


cada um dos herdeiros pela herança e pela administração da mesma →
No limite e nas “forças da herança” -> doutrina e jurisprudência usam muito
essa expressão, para dizer que o herdeiro somente responde civilmente nos
limites das forças da herança. Ou seja, a responsabilidade civil do herdeiro
vai até o limite de quanto recebeu a titulo de herança.
Ex.: se recebeu 10mil, vai até aqui. Se não recebeu nada de herança? – não tem
responsabilidade civil (porque somente existe nos limites, nas forças e nos
muros da herança).
+
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver
inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. – é ônus
do herdeiro provar o excesso. → É ônus do herdeiro provar, em relação ao
credor que o cobra, que aquela cobrança é indevida porque aquele herdeiro
não tem responsabilidade.
OUTRAS QUESTÕES DA SUCESSÃO EM GERAL IMPORTANTES

Surge, por conta disso, a figura do inventario negativo → o herdeiro tem o


ônus de provar o excesso.

Ex.: João, viúvo, é pai de mateus, filho único. Joao morre e somente deixa
dívidas. A priori uma presunção jurídica de que mateus é herdeiro
integralmente e sozinho de joão. Entretanto, é somente herdeiro de dívidas.
Imagine então que joão tenha vários credores, loucos para cobrar de Mateus.
Por isso, mateus pode procurar o judiciário e ajuizar uma ação denominada
de inventário negativo (podendo até mesmo pedir a citação dos credores).
Nessa ação, mateus dirá que o pai morreu e deixou apenas dívidas, sem
nenhum patrimônio + diz que não quer receber a herança (renúncia!!!). Por
isso, o filho do finado requer ao juiz que reconheça a existência no caso em
concreto de inventário negativo (podendo oficiar aos órgãos adequados:
detran, estado, unicípio, bacenjud, infojud – investigação de possíveis
valores) para confirmar que não há credito, não há patrimônio).
Na sentença o juiz pode decretar o inventário negativo (reconhecendo a
ausência de patrimônio positivo do finado), que será a blindagem do
herdeiro contra toda e qualquer execução a si dirigida.
DA VOCAÇAÕ HEREDITÁRIA
- capacidade para testar (capacidade sucessória ativa)
X
capacidade para suceder (capacidade sucessória passiva)

→ Para testar Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de
fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o
testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.
inicia-se aos 16 anos de idade SOZINHO, porque testar é um ato
personalíssimo (não precisa de assistência).
Verificada no momento da confecção do testamento (pouco importando
eventual incapacidade posterior). -> Ex.: fez o testamento aos 15 anos de
idade, e faleceu aos 75 anos lucido e capaz - o testamento é invalido,
porque na confecção não atendeu ao requisito da validade. (nada impede
que depois dos 15 anos ele venha a ratificar o testamento feito, tornado
válido).
Ex.: fez testamento aos 20 anos, e morreu aos 90 incapaz -> testamento
valido, porque quando realizado o testamento o sujeito tinha mais de 16
anos e capaz.
DA VOCAÇAÕ HEREDITÁRIA
→ Para suceder -> análise daqueles que têm aptidão para o recebimento de
bens deixados pelo falecido. → VOCAÇÃO HEREDITÁRIA: pessoas
habilitadas/autorizadas a receber a herança e aqueles que não estão.

a) vocação hereditária na sucessão legitima: 1798, do CC/02. As pessoas


nascidas e ou já concebidos/nascituro ao tempo da morte (artigo 2º, do
CC/02: põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro).
Ex.: mulher e filho ainda não nascido (claro que tem a questão do regime de
bens, que será ainda discutida, mas nascituro garante o seus direitos).

A doutrina inclui dentre os já nascidos os embriões laboratoriais (que


estiverem crioconservados). Aqui há MUITA polemica.
DA VOCAÇAÕ HEREDITÁRIA
Entendimento 1: somente o nascituro pode suceder
(Sebastião Amorim, Euclides de Oliveira, Jones Figueiredo, Mário Luiz Delgado,
Flávio Tartuce, José Simão).
X
Entendimento 2: o embrião também sucede -> Enunciado 267, da III Jornada
em Direito Civil: “A regra do art. 1.798 do Código Civil deve ser estendida
aos embriões formados mediante o uso de técnicas de reprodução assistida,
abrangendo, assim, a vocação hereditária da pessoa humana a nascer cujos
efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas para a petição da
herança”
-> Se na época do óbito existir um embrião gerado com material genético do
finado, e se este embrião for implantado num útero, vindo a nascer, terá
direito hereditário, podendo ajuizar petição da herança no prazo
prescricional de 10 anos (205, CC)
(Maria helena Diniz, Zeno veloso, Francisco José Cahali, Giselda Hironaka,
Silmara Juny Chinellato).
DA VOCAÇAÕ HEREDITÁRIA
b) vocação hereditária na sucessão na testamentária: no testamento, a
autonomia provada é criativa - todo tipo de situação (fora as PF e
nascituros). Ex.: pode deixar para a paroquia, para alan Kardec, para uma
pessoa jurídica, para a igreja nossa senhora da luz, para uma escola etc.

Artigos 1798 + 1799: PFs e nascituros (legitima) + 1799:


1) prole eventual ou concepturo de pessoas indicadas pelo testador, desde que
vivas essas ao tempo em que abrir a sucessão (morte). Trata-se daquela que
será concebida após o falecimento do de cujus.

Deixa bens a prole eventual através de um testamento através de fideicomisso


(instituto de substituição testamentária) → Ex.: José e maria são casados.
Luciano, amigo de Maria, deixa em testamento um imóvel a prole eventual
de Maria. Maria será fidúcia desse bem até que tenha a prole eventual,
quando os bens serão redirecionados ao devidos proprietários. os bens
ficarão com fabia, e quando os filhos eventualmente nascerem, os bens
serão redirecionados
DA VOCAÇAÕ HEREDITÁRIA
Prazo para concepção da prole eventual? – artigo 1800: 2 anos. Se não
respeitar o prazo? – o patrimonio que estava com ela retorna para a herança
e segue a ordem da legitima. -> caduca o direito da prole eventual. Aquele
valor/quinhão que era dirigido a prole eventual, voltará ao Montemor para
ser distribuído/partilhado entre os demais herdeiros (incluindo legítimos).

2) PJs. Exs.: associação, fundação, igrejas etc.

3) PJ que será determinada pelo testador como fundação – artigo 62. É possível
criar no testamento uma PJ, por meio de uma fundação já afetando bens a
ela pelo testamento.
DA VOCAÇAÕ HEREDITÁRIA
-> Pessoas que não podem ser herdeiros nem legatários – 1801: → não podem
suceder para não interferir na manifestação de vontade (ex.: testemunha –
podia estar matando ou roubando e pede para ter um bem) e por questão de
ordem ética (ex.: concubino).

1) aquele que escreveu o testamento (o próprio falecido).


2) pessoa que escreveu o testamento, a rogo/pedido + conjuge companheiro,
ascendentes e irmãos
3) testemunhas testamentárias
4) tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se
fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. -> tabelião ou
autoridade que lavrou a escritura pública do testamento.
5) concubino do testador casado, que ainda está convivendo.
CC/02: “SALVO se separado de fato há mais de 5 anos”. -> a separação de fato
hoje não precisa mais de tempo algum, segundo o STJ (a partir da separação
de fato não há mais direitos hereditários com prazos de carência-> esse
artigo é anti-sistêmico). SEM PRAZO ALGUM, desde que não esteja mais
convivendo. (a separação de fato JÁ POSSIBILITA nova união estável).
DA VOCAÇAÕ HEREDITÁRIA
- E se deixar para alguém que não pode? – artigo 1802: vai nulificar/invalidar
apenas aquela disposição em específico. O resto do testamento/disposição
de ultima vontade permanece.
§único: pessoas interpostas também não podem receber herança – será nula
essa clausula do testamento. O resto permanece.

Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não


legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato
oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os
descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a
suceder.

E o filho do concubino? – DEVE suceder. Artigo 1803 + sumula 447, do STF.


Vai suceder normalmente.
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do
testador.
CONCEITOS IMPORTANTES
- de cujus/ falecido /inventariado / autor da herança: aquele cujo falecimento
está gerando a transferência de propriedade. Morto.

- herança X espólio X inventário X legado

a) herança -> é uma universalidade de direito. Artigo 91, do CC/02: traduz o


complexo de relações jurídica de uma pessoa com valor econômico.
Essa herança é um bem IMÓVEL – artigo 80, inciso II, do CC/02: o direito a
sucessão aberta é um bem imóvel por força de lei/por equiparação legal
(pouco importando qual seja o objeto sucessório. Ex.: carro, casa, conta
bancária etc -> tudo será conjuntamente tratado como bem imóvel).
+ universalidade de direito imóvel/imobiliária. -> bem legalmente imóvel,
submetida ao regime jurídico de um condomínio indivisível -> juízo
universal da herança (“complexo de relação jurídicas de uma pessoa,
dotadas de valor econômico”).
+ herança fica em composse entre os herdeiros – 1199 -> a composse
configura-se quando se tem uma pluralidade de copossuidores que
copossuem uma coisa indivisa.
consequência da composse: qualquer dos copossuidores (mesmo aquele que
tenha 0,1% do patrimônio hereditário) poderá sair na defesa do todo.
CONCEITOS IMPORTANTES
b) espólio: trata-se da herança em juízo. O espólio é a herança em movimento.
Expressão processual da herança; herança em juízo/em movimento. Quem o
representa é o inventariante.
Trata-se dos bens hereditários que estão sendo discutidos em juízo.
- o espólio é tecnicamente um ente despersonalizado (desprovido de
personalidade jurídica). Apesar disso, o artigo 75, do CPC, confere ao
espólio a chamada capacidade judiciária (= pode figurar em processo, seja
como demandante ou demandado - eventualmente figura em ações. Ex.:
bens deixados em aluguel – serão geridos pelo espólio). O CPC dá
capacidade judiciária para que possa defender-se em juízo, ou ser
demandado em ação.

c) inventário: Procedimento bifásico (1ª fase: inventário: - relaciona os bens +


2ª fase: partilha), em que é necessário trazer os ativos e passivos (inventário)
e, posteriormente, quitar os passivos e partilhar o patrimônio líquido entre
os eventuais herdeiros/sucessores (partilha).

d) legado: bem individualizado que é direcionado a um legatário.


CONCEITOS IMPORTANTES
- herança X meação -> na pratica, confusão. Institutos completamente
diversos.

a) Meação -> liga-se ao termino do relacionamento afetivo e ao regime de


bens adotado no casamento. Tema do direito de família.

Ex.: A e B casados com comunhão universal de bens. Casamento acabou em


divórcio. Neste caso, 50% do patrimônio para cada um. Deve fazer a meação
do patrimônio para cada um por conta do regime de bens.
Esse termino afetivo também pode se dar pela MORTE. -> assim, se o falecido
era casado, deve se verificar a existência ou não da meação. Se houver
meação, esses valores já devem ser retirados do montemor.

Ex.: hugo casado em regime da comunhão universal com joana, morre, deixou
600mil. Na verdade é 300mil de joana a titulo de meação, e os outros
300mil que sobra é o patrimônio hereditário de hugo.
Como saber se existe meação? -> basta verificar o regime de bens e quando o
patrimônio foi obtido. Ou seja, é tema do direito de família.
CONCEITOS IMPORTANTES
b) herança -> é aquilo que efetivamente deve ser direcionado e tratado pelo
direito sucessório.
Ex.: é sobre aqueles 300mil que hugo pode deixar 50% do patrimônio pra
legitima (150mil) e 50% para o testamento (150mil).

- sucessor -> quem é sucessor? → é aquele que sucede. Pode ser herdeiro ou
legatário.
Esse herdeiro pode ser legitimo ou testamentário. O herdeiro legitimo ainda
pode ser necessário ou facultativo.

---->
Sucessor:
a) herdeiro:
a.1) legitimo:
necessário ou
facultativo
a.2) testamentário
b) legatário
CONCEITOS IMPORTANTES
· Legatário: é aquele que recebe a título singular. Ou seja, está recebendo um
bem certo e determinado. Ex.: deixo para João minha casa na rua tal, nº. tal
ou meu carro de placa X, ano tal chassi tal.
· Herdeiro universal: integralidade do patrimônio do de cujus é deixado para
uma única pessoa. Não haverá necessidade de partilha.
· Herdeiro: é aquele que recebe a título universal -> recebe um percentual do
patrimônio. Ex.: 10% para maria, 40% para Paulo etc. não estão recebendo
bem certo e determinado, mas sim um percentual (a título universal).

Herdeiro pode ser:


· testamentário (aquele que recebe por ato de vontade – sucessão
testamentária: recebe por conta de um testamento ou codicilo, que é um
pequeno testamento que pode dispor de até 10% do patrimônio)
ou
· legitimo (que é aquele que recebe por força da lei – por força da legitima,
segundo uma ordem de vocação hereditária, de acordo com o ideal da
proximidade).
CONCEITOS IMPORTANTES
Herdeiro legitimo pode ser:
· necessário -> de acordo com o artigo 1845: descendentes, ascendentes ou
cônjuge/companheiro (colocado pela doutrina e jurisprudência).
· facultativos -> colaterais (irmãos, tios/sobrinhos, primos e sobrinho-neto e
tio-avô).

→ lembrando direito de família: Parente em linha reta é infinito ou colateral


(quando vem de um tronco em comum, não descendem diretamente um do
outro. Nesse caso, somente vai até o 4º grau).
COLATERAL EM PRIMEIRO GRAU NÃO EXISTE.
CONCEITOS IMPORTANTES
Herdeiro a) legítimo (lei) a.1) necessário: descendentes;
(a título universal) ascendentes; conjuge e
companheiro

a.2) facultativo: colaterais


segundo grau – irmão
terceiro grau – sobrinhos/tios
quarto grau - primos
SUCESSOR

b) testamentário
(vontade)

Legatário (a título
singular)
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
- a sucessão legítima aplica-se a toda e qualquer sucessão SEM testamento
(divorciado, separado, solteiro, viúvo etc).

- 1829, do CC/02 → Ordem de sucessão:


a) herdeiros de primeira classe:
REGRA -> descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente/residual.
Os descendentes mais próximos recebem em detrimento dos descendentes
mais distantes – ordem entre descendentes.

EXCEÇÕES – quando não tem concorrência do descendente com o cônjuge:


1) Comunhão universal
2) Separação obrigatória
3) Comunhão parcial, quando o autor da herança não tiver deixado bens
particulares.
E se não deixou descendentes?
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
b) Herdeiro de segunda classe: serão chamados a herdar, na ordem de
vocação, os ascendentes, em concorrência com o cônjuge.
O conjuge SEMPRE concorre com os ascendentes. Não há exceção nenhuma.
E se não deixou descend ou ascend?

c) Herdeiro de terceira classe: conjuge sobrevivente (o STJ e o STF já admitem o


companheiro).
E se não deixou nada disso: descen, ascen, ou conjuge?

d) herdeiro de quarta classe: colateral.

- Essa sucessão legitima é composta dos herdeiros:


a) necessários -> artigo 1845: os 3 primeiros incisos do artigo 1829: 1)
descendentes (1ª classe); + 2) ascendentes (2ª classe); + 3)
conjuge/companheiro (3ª classe).
b) herdeiros facultativos -> colaterais.
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
-> exceções a ordem de vocação hereditária: (muito difíceis de ocorrência
prática).
a) hipóteses do artigo 5º, inciso XXXI, da CF/88 e do artigo 10,§1º, da LINDB: a
lei mais favorável ao conjuge ou aos filhos brasileiros, no caso de falecido
estrangeiro com bens imóveis no BR.

b) nas situações do artigo 1831, do CC/02: direito real de habitação quanto ao


imóvel destinado a residência da família. -> pouco importa a ordem de
vocação hereditária; SEMPRE haverá o direito real de habitação PARA O
CONJUGE.
+ artigo 7º, Lei 9.278/96 – garante o mesmo direito ao companheiro.

Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito
real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família,
desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
c) quando estivermos diante da incidência da Lei federal nº. 6.858/80 a admitir
o pagamento, mediante alvará judicial, em quotas iguais, aos dependentes
habilitados perante o INSS ou, na falta destes, àqueles sucessores da lei civil,
de créditos decorrentes da relação de emprego privado ou público, saldos
em conta do FGTS, restituições tributárias e saldos em conta bancária.

d) nos casos de aplicação da Lei federal nº. 9.610/98, cujo artigo 41 disciplina
a transmissão dos direitos autorais, em caso de óbito, para os herdeiros pelo
prazo de 70 anos, após os quais estes direitos passam ao domínio público.
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA

-> outras questões discutíveis importantes:


a) contas bancárias conjuntas: o falecimento de um titular de uma conta
bancária estabelece a transmissão da metade do saldo existente na data do
óbito pela abertura da sucessão, pertencendo a outra metade ao cotitular
sobrevivente (que terá direito aos valores independentemente de tributação),
independentemente da origem dos depósitos (em razão do regime de
solidariedade existente entre eles, salvo a existência de manifestação
expressa em contrário pelas partes).

O cotitular sobrevivente pode levantar a sua cota parte por simples


manifestação de vontade (independentemente de alvará ou inventário),
todavia se levantar valores superiores à sua fração ideal, responderá
civilmente perante o espólio (que pode cobrar a diferença).
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
E saldo negativo? -> no momento da morte de um deles, o espólio responderá,
no limite da força da herança (1792), pela cota-parte do falecido, podendo a
entidade bancária cobrar a integralidade do debito do cotitular sobrevivo
(obrigação solidária), que, por sua vez, terá direito regressivo contra o
espólio.

b) seguro de vida: estipulação em favor de terceiro. O valor a ser pago em


razão de contrato de seguro de vida integra a herança do falecido? – NÃO.
Não está sujeita ao pagamento de dívidas deixadas pelo falecido. artigo 794,
do CC/02.
Pode indicar pessoas fora da lista dos herdeiros necessários. Pode escolher
livremente o beneficiário.
Não indicou beneficiário? -> meação + herdeiros legítimos, em conformidade
com a vocação hereditária, SEM INTEGRAR O ESPÓLIO.
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA
-> SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA: Descendente é herdeiro de primeira classe.

É construída com base em dois grandes princípios que devem se aplicar em via
de regra:
a) igualdade: os descendentes não podem ser tratados de forma discriminados.
Não pode privilegiar um filho sanguíneo em detrimento de um filho adotivo.
Fundamento: Artigo 5, inciso II e 227, §6º, da CF/88

b) proximidade -> segundo o qual os descendentes mais próximos herdam em


detrimento dos descendentes mais distantes ->
artigo 1833, do CC/02: Entre os descendentes, os em grau mais próximo
excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.
Art. 1.834. Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à
sucessão de seus ascendentes.

Regra: descendente mais próximo recebe em detrimento do mais distante.


EXCEÇÃO: DIREITO DE REPRESENTAÇÃO -> Ex.: B morre deixando filhos e
netos. Filhos recebem, netos nada receberão.
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA
- direito de representação: artigo 1835, do CC/02: na linha descendente, os
filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes por cabeça ou por
estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.
“Por estirpe” -> direito de representação. Sendo certo que, É pressuposto do
direito de representação a premoriência ao de cujus.

- descendentes herdam:
a) por cabeça -> ou seja, em nome próprio. Chamada de sucessão direta. Ex.:
pai morreu, eu sucedi de forma direta.

b) por estirpe -> ocorre quando alguém herda em nome de outrem, pré-
morto. Não herda em nome próprio (“sucessão indireta”).
Ex.: joão tem 3 filhos e 1 neto do filho 3. O filho 3 morre no dia 10 de janeiro
de 2018. Abriu-se o inventário, e o filho recebeu herança e a vida seguiu
curso. Entretanto, joão vem a falecer no dia 11 de abril de 2018. Tem um
pré-morto ao de cujus: filho 3. Se não existisse o direito de representação, o
filho 1 e 2 receberiam a herança integralmente (sucessões por cabeça
apenas). Entretanto, a lei afirma que os filhos sucedem por cabeça, mas os
outros descendentes sucedem por cabeça ou por estirpe. O outro
descendente, no exemplo, é o neto, que herda por estirpe.
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA
- Direito de representação: artigo 1851 a 1856, do CC/02. -> o direito de
representação se aplica aos descendentes e aos colaterais (CC, 1853), NÃO
TENDO INCIDÊNCIA SOBRE OS ASCENDENTES.

- na descendência, a herança não é exclusiva do descendente.


---> Casos em que o conjuge concorre com o descendente.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares; [...]
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA
DESCENDENCIA:
REGRA: conjuge ou companheiro que sobreviveu concorre/dispute a herança
com os descendentes do finado.

EXCEÇÕES – “SALVO SE”: quando não tem concorrência do descendente com o


cônjuge:
1) Comunhão universal: se o conjuge era casado na comunhão universal, ele
não concorre com o descendente.
O patrimônio no caso da comunhão universal já é um condomínio dos dois
cônjuges.

Ex.: joão, casado em regime de comunhão universal, morreu, deixando mulher


e dois filhos. Os herdeiros serão apenas os filhos. Maria está na exceção.
Como resolve?-> Maria será meeira – já possui metade do patrimônio pelo
regime de bens. NÃO É HERANÇA. É o regime da comunhão universal que dá
para ela (com o término do relacionamento: com a morte ou com a
separação/divórcio).
Neste caso, se joão tinha 1milhão de reais -> Maria tem a meação – ou seja,
500mil. A herança de joão propriamente dita é de apenas 500mil (metade
para cada filho).
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA
Herança -> própria do direito sucessório x Meação -> própria do direito de
família, do regime de bens adotado pelo casamento.

2) Separação obrigatória: para evitar o golpe do báu. (decorrente da imposição


da lei) -> “o que é meu, é meu; o que é seu, é seu. E nosso? - só o que
construimos com amor”.
Ex.: roberto tem um patrimonio de 500mil, casado com maria no regime da
separação obrigatória. Morre deixando dois filhos. Os herdeiros serão
apenas os dois filhos. Maria não herda nada (porque o regime era o da
separação obrigatória de bens).
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA
≠ E a separação convencional (igual a separação obrigatória, mas nasce por
acordo de vontades entre as partes)? Aplica-se também essa restrição? -> o
STJ sustenta que: segundo a interpretação literal do CC/02, NÃO.
De fato, o artigo 1829, I, do CC/02, aborda, dentre as exceções, apenas o
regime de separação obrigatória (artigo 1641, do CC/02). Assim, na
separação convencional haveria, sim, a concorrência. Essa é a intepretação
literal da norma que deve ser considerada para questões objetivas legalistas.
Ou seja, no caso de separação convencional, o conjuge esta na REGRA: na
concorrência com o descendente.
Enunciado 15, do IBDFAM + REsp 1.382.170-SP, relator Minstro João Otávio de
Noronha, publicado em 26.05.2015, 2ª sessão. (contido no informativo STJ
562).
SUCESSÃO NA DESCENDÊNCIA
3) Comunhão parcial, quando o autor da herança não tiver deixado bens
particulares. (SEM bens particulares).

---> 92% dos casamentos no BR são no regime da comunhão parcial, com


pessoas que deixam filhos.

Ex.: joao e maria são casados no regime da comunhão parcial, e juntos não
construirão bens particulares (apenas possuem os bens em conjunto, não
tem bens particulares). Neste caso, se joão morrer, maria NÃO herda nada,
porque se enquadra na exceção -> na prática fará meação (porque somente
tem aquestos, não bens particulares).

E se houver bens particulares? -> (maioria da doutrina) se tiver bens


particulares, neste caso, há concorrência do conjuge sobrevivente apenas
sobre o bem particular. O bem particular seria partilhado entre o conjuge e
demais descendentes (sobre os demais bens: meação, porque são aquestos).
SUCESSÃO DOS ASCENDENTES
-> SUCESSÃO DOS ASCEDENTES:
Na falta de descendentes, são chamados a suceder os ascendentes, SEMPRE em
concorrência com o conjuge sobrevivente, independentemente do regime de
bens.
Ex.: joão casado com maria, sem filhos, mas com pai e mae. Cada um herda
1/3, porque o conjuge sobrevivente na ascendência concorre SEMPRE com os
conjuge.

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os


ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto,
sem distinção de linhas.
SUCESSÃO DOS ASCENDENTES
Entretanto, não há direito de representação na ascendência. Portanto: se deixar
cônjuges e avós -> neste caso, 50% para o conjuge; e, 25% para filiação
materna e 25% para a filiação paterna. A divisão é entre as filhagens e não
por pessoa.

Artigo 1836, § 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os


ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da
linha materna.
+
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará
um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só
ascendente, ou se maior for aquele grau.
SUCESSÃO DO CONJUGE
-> SUCESSÃO DO CONJUGE: sucessão do conjuge SOZINHO, sem concorrência.
Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro
ao cônjuge sobrevivente – artigo 1838, do CC/02: Em falta de descendentes
e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente.
OU AO COMPANHEIRO (tratado de forma idêntica ao conjuge sobrevivente).

Pegadinha da vida prática → e o conjuge separado de fato do finado há mais


de dois anos??? → Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao
cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam
separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo
prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa
do sobrevivente.

Artigo 1830: primazia da realidade e da justiça hereditária -> o conjuge


sobrevivente somente tem direito sucessório se, ao tempo da morte do
outro, não estavam separados judicialmente, nem de fato. -> uma vez
ocorrida a separação de fato (independentemente de prazo ou presença de
culpa), não há mais que se falar em legítima do conjuge. -> ruptura da base
afetiva + vedação ao enriquecimento sem causa.
SUCESSÃO DO CONJUGE
X “não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de
dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara
impossível sem culpa do sobrevivente”.
→ prova, neste caso (de separação de fato há mais de dois anos), de que essa
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
Para tentar sair da regra geral, pode perguntar a pessoa qual foi a causa da
ruptura do relacionamento. Ex.: abondono do lar, maus tratos, violência
domestica -> não partiu do conjuge sobrevivente a separação.
Pode TENTAR salvar pela letra da lei.

Entretanto, isso é cada vez mais difícil, porque a tendência é o respeito da


realidade fática e não entrar na vida privada das pessoas.
(não se discute mais qualquer espécie de culpa e prazo pelo STF e STJ).

STJ: “O conjuge que se encontra separado de fato não faz jus ao recebimento
de quaisquer bens havidos pelo outro por herança”.
SUCESSÃO DOS COLATERAIS
-> SUCESSÃO DOS COLATERAIS:
Na falta dos herdeiros necessários (descendentes, ascedendentes e conjuge),
os herdeiros legítimos facultativos (colaterais até 4º grau) serão chamados a
suceder.
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais
remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.

O legislador separa tratando de modo diferente o irmão bilateral e o unilateral.


→ Artigo 1841, do CC/02: Concorrendo à herança do falecido irmãos
bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que
cada um daqueles herdar.
--> concorrendo A herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles
herdar. Isso pode porque não estamos falando em filhos (discriminação
entre descendentes NÃO PODE), estamos em COLATERAIS.

O herdeiro unilateral recebe metade do que o herdeiro bilateral vier a receber.


SUCESSÃO DOS COLATERAIS
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes
iguais, os unilaterais. -> Ex.: joão é irmão bilateral de josé e unilateral de
maria. João morre deixando patrimônio. José ficará com X, e maria com X/2
(ou seja, metade do que josé ficar).

Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os


tios.
§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão
por cabeça.
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais,
cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais,
herdarão por igual.
DA SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL
→ SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL: tema fácil e simples, mas que precisa ser
atualizado.
Em linha de princípio, a sucessão na UE deveria estar tratado no artigo 1790.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro,
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que
por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a
metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

Entretanto, o STF no ano passado decidiu num recurso extraordinário que esse
artigo é inconstitucional. -> (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide
Recurso Extraordinário nº 878.694)
DA SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL
NÃO FOI UMA AÇÃO DIRETA DE INSCONSTITUCIONALIDADE. Não foi ADI – não
houve um julgamento da inconstitucionalidade em tese, mas sim num caso
em concreto.
Foi uma decisão realizada em RE (ou seja, na parte da fundamentação) nº.
878.694/MG + 646.721/RS (Temas 498 e 809, das repercussões gerais). ->
o do RS envolvia a UE homoafetiva e o de MG a heteroafetiva.

Histórico: Os tribunais locais discutiam se deveriam aplicar o 1790 para


resolver o problema da sucessão na UE por ser ele supostamente
inconstitucional. O STF reuniu estes dois recursos e julgou conjuntamente,
entendendo pela inconstitucionalidade do artigo 1790. Decidindo, portanto,
que problemas sucessórios e hereditários envolvendo UE hetero ou homo
deveriam ser tratados da mesma forma como problemas hereditários do
casamento são tratados, aplicando-se, portanto, o artigo 1829, do CC/02
(que trata da ordem da vocação hereditária das pessoas).
Trata-se de um artigo que não se aplica apenas ao casamento, mas sim a
todas as pessoas. Não havendo razão para discriminar a EU.
DA SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL
Esse mesmo tema foi tratado posteriormente no STJ -> inconstitucional: Em
junho de 2017, o STJ confirmou a inconstitucionalidade da distinção dos
regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, afastando a aplicação
do artigo 1790, do CC/02 (informativo 609. REsp 1.332.773/MS, publicado
em 01.08.2017).

Essa matéria está assentada portanto no STJ e no STF.

- Mas, e então o 1790 foi retirado do mundo jurídico? (uma vez que não foi
objeto de ADI) os tribunais de justiça local e do DF estão obrigados a
entender da mesma forma que o STF/STJ?
a) Não há efeito erga omnes ou vinculante.
b) Entretanto, há a teoria dos precedentes -> artigo 927, inciso V, do CPC: os
juízes e tribunais observarão orientação do plenário e/ou órgão especial aos
quais estiverem vinculados
DA SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL
Tendência: impõe aos juízes/tribunais que respeitem a orientação dos
tribunais superiores dos seus órgãos plenários – teoria dos precedentes
(artigo 929, do CPC: impõe aos tribunais locais respeito à autoridade das
decisões plenárias ou de órgãos especiais dos tribunais superiores).
Respeito à isonomia -> todos os jurisdicionados devem ser tratados da mesma
forma; ninguém será surpreendido com tratamento jurídico diferente +
impessoalidade + segurança jurídica.

Entretanto, há ainda quem diga que os juízes tem independência para decisão
de forma diversa, uma vez que não há efeito erga omnes.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
-> INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO
São sanções civis. Situações nas quais o sujeito tem capacidade para suceder e
herdar, mas não poderá faze-lo por conta da sanção civil, decorrentes de
questões éticas (conduta antiética)
Será declarado indigno ou deserdado.

a) INDIGNIDADE -> mais amplo, porque se aplica tanto na sucessão legitima


quanto na sucessão testamentária.

Quem pode ser declarado indigno? – casos contidos no artigo 1814, do CC/02
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso,
ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente; -> ex.: susane von richtofen.
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou
companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da
herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
É declarado dessa forma através de uma Ação de indignidade. Prazo? -
decadencial de 4 anos – artigo 1815, §1º, CONTADOS DA ABERTURA DA
SUCESSÃO, ou seja, 4 anos da MORTE. -> declaração de indignidade por
sentença judicial. (mas não há nada sendo declarado pelo finado em
testamento).

Quem pode ajuizar essa ação CIVIL? – demais herdeiros ou legatários.


Entretanto, o MP (pela reforma de 2017) tem legitimidade para ajuizar essa
ação na hipótese do inciso I do artigo 1814 (homicídio ou tentativa de
homicídio) -> por ser uma questão que diz respeito a questão de ação
pública incondicionada.
Enunciado nº. 116, do CJF: “O Ministério Público, por força do art. 1.815 do novo
Código Civil, desde que presente o interesse público, tem legitimidade para promover
ação visando à declaração da indignidade de herdeiro ou legatário”.

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de


indignidade, será declarada por sentença.
§ 1o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro
anos, contados da abertura da sucessão.
§ 2o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para
demandar a exclusão do herdeiro ou legatário.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
Efeitos da indignidade -> efeitos pessoais (somente atingem o indigno). Ou
seja, CABE REPRESENTAÇÃO!!!
Entretanto, são “pegajosos”. Ex.: se o representado for menor de idade, o juiz
terá de nomear um terceiro para representa-lo, porque o pai não pode
encostar nesse dinheiro.

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro


excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à
administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à
sucessão eventual desses bens.

Ex.: caio é pai de Jorge (que tem o filho Carlos) e roberto, e morre. Jorge foi
declarado indigno. Neste caso, 50% do patrimônio vai para Roberto e os
outros 50% vão diretamente para Carlos. Entretanto, se Carlos for menor de
idade, o juiz terá de nomear um curador especial para representa-lo em
juízo, porque o representante legal (ou seja, o pai, Jorge) não poderá
encostar na herança de caio (por ser indigno).
E se carlos falecer? – o patrimonio recebido pela representação não pode ir pro
Jorge, porque sobre esses bens teve declaração de indignidade.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
Cabe reabilitação do indigno? Perdão do indigno? – SIM! Pode ser:
a) expressa (ex.: em testamento, perdoando a pessoa)
ou
b) tácita (ex.: faz um testamento não perdoando expressamente, mas deixando
uma porcentagem do patrimônio a pessoa ex-indigna).

Consequência: se for expressa – herda nos limites da sucessão hereditária,


regra geral do CC/02. X Se for tácita – herda apenas o que deixar no
testamento.
+ Essa habilitação é IRREVOGÁVEL (pode revogar o testamento integral, COM
EXCEÇÃO da clausula concessiva de perdão).

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança
será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em
testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em
testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da
indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
b) DESERDAÇÃO → somente se aplica na sucessão TESTAMENTÁRIA. Tem por
objetivo afastar da sucessão testamentária do herdeiro legitimo necessário.

Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou


deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão.

Indicação da tipicidade da conduta deserdativa em testamento válido - Tem


que colocar no testamento uma clausula de deserdação ao herdeiro
necessário, dizendo qual é o motivo. → Art. 1.964. Somente com expressa
declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento.
+ a tipicidade da conduta deverá ser comprovada em ação ordinária de
deserdação.

Não precisa deserdar facultativo, porque eles só herdam na ausência de


necessários e de testamento → assim, se somente tiver herdeiros
facultativos pode deixar 100% do patrimônio pra quem quiser por meio de
testamento.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
Causas de deserdação -> mesmas causas da indignidade 1814 + 1962
(deserdação dos descendentes pelos ascendentes) e 1963 (deserdação dos
ascendentes pelos descendentes).

Art. 1.814 (causas de indignidade) +


Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação
dos descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. ->
desamparo do herdeiro necessário.

Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos
ascendentes pelos descendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o
marido ou companheiro da filha ou o da neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
Prazo? - 1965, §único -> com a ABERTURA DO TESTAMENTO, começa o prazo
decadencial de 4 anos para se utilizar da respectiva ação de deserdação
(ação civil, com devido processo legal).

Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação,


incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador.
Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no
prazo de quatro anos, a contar da data da abertura do testamento.
RESUMO
DESARDAÇÃO INDIGNIDADE
-Somente herdeiros necessários (1.845) Qualquer sucessor (herdeiro ou legatário)
pode ser indigno
Motivo decorrente a ato praticado Motivo decorrente a ato praticado
necessariamente ANTES da abertura da necessariamente ANTES OU DEPOIS da
sucessão/morte abertura da sucessão/morte

Provocação exclusivamente pelo autor da Provocação por qualquer interessado


herança (herdeiro, legatário, interessado indireto)
Ato praticado em testamento pelo próprio Ação de indignidade (procedimento comum
titular do patrimônio, com posterior ordinário). Prazo decadencial de 4 anos.
confirmação judicial, no prazo decadencial
de 4 anos

Decorrente do testamento celebrado pelo Decorre do transito em julgado da ação de


autor da herança com posterior indignidade
homologação judicial

Hipóteses de cabimento: 1.814 + 1,961 a Hipóteses de cabimento: 1.814.


1.963
DA HERANÇA JACENTE
-> E SE NÃO DEIXAR TESTAMENTO NEM HERDEIRO LEGÍTIMO?
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob
a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor
devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

JACÊNCIA – HERANÇA JACENTE -> fase provisória e temporária (expectativa de


surgimento de interessado na herança). (natureza jurídica: ente
despersonalizado).
Procedimento: (CPC artigos 738 e ss).
falecimento de alguém sem herdeiros conhecidos (públicos ou por fama) E sem
testamento -> juiz ordenará a arrecadação os bens e fará investigações (ex.:
inquirição dos moradores da casa e vizinhaça a respeito de herdeiros +
outros bens a inventariar) + intimação do MP e da FP para participar
(dispensáveis).

Esses bens arrecadados devem ficar sob a guarda, conservação e


administração de um curador.
DA HERANÇA JACENTE
Bens arrecadados -> expedição de editais.
CPC - Art. 741. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será
publicado na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver
vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça,
onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e
na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para
que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 (seis) meses
contado da primeira publicação.

Apareceu herdeiro? – suspende processo. Arrecadação já iniciada + Herdeiro


habilitado (reconhecido)? – arrecadação converte-se em inventário.

- Fase da herança jacente:


a) Arrecadação dos bens
b) Publicação de editais
c) Entrega dos bens.
DA HERANÇA JACENTE
- Terminadas as diligências (inclusive com editais), arrecadados os
bens + passado 1 ano sem surgirem pessoas sucessíveis
Se aparecer: entrega dos bens

Se não aparecer -> VACÂNCIA (vaga) – HERANÇA VACANTE: deferindo-


se os bens arrecadados ao ente público designado: município, DF ou
União (por não ter herdeiros; renunciaram ou foram excluídos –
indignidade ou deserdação).
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário,
serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de
sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda
habilitação, será a herança declarada vacante.

Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das


dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança. -> inclusive
durante o período de vacância ou jacência. Direito de cobrança dos créditos.
DA HERANÇA JACENTE
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros
que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da
sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do
Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-
se ao domínio da União quando situados em território federal.
→ CONCLUSÃO: ente público terá PROPRIEDADE RESOLÚVEL dos bens da
herança até 5 anos da abertura da sucessão.
Após 5 anos da morte? – propriedade plena dos bens.

Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais


ficarão excluídos da sucessão.

Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será


esta desde logo declarada vacante. → vacância sumária: quando todos os
herdeiros possíveis renunciarem à herança.

Sentença de vacância – natureza constitutiva.


DA HERANÇA JACENTE
- CONCLUSÃO
Espécies de jacência:
a) Sem testamento: nomeação de curador.
Hipóteses:
a.1) sem herdeiros conhecidos
a.2) renúncia da herança por parte de todos os herdeiros.

b) Com testamento: não deixou conjuge/companheiro, nem herdeiro presente


ou quando o herdeiro instituído ou testamenteiro não existir; não aceitar a
sucessão legitima ou testamentária.

Na Jacência: aguarda-se o aparecimento de herdeiros


Na Vacância: entrega-se/defere-se a herança ao ente público (município, DF
ou União).
DA HERANÇA JACENTE
---> nesse sentido:
e se não tiver ninguém?-> Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou
companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a
herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas
respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.
DA PETIÇÃO DE HERANÇA
Droit de saisine -> com a morte transmite-se a herança imediatamente aos
herdeiros.
Herança pode ser transmitida indevidamente (ou para quem não é sucessor,
ou, deixando alguém de lado). Ex.: filho ainda não reconhecido (ex.: ação de
investigação de paternidade post mortem cumulada com petição de
herança); falta de homologação de testamento; falta de elementos
comprobatórios da UE.
Legitimidade ativa: herdeiro legitimo ou testamentário.

Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o


reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da
herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou
mesmo sem título, a possua.

Petição de herança -> medida judicial cabível para pessoa excluída


indevidamente da transmissão automática obtenha o reconhecimento da
qualidade de herdeiro + receba os bens que compõe a herança (inclusive
rendimentos e acessórios). (objeto da petição de herança).
DA PETIÇÃO DE HERANÇA
Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos
herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários. -> conceito: ação
promovida pelo herdeiro único ou coherdeiro para obter o reconhecimento da
qualidade sucessória e, na mesma demanda, receber a posse e a propriedade da
universalidade da herança, no todo ou em parte.

Pode pleitear medida cautelar para garantir resultado útil.

Ajuizada antes da realização da partilha? – foro do inventário (arrecadação dos


bens)
Ajuizada depois da partilha? – foro do domicilio dos réus (daqueles que
receberam a herança indevidamente). Partilha já realizada não produzirá
efeitos ao herdeiro prejudicado (ineficaz ao herdeiro prejudicado)
DA PETIÇÃO DE HERANÇA
Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do
acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado
o disposto nos arts. 1.214 a 1.222.
→ o possuidor fica obrigado pela própria sentença à restituição dos bens do
acervo hereditário ao autor-vencedor no todo (quando for reconhecido como
único herdeiro adequado) ou em parte (coherdeiros na mesma classe).

Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de


aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora.

Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder


de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo
valor dos bens alienados.
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo
herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
DA PETIÇÃO DE HERANÇA
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está
obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o
direito de proceder contra quem o recebeu.

Prescrição? – sumula 149, do STF: “É imprescritível a ação de investigação de


paternidade, mas não o é a de petição de herança”.
Prazo? - Clausula geral de prescrição – artigo 205, do CC/02: 10 anos.
Gabriela Soldano Garcez
gabrielasoldano@unisantos.br

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