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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA – UFOB

Discente: Juliana Melo da Cunha


Componente: Direito das Sucessões / Turma: 01/2N12

AR 01 - Sucessões

01 – Conceitue e diferencie herança, meação e espólio.

No último livro da saga Harry Potter há uma frase que nos coloca no centro de
uma problemática: “ ora, o último inimigo a ser aniquilado é a morte”. O contexto da
frase, que também possui um significado bíblico, é viver além da morte, de tal modo
que os atos em vida façam sentido e seus efeitos se posterguem ainda que o corpo
físico se deteriore. Em Direito das Sucessões, o ordenamento jurídico tem a intenção
de fazer com que os bens e relações jurídicas deixados pelo autor da herança sejam
ocupados, em outras palavras, que tenham uma continuação mesmo com o evento
morte.
Em virtude da proteção constitucional dada ao herdeiro e os limites impostos ao
testador, há uma corrente doutrinária que entende estar mitigada essa ideia de que a
vontade do de cujus estaria como prioridade no Código Civil. Entendo, no entanto, que
em que pese as partes que legalmente são deixadas aos herdeiros obrigatórios, há
uma parte que pode o autor da herança ter liberdade para dispor, demonstrando que
existe uma autonomia legalmente garantida. Afinal, todo nosso conceito atual de
autonomia já é subentendido estar eivado de limitações.
Somado a isso, é preciso sempre ter em mente que as normas precisam ser
interpretadas em conjunto, para que se façam sentido num todo coerente, por esse
motivo, se existe um rol de herdeiros montado de acordo com o grau de proximidade
com o de cujus é justamente pela tentativa de privilegiar os laços que foram
construídos e manter o acervo patrimonial dentro do que poderia ser sua vontade.
Nesse contexto, é preciso ter um bom entendimento dos conceitos de herança,
meação e espólio sob a perspectiva da possibilidade de disposição dos mesmos. Em
primeiro lugar, a análise da meação é prioritária por ser a parte em que, a depender do
regime de bens, será destinada a pessoa específica: o cônjuge. O conceito de meação
é estudado dentro do Direito de Família porque devemos entender o mesmo como a
proteção dos bens comunicáveis que o casal constituiu a título oneroso na constância
do casamento e não se confunde com o conceito de herança posteriormente analisado.
Por isso, o meeiro, pessoa que responde pela meação, não está herdando ainda, mas
tomando para si parte do patrimônio que é seu por direito.
Dentro do conceito de meação é importante saber qual o regime de bens
adotado, os bens comuns e os individualizados. Essa informação traz consequências
importantes, se o casal opta pelo regime de separação total dos bens, por exemplo,
não há que se falar em meação, pois os bens serão exclusivos de cada um dos
cônjuges. Contudo, nos casos de separação obrigatória, elencados no art. 1.641, do
Código Civil, ainda há comunicação dos bens adquiridos na constância do casamento,
direito dado pela Súmula 377 do STF.
Em termos gerais, a meação é essa parte do patrimônio que fica disponível para
o cônjuge em relação à totalidade dos bens, durante as pesquisas que realizei o
percentual de 50% me pareceu ser a regra. A meação, portanto, é um direito adquirido
da pessoa que compõe o casal, contudo, essa porcentagem deve ser inicialmente
incorporada ao patrimônio do de cujus para posterior partilha, essa determinação
aparece de forma expressa no Código de Processo Civil:

Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a


decisão judicial, observando nos pagamentos a seguinte ordem:
II - meação do cônjuge;

Isso acontece porque, após a morte, deve acontecer a reunião de todos os bens
para posterior partilha como forma de proteção dos herdeiros, os quais devem saber
em quais bens incidiam os direitos da pessoa falecida ainda que fosse metade do valor.
Reservado o direito à meação, partiremos para a herança. No âmbito jurídico, a
herança pode ser conceituada como o conjunto dos bens, direitos e deveres deixados
pelo de cujus que passam aos seus sucessores, sejam eles testamentários ou
legítimos. Pelo princípio da droit de saisine, a herança transmite-se aos herdeiros
imediatamente após a morte do autor da herança. Assim, há uma reunião dos bens,
direitos e obrigações da pessoa falecida, na qual também podem estar inseridos os
investimentos, tudo reunido e considerado como um todo, isso quer dizer que a
herança só faz sentido quando considerada a universalidade, o acervo deixado.
Logo, o entendimento é que quando nos referimos a herança isso não quer dizer
apenas os bens e valores deixados, nesse sentido entende o doutrinador Carlos
Roberto Gonçalves:
A palavra “herança” tem maior amplitude, abrangendo o patrimônio do
cujus, que não é constituído apenas de bens materiais e corpóreos, como
um imóvel ou um veículo, mas representa uma universalidade de direito,
o complexo de relações jurídicas dotadas de valor econômico (CC, art.
91). (GONÇALVES, 2012, p.7).

O Código Civil nos informa que:


art. 1.791: A herança defere-se como um todo unitário, ainda que
vários sejam os herdeiros.

Parágrafo Único: Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à


propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas
normas relativas ao condomínio.

O artigo acima mencionado demonstra que os herdeiros são proprietários de um


bem em comum, pois a herança é considerada um bem imóvel. Dessa forma, os
herdeiros não obtém para si a propriedade e a posse de bens individualizados, mas sim
de todos os bens, significa dizer que não pode um dos herdeiros realizar atos negociais
com um bem individualizado do acervo sem a anuência de todos os herdeiros
existentes.
Conforme visto até aqui, os herdeiros precisam que a herança seja partilhada
para que possam ter para si o que lhes foi deixado. Para isso, a abertura do processo
de Inventário é uma das formas de realizar essa partilha, e, nesse caso, o conjunto dos
bens e valores deixados será tratado como espólio.
Nesse sentido, o espólio é quem figura em um dos polos nas ações de
inventário, por esse motivo, é o mesmo que herança, mas aqui considerado no âmbito
processual e já subtraído das possíveis dívidas deixadas pelo autor da herança.
Ademais, o espólio possui algumas características tais como: ser um ente
despersonalizado, sujeito de direitos, que pode ser parte, ser autor e réu em um
processo, não tem personalidade jurídica, mas tem personalidade judiciária. Assim,
ainda que o espólio figure no polo é necessário que alguém o represente, em geral, é o
inventariante que assume essa função, pessoa escolhida judicialmente quando não há
acordo entre os herdeiros.
Infere-se, portanto, que os três institutos jurídicos versam sobre o mesmo tema,
mas analisando montantes diferentes dos bens, valores, direitos e obrigações
deixados. Enquanto a herança é transmitida aos herdeiros no momento da morte, o
espólio é partilhado dentro de ação extrajudicial ou judicial de inventário; e a meação é
devida por direito próprio do cônjuge sobrevivente, incide sobre bens constituídos a
título oneroso pelo casal, tendo seu valor determinado pelo regime de bens do
casamento.

02 – Discorra sobre as possibilidades e formalidades necessárias para a cessão


da herança, para a cessão do direito do coerdeiro sobre um bem considerado
singularmente e para a disposição, por todos os herdeiros, de um bem
componente do acervo hereditário. Diferencie as três situações e traga um
exemplo prático de cada uma delas.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), através do


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou dados de que 62,9
milhões de brasileiros em 2021 sobrevivem com renda familiar per capita de até $497
reais mensais. Essa informação é importante para que, antes de se falar em cessão da
herança, termos consciência de que todo dinheiro recebido no Brasil é bem vindo.
Dito isso, partiremos para uma retomada geral do estudo das Sucessões. A
existência do princípio da saisine, o qual nos diz que no exato momento da morte a
herança é transmitida aos herdeiros, implica em não existir necessidade do aceite para
que haja a posse e propriedade da universalidade de direitos, pelo menos a priori.
Por outro lado, para a cessão do direito de herança é imprescindível o
atendimento a formalidades legais. Para o melhor entendimento, se faz necessária a
análise do Código Civil:
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de
que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura
pública.
§ 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de
substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos
pela cessão feita anteriormente.
§ 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário
sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da
sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo
hereditário, pendente a indivisibilidade.

Da leitura do referido artigo, temos que, em primeiro lugar, é preciso que haja a
morte do autor da herança e, consequentemente, a abertura da sucessão para que se
possa falar em cessão de herança.

Antes que a proposta seja feita a um terceiro, é preciso reservar o direito de


preferência aos demais herdeiros. Como a herança segue as regras de condomínio,
visto que é considerada um bem imóvel com mais de um dono, deve ser observado o
art.504:

“Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a


estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O
condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se
o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de
decadência”.

Somado a isso, temos o art. 1.794:


“O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa
estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por
tanto”.

A jurisprudência segue o mesmo entendimento:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO


ANULATÓRIA DE ESCRITURA PÚBLICA DE CESSÃO DE DIREITOS
HEREDITÁRIOS C/C DIREITO DE PREFERÊNCIA - ART. 1.794 DO
CÓDIGO CIVIL - RESPEITO AO DIREITO DE PREFERÊNCIA DO
CO-HERDEIRO - NÃO COMPROVAÇÃO - ANULAÇÃO DO
INSTRUMENTO PÚBLICO DE CESSÃO - NECESSIDADE. 1- A
regularidade da cessão de quinhão hereditário depende da observância,
pelo cedente, do direito de preferência do co-herdeiro sobre o quinhão a
ser cedido, conforme disposto no art. 1.794 do Código civil: "O
co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa
estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto".
2- Não havendo comprovação de que o direito de preferência foi
respeitado pelo co-herdeiro cedente, a anulação da escritura pública
de cessão de direitos hereditários é medida a ser adotada.

(TJ-MG - AC: 10116170032274001 MG, Relator: Claret de Moraes, Data


de Julgamento: 02/06/2020, Data de Publicação: 25/09/2020)

Dessa forma, primeiro é concedido aos demais herdeiros que se compre o


crédito hereditário, afinal, o objetivo é que o patrimônio continue dentro do núcleo
familiar, pois isso evita um caminhar processual conturbado. Caso não haja esse direito
de preferência respeitado, pode o(s) herdeiro(s) prejudicados fazer um depósito do
valor que foi cobrado na cessão e requerer para si a quota parte anteriormente cedida.

O Código Civil exige que a cessão observe requisitos formais. Para isso,
cedente e cessionário realizam um negócio jurídico que, independente do valor da
herança, deve ser observado a formalidade de ser feito por meio de escritura pública.

Outra regra em consequência da herança ser considerada como bem imóvel, é


que os contratos de cessão de herança, a depender do regime de bens, depende de
outorga uxória do cônjuge para fazer essa alienação, sob pena de anulabilidade, a qual
pode ser solicitada pela parte prejudicada em até 2 anos depois de terminada a
sociedade conjugal. Nos termos legais:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos


cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da
separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou


direitos;
III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens


comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

No ato da escritura pública é pago um valor específico para esse tipo de


operação, o ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), o documento será usado
pelo cessionário para se habilitar no processo de inventário, por esse motivo, ainda não
há posse ou propriedade de nenhum bem pleiteado, visto que só com o formal de
partilha é que serão concedidas. Isso quer dizer que esse contrato será aleatório, e
ainda pode não ser eficaz nos casos em que a herança se esgotar no pagamento das
dívidas deixadas pelo de cujus.

Os documentos necessários a serem levados ao Cartório de Notas são os


seguintes:

Do cedente
1. Carteira de Identidade ou CNH, CPF e indicar a profissão,
telefone, e-mail e endereço completo do cedente e do
cônjuge/companheiro, se tiver.

2. Certidão do estado civil (certidão de nascimento para solteiros e


de casamento para casados, separados ou divorciados) expedida
pelo Registro Civil a menos de 90 dias de todos, inclusive
anuentes.

3. cedentes casados com Pacto Antenupcial devem apresentar


certidão do pacto antenupcial, registrado junto ao registro de
imóveis.

4. Certidão de óbito do proprietário do acervo de bens cujos


direitos estão sendo cedidos.

Do cessionário

1. Carteira de Identidade ou CNH, CPF e indicar a profissão,


telefone, e-mail e endereço completo.
2. Pessoa jurídica – cópia do contrato social e alterações e certidão
simplificada expedida pela Junta Comercial a menos de 90 dias.
RG e CPF dos sócios administradores.

3. Certidão do estado civil dos cessionários (certidão de


nascimento para solteiros e de casamento para casados,
separados ou divorciados), pode ter mais de 90 dias.

4. Cessionários casados com pacto Antenupcial devem apresentar


certidão do pacto antenupcial, registrada junto ao registro de
imóveis.

5. documento de identificação de cônjuge/companheiro(a) e


informar dele(a): indicar a profissão, telefone, e-mail e endereço
completo.

Esse rol listado não é taxativo, visto que quando houverem imóveis, por
exemplo, serão exigidos documentos específicos. Ainda mais importante é salientar
que deve ser dado direito de preferência para os demais coerdeiros.

Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da


cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a
estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a
transmissão.

Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a


preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na
proporção das respectivas quotas hereditárias.

A jurisprudência também tem entendido ser possível a cessão da herança por


meio de termos nos autos do inventário, por ser um procedimento judicial, estaria,
portanto, resguardada a proteção da veracidade dos fatos mencionados.

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. CESSÃO


DE DIREITOS HEREDITÁRIOS. DECISÃO QUE IMPÔS A
FORMALIZAÇÃO POR ESCRITURA PÚBLICA. POSSIBILIDADE
DE SER FORMALIZADA POR TERMO NOS AUTOS.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DAS NORMAS CIVILISTAS.
ARTS. 1.793 E 1.806 DO CÓDIGO CIVIL. PRECEDENTES DO
STJ. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1) No caso em
comento, a controvérsia submetida a este c. Órgão Colegiado
cinge-se em verificar a possibilidade de formalização da cessão de
direitos hereditários por termo nos autos. 2) A literalidade do
Código Civil prevê a elaboração de termo judicial apenas para o
caso de renúncia da herança (art. 1.806), ao passo que o
dispositivo atinente à cessão de direitos hereditários (art. 1.793)
estabelece a obrigatoriedade de escritura pública para a validade
do negócio jurídico. 3) Ocorre que, de há muito, o Supremo
Tribunal Federal definiu a possibilidade de a renúncia
translativa (também denominada in favorem) seja formalizada
mediante termo nos autos, sob a justificativa de que o termo
lavrado nos autos possui o mesmo valor ou a mesma fé
pública de que se reveste a escritura pública. 4) É incoerente
que se permita a realização de renúncia por termo nos próprios
autos e se impeça que a cessão hereditária se formalize da mesma
maneira. Impõe-se, pois, a aplicação das mesmas formalidades, de
modo que a lavratura da cessão de direitos hereditários possa
também ser realizada por termo judicial. 5) Todavia, a formalização
da cessão por termo nos autos não significa a homologação do
contrato pelo órgão jurisdicional, mas sim o comparecimento dos
herdeiros cedentes ou procurador com poderes especiais para
tanto perante o escrivão judicial para confecção do termo
pertinente. 6) Agravo de Instrumento conhecido e parcialmente
provido. (TJ-ES - AI: 00138494320198080012, Relator: ELIANA
JUNQUEIRA MUNHOS FERREIRA, Data de Julgamento:
18/02/2020, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
28/02/2020).

No caso acima mencionado, fala-se em “renúncia translativa", que salvo por


pequenos aspectos particulares, equivale à cessão dos créditos hereditários.

O caminho trilhado até aqui foi no sentido de que o cessionário ingresse na


quota parte que caberia ao cedente, nesse caso, estará se habilitando na herança
considerada a universalidade de bens. Por outro lado, se houver pretensão de obter um
bem considerado singularmente outras questões devem ser consideradas. Em termos
práticos:

Inventário – Direitos hereditários – Cessão – Bem determinado –


Possibilidade. O fato de a escritura de cessão de direitos
hereditários contemplar determinado bem não a torna ineficaz,
mas condiciona sua validade ao fato de a partilha,
efetivamente, atribuir o bem ao herdeiro cedente, uma vez que
somente com a partilha estará fixado e definido o que cabe
materialmente a cada um. Recurso parcialmente provido.
(TJ-SP - AI: 21976984820218260000 SP
2197698-48.2021.8.26.0000, Relator: Fernando Marcondes, Data
de Julgamento: 07/06/2022, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 09/06/2022)

Conforme visto, a legislação condiciona a eficácia da cessão feita por um


herdeiro, por deliberação unilateral de um bem isolado, ao momento da partilha em
que se consumar a propriedade desse bem para que possa ser alienado, porém não
obsta que os demais co-herdeiros participem do ato para expressar sua concordância,
mesmo sem transferir seus quinhões, e nesse caso a eficácia já está consumada.
Dessa forma, a parte cedida também será abatida da quota do herdeiro cedente,
quando da partilha respectiva.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DAS SUCESSÕES.


INVENTÁRIO. DECISÃO QUE NÃO RECONHECEU A EFICÁCIA
DE CESSÃO DE DIREITOS OPERADA POR INSTRUMENTO
PARTICULAR E VERSANDO ACERCA DE BEM ESPECÍFICO DO
ESPÓLIO. PRETENSÃO DE REFORMA. DESCABIMENTO. 1. É
firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que não é
eficaz a cessão de direitos hereditários tendo como objeto
bem específico do espólio enquanto pendente a
indivisibilidade e sem autorização do juízo do inventário. 2.
Nos termos do artigo 1.793, caput, do Código Civil, a cessão de
direitos hereditários ? impropriamente alcunhada de renúncia
translativa ? há de ser operada com observância da forma pública,
não podendo ter por conteúdo bem específico do acervo pendente
a indivisibilidade, sob pena de ineficácia. 3. Já a renúncia à
herança deve constar expressamente de instrumento público ou
termo judicial lavrado por escrivão ou chefe de secretaria, não
havendo cogitar-se, portanto de ?termo particular?. Inteligência do
artigo 1.806 do Código Civil.Recurso desprovido.

(TJ-RS - AI: 70085606291 RS, Relator: Vera Lucia Deboni, Data de


Julgamento: 04/05/2022, Sétima Câmara Cível, Data de
Publicação: 06/05/2022)

Portanto, da jurisprudência acima mencionada, a anuência dos demais herdeiros


é condição necessária para que se opere a alienação de bem específico. Diante do
exposto, as leis dentro do ordenamento não visam bloquear os atos da vida negocial de
modo arbitrário e sem uma lógica. A exemplo disso, a cessão da herança é possível,
mas com o bom senso de prever fraudes, lesões a direitos e demora na prestação
jurisdicional quando do ingresso de uma terceira pessoa na relação entre herdeiros.

03 – O que é exclusão por indignidade? Quais causas autorizam a exclusão?


Traga argumentos contrários e favoráveis à interpretação extensiva das referidas
causas, de modo a alcançar outras condutas reprováveis praticadas contra o de
cujus. Discorra sobre o procedimento necessário para a exclusão, inclusive
legitimidade, prazo e necessidade (ou não) de sentença penal condenatória.

No meio da noite, a rica proprietária da mansão Styles é encontrada morta em


sua cama, aparentemente vítima de um ataque cardíaco. As portas do quarto estavam
trancadas por dentro e tudo indicava morte natural. Mas o médico da família levanta
uma suspeita: assassinato por envenenamento. A vítima deixa uma herança
considerável da qual podem ser excluídos os seus enteados, isso porque, embora
contemplados no testamento, são suspeitos de terem cometido o crime.

Esse é o enredo do livro “O misterioso caso de Styles” da autora Agatha Chistie,


e se torna apropriado para falar sobre as hipóteses de exclusão por indignidade. Dessa
forma, assim como o caso narrado no livro, temos no nosso Código Civil:

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:

I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de


homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja
sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
descendente;

II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da


herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu
cônjuge ou companheiro;

III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou


obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens
por ato de última vontade.

Nesse contexto, a exclusão por indignidade é, de acordo com Venosa (2014, p.


59): "A lei, ao permitir o afastamento do indigno, faz um juízo de reprovação, em função
da gravidade dos atos praticados". Da leitura do artigo acima citado, temos que é uma
vedação, uma penalidade civil, ao comportamento que coloca o autor da herança (ou
pessoas próximas: cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente) em situações
socialmente reprováveis e obstruem que haja enriquecimento em cima de crimes ou
fraudes, condutas tipificadas em lei.

Embora esteja claro que o art. 1814 verse sobre a exclusão dos herdeiros e
legatários, o inciso I não correlaciona o crime contra a vida à herança, ou seja, mesmo
que a motivação não seja obter o acervo patrimonial, o fato de ocorrer a conduta
tipificada já é suficiente para ocorrer a exclusão da sucessão.

A segunda hipótese, inciso II, são os crimes contra a honra causando a exclusão
da herança, de igual modo se estende ao cônjuge ou companheiro. Nesses casos, a
jurisprudência vem entendendo a necessidade de uma condenação no âmbito criminal.

Na terceira hipótese temos que: alterações, falsidade, inutilização, ocultação,


constrangimento a fazer testamento, impedimento de revogação do testamento, entre
outras condutas danosas em relação ao testamento, quando comprovada, excluem o
herdeiro dessa categoria.

Analisadas as condutas previstas em lei, é preciso mencionar as interpretações


que aparecem na jurisprudência, uma vez que, sendo uma sanção que versa sobre
crimes, não há como não se mencionar a taxatividade e a vedação à interpretação
extensiva em desfavor do réu. Há casos em que, mesmo não estando dentro do rol
acima mencionado, o órgão julgador entendeu a conduta ser tão reprovável quanto:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DECLARAÇÃO DE


INDIGNIDADE. EFEITOS SUCESSÓRIOS. VÍCIO NA OITIVA DE
TESTEMUNHAS NÃO VERIFICADO. ROL DO ART. 1.814.
INDIGNIDADE DO GENITOR EM RELAÇÃO AO FALECIDO
FILHO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Por não se vislumbrar qualquer
das hipóteses previstas no artigo 447 do CPC, deve ser rejeitada a
pretensão de desconsiderar os depoimentos colhidos nos autos. 2.
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do Recurso Especial 1.943.848/PR, malgrado tenha
afirmado que o rol do artigo em comento é taxativo, ressalvou
que a taxatividade não implica, necessariamente, em
interpretação literal do art. 1.814 do Código Civil. Segundo o
posicionamento da Ministra Nancy Andrighi, relatora, ?a
taxatividade do rol é compatível com as interpretações lógica,
histórico-evolutiva, sistemática, teleológica e sociológica das
hipóteses taxativamente listadas?. 3. Os artigos 1.962 e 1.963 do
Código Civil autorizam a exclusão da sucessão em casos de
ofensa física, injúria grave, relações ilícitas com a madrasta ou
com o padrasto, ou ainda com o cônjuge ou companheiro do
descendente ou desamparo do ascendente em alienação mental
ou grave enfermidade, ou do descendente com deficiência mental
ou grave enfermidade, caso dos autos. 4. As hipóteses
enumeradas no artigo 1.814 do Código Civil não podem ser
interpretadas de forma restritiva, porque o legislador deixou à
margem crimes ou ações tão ou mais graves quanto as
previstas, tais como a tortura psicológica e o abandono
imaterial e material de filhos portadores de doenças graves. 5.
Apelação conhecida e não provida. Unânime. (TJ-DF
07212992220208070001 1436925, Relator: FÁTIMA RAFAEL,
Data de Julgamento: 07/07/2022, 3ª Turma Cível, Data de
Publicação: 28/07/2022).

Nesse caso acima descrito, temos que a posição foi no sentido de que a escolha
legislativa foi de trazer um rol taxativo, mas que isso não significa dizer que não
existam condutas criminosas além das descritas que criem a mesma sensação de
inconformismo, indignação e injustiça.

Acredito que esse entendimento seja o que melhor entendimento, partindo de


um viés mais da Common Law, um direito feito dentro das cortes, os casos em
concreto é que nos mostram a reprovabilidade da conduta, seria contraproducente e
até mesmo impossível ao legislador prever todas os fatos jurídicos que tragam
indignidade ao agente.

No entanto, há também julgados no sentido de defender a taxatividade do rol:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO SUCESSÓRIO -


EXCLUSÃO DE HERDEIRO POR INDIGNIDADE - HIPÓTESES
TAXATIVAMENTE PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO CIVIL -
INOCORRÊNCIA - INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA -
DESCABIMENTO - RECURSO DESPROVIDO. 1. A exclusão do
herdeiro depende de decisão judicial proferida em ação
própria, visto que configura uma sanção civil de ordem ética,
impondo ao sucessor que praticou ato injusto contra o autor
da herança a perda dos direitos hereditários. 2. A legislação
civil estabelece duas modalidades de exclusão do herdeiro que
ofende o sucessor, quais sejam, por indignidade ou por
deserdação, sendo esta última admitida apenas na sucessão
testamentária. 3. A indignidade consiste em uma sanção que
impede o herdeiro ou legatário de auferir bens e direitos do
autor da herança contra quem praticou alguma ofensa,
caracterizada por ato criminoso contra sua vida, sua honra ou
sua liberdade de testar, sendo que as causas de exclusão do
herdeiro ou legatário não admitem interpretação extensiva,
devendo se restringir às hipóteses elencadas no artigo 1.814
do Código Civil.

(TJ-MG - AC: 10386170020229001 MG, Relator: Edilson Olímpio


Fernandes, Data de Julgamento: 01/10/2019, Data de Publicação:
11/10/2019).

O argumento que vislumbro seguir um raciocínio mais coerente seria dizer que a
taxatividade opera em favor da segurança jurídica, para que esteja muito clara qual a
conduta reprovada, e não seja mais uma lei aberta, passível de interpretações
arbitrárias. Entendo e respeito essa linha argumentativa, porém é preciso frisar que ter
princípios como o da tipicidade e legalidade nunca foi um obstáculo para que se
cometessem erros no judiciário.

O juiz não pode, de ofício, declarar que há uma exclusão por indignidade, é
preciso que seja provocado (art. 1815, CC). Logo, são pessoas legítimas para propor a
referida ação: coerdeiro, legatário, donatário e o Poder Público na falta de sucessores
legítimos e testamentários. A exemplo disso, o Ministério Público é legítimo para propor
a ação na hipótese de homicídio tentado ou consumado.

Nesse sentido, é preciso que um dos legítimos ingresse com uma Ação
Declaratória de Indignidade, que deve ser interposta em até 4 (quatro) anos contados
da abertura da sucessão. A sentença proferida nessa ação cível é que determina a
exclusão ou não do acusado, sendo, portanto, dispensável a sentença penal
condenatória.

Art. 1815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer


desses casos de indignidade, será declarada por sentença.
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou
legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da
sucessão.

Nota-se que a ação é declaratória, pois o fato jurídico sob o qual recai a norma
prevista no art. 1814 já foi praticado. Por esse motivo, o réu tem a possibilidade de
interpor defesa, mas, se a sentença o considerar indigno, o efeito é ex tunc como se o
mesmo nunca tivesse sido chamado a suceder.
Além do fato de conseguir provar sua inocência, é possível ao acusado de
indignidade receber o perdão do ofendido, o qual pode ser expresso: o ofendido
expressamente reabilite o ofensor em testamento ou em um outro documento
autêntico. Mas também pode ser uma reabilitação tácita, quando o testador, já tendo
conhecimento da prática de uma das causas de indignidade, contempla o ofensor no
seu testamento, assim, passa a suceder por via testamentária, mas não nas vias
legítimas, (art. 1818, parágrafo único, do CC).

04 – Quando se casaram, Marília tinha um apartamento avaliado em um milhão de


reais, e Gusttavo tinha uma chácara avaliada em dois milhões de reais. Tiveram
três filhos: João Paulo, Daniel e Leonardo. João Paulo teve duas filhas, Maiara e
Maraísa. Leonardo teve um filho, Leandro. Na constância do casamento,
adquiriram onerosamente uma fazenda avaliada em 10 milhões de reais. Em 2017,
o pai de Marília morreu, deixando uma casa avaliada em um milhão de reais. Em
2018, Marília fez um testamento deixando 10% da sua herança o seu amante,
Wesley, bem como outros 10% para a sua amiga Simone. Em 2019, Simone
morreu deixando uma filha, Simária. Em 2020, Maiara morreu, deixando viúvo seu
cônjuge Fernando. Em 2021, Marília morreu. A mãe dela, Naiara, ainda era viva.
Assim que soube da notícia da morte de Maríla, Leonardo morreu. Como se dará
a partilha dos bens deixados por Marília? Das pessoas listadas, identifique quem
herdará, a que título (legítimo ou testamentário), de que modo (direito próprio,
representação ou transmissão) e os respectivos valores. Também indique quais pessoas nada
herdarão e por quê.

Os desenhos a seguir são uma tentativa de esquematizar os fatos narrados.


MEAÇÃO:
● 5 MILHÕES DE REAIS

BENS INDIVIDUAIS:
● apartamento (I MILHÃO)
● herança 1 milhão

Partindo para a resolução da questão :

Gusttavo, cônjuge sobrevivente, concorrerá com os filhos no direito à herança


dos bens particulares de Marília. Nesse caso, os 2 milhões ( sendo 1 milhão do
apartamento e 1 milhão recebido de herança), ficarão divididos entre os 3 filhos do
casal e Gusttavo. Assim, o cônjuge fica com: 2 milhões da sua chácara - bem
particular- , 5 milhões do seu direito à meação e $500.000,00 da partilha dos bens
particulares de Marília, totalizando $7.500.000,00, tudo por direito próprio.
O filho João Paulo receberá 500.000,00 da partilha dos bens particulares
deixados por sua mãe, mais 1.666.666,67 da partilha da meação feita entre ele e seus
irmãos, perfazendo um total de 2.166.666,67. O mesmo vale para Daniel e Leonardo.
O testamento de Marília acabou não tendo efeito, primeiro porque, de acordo
com o art. 1.801:
Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu
cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa
sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão,
perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.

Logo, é vedado ao amante Wesley receber o valor deixado em testamento. Mas


também, pela redação do art. 1.939:
Caducará o legado:
I - se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada,
ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que
possuía;
II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a
coisa legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de
pertencer ao testador;
III - se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem
culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento;
IV - se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art.
1.815;
V - se o legatário falecer antes do testador.

No caso em tela, Simone, amiga de Marília, que seria beneficiada pelo


testamento, morre em 2019, ou seja, antes da autora da herança a qual morre em
2021, e conforme visto no artigo acima, não há direito de representação na sucessão
testamentária, o patrimônio legado voltou para o montante a ser partilhado entre os
herdeiros necessários.

Dos netos de Marília (Maiara, Maraísa e Leandro), Leandro foi o único recebedor
da herança deixada, isso porque seu pai Leonardo faleceu após a notícia da morte,
isso fez com que inicia-se a sucessão e imediata transmissão dos bens. Dessa forma,
os demais netos, felizmente (ou não), ainda possuem pais vivos os quais são titulares
da herança deixada por Marília. Por isso, Leandro recebe por direito próprio a herança
deixada por seu pai.

Por fim, a presença de herdeiros necessários da primeira ordem de vocação


hereditária afasta o direito da segunda ordem de vocação, por isso, Naiara, mãe de
Marília, não é chamada a suceder.

05 – Bell nasceu em 1945, filho de Ivete e Durval. Tinha dois irmãos, Saulo e Tuca.
Tuca tinha uma filha, Daniela. Ao longo de sua vida, Bell dedicou-se
exclusivamente ao trabalho, tendo adquirido um patrimônio de 12 milhões de
reais. Nunca teve filhos. Em 2018, Bell se casou com Carlinhos. Ivete morreu em
2020, deixando vivos seus pais, Xandyy e Carla, avós de Bell. Bell morreu em
2022. Como se dará a partilha dos bens deixados por Bell? Das pessoas listadas,
identifique quem herdará, a que título (legítimo ou testamentário), de que modo
(direito próprio, representação ou transmissão) e os respectivos valores.
Também indique quais pessoas nada herdarão e por quê.

Os bens deixados por Bell foram construídos pelo próprio ao longo de sua vida,
o casamento só ocorreu depois do patrimônio montado. Por causa da morte de Bell,
teremos que analisar quais são os parentescos e o grau de proximidade das pessoas
que restaram vivas.
Conforme dito, o casamento com Carlinhos foi posterior à construção do
patrimônio de 12 milhões de reais, o que, consequentemente, afasta o direito à meação
nesses bens. Contudo, ainda é possível que o cônjuge sobrevivente seja herdeiro.
Pela ordem de vocação hereditária, a inexistência de descendentes, já que Bell
não teve filhos, faz com que os parentes mais próximos na linha sucessória sejam os
ascendentes em concorrência com o cônjuge:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art.
1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o
autor da herança não houver deixado bens particulares;

II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III – ao cônjuge sobrevivente;

IV – aos colaterais

Ademais, temos o 1.837 temos:

Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao


cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta
se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.

Nesse caso em estudo, Carlinhos, cônjuge sobrevivente, e Durval, o pai de Bell,


ficarão cada um com metade do valor deixado, ou seja, 6 milhões cada um, ambos por
direito próprio dentro da sucessão legítima. Ivete está na ordem de vocação como
ascendente, mas é pré-morta. Nesse contexto, apesar de Ivete ter os pais vivos
Xanddy e Carla, eles não são chamados a representar a filha, pois não existe
representação de ascendentes.
Seguindo a regra de que os parentes mais próximos excluem os mais remotos
da linha sucessória, por isso, Saulo, Tuca e Daniela não são chamados a suceder
neste momento.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.


BRASIL. Lei nº 13.105, de 26 de março de 2015. Institui o Código Civil.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito das sucessões. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 445
p.
GOMES, Orlando. Sucessões. Rio de Janeiro – RJ: Grupo GEN, 2019. E-book. ISBN
9788530986049. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530986049/. Acesso em: 24 out.
2022.

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