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Sucessão mortis causa atípica.

Da herança jacente e vacante.


Da petição de herança.

Acadêmicas: Karoline Priebe, Luana Muller, Maria Bettio,


Mariana Soares e Ohana Konzen
Sucessão mortis causa atípica

Para que haja sucessão causa mortis é necessário, a morte de alguém..

Como já sabemos a morte precisa ser provada, identificando o seu exato


momento, a fim de que seja possível compreender para quem será transmitida a
herança, bem como, qual lei rege a transferência.

Entretanto, quando ausente ocorre a sucessão mortis causa atípica, porque ela
vai se dar de forma diversa da sucessão mortis causa comum.
Quanto aos ausentes, presume-se a morte nos casos em que a lei autoriza a
abertura da sucessão definitiva (art. 37 CC).
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções
prestadas.

Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta,


quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva.

Isso acontece quando alguém desaparece de seu domicílio sem dar notícias, não
deixando representante ou procurador a quem caiba administrar seus bens.
A declaração de ausência têm três fases:

1 – Curadoria dos bens do ausente;

Nessa fase, são protegidos os interesses do desaparecido.

Os bens serão arrecadados e será nomeado curador especial ao ausente (arts.


738 a 743 CC).

O curador receberá a posse dos bens e tem o encargo de guarda, conservação e


administração do patrimônio até a abertura da sucessão provisória.
2 – Abertura da sucessão provisória;

Passado 1 (um) ano da arrecadação dos bens, ou se ele deixou


representante/procurador, passados 3 (três) anos, os interessados podem
requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Quem
são esses interessados?

Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram


interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Caso ninguém requeira a abertura da sucessão provisória, o MP pode requerê-lo.
(art. 28, §1º, CC).

Mas caso o ausente retornar? Se ficar provado que a ausência foi voluntária e
injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e
rendimentos (art. 33 §ú CC) e cessarão para logo as vantagens dos sucessores
nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas precisas, até a
entrega dos bens a seu dono (art. 36 CC).
3 – Sucessão definitiva.

Ocorre quando (art. 37 e 38 CC):

- Houver certeza da morte;

- Após o decurso de 10 (dez) anos do trânsito em julgado da sentença da abertura da


sucessão provisória;

- Se o ausente tiver mais de 80 anos e por 5 anos não se teve notícias dele.

E se o ausente retornar depois de 10 (dez) anos da abertura da sucessão definitiva?


Os atos praticados pelos sucessores não serão invalidados. Poderá haver os bens
ainda existentes e no estado em que se encontrarem (art. 39 CC)

E se nenhum dos interessados reclamar a herança depois de 10 (dez) anos da


abertura da sucessão definitiva? Será reconhecida como vacante, dispensando a
jacência.
Da herança Jacente e Vacante

Herança jacente é a hipótese de quando não há herdeiro certo e


determinado, ou quando não se sabe da existência dele.
Já a herança vacante ocorre quando a herança é devolvida à fazenda
pública por se ter verificado não haver herdeiros que se habilitarem no
período da jacência.
● Herança Jacente
a) Considerações Gerais:

É considerada quando não há herdeiro certo e determinado, quando não se sabe


da existência dele, ou quando o mesmo existe, mas a repudia.

Segundo o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves preceitua em sua obra jurídica,


“a herança jacente é quando se abre a sucessão sem que o de cujus tenha
deixado testamento, e não há conhecimento da existência de algum herdeiro”.
b) Natureza Jurídica da Herança Jacente:

A herança jacente não possui personalidade jurídica e nem é patrimônio


autônomo sem sujeito. Consiste em um acervo de bens, administrado por um
curador, sob fiscalização da autoridade judiciária, até que habilitem os herdeiros,
incertos ou desconhecidos, ou se declare por sentença a respectiva vacância.
Mesmo não possuindo a devida personalidade jurídica, podem usufruir de
capacidade processual e ter legitimidade ativa e passiva para acionar e ser
acionado em juízo. Essas entidades se formam independentemente da vontade
de seus membros. Importante ainda ressaltar que, a herança jacente distingue-se
do espólio, sendo os herdeiros deste, conhecidos. No espólio são compreendidos
os bens deixados pelo falecido desde a abertura da sucessão até a partilha,
podendo tanto aumentar, como diminuir.
c) Hipóteses de Jacência:

Art. 1.819 – Código Civil: Falecendo alguém sem deixar testamento nem
herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de
arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.

O artigo supramencionado trata das duas espécies de jacência, aquela sem o


testamento e a com o testamento. A primeira subdivide-se em duas situações:

● Inexistência de herdeiros conhecidos; e


● Renúncia da herança por parte dos herdeiros conhecidos.
A segunda espécie configura-se quando o herdeiro instituído não existir ou não aceitar a
herança, e o falecido não deixar cônjuge, companheiro ou qualquer das hipóteses dos
herdeiros legítimos. Nesse caso a herança também será arrecadada e posta sob a
administração de um curador. Na obra Direito Civil Brasileiro, o jurista Carlos Roberto
Gonçalves cita outras hipóteses para a ocorrência da Herança Jacente, uma delas verifica-
se quando se espera o nascimento de um herdeiro. O herdeiro pode, por exemplo, nomear
como herdeiro universal o filho já concebido e ainda não nascido de determinada pessoa.
Com o falecimento do testador, a herança é arrecadada como jacente, aguardando-se o
nascimento com vida do beneficiário. Nesse caso é permitido que seja retirado do acervo,
ou da renda, o necessário para a manutenção da mãe do nascituro, se ela não possuir
meios próprios de subsistência.
● Herança Vacante:
a) Considerações Gerais:

O código civil de 2002 considera herança vacante a partir do momento em que


todos os chamados a suceder repudiam a herança, renunciando-a. Segundo
Carlos roberto Gonçalves: "Herança Vacante é quando o bem é devolvido à
fazenda pública por se ter verificado não haver herdeiros que se habilitarem no
período da jacência”.
Está previsto no artigo 1.820:

Art. 1.820 – Código Civil: praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o


inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um
ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda
habilitação, será a herança declarada vacante.

O juiz promove a arrecadação dos bens para preservar o acervo e entregá-lo aos
herdeiros que se apresentem ao Poder Público, caso a herança seja declarada
vacante. Enquanto isso permanecerá sob a guarda de um curador, nomeado
livremente pelo juiz. No intuito de impedir o perecimento da riqueza apresentada
pelo espólio, o estado ordena sua arrecadação, para o fim de entregarem ao
herdeiro que aparecer em boas condições.
b) Efeitos da Declaração de Vacância:

De acordo com Walter Moraes a sentença que declara vaga a herança, coloca fim
às características da jacência, estabelecendo assim, a certeza jurídica de que o
patrimônio hereditário não tem titular até o momento da delação ao ente público.
É só neste momento que acontece a delação ao Estado, porque, com efeito,
antes disso o Estado não estava convocado à sucessão. “trata-se então da única
hipótese em que o momento do início da delação afasta-se da abertura da
sucessão, colocando-se entre uma e outra etapa do fenômeno sucessório, um
espaço vazio, que é a mesma vacância”.
Essa sentença que faz a transferência da herança jacente para a herança
vacante promove os bens para o Poder Público, tornando obrigatório que o
curado os entregue assim que completar um ano da primeira publicação dos
editais, mas o prazo de aquisição definitiva não se conta desse fato, senão da
abertura da sucessão.

A sentença que promove a vacância não impede que a herança seja reivindicada
por herdeiro sucessível, desde que não tenha decorrido cinco anos a contar da
data da abertura da sucessão, ou seja, essa sentença só passa a ser definitiva
após o prazo determinado. A vacância afasta da sucessão legítima os herdeiros
colaterais.
Ainda que exercida por um só dos herdeiros, a ação poderá compreender todos
os bens hereditários (CC art. 1.825). Este artigo confirma o caráter universal e
indivisível da herança;
O Art. 1.827 autoriza que o herdeiro reivindicante demande os bens da herança
ainda que em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor
originário pelo valor dos bens alienados;
O CC no parágrafo único do art. 1.827, protege, porém, os terceiros adquirentes
que comprovarem a boa-fé, considerando as alienações onerosas eficazes,
restando ao herdeiro voltar-se contra o possuidor originário que transferiu a
herança com a aparência de herdeiro. Agora se o terceiro agiu de má-fé, ou se
adquiriu por negócio a título gratuito, terá que restituir o bem ao herdeiro real;
Da Petição de Herança (arts.1.824 a 1.828)
Conceito: Segundo o CC Art. 1.824, a petição de herança é uma petição judicial formulado pelo interessado
objetivando o seu reconhecimento como herdeiro e a defesa dos seus direitos sucessórios. A ação é
ajuizada, portanto, pelo herdeiro em face de quem indevidamente está ofendendo seu direito ao
recebimento da herança.

Legitimação

1) ATIVA - Para Guilherme Calmon de Nogueira Gama, a legitimação ativa para a propositura da ação de
petição de herança, é reservada a quem se afirma herdeiro do autor da sucessão e busca o reconhecimento
de tal título, pretendendo, quer seja a totalidade da herança (com a exclusão de outras pessoas), ou apenas
a participação na herança (se houver outros coerdeiros).

2) PASSIVO - Legitimado passivo é o que possui ilegitimamente (sem o correspondentetitulo hereditário) os


bens, ou, ainda, aquele que, embora tenha direito a participação na herança, negue essa mesma qualidade
a outrem com igual título.
Não é faculdade do herdeiro a defesa de todo o patrimônio hereditário, é um dos
deveres. Não o fazendo, responde pelos prejuízos que isso vier a causar aos
demais herdeiros condôminos, até porque a defesa de parte não se faz em
benefício do herdeiro que age, mas de todos os sucessores.
Prescrição – é de 10 anos o prazo de prescrição do direito a ação de petição de
herança (Súmula 149 do STF). A contagem do prazo (10 anos, art. 205 CC)
inicia-se da data da abertura sucessão, salvo se o herdeiro é menor impúbere,
hipótese em que se deve aguardar o atingimento de sua capacidade.

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