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DA DIVISÃO DA HERANÇA QUANDO A PESSOA FALECIDA É CASADA

Antes do início do casamento, o casal deve escolher o regime de bens que vigerá durante a
relação conjugal.

Os regimes de bens previstos expressamente em lei são:

a) Regime de comunhão parcial de bens;

b) Regime de comunhão total de bens;

c) Regime de separação total de bens;

d) Regime de participação de aquestos.

Se o casal permanecer inerte quanto a escolha do regime de bens, aplica-se a regra geral, qual
seja: regime de comunhão parcial de bens.

Se pessoa tiver mais de 70 anos, aplica-se, obrigatoriamente, o regime de separação total de


bens, nos termos do art. 1.641, II, do Código Civil.

DIFERENÇA ENTRE MEAÇÃO E HERANÇA

A meação do cônjuge sobrevivente não se confunde com a herança.

Meação é direito próprio do cônjuge da pessoa falecida, decorrente do regime de bens


adotado durante o casamento.

Nesse sentido, é preciso separar a meação do cônjuge sobrevivente da herança, daí dizer que a
meação não é objeto de transmissão sucessória, logo, não deve ser tributada tão pouco
utilizada para cálculo das despesas do inventário judicial ou inventário no Cartório.

O cônjuge sobrevivente não terá direito a herança na hipótese do casal estar separado
judicialmente ou separado de fato, pois há a cessação da solidariedade recíproca que justifica
a transmissão sucessória, em observância conjunta do art. 1.830 do Código Civil e
jurisprudência dos Tribunais.

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge


sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam
separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois
anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara
impossível sem culpa do sobrevivente.

INVENTÁRIO: DIVISÃO DA HERANÇA NO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS


No casamento com o regime de comunhão parcial de bens, havendo falecimento de um
cônjuge, o outro cônjuge sobrevivente é chamado à sucessão inicialmente em concorrência
com os descendentes.

No entanto, não haverá concorrência com os descendentes se o autor da herança não houver
deixado bens particulares (art. 1.829, I, Código Civil).

Nota-se que a lei privou o cônjuge sobrevivente de ser herdeiro na hipótese do patrimônio
deixado pelo falecido ser comum, ou seja, a herança é atribuída diretamente ao descendente,
restando ao cônjuge sobrevivente somente a meação.

Difere, portanto, na hipótese do autor da herança ter patrimônio particular (adquirido


anteriormente ao casamento ou durante o casamento por herança ou doação), pois neste
cenário o cônjuge sobrevivente também será herdeiro, em concorrência com os descendentes
do falecido.

Em resumo: existindo descendente do cônjuge falecido e somente bens comuns adquiridos na


constância do casamento, não há que se falar em direito hereditário em razão da viuvez. De
outro lado, existindo descendente do cônjuge falecido e bens particulares, haverá direito
hereditário para o cônjuge sobrevivente, que concorrerá com os descendentes do cônjuge
falecido sobre os bens particulares.

A propósito, ainda que o bem particular esteja revestido de cláusula de incomunicabilidade, há


julgado do STJ no ano de 2016 que reconhece que a cláusula de incomunicabilidade imposta a
um bem não se relaciona com a vocação hereditária, portanto, este bem deverá ser objeto de
partilha em favor do herdeiro (cônjuge sobrevivente).

Não havendo descendentes (filhos, netos ou bisnetos), o cônjuge sobrevivente concorre com
os ascendentes (avoengos, bisavós, trisavós, etc) (art. 1.829, II, Código Civil).

Exemplo: Marido, mulher e filha formam uma família. Marido morre, sem deixar testamento.
O patrimônio da família é composto de R$ 100.000,00 em aplicação financeira, um
apartamento no valor de R$ 500.000,00 e uma casa de R$ 250.000,00 em nome do marido,
adquirido antes do casamento, portanto, bem particular.

De acordo com a lei, 50% da aplicação financeira e do apartamento pertencerá à esposa, pois é
considerada meeira, ou seja, a esposa tem direito a metade dos bens comuns do casal.

O restante do patrimônio será objeto da herança, portanto, partilhado. Significa dizer que a
herança a ser partilhada será os outros 50% do patrimônio comum da família e 100% da casa
adquirida antes do casamento que estava em nome do marido.

Portanto, o patrimônio a ser partilhado será dividido da seguinte forma:

• 50% da aplicação financeira e apartamento será da filha, que é herdeira.

• 100% da casa será repartida entre a filha e a mãe, pois ambas serão consideradas herdeiras
do bem particular do marido falecido, portanto, cada uma receberá 50%.
Exemplo: Marido e mulher formam uma família, sem filhos. A mãe do marido está viva.
Marido morre, sem deixar testamento. O patrimônio da família é composto de R$ 100.000,00
em aplicação financeira, um apartamento no valor de R$ 500.000,00 e uma casa de R$
250.000,00 em nome do marido, adquirido antes do casamento, portanto, bem particular.

De acordo com a lei, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, os ascendentes somente


serão chamados à sucessão se não houver herdeiros descendentes.

Nesse sentido, 50% da aplicação financeira e do apartamento pertencerá à esposa, pois é


considerada meeira, ou seja, a esposa tem direito a metade dos bens comuns do casal.

O restante do patrimônio será objeto da herança, portanto, partilhado entre o cônjuge


sobrevivente e os ascendentes da pessoa falecida. Significa dizer que a herança a ser
partilhada será os outros 50% do patrimônio comum da família e 100% da casa adquirida antes
do casamento que estava em nome do marido.

Nota-se que nesta hipótese de concorrência entre o cônjuge sobrevivente e os ascendentes


partilha-se entre eles todo o patrimônio deixado pela pessoa falecida, abrangendo o
patrimônio comum e o patrimônio particular, diferentemente do que ocorre na concorrência
entre o cônjuge sobrevivente e os descendentes, conforme visto acima.

Portanto, o patrimônio a ser partilhado será dividido da seguinte forma, em observância ao


art. 1.837 do Código Civil:

• 50% da aplicação financeira e 50% da propriedade do apartamento será dividida entre a


esposa e a sogra (mãe da pessoa falecida), pois ambas são herdeiras, ou seja, cada uma
receberá metade da aplicação financeira e metade do apartamento.

• 100% da propriedade da casa será repartida entre a sogra e a esposa em igual proporção
(50% para cada uma), pois ambas serão consideradas herdeiras do bem particular do filho /
marido falecido.

Na hipótese de ambos os genitores do falecido estarem vivos, a divisão será diferente, pois o
cônjuge terá direito a 1/3 da herança, conforme também dispõe o art. 1.837 do Código Civil.
Nesse sentido, a partilha de bens será da seguinte forma:

• 1/3 da herança pertencerá a esposa e o restante será dividido entre o sogro e a sogra.

• 1/3 da propriedade da casa pertencerá a esposa e o restante será dividido entre o sogro e a
sogra.

Na ausência de ascendentes, a esposa herdará a totalidade da herança, nos termos do art.


1.838 do Código Civil.

INVENTÁRIO: DIVISÃO DA HERANÇA NO REGIME DE SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS

Inicialmente, cumpre esclarecer que o regime de separação convencional de bens também é


conhecido como regime de separação total de bens, portanto, são expressões sinônimas.
No casamento com o regime de separação convencional de bens, havendo falecimento de um
cônjuge, o outro cônjuge sobrevivente é chamado à sucessão inicialmente em concorrência
com os descendentes (art. 1.829, I, Código Civil).

O regime de separação total de bens quer dizer que os bens adquiridos pelo marido
permanecem com o marido e os bens adquiridos pela esposa permanecem com a esposa, ou
seja, há um óbice à comunhão de qualquer bem adquirido por cada cônjuge antes ou durante
o casamento, seja a título oneroso ou gratuito. É dizer que cada cônjuge mantém um
patrimônio particular sem qualquer comunicação com o patrimônio do outro cônjuge.

No entanto, no regime sucessório, por força do art. 1.829, I do Código Civil, existe
entendimento de que o cônjuge sobrevivente concorra com os descendentes.

Exemplo: João e Maria casados sob o regime de separação convencional de bens, possuem o
filho Pedro. João possui um apartamento em seu nome. Não há testamento. João falece.

O patrimônio a ser partilhado será dividido da seguinte forma:

• 50% da propriedade do apartamento pertence ao filho Pedro, que é herdeiro;

• 50% da propriedade do apartamento pertence à esposa Maria, que é herdeira.

Há uma corrente doutrinária de renomados doutrinadores que questionam este tipo de


entendimento diante da atual sociedade cujas famílias recompostas crescem a cada dia.

Família recomposta é definida como a família formada por uma ou ambas as pessoas com um
ou mais filhos de relacionamentos anteriores.

Diante desse fato da vida, esta corrente doutrinaria entende que o cônjuge sobrevivente pode
ter filhos de relacionamentos familiares anteriores, dai dizer que a herança recebida pelo
cônjuge sobrevivente retira, em parte, a herança do filho do cônjuge falecido.

Exemplo: João e Maria casados sob o regime de separação convencional de bens, possuem o
filho Pedro. João possui um apartamento. Divorciam-se. João constitui nova família, casando-
se com Camila, que tem uma filha chamada Laura do casamento anterior com Paulo. O
casamento de João e Camila também é regido pelo regime de separação convencional de bens.
João falece.

Aberta a sucessão, o apartamento de João será objeto de inventário.

De acordo com a regra do art. 1.829, I do Código Civil, a patilha do imóvel seguirá a seguinte
forma:

• 50% da propriedade do apartamento pertencerá ao filho Pedro, que é herdeiro;

• 50% da propriedade do apartamento pertencerá à esposa Camila, que é herdeira.


Ocorre que, sobrevindo o falecimento de Camila, este percentual de 50% recebido por herança
em razão do falecimento do esposo João será transmitida a filha Laura, que não é descendente
natural de João.

Portanto, segundo esta corrente de doutrinadores, não parece razoável que parte da herança
que deveria ser entregue integralmente ao descendente em razão do regime de bens
escolhido pelo casal diante da vontade estabelecida pelas partes no ato do casamento, com a
morte de um deles, possa ser ignorada de modo a direcionar o patrimônio ao cônjuge
sobrevivente e, como consequência, a terceiros estranhos à família natural da pessoa falecida
(ascendentes, descendentes ou colaterais do cônjuge sobrevivente), privando o filho titular do
patrimônio.

Outra corrente de doutrinadores sustenta que o artigo 1829, I do Código Civil reconhece o
direito do cônjuge sobrevivente a herança, mesmo na hipótese de casamento regido pelo
regime de separação convencional de bens, pois o legislador buscou salvaguardar o mínimo
necessário para o cônjuge sobrevivente, na medida que o intuito de plena comunhão de vida
entre os cônjuges (art. 1.511, Código Civil) conduziu o legislador a incluir o cônjuge
sobrevivente no rol dos herdeiros necessários, independentemente do período de duração do
casamento.

A jurisprudência do STJ desde 2015 adotou o entendimento de que o cônjuge sobrevivente


tem direito de ser reconhecido como herdeiro necessário, em concorrência com os
descendentes no casamento sob a égide do regime de separação de bens.

Não havendo descendentes (filhos, netos ou bisnetos), o cônjuge sobrevivente concorre com
os ascendentes (avoengos, bisavós, trisavós, etc) (art. 1.829, II, Código Civil).

Nesta hipótese de concorrência, todo patrimônio deixado pela pessoa falecida será partilhado
entre o cônjuge e os ascendentes.

INVENTÁRIO: DIVISÃO DA HERANÇA NO REGIME DE SEPARAÇÃO TOTAL DE BENS


OBRIGATÓRIA

É obrigatório o regime da separação de bens no casamento de pessoa maior de 70 (setenta)


anos, conforme disposição expressa do art. 1.641, II do Código Civil.

Artigo 1.641 do Código Civil: É obrigatório o regime da separação de


bens no casamento:[...]

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº


12.344, de 2010)

No entanto, a jurisprudência relativizou a regra estabelecida no art. 1.641 do Código Civil


editando a súmula 377 do Supremo Tribunal Federal:
Súmula 377 do STF: No regime da separação legal de bens,
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.

Como se nota, na separação de bens obrigatória prevista no art. 1641 do Código Civil, em
razão da súmula 377 do STF, haverá comunhão dos bens adquiridos onerosamente durante o
casamento, o que permite afirmar que a separação não é total, tal como preleciona a letra fria
da lei.

O art. 1.829, I do Código Civil estabelece que a herança é atribuída integralmente aos
descendentes da pessoa falecida que foi casada sob o regime de separação obrigatória de
bens, privando, portanto, o cônjuge sobrevivente.

Artigo 1.829 do Código Civil: A sucessão legítima defere-se na ordem


seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,


salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão
universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares;

Nesta mesma linha, o STJ já se pronunciou sobre direitos sucessórios do cônjuge casado sob o
regime de separação total obrigatória de bens e o regime de separação convencional de bens:

(...) 1. O cônjuge, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo


casal, é herdeiro necessário (art. 1.845, Código Civil); 2. No regime de
separação convencional de bens, o cônjuge sobrevivente concorre
com os descendentes do falecido. A lei afasta a concorrência apenas
quanto ao regime da separação legal de bens prevista no art. 1.641
do Código Civil. Interpretação do art. 1.829, I, do Código Civil. (...)

(STJ, Ac. 2ª Seção, REsp. 1.382.170/SP, rel. Min. João Otávio de


Noronha, j. 22.4.2015).

Não havendo descendentes (filhos, netos ou bisnetos), o cônjuge sobrevivente concorre com
os ascendentes (avoengos, bisavós, trisavós, etc) (art. 1.829, II, Código Civil).

Nesta hipótese de concorrência, todo patrimônio deixado pela pessoa falecida será partilhado
entre o cônjuge e os ascendentes.

INVENTÁRIO: DIVISÃO DA HERANÇA NO REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS:

Previsto nos arts. 1.677 e 1.668 do Código Civil, importa na comunicação (meação) de todos os
bens móveis e imóveis, presentes e futuros. Ou seja, o patrimônio funde-se em um só,
ressalvadas as hipóteses de incomunicabilidade previstas na lei (art. 1.668, I a V). Em termos
práticos, no caso de falecimento de um dos cônjuges, a metade ideal (meação) será entregue
ao cônjuge sobrevivente, independentemente do título aquisitivo originário. O patrimônio
remanescente, ou seja, a outra metade que corresponde à integralidade da herança do
falecido, será dividida em partes iguais somente entre os filhos, por força do artigo 1.829, I, do
Código Civil.

Isso acontece porque vigora na legislação civil a máxima regra: “quem meia não herda e quem
herda não meia”. Isso significa o seguinte: se a(o) viúva(o) já recebeu a sua metade (meação)
de todo o patrimônio, inclusive eventuais bens adquiridos pelo falecido antes do casamento,
não terá direito de concorrer na herança com os descendentes.

INVENTÁRIO: DIVISÃO DA HERANÇA NO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS:

O regime de participação final nos aquestos[10] possui uma espécie híbrida, com
características tanto do regime de separação quanto de comunhão parcial de bens[11].

Nesse sentido, os bens adquiridos antes do matrimônio não se comunicam. Na constância do


matrimônio, assim como ocorre no regime de separação total dos bens, cada cônjuge mantém
seu próprio patrimônio, com administração exclusiva de seus bens, inclusive os imóveis, desde
que previamente estipulado no pacto antenupcial[12].

Contudo, na eventualidade da dissolução conjugal, serão apurados os aquestos sobre os bens


adquiridos de forma onerosa pelo casal, situação um pouco distinta do que acontece na
prática no regime de comunhão parcial de bens.

Na sucessão, a partilha de bens deve observar a meação do cônjuge sobrevivente conforme as


previsões do Código Civil[13]. Ou seja, ocorre de uma forma semelhante ao divórcio: meação
sobre os aquestos/bens comuns. Acerca do restante do patrimônio do falecido, o cônjuge
sobrevivente será herdeiro.

Exemplo: Maria e João, casados pelo regime participação final nos aquestos, têm 2 filhos.
Antes do casamento, João adquiriu um automóvel. Na constância do matrimônio, o casal
comprou um apartamento. Passados alguns anos, João falece.

Resolução – Em relação ao apartamento, Maria será meeira (direito a 50% do bem), posto que
era um bem comum ao casal – conforme regra do regime de participação final nos aquestos. E
os outros 50% serão partilhados entre os dois filhos do casal. Ao automóvel, Maria será
herdeira, juntamente com seus dois filhos, uma vez que, por ser bem particular de João, Maria
não possui direito à meação.

*10+ A palavra “aquesto” significa acúmulo, reserva. Portanto, o regime de participação final
nos aquestos poderia ser traduzido para: regime de participação final nos bens acumulados
pelo casal.

[11] Art. 1.672 CC. No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui
patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução
da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na
constância do casamento.
[12] Art. 1.656 CC. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos
aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.

[13] Art. 1.685 CC. Na dissolução da sociedade conjugal por morte, verificar-se-á a meação do
cônjuge sobrevivente de conformidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a herança
aos herdeiros na forma estabelecida neste Código.

PERCENTUAL SUCESSÓRIO SOBRE A PARTILHA DA HERANÇA ENTRE O CÔNJUGE


SOBREVIVENTE E OS DESCENDENTES

O percentual sucessório sobre a partilha da herança entre o cônjuge sobrevivente e os


descendentes deve observar a regra prevista no art. 1.832 do Código Civil.

Artigo 1.832 do Código Civil: Em concorrência com os descendentes


(art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que
sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta
parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que
concorrer.

De acordo com o art. 1.832 do Código Civil o cônjuge sobrevivente concorrerá com os
descendentes, de modo a obter a mesma cota destinada a cada descendente, ou seja, se a
pessoa falecida deixou 1 descendente, a partilha de bens será dividida ao meio (metade para o
descendente e a outra metade para o cônjuge sobrevivente); se a pessoa falecida deixou 2
descendentes, a partilha de bens será dividida 3 partes iguais (1 parte para um descendente, 1
parte para o outro descendente e 1 parte para o cônjuge sobrevivente) e assim por diante.

O art. 1.832 do Código Civil também atribui uma cota mínima de 25% da herança ao cônjuge
sobrevivente desde que seja ascendente dos herdeiros com que concorrer.

Isso quer dizer que se a marido falecido deixou 10 descendentes que também são filhos da
viúva, 25% da herança pertence à viúva e o restante (75%) será dividido entre os
descendentes, ou seja, cada um terá uma cota-parte equivalente a 7,5% da herança.

Se por acaso, esses descendentes não forem filhos da viúva, a divisão da partilha será feita por
11 (10 descendentes + a viúva), ou seja, cada um terá uma cota-parte equivalente a 9,09% da
herança. Nesta hipótese, a viúva não terá garantida a cota mínima de 25% da herança.

Importante destacar que no caso de uma família recomposta onde a pessoa falecida tinha
filhos de relacionamento anterior e também filhos do novo casamento, a lei civil não
estabeleceu uma regra clara para a divisão da herança.

Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência diverge sobre o tema, possuindo entendimento


para todos os gostos, o que, por óbvio, causa ainda mais insegurança jurídica.

De todo modo, é possível utilizar como norte de interpretação o enunciado 527 da Jornada de
Direito Civil:
Enunciado 527 na Jornada de Direito Civil: "na concorrência entre o
cônjuge e os herdeiros do de cujus não será reservada a quarta parte
da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida.

PERCENTUAL SUCESSÓRIO SOBRE A PARTILHA DA HERANÇA ENTRE O CÔNJUGE


SOBREVIVENTE E OS ASCENDENTES

Na hipótese do cônjuge sobrevivente ser herdeiro necessário em concorrência com os


ascendentes, prevalece a regra de que todo patrimônio deixado pela pessoa falecida será
partilhada entre o cônjuge sobrevivente e os ascendentes.

O patrimônio da pessoa falecida pode compreender tanto bens comuns quanto bens
particulares.

O percentual sucessório deve obedecer a regra do art. 1.837 do Código Civil:

Artigo 1.837 do Código Civil: Concorrendo com ascendente em


primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a
metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele
grau.

Como se nota, se o cônjuge sobrevivente concorrer com os pais vivos da pessoa falecida, a
divisão será equivalente a 1/3 para cada um (1/3 para o cônjuge sobrevivente; 1/3 para o pai
da pessoa falecida e 1/3 para a mãe da pessoa falecida).

Na hipótese do cônjuge sobrevivente concorrer apenas com um dos genitores da pessoa


falecida ou qualquer outro ascendente de maior grau (bisavós, trisavós), o cônjuge
sobrevivente receberá ½ dos bens hereditários e o restante (outra metade) será dividida entre
os ascendentes de maior grau.

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