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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS


UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO – UAD
TURNO: VESPERTINO / 8º PERÍODO
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL VII
DOCENTE: MARIA DOS REMÉDIOS DE LIMA BARBOSA

BIANCA BRASILEIRO TAVARES


GABRIEL FIRMINO CAVALCANTI DE LIRA
MARINA LOPES ALMEIDA
TALITA HONÓRIA MOREIRA MARTINS DIAS
VINÍCIUS DUARTE DE LIMA

ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS AO DIREITO SUCESSÓRIO


(TRABALHO EM GRUPO)

SOUSA – PB
2022
Introdução
O presente estudo tem como foco principal tratar acerca dos elementos introdutórios ao
Direito Sucessório com vistas a melhor compreender os seus conceitos básicos e fundamentais.
A Constituição Federal de 1988 garante em seu art. 5°, XXX, o direito de herança e o Código
Civil possui quatro títulos dedicados a regular o Direito das Sucessões. Nesse sentido, é
indiscutível a relevância do estudo do Direito das Sucessões, fazendo-se necessário uma análise
detalhada sobre o seu próprio conceito, as suas espécies, bem como o procedimento para a sua
devida abertura.
Tendo em vista a grande importância do Direito das Sucessões, o presente estudo
ocupou-se em discorrer sobre a maneira pela qual é realizada a efetiva transmissão dos direitos
hereditários, que ocorre a partir da abertura da sucessão, ou a partir da própria morte da pessoa
natural, como preceitua a saisine, sendo esse o meio pelo qual os direitos pertencentes ao
falecido são repassados aos seus herdeiros e legatários, caso houver. Buscou-se também tratar
de alguns dos seus princípios basilares nos quais alicerçam-se as relações jurídicas deste ramo
do direito.
O Direito Sucessório é munido de alguns institutos imprescindíveis para a sua
aplicação, tais como, a aceitação, a renúncia e a cessão da herança, cada um com as suas
particularidades que também são expostas no presente trabalho, assim como aqueles que são
excluídos do processo sucessório e aqueles que detém a vocação para herdar, além dos
herdeiros necessários da herança.

Da sucessão em geral
Direito sucessório é o conjunto de regras que regem a transmissão do patrimônio de
uma pessoa, após a morte, por força de lei ou testamento, com base na propriedade, conjugada
ou não com o direito de família, tal matéria está regulada nos arts. 1.784 a 2.027 do Código
Civil, ademais, a Constituição Federal assegura o direito de herança no art. 5º, XXX.
A sucessão pode ser classificada como sucessão legítima, quando decorre da lei:
morrendo a pessoa sem testamento a herança é transmitida aos herdeiros legítimos designados
por lei, também será legítima se o testamento caducar ou for declarado nulo. Como também
pode ser testamentária, que ocorre por disposição de última vontade (testamento). Havendo
herdeiros necessários (cônjuge sobrevivente, descendentes ou ascendentes), o testador dispõe
somente da metade da herança (art. 1.789 CC). A outra metade constitui a “legítima”,
assegurada aos herdeiros necessários. Não os havendo terá plena liberdade de testar. Mas se
for casado sob o regime da comunhão universal de bens (art. 1.667 CC) os bens do casal serão
divididos em duas meações e a pessoa só poderá dispor da sua meação.
Nosso ordenamento proíbe qualquer outra forma de sucessão, inclusive a sucessão
contratual. Os pactos sucessórios são proibidos e a herança de pessoa viva não pode ser objeto
de contrato (art. 426 do CC – pacta corvina). No entanto admite a cessão de direitos.
Outras duas espécies de sucessão também são trabalhadas, sendo elas: a título
universal, que ocorre quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração
ou parte dela, assumindo as responsabilidades relativamente ao passivo. Ocorre tanto na
legítima quanto na testamentária. E a título singular em que o testador deixa ao beneficiário
um bem certo e determinado (legado). O herdeiro não responde pelas dívidas da herança.
A abertura da Sucessão (também chamada de delação ou devolução sucessória) ocorre
no momento da constatação da morte comprovada do de cujus (expressão latina abreviada da
frase de cujus successione agitur – aquele de cuja sucessão se trata, ou seja, a pessoa que
faleceu; de cujus também é chamado de autor da herança).
O Princípio Básico do direito sucessório é conhecido como Direito da Saisine (direito
de posse imediata), ou seja, o domínio e a posse da herança são automáticos e imediatos,
transmitidos aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução de continuidade
(ou seja, sem interrupção) e mesmo que eles (os herdeiros) ignorem o fato (art. 1.784 CC). Não
requer a realização de nenhum ato. No entanto, um inventário deve ser feito para verificar o
que foi deixado para trás e o que foi transmitido.
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. O herdeiro que sobrevive ao
de cujus, ainda que temporariamente, herda os bens por ele deixado e os transmite aos seus
herdeiros, se vier a falecer posteriormente, há necessidade de apuração da capacidade
sucessória.
Além disso, é válido frisar que o herdeiro sucede a título universal e o legatário a título
singular.
Ademais, outros princípios regem o Direito Sucessório, tais como: o princípio da
liberdade limitada para testar e o princípio da liberdade absoluta para testar. Em se tratando da
liberdade limitada, o Brasil adota esse princípio no art. 1.789 do CC, “havendo herdeiros
necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança”. Tem-se uma liberdade para
criar os herdeiros, mas de forma limitada. Ele existe para proteger os herdeiros necessários e
para não privar da sucessão de alguém. Cada pessoa que tem herdeiro necessário, metade do
patrimônio fica para esses herdeiros necessários.
Administração da herança
Do conjunto de bens decorrente da morte do de cujus, forma-se a herança, que segundo
a doutrina majoritária, constitui-se como um espólio, um ente jurídico despersonalizado. É
importante mencionar, que se da morte do autor da herança, restar dívidas, os bens responderão
pelas mesmas, e caso essas dívidas ultrapassem o valor da herança, está afastada a
responsabilidade do herdeiro.
Conforme previsto no Art. 1791, parágrafo único, do Código Civil, o direito dos
coerdeiros quanto à propriedade e posse da herança é indivisível até a partilha e será regulada
pelas normas relativas ao condomínio, tratando a herança em si como uma universalidade e
taxando a partilha como o momento de determinação da divisão de bens. Porém, o ordenamento
prevê a possibilidade de o herdeiro alienar ou ceder o seu direito à sucessão aberta, sua quota
ideal, com fulcro no artigo 80, II do CC/02, que a considera um bem imóvel.
Há a possibilidade de o herdeiro ceder o seu quinhão por intermédio de escritura
pública, desqualificando a cessão para uma pessoa estranha à sucessão caso um coerdeiro
queira a cota pelo mesmo valor, havendo um direito de preferência dos coerdeiros. E caso
mesmo assim, aconteça a cessão, sem que haja o conhecimento de um coerdeiro, este poderá
sustá-la no prazo de até 180 dias, havendo divergência doutrinária acerca do início da contagem
do prazo, se da transmissão ou do conhecimento da mesma.
Sobre o prazo para abertura do inventário
O Código Civil de 2002, em seu artigo 611, define que o processo de inventário e
partilha deve ser instaurado dentro de dois meses, contados a partir da abertura da sucessão,
devendo ser finalizado nos próximos doze meses, havendo possibilidade de o juiz prorrogar
tais prazos. E a não atuação do responsável pela abertura do processo, dá a oportunidade de
outro interessado de agir para tal.
O atraso na abertura do processo, quando superior a 60 dias, ocasiona multa de 10% no
valor a recolher, além da aplicação de juros de mora.
Encarregados da administração da herança
Até que haja o compromisso do inventariante, cabe a administração da herança:

1. Ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;


2. Ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um
nestas condições, ao mais velho deles;
3. Ao testamenteiro;
4. A pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas anteriormente, ou,
quando tiverem de ser afastadas por motivo grave, levado isso ao conhecimento do juiz.

Aceitação, renúncia e cessão da herança


A priori, é necessário definir a aceitação da herança, sendo esta relativa a vontade do
herdeiro, no qual o indivíduo, que é o determinado sucessor, apresenta sua intenção em ser
herdeiro e possuir sua herança, sem objeções, ou seja, o sucessor dá a procedência no que se
refere a aquisição do benefício, visto que ninguém poderá ser herdeiro se não possuir vontade
para esse fato, tornando definitiva a transmissão dessa herança. Ademais, acerca das espécies
da aceitação, consta-se que poderá ser: expressa (elaborada de forma escrita, podendo ser uma
declaração pública ou particular); tácita (está se resume em os atos próprios do herdeiro, ou
seja, onde ele passaria a se comportar automaticamente com um herdeiro) E presumida (através
do juiz, após 20 dias da abertura da herança, irá requerer para que o herdeiro declare sua
aceitação ou sua negativa em um prazo de 30 dias)
Além disso, é importante dissertar também acerca da renúncia à herança, que se resume
em o indivíduo recusar seu direito à herança, dispensando-o veementemente e
irrevogavelmente, de forma permanente, não podendo ser feito de maneira tácita ou presumida,
apenas de maneira expressa, clara e inequivocamente exteriorizada pelo herdeiro pela forma
escrita, sob pena da nulidade, sobre as modalidades da renúncia, há duas formas: mediante
instrumento público, lavrado por notário; ou por termo judicial lançado nos autos do inventário,
portanto, para que a renúncia produza efeitos, não é necessária a sua homologação judicial, até
porque a renúncia é o exercício de um direito potestativo, ademais, o momento adequado para
a prática desse negócio jurídico será após a abertura da sucessão, visto que praticado antes dela
caracterizaria um pacto sucessório, que o fulminaria de nulidade.
Além do supracitado, é necessário falar sobre a cessão da herança, que traduz-se em
transferir os direitos hereditários que o herdeiro possui para uma outra pessoa, pessoa está que
será apenas o cedente e não poderá ser considerado herdeiro, nesse caso, o então herdeiro irá
instituir quem será o beneficiário da sua herança (quem irá recebê-la) no momento em que ele
ceder seus direitos, obviamente que essa herança não será transferida totalmente, visto que fica
protegida a parte dos demais herdeiros, ademais, é importante ressaltar também que existe a
possibilidade da cessão ser gratuita ou onerosa.
Excluídos do processo sucessório
Os excluídos do processo sucessório estão previstos nos arts. 1.814 a 1.818 do Código
Civil, que cuidam de regular a situação dos herdeiros que perdem o direito à herança. As
situações caracterizadoras da exclusão de herdeiros ou legatários por indignidade estão
previstas em rol taxativo, no art. 1.814 do Código Civil, prevendo três hipóteses, quais sejam:
atentar contra a vida do de cujus; atentar contra a honra do de cujus; ou ainda, atentar contra a
liberdade de testar do autor da herança.
Assim sendo, a primeira hipótese de exclusão por indignidade corresponde ao atentado
contra a vida do de cujus, considerando indignos aqueles que “houverem sido autores,
coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja
sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente”. Dessa forma, não
se exige que o herdeiro em questão tenha sido o autor do atentado contra a vida, de modo que
a sua participação no crime, como coautor ou partícipe, já é suficiente para configurar a sua
indignidade.

Outra causa de exclusão por indignidade trata-se do atentado contra a honra do de cujus,
excluindo da sucessão aqueles que “houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da
herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro”. Essa
previsão abrange tanto a denunciação caluniosa, consistente na imputação de crime de que o
sabe inocente, isto é, uma acusação falsa, devendo esta ser proferida em juízo, quanto a prática
de crime contra a sua honra, calúnia, difamação e injúria, podendo estas serem dirigidas ao
falecido ou ao seu cônjuge ou companheiro.

Por fim, a última situação prevista consiste no atentado contra a liberdade de testar,
sendo indignos aqueles que “por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor
da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade”. Esta última situação
refere-se aos casos em que se inibe, cerceia a liberdade acerca da disposição dos bens, ou
aquelas que obstam, impedem a realização da disposição.

Vale ressaltar, que para que haja a efetiva exclusão do herdeiro do processo sucessório,
é necessário que seja prolatada sentença judicial declarando-o como indigno, conforme dispõe
o art. 1.815 do Código Civil. O art. 1.818 do mencionado código prevê a possibilidade de
reabilitação ou perdão do indigno, sendo possível a ele suceder se o ofendido, do qual ele é
herdeiro, assim determinar em testamento ou outro ato de caráter autêntico, sendo válida
qualquer declaração, seja ela por intermédio de instrumento público ou particular, autenticada
pelo escrivão.

No que concerne à deserdação, esta encontra-se regulada nos arts. 1.691 a 1.695 do
Código Civil, e corresponde a perda do direito à herança em virtude de ato de vontade disposto
em testamento. Desse modo, só podem ser passíveis de deserdação os herdeiros necessários,
ou seja, os filhos, os pais e cônjuges ou companheiros, como estabelece o art. 1.845 do referido
código. As hipóteses de deserdação abrangem todas as situações previstas para a exclusão por
indignidade, acrescidas das hipóteses constantes nos arts. 1.962 e 1.963.

Nesse sentido, o art. 1.962 prevê que também podem ser excluídos do processo
sucessório, por meio de deserdação, os descendentes que pratiquem: ofensa física contra os
seus ascendentes; injúria grave contra os seus ascendentes; tenham estabelecido relações
ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; e desamparem os ascendentes em alienação mental
ou grave enfermidade.

Por conseguinte, o art, 1.963 estabelece que também podem ser excluídos do processo
sucessório, por meio de deserdação, os ascendentes que pratiquem: ofensa física contra os seus
descendentes; injúria grave contra os seus descendentes; aqueles que tenham estabelecido
relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou
companheiro da filha ou o da neta; e desamparem o filho ou neto com deficiência mental ou
grave enfermidade.

Da ordem da vocação hereditária e os direitos dos herdeiros necessários


A ordem de vocação hereditária, na sucessão legítima, se caracteriza como a ordem pela
qual a Lei se baseia para convocar os herdeiros do morto a herdar o patrimônio deixado.
Determina o art. 1829 do Código Civil:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:


I - Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal,
ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou
se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver
deixado bens particulares;
II - Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - Aos colaterais.

Destarte, é determinado que haja concorrência entre os descendentes e os ascendentes


com o cônjuge do de cujus
Ressalta-se que, de acordo com o mesmo Código Civil, somente é reconhecido direito
sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados
judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos; esta regra está prescrita no artigo
1.830.
Outro ponto de relevante destaque é que a concorrência entre o cônjuge e os
descendentes abrange somente sobre os bens particulares, visto que sobre os bens comuns o
cônjuge já tem direito à meação.
Quando o cônjuge concorre com o ascendente, dispõe o artigo 1.837 do CC que ao
cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente,
ou se maior for aquele grau.
No que tange aos herdeiros necessários, esses são aqueles que possuem direito a parte
legítima da herança, sendo os descendentes e ascendentes do de cujus. Denota-se que a parte
legítima, a qual esses herdeiros possuem direito, equivale a 50% dos bens do testador.
Portanto, caso o testador resolva determinar que parte do seu patrimônio seja destinado
a alguém além desses herdeiros necessários, essa determinação não poderá afetar mais de 50%
do seu patrimônio, caso abarcasse, estaria adentrando ao direito referente a parte dos herdeiros
necessários.
Destaca-se que, na hipótese de falta de testamento, todos os bens são destinados aos principais
herdeiros, na ordem estabelecida pelo caput do artigo 1.845 do CC. Na ausência de herdeiros
testamentários e de herdeiros necessários, a herança pode ser dividida entre os colaterais do
falecido, até o 4º grau, que também são considerados herdeiros legítimos, conforme ordem de
vocação hereditária prevista nos incisos do artigo 1.529, do Código Civil.

Conclusão
O direito Sucessório é o conjunto de normas que disciplinam a transferência de
patrimônio de alguém, depois de sua morte, em virtude de lei ou testamento. O presente
assunto é de extrema importância para o Ordenamento Jurídico, uma vez que, em caso de
falecimento, ocorre a abertura da sucessão, que será regrada por diversos aspectos e
princípios, envolvendo aceitação ou renúncia, assim como, haverá outro conjunto de
regulamentações nos casos em que ninguém se manifeste pelo aceite da herança.

Referências

Indignidade x Deserdação. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.


Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-
produtos/direito-facil/edicao-semanal/indignidade-x-
deserdacao#:~:text=A%20lei%20enumera%20tr%C3%AAs%20hip%C3%B3teses,%3B%20
3)%20dificultar%20ou%20impedir%2C>. Acesso em: 16 dez. 2022.

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