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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA


Revista de Processo | vol. 40/1985 | p. 290 - 308 | Out - Dez / 1985
Doutrinas Essenciais Família e Sucessões | vol. 6 | p. 1145 - 1169 | Ago / 2011
DTR\1985\99

Maria José Silva D'Ambrosio


Advogada em São Paulo.

Área do Direito: Civil; Processual


Sumário:

- 1. Sujeitos da relação jurídica processual - Posição das partes - 2. Conteúdo da relação processual
- 3. O contraditório na demanda - 4. Posição do Juiz na relação processual - 5. Natureza e efeitos da
sentença - IX. Da natureza jurídica do inventário e partilha - X. Conclusão - XI. Bibliografia

I - Introdução

Muito se discute a respeito da característica básica do inventário e da partilha. Entretanto, apesar da


opinião em contrário de inúmeros juristas, o legislador brasileiro colocou-os dentre os processos de
jurisdição contenciosa.

Nossa intenção, neste trabalho, é procurar estudar a natureza jurídica do inventário e da partilha,
partindo das noções elementares de jurisdição voluntária e de jurisdição contenciosa.

Assim, inicialmente, introduziremos nas disposições gerais uma noção sobre o que seja inventário e
partilha, para, em seguida, analisarmos os elementos caracterizadores do procedimento de jurisdição
voluntária e de jurisdição contenciosa (Capítulos VI e VII).

De posse deste aparato teórico inicial, passaremos à análise do problema específico da natureza
jurídica do inventário e partilha, na qual procuraremos mostrar os motivos que orientaram o legislador
para a sua inclusão dentre os procedimentos de jurisdição contenciosa.

Tal assunto apresenta, na doutrina, sérias controvérsias que não poderão ser desprezadas. Por isso,
será inevitável adentrarmos algumas discussões doutrinárias, que acabam por tornar ainda mais
evidentes as características do inventário e partilha enquanto procedimento de jurisdição
contenciosa.

Cabe prevenir que argumentos há em favor da inclusão do inventário e partilha dentre os


procedimentos de jurisdição voluntária. Não obstante, nosso objetivo será o de evidenciar os
fundamentos favoráveis à qualificação presente em nossa legislação processual civil.

II - Disposições gerais

O Direito das Sucessões ocupa-se, exclusivamente, da sucessão em razão da morte, ou seja, causa
mortis, traçando os parâmetros em que se opera a transmissão do patrimônio de alguém que deixou
de existir. Essa transmissão constitui a sucessão e o patrimônio transmitido é a herança.

Segundo Walter Moraes, a sucessão, em geral, "é a continuação de uma relação jurídica em outro
sujeito". 1

O falecimento de uma pessoa importa, necessariamente, na transmissão do domínio e posse da


herança aos seus sucessores (art. 1.572, CC).

A herança é a universalidade dos bens e direitos (ativos e passivos) que pertencem ao de cujus no
momento de sua morte.

A sucessão dar-se-á por disposição de última vontade ou decorrente da lei, na falta de disposição
expressa e válida do de cujus. É testamentária no primeiro caso e legítima ou legal, no segundo.

A sucessão se diz testamentária, quando a pessoa através de instrumento denominado ato de última
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vontade (CC, art. 1.573), que se formaliza pelo testamento, institui os herdeiros e legatários. O
testador é relativamente livre para dispor de seus bens, não podendo dispor de mais da metade
deles se tiver sucessores legitimários. Por sua vez, presume-se que o autor da herança, que não
deixa testamento, tenha concordado plenamente com as regras sucessórias impostas por lei. Assim,
tendo ocorrido o óbito, sem que o falecido tenha deixado estabelecida a distribuição de seus bens
através de testamento, ou quando existirem herdeiros necessários, ou quando o testamento for
considerado nulo ou anulado, ou ainda, quando o testador não dispõe de todo o seu patrimônio,
prevalece o que estatui a lei a respeito de sucessão. "Importa, por conseguinte, que ao morrer uma
pessoa, seu patrimônio tenha um destino: que passe a alguém com o encargo de dar continuidade
às relações que um patrimônio é capaz de gerar. Trata-se de uma necessidade social concreta (...).
Posto que a diretriz seja o imperativo da continuidade, o critério de eleição do herdeiro tem de ser o
do melhor continuador. E desde que o próprio autor da herança não o tenha escolhido, é concludente
a presunção de que melhor será o continuado r que privou dos interesses e da intimidade do autor". 2

Pelo teor da lei, apenas verificado o fato jurídico morte, opera-se de imediato a substituição do
sucedido pelo sucessor na titularidade do patrimônio que se transmite. Nessa imediatidade, porém,
cumpre discernir etapas que se sucedem uma à outra, ditadas por lei, tais como a delação e a
aquisição da herança.

Para que se concretize o Direito à Sucessão e à divisão dos bens entre herdeiros, o Direito
Processual Civil estabeleceu o conjunto de preceitos e regras para regulamentar, no plano objetivo, o
procedimento que as ordena. Assim, a técnica processualística teve por objeto marcar o caminho
para se obter do Estado a prestação jurisdicional através do inventário e da partilha.

O assunto, entretanto, compreende matéria tanto de direito substancial como de direito formal. E,
obviamente, encontra-se disciplinada no Código Civil (LGL\2002\400) e também no Código de
Processo Civil (LGL\1973\5). "A interpenetração normativa não significa, entretanto, indecisão
conceitual. Cabe ao Direito Civil ordenar o que concerne à definição dos direitos e dos deveres, e ao
Direito Processual regular o modo de exercê-las". 3

Verifica-se, assim, que há um procedimento que visa ao relacionamento dos bens, dos direitos e das
obrigações que se refiram à vida patrimonial do falecido, para, posteriormente, o acervo ser
compartilhado com os herdeiros. Este procedimento não se realiza em um só ato. Como qualquer
relação processual, mas através de vários atos, atinge-se a finalidade que se busca, ou seja, a
partilha final do acervo.

Como ressalta Orlando Gomes, a palavra inventário é empregada em dois sentidos: como o modo
necessário da liquidação do acervo hereditário, sob forma judicial em toda e qualquer sucessão,
conforme exigido no Código Civil (LGL\2002\400) (arts. 1.770 e 1.771); como procedimento especial
de jurisdição contenciosa no qual se avaliam e se descrevem os bens do finado para ao final
dividi-los entre os herdeiros, conforme estabelece o Código de Processo Civil (LGL\1973\5) (arts. 982
a 1.021). 4

III - Conceito de inventário e partilha

O nosso Código não estabelece uma definição para o que seja inventário e nem para a partilha.

Segundo Pontes de Miranda, "inventário é a declaração do conhecimento, em que se descreve e


enumera ou só se descreve o que se encontrou". 5

"Inventário - diz Caio Mário da Silva Pereira - derivado do verbo invenire que significa 'achar,
encontrar' - é o meio técnico de anotar e registrar o que 'for encontrado', pertencente ao morto, para
ser atribuído aos seus sucessores". 6

A palavra inventário, etimologicamente, tem sentido de achar; modernamente, os dicionários dão à


palavra o sentido de relação de bens, descrição minuciosa, enumeração de coisas. Juridicamente
não há diferenças; falecendo alguém que tenha deixado bens e herdeiros, cumpre fazer-se um
levantamento, uma relação da quantidade e da qualidade e valor dos bens e uma relação das
pessoas que tenham capacidade legal para adquirir. A elaboração dessa relação é feita através de
um procedimento especial denominado inventário.

Sua finalidade não se restringe apenas à descrição dos bens do de cujus, mas presta-se à
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verificação da existência dos sucessores, à avaliação dos bens da herança e, também, à


especificação das dívidas da herança. "Destina-se essencialmente a preparar a divisão hereditária
que deriva da partilha, como tal entendida a extinção do estado provisório da indivisão". 7

Com a morte é transmitido imediatamente aos herdeiros o domínio e posse da herança, mas a posse
em bens determinados depende da apuração e da partilha desses bens.

É a partilha o ato de divisão dos bens do falecido por seus herdeiros e legatários, após a liquidação
das dívidas.

IV - O inventário como procedimento especial de jurisdição contenciosa

Pode parecer estranho, à primeira vista, a colocação da matéria referente ao inventário e partilha
dentre os processos de jurisdição contenciosa, no Capítulo IX, Título I, Livro IV, do Código de
Processo Civil (LGL\1973\5).

Nosso Código Processual Civil de 1973, entendeu expressamente que o inventário e a partilha são
procedimentos de jurisdição contenciosa.

Apesar da opinião em contrário de inúmeros juristas, predomina o entendimento de que a natureza


jurídica do inventário e partilha seja a de processo de jurisdição contenciosa, porque assim
determinou a lei.

Observa Amílcar de Castro que, "o legislador brasileiro, rompendo com a tradição do nosso Direito,
entendeu agora que os processos de inventário e arrolamento são contenciosos, porque não aceitou
a doutrina de Adolfo Wach, de Chiovenda, de Goldschmidt, e resolveu que basta a possibilidade de
qualquer divergência dos interessados em Juízo, para que o processo seja chamado de contencioso,
nada importando que, antes de virem a Juízo já quisessem todos o inventário, ou arrolamento, à
custa própria". 8

Entretanto, para podermos discutir com maiores bases, deveremos fazer a distinção entre a
jurisdição voluntária e a jurisdição contenciosa, além da necessidade de procurarmos o exato
conceito para jurisdição, que procuraremos desenvolver no decorrer deste trabalho.

V - Jurisdição

A iurisdictio, do latim - dizer o direito - nada mais significa que administrar a justiça.

Podemos definir a jurisdição, segundo, Giuseppe Chiovenda, como "a função do Estado que tem por
escopo a atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos
públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da
vontade da lei, já no torná-la, praticamente, efetiva". 9

Pontes de Miranda conceitua a jurisdição como "a atividade do Estado para aplicar as leis, como
função específica". 10

Portanto, jurisdição é uma função do Estado, exercida pelos órgãos competentes, para promover a
realização do Direito, diante de uma situação jurídica concreta.

A jurisdição é, ainda, um poder-dever. Poder, porque o Estado é titular da jurisdição, monopólio do


Poder Judiciário; dever, porque a ele compete manter a paz e o primado do direito objetivo.

Merecem ser lembradas, a propósito, as palavras de Francisco Carnelutti: "questo risultato si


consegue mediante l'attribuzione al giudice di un potere, anzi di una potestà, che è giusto chiamare
potestà giurisdizionale. Più brevemente, si dice anche giurisdizione; la parola ógiurisdizione' acquista,
così, un duplice significato in quanto serve a indicare tanto la funzione quanto il potere giudiziario". 11

A jurisdição em Processo Civil distingue-se em jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária. A


primeira tem por escopo a composição e solução de conflitos de interesses, ao passo que a
segunda, diz respeito a interesses não em conflito, mas que pela sua importância ou gravidade, a lei
prefere atribuir a sua tutela aos órgãos do Poder Judiciário. 12

Ambas são igualmente jurisdição, pois há aplicação da lei ao caso concreto em ambos os casos e,
desde que submetido ao Judiciário trata-se de atividade jurisdicional.
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O legislador especificou como de jurisdição voluntária alguns casos com tratamentos especiais e daí
a importância na diferença entre as duas jurisdições.

O interesse processual ou decorre de uma situação de litigiosidade ou existe uma litigiosidade ficta,
imposta por lei.

VI - Jurisdição contenciosa

Quando entre duas pessoas surge um conflito de interesses, cuja composição não tenha sido
possível satisfazer entre as próprias partes, impõe-se a intervenção de uma ou mais pessoas
desinteressadas, para que se consiga uma solução.

Historicamente, a primeira solução usada para se desfazer um conflito foi através da violência - a
justiça executada pelas próprias mãos, onde, evidentemente, predominava a imposição do mais
forte. Outras soluções foram também usadas, tais como a mera renúncia de uma das partes, a
composição amigável, o acordo ou a arbitragem.

O magistrado romano dispunha de dois poderes fundamentais: o imperium, que consistia na


faculdade de recorrer à força para impor seus atos e vontades e o iurisdictio, para declarar e aplicar
o direito ao caso concreto, administrando a justiça. A jurisdição romana já se classificava em
jurisdição voluntária e jurisdição contenciosa, sendo a primeira considerada aquela em que as
pessoas se apresentavam espontaneamente perante o magistrado, para pedir sua intervenção em
negócios especiais. As questões eram levadas ao magistrado pelas partes interessadas, de comum
acordo, e se submetiam à sua decisão. Porém, na jurisdição contenciosa ocorria o oposto: as partes,
em conflito de interesses privados, eram forçadas a recorrer ao juiz para que este compusesse a
contenda, pois o Estado não permitia ao particular fazer justiça pelas próprias mãos. A esta
jurisdição dava-se o nome de involuntária e forçada. 13

Modernamente, os conflitos de interesses, em geral, se resolvem pela subordinação de seus sujeitos


às determinações do nosso sistema jurídico, através da atuação do Estado.

Essa função do Estado é própria e exclusiva do Poder Judiciário, que atua o direito objetivo na
composição dos conflitos de interesses ocorrentes. "É função do Estado desde o momento em que,
proibida a autotutela dos interesses individuais em conflito, por comprometedora da paz jurídica, se
reconheceu que nenhum outro poder se encontra em melhores condições de dirimir os litígios do que
o Estado, não só pela força de que dispõe, como por nele presumir-se interesse em assegurar a
ordem jurídica estabelecida". 14

A essa função estatal destinada à aplicação das normas jurídicas aos conflitos de interesses que
ocorrem na vida social, dá-se o nome de jurisdição contenciosa. É a função que o Estado
desempenha na pacificação ou composição dos litígios, através do Poder Judiciário.

Entretanto, a jurisdição que se exerce em face de uma controvérsia entre partes (lide), e por
provocação de um dos interessados - é uma função provocada.

"A jurisdição atua, portanto, quando provocada pela parte que considera ter sido lesada em seus
direitos, seja por ação ou omissão de um particular, ou da Administração Pública". 15

Ressalta Moacyr Amaral Santos que, a "idéia de conflito de interesses traz em si a de contenda,
contestação, litígio. E, de ordinário, a jurisdição se exerce em face de pretensões contestadas, de
litígios. Daí a denominação de jurisdição contenciosa, (...) que tem por objeto a composição de
conflitos de interesses". 16

O principal objeto da jurisdição contenciosa são, pois, as lides a serem compostas, ou melhor, os
litígios de interesses qualificados por uma pretensão. Pretensão sobre a qual deverá manifestar-se
na decisão o órgão jurisdicional, para acolhê-la ou repeli-la.

A contenção da lide, entretanto, não esgota as funções atribuídas ao Poder Jurisdicional. A jurisdição
atua, também, quando da realização de atos de direito público, praticados a pedido de interessados,
com a finalidade de reconhecer, verificar, autorizar, aprovar, constituir ou modificar determinadas
situações jurídicas de direito privado, nas quais não existem contendas ou conflitos de interesses.
Essas atividades do Poder Judiciário recebem a denominação de jurisdição voluntária, onde inexiste
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- nos atos e negócios que são objeto de sua aplicação, a pretensão ou o litígio. Aqui o Poder
Judiciário tem a "função de fiscalizar determinados negócios jurídicos privados. Diz-se, então, que a
jurisdição é voluntária ou graciosa, tradicionalmente definida como 'a fiscalização do interesse
público nos negócios jurídicos privados'." 17

A jurisdição voluntária será por nós analisada no próximo capítulo deste trabalho.

VII - Jurisdição voluntária

A jurisdição voluntária é a atividade que o Poder Judiciário exerce para a tutela de direitos subjetivos.

Com a finalidade de assegurar a ordem jurídica, intervém o Estado, muitas vezes, na administração
de diversos interesses privados.

A lei confere ao Estado o poder de intervir na administração de negócios privados, conquanto com
isto venha delimitar a autonomia da vontade de seus titulares. Essa intervenção é feita através de
diferentes órgãos estatais, onde atua, também - e numerosas espécies de interesses - o órgão
judiciário. Dentre os interesses privados cuja administração se faz através do Poder Judiciário,
temos, como exemplo, a nomeação de tutores, a separação judicial por mútuo consentimento, a
abertura de testamentos e a autorização para a venda de bens de menores. Os interesses aqui,
sujeitos ao Poder Judiciário, não se encontram em conflito com interesses de outrem. O Estado
intervém, nestes casos, não para compor uma lide, mas para tutelar interesses, procurando proteger
seus titulares. Esse é o objeto da jurisdição voluntária - tutelar interesses não em conflito, procurando
proteger os interessados.

Podemos, assim, conceituar jurisdição voluntária como "a fiscalização do interesse público nos
negócios jurídicos privados". 18

Para Chiovenda, "qualificou-se com o nome romano iurisdictio voluntaria na doutrina e na prática do
processo italiano medieval, aquele complexo de atos que os órgãos judiciais realizavam em face de
um único interessado ou sob o acordo de vários interessados, in volentes". 19

Entre doutrinadores modernos tem sido examinado, em todos os seus aspectos, a natureza jurídica
da jurisdição voluntária, procurando enquadrá-la como função meramente administrativa ou como
atividade jurisdicional propriamente dita.

Para Carnelutti, a jurisdição voluntária "è veramente giurisdizione, ossia appartiene al medesimo
ceppo della giurisdizione contenziosa". Diz ele, ainda, que a jurisdição voluntária é verdadeiramente
jurisdição, em se levando em conta tanto o fim como o meio: "la giurisdizione volontaria sia
veramente giurisdizione risulta così dal fine come dal mezzo: dal fine perchè essa costituisce, come
la giurisdizione contenziosa, un rimedio contro la disobbedienza, per quanto in potenza anzi che in
atto; dal mezzo perchè la reazionne si compie mediante l'accertamento, del quale già sappiamo che
consiste in una scelta ufficiale sostituita alla scelta del privato; e precisamente in una scelta fatta
'superpartes', e perciò 'imparziale', affidata ad un organo, qual'è il giudice, che opera non
nell'interesse ma con la collaborazione delle parti, per garantire le ordine, necessario alla salvezza
dell'individuo come della società". 20

Assim, a unidade do processo, contencioso e voluntário, deve ser procurado acima da lide ou do
negócio, mas na desobediência que no processo contencioso é reprimida e no voluntário é
prevenida.

Vicente Grego Filho endossa a afirmação de Carnelutti, esclarecendo que, "a jurisdição voluntária,
apesar de ter princípios próprios (isto é, os protagonistas não se chamam partes, mas interessados,
a coisa julgada opera diferentemente etc.) está tratada em todos os Códigos de Processo como
importante parte da atuação do Poder Judiciário. E, em última análise, quando fiscaliza os direitos
indisponíveis nos negócios privados, está fazendo valer a legalidade, o interesse público e a
manutenção dos bens especialmente protegidos pela ordem pública". 21

Embora com argumentação menos densa, Edson Prata concorda com tal tese dizendo: "sabemos
plenamente que os atos de jurisdição voluntária não se enquadram nos atos de administração, de
forma alguma; e que às vezes não se enquadram perfeitamente nos atos que entendemos por atos
de jurisdição. Por não se enquadrarem perfeitamente nestes, entretanto, não devemos repudiá-los
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pronta e ilogicamente". 22

Em sentido contrário podem ser encontrados pronunciamentos de vários juristas, que consideram a
jurisdição voluntária como função de caráter puramente administrativo. Neste sentido, Piero
Calamandrei ressalta que: "sabemos ya que los órganos judiciales, al lado de las atribuciones
atinentes a la jurisdición verdadera y propia (la llamada jurisdicción contenciosa), les están
encomendadas funciones de caráter administrativo que se compreenden bajo la denominación de
jurisdición llamada voluntaria. La distinción entre estos dos órdines de atribuciones la da
esencialmente la diversidad de la providencia que se solicita del juez, es decir, la diversidad de la
materia". 23

No mesmo sentido é a lição de Chiovenda: "Não se insere correlativamente, entre as atividades


jurisdicionais, a denominada 'jurisdição voluntária', a qual, de feito, não é 'jurisdição' (...); a
contraposição tradicional de 'jurisdição voluntária' e 'contenciosa' é já hoje imprópria. Qualificou-se
com o nome romano iurisdictio voluntaria na doutrina e na prática do processo italiano medieval
aquele complexo de atos que os órgãos judiciais realizavam em face de um único interessado, ou
sob acordo de vários interessados, in volentes; e o nome passou a designar também aqueles dentre
tais atos que vieram, com o tempo, a transferir-se da competência dos juízes ordinários para a dos
notários. (...) Ainda hoje verificamos que grande parte dos atos de jurisdição voluntária são confiados
aos juízes. É o que não obsta a que tais atos sejam atos de simples administração; tratando-se
porém, de atos que exigem especial disposição e especiais garantias de autoridade nos órgãos a
que competem, é natural que o Estado utilize, para corresponder a essas exigências, a mesma
hierarquia judiciária comum". 24

Arruda Alvim assinala que, "a jurisdição voluntária constitui-se em atividade intrinsecamente
administrativa e não jurisdicional. Trata-se de administração pública de interesses particulares,
deferida ao Poder Judiciário. A jurisdição voluntária é uma anomalia no quadro sistemático das
funções estatais, atribuída que tem sido essa tarefa administrativa ao Poder Judiciário; isto porque a
administração num Estado-de-Direito, cabe primordialmente ao Poder Executivo". 25

Esse mesmo entendimento é esposado por José Frederico Marques que afirma: "a jurisdição
voluntária é atividade administrativa que o Judiciário exerce para a tutela dos direitos subjetivos. (...);
pode-se, pois, depois, definir a jurisdição voluntária como atividade administrativa do Poder Judiciário
destinada a tutelar direitos individuais em determinados negócios jurídicos, segundo previsão
taxativa da lei". 26

Vários autores reconhecem que a alinha demarcatória entre a jurisdição voluntária e a contenciosa é
bastante tênue, mas estabelecem aspectos comuns identificadores e diferenciadores entre ambas,
traçando elementos que as caracterizam e as distinguem. Faremos um apanhado geral sintetizando
esses elementos característicos e identificadores da jurisdição contenciosa e voluntária no capítulo
seguinte.

VIII - Características da jurisdição voluntária e contenciosa

O poder jurisdicional exerce uma função pública procurando proteger o interesse do particular e o
interesse público ao fazer atuar a vontade da lei, característica primordial da função jurisdicional, a
fim de que se mantenha o direito e a ordem jurídica.

A jurisdição atua com dupla finalidade quando previne a ocorrência de litígios de interesses ou
quando compõe os litígios ocorrentes, através da jurisdição voluntária e da jurisdição contenciosa.

Entretanto, não se pode estabelecer uma dicotomia entre as duas espécies de jurisdição, pois
existem limites entre ambas que se tocam e incursões de uma área a outra que impossibilitam a sua
separação. Apesar disso, assinalam os juristas algumas distinções fundamentais entre as duas
jurisdições, salientando-se entre elas:

1. Sujeitos da relação jurídica processual - Posição das partes

Na jurisdição contenciosa há partes, na voluntária há interessados ou participantes.

Não há jurisdição contenciosa sem partes, autor e réu, ambos com interesses em idêntico bem,
donde a atitude tendente à exclusão de um deles. Cabe ao juiz, em nome do Direito, declarar qual
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das duas partes está com a razão, explicando porque merece amparo do Poder Judiciário a
pretensão de um ou de outro.

Na jurisdição voluntária não existe dois interesses em oposição, o peticionário não se contrapõe a
ninguém, não existe o sujeito passivo (demandado) considerado como adversário. Já a lide
pressupõe dois sujeitos, um ativo e um passivo. O primeiro formula uma pretensão tutelada pelo
Direito, provocando a jurisdição contra o segundo: quando caberá ao órgão jurisdicional atuar o
direito objetivo, compondo o conflito contra ou em relação ao sujeito passivo.

Não é, entretanto, a circunstância de não intervir adversário que caracteriza, isoladamente, o


processo de jurisdição voluntária. E, segundo Wilson de Souza Campos Batalha, assim é que "o
processo contumacial é de jurisdição contenciosa, embora não apareça a contra posição à
postulação inicial, ao passo que os processos de tutela e curatela não perdem seu caráter de
voluntário, não obstante sobrevenha disputa em torno do pedido". 27

Observa Chiovenda que "o caráter da jurisdição voluntária não é a ausência de contraditório, mas a
ausência de duas partes. A jurisdição contenciosa tem procedimentos sem contraditório; não, porém,
sem 'duas partes': é possível adotar um provimento judicial inaudita parte, mas sempre 'contra' ou
'em face' de uma parte, à qual se deve comunicar, a fim de que se possa impugnar ou a fim de que
se execute. Na jurisdição voluntária contam-se um ou mais requerentes, mas partes não". 28

Na jurisdição voluntária os interessados perseguem efeitos jurídicos materiais para eles próprios. A
vontade dos interessados converge para um mesmo fim.

Na jurisdição contenciosa os demandantes procuram produzir efeitos jurídicos obrigatórios para os


demandados.

2. Conteúdo da relação processual

Não há lide na jurisdição voluntária, pressuposto da jurisdição contenciosa.

A finalidade da jurisdição voluntária é a de resguardar a constituição ou a modificação de


determinadas relações jurídicas. A jurisdição voluntária não traz no seu bojo uma lide e nem há
interesses em litígio.

Carnelutti é claro quando exemplifica a jurisdição voluntária, dizendo: "il processo, nel quale si
esercita la giurisdizione volontaria, é tipicamente un processo senza lite. Quando un marito intende
alienare un bene dotale, o uno dei congiunti un bene compreso nel patrimonio familiare, o quando
una persona vuol adottare un figlio (...) non c'è all'orizonte neppure l'ombra di una lite; (...) non hanno
di fronte a sé alcun avversario". 29

Entretanto, alguns autores refutam esta tese mostrando que a análise é perfeita quanto aos casos
em que há apenas um interessado, ou vários interessados em harmonia de interesses; apontando
que existem hipóteses de desarmonia de interesses, onde se nota claramente a idéia de litígio.
Edson Prata aponta, como exemplo, o processo de jurisdição voluntária para o suprimento do
consentimento (art. 1.425, do CC), onde há um litígio entre o requerente do consentimento e o seu
denegante, sendo dado ao requerente o direito de obter este consentimento através do respectivo
suprimento. 30 Entendemos, contudo, não existirem, aqui, interesses opostos, de uma pessoa contra
a outra, mas o desejo de que atividade do juiz seja utilizada, simplesmente, para dar força,
autenticidade, ou eficácia a um ato ou negócio jurídico mediante a observância do Direito.

Na jurisdição voluntária não se requer ao juiz o julgamento de uma lide, nem a composição de
conflitos de interesses, pede-se o seu amparo na constituição de uma relação jurídica evitando-se a
sua formação de maneira viciosa e futuros litígios entre os interessados.

A jurisdição contenciosa pressupõe uma lide, que é o conflito de interesses qualificado por uma
pretensão entendendo-se por pretensão, a exigência de subordinação de um interesse alheio a um
interesse próprio. Quando duas pessoas têm interesse pelo mesmo bem, que a uma só possa
satisfazer, excluindo-se a outra, configura-se o conflito de interesses. Pede-se, aqui, o amparo
jurisdicional para a subordinação das partes às determinações do sistema jurídico. A atribuição ao
órgão jurisdicional da possibilidade de dirimir a lide através da aplicação das normas jurídicas aos
conflitos de interesses - recebe o nome de jurisdição contenciosa.
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Assim, concluímos que, na jurisdição voluntária procura-se dar certeza ou definição a um direito, ou
certos efeitos à prática de um ato, sem que se apresente ao juiz nenhuma controvérsia. Enquanto
que, na jurisdição contenciosa existe a presença prévia do litígio que é a causa do processo.

3. O contraditório na demanda

O contraditório, na jurisdição contenciosa, visa, antes de mais nada, esclarecer a verdade dos fatos e
do direito aplicável a espécie. Dá-se oportunidade a ambas as partes de apresentarem suas
pretensões, expondo suas razões, assim como a oportunidade de contrariar as provas e as
alegações da parte contrária.

Carnelutti expõe que, "il principio del'contraddittorio', il quale non è altro, in fondo, che uguaglianza tra
le parti; ciascuna parte deve poter fare quello che fa l'altra per farsi ragione. (...) Il principio del
contraddittorio è fondato sulla duplicità e sulla opposizione delle parti". 31

Chiovenda ressalta, por sua vez, que pode inexistir a contrariedade também na jurisdição
contenciosa, como se dá, por exemplo, quando a pretensão do autor não for contestada, como no
caso da revelia; podendo até mesmo haver a confissão no reconhecimento da procedência do
pedido. 32

O objeto da jurisdição contenciosa é a lide e a sua composição. Ambas as partes em litígio ficam
submetidas à jurisdição. Com a provocação do autor, torna-se lícito ao réu defender-se - quer com o
intuito de livrar-se dessa sujeição, quer com o fito de contrariar a pretensão do autor.

Do exposto concluímos que a contrariedade não é característica da jurisdição contenciosa, mas


tão-só a possibilidade de contrariedade e, não é a contenciosidade propriamente que distingue uma
jurisdição da outra, pois existe um contraditório latente, que pode ou não se exteriorizar.

4. Posição do Juiz na relação processual

Na jurisdição contenciosa o juiz compõe a lide; enquanto que, na jurisdição voluntária ele apenas
constitui legalmente o negócio ou o ato jurídico. Enquanto na primeira o órgão jurisdicional atua para
a composição do litígio de interesses, na segunda o juiz somente age para melhor tutelar situações
anômalas de interesses, mas onde não há litígio.

Nos processos de jurisdição voluntária domina o princípio da soberania do juiz - não há preclusões
(salvo no caso de recursos) e o juiz, soberanamente, dirige o processo. Na jurisdição contenciosa o
juiz não pode, livremente, continuar a pesquisa da verdade - domina aí o princípio dispositivo. Na
voluntária ele é livre de prosseguir na coleta de provas, se assim achar necessário.

Bastante esclarecedoras são as palavras de Carnelutti neste sentido: "si parla, a questo proposito, di
un principio 'dispositivo' in opposizione al principio 'inquisitorio', volendosi con ciò significare la
dipendenza o la indipendenza della potestà giurisdizionale del giudice dalla domanda delle parti; e si
pensa che secondo la natura della lite, nella quale sia più o meno impegnato l'interesse pubblico,
debba essere adottato o l'uno o l'altro. In realtà, quando il processo è veramente contenzioso, il
principio inquisitorio non dovrebbe essere applicato mai". 33

Poderá o juiz agir livremente, nos processos de jurisdição voluntária, investigando os fatos e
ordenando de ofício a realização de quaisquer provas, podendo tornar-se partícipe na realização das
provas, sem que com isso perca a imparcialidade inerente a seu cargo. No processo de jurisdição
contenciosa, a parte que descuida da prova poderá perder a demanda, pois não compete ao juiz
indicar ou recomendar as provas que deverão ser carreadas aos autos. Ao contrário, como vimos, na
jurisdição voluntária impõem-se as normas do princípio aquisitivo, dentro do qual o juiz está
autorizado a orientar e dirigir as partes, inclusive exigindo a prova que julgar necessária.

Portanto, como assinala Gian Antonio Micheli, "a intervenção do juiz nos processos voluntários
considera-se necessária a fim de submeter a um órgão imparcial a declaração de certeza de
determinados pressupostos - em geral de legitimidade, e, as vezes, de fundo - para a produção de
um efeito jurídico; declaração de certeza que o legislador não pode levar a cabo preliminarmente, no
momento da fixação da norma jurídica e que, por conseguinte, confere ao juiz". 34

5. Natureza e efeitos da sentença - IX. Da natureza jurídica do inventário e partilha - X.


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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

Conclusão - XI. Bibliografia

Dentre os estudiosos do Direito Processual Civil estuda-se a distinção das jurisdições pela natureza
da sentença; na jurisdição contenciosa a sentença é condenatória e na jurisdição voluntária trata-se
de homologação, autorização ou aprovação.

Alguns autores vêem na coação, através da sentença condenatória, o elemento distintivo entre as
duas jurisdições, defendendo a tese de que na jurisdição voluntária os interessados não são
obrigados a aceitar a decisão do juiz. Mas, lembra Moacir Amaral Santos que, alguns atos da
jurisdição voluntária são obrigatórios e dá o exemplo do tutor que muitas vezes é coagido pelo juiz
para exercer o cargo, não podendo apresentar escusas. 35

José Carlos Barbosa Moreira, esclarece que, "os pronunciamentos judiciais do domínio da
impropriamente chamada 'jurisdição voluntária', segundo entendimento doutrinário predominante,
não têm caráter jurisdicional, e autores há que impugnam o uso da palavra 'sentença' para
designá-los". 36

Além disso, muitos autores consideram a característica mais marcante da jurisdição voluntária a
aparente fragilidade das 'sentenças' com elas relacionadas, que não fazem coisa julgada,
possibilitando o reingresso em juízo, dos interessados, com o mesmo pedido, alterado ou não.

Afirma Edson Prata que, "reina completa balburdia na literatura jurídica universal, com doutrinadores
afirmando a existência e a inexistência de coisa julgada material na jurisdição voluntária, com
supremacia daqueles que negam a possibilidade da coisa julgada material. Quanto à coisa julgada
formal, dividem-se também os doutrinadores, sobressaindo a corrente que a entende possível". 37

Entendemos como coisa julgada material a eficácia que torna imutável a sentença, não mais sujeita
a recurso ( CPC (LGL\1973\5), art. 467). Aqui, o fenômeno de coisa julgada se constitui pela
imutabilidade da entrega da prestação jurisdicional e seus efeitos, para que o imperativo jurídico,
contido na sentença, tenha força de lei entre as partes.

A coisa julgada formal, por seu turno, indica a imutabilidade da sentença como ato processual. Diz
respeito ao processo, enquanto a coisa julgada material diz respeito ao conteúdo da sentença.

A coisa julgada formal é a preclusão máxima de que fala Frederico Marques, visto que impede
qualquer reexame da sentença como ato processual. A coisa julgada material dá imutabilidade a
ordem ditada pela sentença, projetando-se fora do processo. 38

Assinala Humberto Theodoro Júnior que, "a coisa julgada formal atua dentro do processo em que a
sentença foi proferida, sem impedir que o objeto do julgamento volte a ser discutido em outro
processo. Já a coisa julgada material, revelando a lei das partes, produz seus efeitos no mesmo
processo ou em qualquer outro, vedando o reexame da res iudicium deducta, por já definitivamente
apreciada e julgada". 39

Neste sentido adverte Chiovenda que "o provimento de jurisdição voluntária como ato de pura
administração, não produz coisa julgada; assiste sempre ao interessado obter a revogação de um
decreto positivo, volvendo ao próprio órgão que o emanou, convencendo-o de haver errado". Deixa
claro o ilustre doutrinador que onde há coisa julgada há o exercício de jurisdição e onde não há coisa
julgada não há jurisdição, mas mera administração. 40

Na mesma linha de raciocínio, Ada Pellegrini Grinover desenvolve a sua tese dizendo que "o trânsito
em julgado é justamente a passagem da dualidade da sentença, de mutável para imutável. Quando
ocorre a coisa julgada? Sendo qualidade da sentença, só onde haja jurisdição, só no processo
denominado contencioso". 41

Note-se que para Pontes de Miranda, na verdade "coisa julgada há; o que se distingue, na jurisdição
contenciosa e na jurisdição voluntária, é no tocante ao conteúdo do julgado. Quando ocorre, no art.
467, se diz que a eficácia da coisa julgada é a de tornar imutável e indiscutível a sentença, se não
mais sujeita a recurso ordinário e extraordinário, não se afasta a modificabilidade se alguma das
espécies do art. 471, I e II, ocorre. Daí termos de entrar em exame preciso do art. 1.111, onde se diz
que a sentença de jurisdição voluntária pode ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos
se ocorrerem circunstâncias supervenientes". 42
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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

O Código de Processo Civil (LGL\1973\5) de 1939 trazia no seu bojo um artigo (art. 288) que tratava
da matéria. Entretanto o Código atual deixou de tratar do assunto. Pode-se, no entanto, afirmar
permanecer a mesma orientação anterior, em face do que dispõe o art. 1.111.

No que diz respeito aos procedimentos de jurisdição voluntária, preceitua o art. 1.111 que a sentença
poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos se ocorrerem circunstâncias
supervenientes. Quis o legislador, também aqui, dar maior segurança a situações decorrentes de
decisões judiciais mesmo em processos de jurisdição voluntária. Seria absurdo pretender-se a
mutabilidade e a discutibilidade sem limites das decisões judiciais proferidas em procedimentos de
jurisdição voluntária. Há, evidentemente, imutabilidade e indiscutibilidade, porém em termos mais
restritos que os reconhecidos nos processos e procedimentos de jurisdição contenciosa.

IX - Da natureza jurídica do inventário e partilha

Inúmeros elementos foram traçados por juristas e doutrina dores na tentativa de separar os
processos de jurisdição voluntária dos processos de jurisdição contenciosa.

Sentimos, entretanto, que tornar-se-ia imprudente, neste trabalho, pretender resolver o problema,
discriminando os elementos pertencentes a uma ou outra jurisdição, enquanto a matéria é,
atualmente, fonte inesgotável de controvérsias e discussões.

É claro que, após a exposição de algumas das principais características das jurisdições contenciosa
e voluntária, nosso intuito será o de tentar demonstrar o por que de o inventário e partilha se
arrolarem dentre os processos de jurisdição contenciosa, apontando suas características básicas.

Antes da unificação do processo, a matéria sobre inventário e partilha não encontrava sistematização
uniforme em nosso Direito. Dominava, então, o entendimento de que o inventário e partilha eram
procedimento puramente administrativo, pois não havia qualquer característica de conflito de
interesses entre os interessados.

Alguns doutrinadores, ainda hoje, defendem a tese de que o inventário e a partilha devam pertencer
à jurisdição voluntária. Muito se discutiu, também, sobre a possível inclusão do inventário na
jurisdição voluntária e a partilha na jurisdição contenciosa.

Apesar de opiniões em contrário de juristas como Cândido Neves, Carvalho Santos e outros, o nosso
Código de Processo Civil (LGL\1973\5) colocou o inventário e partilha entre os procedimentos de
jurisdição contenciosa (arts. 982 a 1.045).

Conforme demonstramos em capítulo anterior, inventário é a relação e descrição de bens


pertencentes a uma pessoa e, num sentido estrito, significa o processo no qual são relacionados,
descritos e avaliados os bens da herança, liquidado o passivo e pago o imposto de transmissão
causa mortis. Dentro do processo de inventário se apuram a herança líquida que deverá ser dividida
entre os herdeiros, através da partilha.

Mesmo com o fato do inventário e a partilha serem perfeitamente distintos nas suas fases, a unidade
do processo prevalece. O procedimento é um só, visando um único fim - a divisão de bens.

Visto tratar-se de um procedimento sumamente complexo, no curso do qual se realizam diversos


atos, como pagamento de impostos, avaliação, citações, impugnações, declarações, colações,
pagamento de dívidas, tornou-se um procedimento contencioso judiciário, em que se discutem
direitos privados, visando a divisão de bens, definindo-lhes os herdeiros e os limites.

A divergência atualmente existente foi causada pela falta de critério do Código de Processo Civil
(LGL\1973\5) de 1939, que não separava os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa dos
de jurisdição voluntária. O nosso Código vigente, entretanto, corrigindo esta falha, incluiu o inventário
e partilha nos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, alterando toda a estrutura do
procedimento. A Lei 5.925, de 1.10.73, eliminou a possibilidade de os herdeiros, quando capazes,
poderem fazer o inventário e partilha através de acordo extrajudicial, conforme permitia o art. 982 do
Código anterior. Atualmente, com o disposto no art. 982, do CPC (LGL\1973\5), proceder-se-á ao
inventário judicial ainda que todas as pessoas sejam capazes. O inventário judicial, aqui, significa
que a lei, qualquer que seja a disposição das partes, não transige no rigor das formas permitidas.

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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

A lei estipula que o inventário e a partilha são procedimento especial de jurisdição contenciosa,
afastando, portanto, qualquer discussão quanto à sua natureza jurídica. Apesar das inúmeras
diferenças traçadas no procedimento de inventário e partilha, que lhe dão a natureza de
procedimento de jurisdição contenciosa, aliam-se freqüentemente ao processo conteúdo que se afina
perfeitamente com a jurisdição voluntária e que, por isso, suscitam dúvidas ao doutrinador.

Esta controvérsia se manifesta em relação à uma série de elementos componentes do procedimento


e que passaremos a apontar.

a) Impôs o legislador o inventário judicial, dentro do capítulo de jurisdição contenciosa, porque,


tratando-se de liquidação do patrimônio do falecido, entrarão, possivelmente, em conflito, vários
interesses - o dos herdeiros, o dos legatários, o do cônjuge, o do meeiro, o dos credores e o da
Fazenda Pública. Dentre os artigos, estabelecidos pela lei processual, alguns exemplos nos darão
idéias da possibilidade de contenda dentro do procedimento de inventário e partilha: o art. 1.000, que
possibilita impugnações e argüições; o art. 1.001, que trata da possibilidade da pretensão à
qualidade de herdeiro. Temos aí, um dos elementos caracterizadores do inventário e partilha como
procedimento de jurisdição contenciosa.

Além disso, a imposição legal poderia ser explicada também pelo fato de os herdeiros sucederem
apenas em bens e não em dívidas, recebendo, portanto, apenas a parte ativa do patrimônio,
deduzidas as dívidas e os impostos, isto é, os herdeiros têm sua responsabilidade limitada pela força
da herança. Também aqui, a preocupação do legislador com a proteção aos credores do falecido
(art. 1.017) - os bens do devedor constituem garantia para os credores - daí a necessidade jurídica
de se tornar conhecida a situação do patrimônio através da individualização, descrição e avaliação
dos bens. Também a Fazenda Pública é interessada em face do direito ao imposto de transmissão.

b) Cumpre notar, também, que na jurisdição contenciosa há a finalidade de atuar relações jurídicas já
existentes, enquanto que a finalidade da jurisdição voluntária é a de constituir estados jurídicos
novos. Partindo desta premissa, claro está que o inventário e partilha deveriam pertencer à jurisdição
voluntária. É o que se depreende da análise da natureza da sentença de partilha, onde o ato do juiz,
na partilha judicial, é a sentença constitutiva, criando para os herdeiros direito novo, até ali
inexistente, transformando a propriedade sobre os bens, extinguindo a comunhão pro diviso e
fixando a titularidade de cada um sobre o seu quinhão hereditrio. 43

c) Ressalte-se, também, que não há porque falar-se em partes no inventário e sim em interessados.
Pois, no sentido estrito partes são, no processo, dois sujeitos diversos em situações contrapostas,
resistindo um à pretensão do outro.

Calamandrei assinala que, "se Ilaman 'partes' los contendientes en el proceso, en el mismo sentido
en que se habla de partes en todos los casos en que hay una contraposición de adversarios que
compiten entre si para la obtención de una victoria (...) De dicha nación 'belicosa' del proceso,
considerado como un 'contentio inter partes', vuelve a encontrarse algún eco en la reciente teoria que
ve na finalidad del proceso contencioso en la composición de la 'litis', entendida como conflicto de
intereses entre sujetos contrapuestos". 44

Assim, partes, em Direito Processual, são um sujeito de uma relação processual em relação ao outro
que lhe é contrário. O que não ocorre, normalmente no inventário, onde todos os herdeiros são
interessados, mantendo uma única posição e visando cada um o seu respectivo quinhão.

Segundo os arts. 987 e 988 do CPC (LGL\1973\5), existe uma legitimidade, em igualdade de
condições, para se requerer a abertura do inventário e partilha. Não há relação jurídica processual
entre partes, não há resistência à uma pretensão; há uma pretensão à obtenção da declaração e
divisão dos bens. Não há sujeito contra o qual se obtém sentença favorável ou desfavorável, há
interessados (herdeiros e sucessores) nos bens do espólio que remanescerem livres e
desembargados após o pagamento de dívidas e impostos. Todos os herdeiros querem a apuração
da herança para o fim de reparti-la, de acordo com o direito de cada um.

A lei enumera as pessoas que deverão ser citadas (art. 999, do CPC (LGL\1973\5)). Mas, na
verdade, a citação aqui destoa do seu sentido legal: segundo o art. 213, do CPC (LGL\1973\5), a
citação é o ato pelo qual se chama o réu ou o interessado a fim de se defender. No inventário e
partilha simplesmente a citação dá ciência à parte interessada de que o inventário foi requerido,
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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

permitindo-lhe que se habilite no processo. Embora em posição sui generis poderíamos chegar a
dizer que a Fazenda Pública é parte no inventário e partilha, e como tal se limita exclusivamente à
órbita dos interesses fiscais. Neste caso ela atua como parte, defende seus interesses diretamente
colocando-se, não em lugar do contribuinte ou do interessado, porém no seu próprio lugar,
defendendo seus próprios interesses - a liquidação do imposto que lhe é devido.

d) Importante frisar que, a decisão final sobre o cálculo (art. 1.013 do CPC (LGL\1973\5)) tem
natureza de sentença declaratória. Da decisão que julgar os cálculos cabe apelação e, como
qualquer sentença, passará em julgado, somente podendo ser desfeita através de ação rescisória.

As questões que se decidem no procedimento de inventário podem alcançar a imutabilidade, por


força da coisa julgada. A questão no inventário se delimita com a apuração do tributo e se encerra
com o julgamento do cálculo. Após o julgamento dos cálculos e já pagas as dívidas existentes,
passa-se à partilha.

É a partilha o ato de divisão dos bens do morto entre seus herdeiros e legatários, que poderá ser
amigável (art. 1.029 do CPC (LGL\1973\5)) ou julga da por sentença (art. 1.022 do CPC
(LGL\1973\5)). Se amigável, poderá ser anulada por ação ordinária (art. 486 do CPC (LGL\1973\5)),
se julgada por sentença será sujeita à coisa julgada e poderá ser rescindida (art. 1.030 do CPC
(LGL\1973\5)).

O ato do juiz na partilha judicial é a sentença constitutiva.

Cumpre esclarecer que a partilha, embora o inventário nunca o seja, poderá ser feita amigavelmente,
quando se tratar de herdeiros capazes de transigir. A forma do ato, neste caso, será a de escritura
pública, o termo nos autos de inventário ou o escrito particular, devidamente homologado pelo juiz
(art. 1.029 do CPC (LGL\1973\5)). O ato formal do juiz, neste caso, será sentença meramente
homologatória, pois se limita ao exclusivo exame da validade formal do ato.

e) Ponto que suscita dúvidas dentre os estudiosos da natureza jurídica do inventário e partilha é o
art. 984 do CPC (LGL\1973\5), cujo comentário não poderíamos deixar de incluir neste estudo.

Art. 984 do CPC (LGL\1973\5): "O juiz decidirá todas as questões de direito e também as questões
de fato, quando este se achar provado por documento, só remetendo para os meios ordinários as
que demandarem alta indagação ou dependerem de outras provas".

Pela análise deste artigo, criou-se entre inúmeros doutrinadores o entendimento de que o legislador,
considerando aqui o inventário como procedimento de jurisdição voluntária, admitiu a transição para
o contencioso, estabelecendo que o juiz se limitará a decidir somente as questões de menor
relevância, quando estas se acharem provadas por documentos, e remeterá as partes para os meios
ordinários - jurisdição contenciosa - as que demandarem alta indagação ou dependerem de
apuração mais ampla de provas.

Entretanto, acreditamos que, não pretendeu o legislador que a questão de alta indagação mudasse o
procedimento do inventário e partilha. A questão de alta indagação diz respeito a fato incerto que
depende de prova a vir de fora do processo, a ser colhida em outro feito e que não podem ser
resolvidas dentro do inventário.

Neste sentido nos esclarece Pontes de Miranda que, as questões de direito, por mais intrincadas que
sejam, têm de ser decididas pelo juiz de inventário e partilha. A exigência de documentação que na
lei se faz, só se refere às questões de fato. O juiz não pode deixar de julgar, remetendo a parte ou as
partes às vias ordinárias. (...) Questões de alta indagação são as questões em que aparecem
elementos de fato que exigiram processo à parte, com rito próprio". 45

Em última análise, diríamos que a matéria de alta indagação diz respeito, aqui, à matéria de tal sorte
complexa, que não poderia ser decidida em processo de inventário para não lhe abalar as
características estruturais instrumentais. A título de exemplo, menciona o autor alguns casos que
podem ser considerados como casos de alta indagação: a anulação de testamentos, a indignidade, a
deserdação, o reconhecimento de filho natural, a investigação de paternidade. A discussão e prova
destes casos, pela sua amplitude e complexidade, descabem dentro do procedimento de inventário,
que é especial e com finalidades determinadas.

Pela sua finalidade especialíssima o procedimento de inventário tem por escopo, através do
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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

relacionamento de bens e herdeiros, a liquidação do passivo e dos tributos e a partilha dos bens. Daí
a impossibilidade por parte do juiz de solucionar questões que dependem de instrução probatória,
em moldes procedimentais mais amplos, como também as questões que dependam de julgamento
através de ação autônoma. Quis o legislador que o procedimento especial tivesse "finalidade certa,
inampliável, indistorcível". 46

Em suma, se a questão é de direito ou de fato, desde que não haja a impossibilidade de prova que
não seja documental e a impossibilidade de se indagar sobre questões que, por sua própria
natureza, dependam de procedimento específico, a decisão será plena.

X - Conclusão

Após o levantamento dos principais pontos que suscitam a controvérsia na doutrina, coloca-se a
questão, que é, em última análise, o objeto deste trabalho: é justificada a qualificação do inventário e
partilha como procedimento de jurisdição contenciosa?

Nosso entendimento é de que houve, de fato, motivos relevantes para a qualificação do inventário e
partilha dentre os procedimentos de jurisdição contenciosa. Não obstante, vários são os autores
contrários a esta tese. Interessante é a conclusão de Edson Prata, para quem, "o legislador
catalogou o procedimento na jurisdição contenciosa por necessidade imperiosa de catalogá-lo, seja
nesta ou naquela parte do Código. Talvez tenha ficado na embaraçosa situação confessada pelo
redator do Código lusitano: quais os procedimentos que realmente são de jurisdição voluntária e
quais os que não são. O certo é que o procedimento, do jeito que foi redigido, ora se fixa no âmbito
da jurisdição contenciosa, ora da voluntária, e até se fixaria simplesmente na administração pública
dos interesses privados, se tivesse permanecido o § 1.º do art. 982". 47

A nosso ver, contudo, é por demais simplista a solução dos problemas nestes termos. Conforme se
viu no desenvolvimento deste trabalho, para qualificar o inventário e partilha dentre os procedimentos
de jurisdição contenciosa, o legislador balizou-se em determinados critérios que, embora discutíveis,
podem ser claramente delineados. A posição do juiz na relação processual, a possibilidade do
contraditório, a natureza e os efeitos da sentença, são parâmetros objetivos que permitem o
enquadramento justificado do inventário e partilha no Capítulo IX do Livro IV, do Código de Processo
Civil (LGL\1973\5).

Além disso, o curso do inventário é um encadeamento de atos donde emerge larga série de
questões trazidas à tona, muitas vezes, por herdeiros ou terceiros insatisfeitos, outras vezes
referentes a bens que não pertencem ao espólio; todas essas questões trazem como conseqüência
a obrigatoriedade de um pronunciamento judicial a respeito.

A intervenção estatal tem, pois como escopo evitar litígios futuros, ou irregularidades e deficiências
na formação do ato ou do negócio jurídico.

Impondo a lei que o inventário seja um procedimento de jurisdição contenciosa, o legislador teve o
intuito de dar ao Estado o controle das relações jurídicas, podendo tomar medidas acauteladoras em
tempo hábil.

E, sendo de jurisdição contenciosa, os princípios gerais do processo, seja em relação às partes, aos
atos processuais, à formação, suspensão ou extinção do processo, bem como ao recurso e
preclusões e aos efeitos da sentença e incidência da coisa julgada, tudo será aplicado ao inventário
e partilha.

XI - Bibliografia

Alvim, Arruda - Manual de Direito Processual Civil, Ed. RT, S. Paulo, 1978.

Barbosa Moreira, José Carlos - Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5), Forense,
Rio, 1981.

Barros, Hamilton Morais - Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5), Forense, Rio,
1977.

Batalha, Wilson de Souza Campos - Tratado de Direito Judiciário de Trabalho, LTr, S. Paulo, 1977.
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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

Calamandrei, Piero - Instituciones de Derecho Procesal Civil, Ed. Jurídicas Europa-America, B, Aires,
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Carnelutti, Francesco - Trattato del Proceso Civile, Ed. Morano, Napoli, 1958.

Castro, Amílcar - "Repares sobre a Jurisdição e a Ação", in Revista de Direito Processual, I/19,
Uberaba, apud Santos, Ernani Fidelis - Procedimentos Especiais, EUD, S. Paulo, 1979, p. 144.

Chiovenda, Giuseppe - Instituições de Direito Processual Civil, trad. J. Guimarães Menegale,


Saraiva, S. Paulo, 1975.

Gomes, Orlando - Direito das Sucessões, Forense, Rio, 1981.

Greco Filho, Vicente - Direito Processual Civil Brasileiro, Saraiva, S. Paulo, 1981.

Grinover, Ada Pellegrini - Direito Processual Civil, José Bushatsky, S. Paulo, 1975.

Marques, José Frederico - Manual de Direito Processual Civil, Saraiva, S. Paulo, 1975.

Miranda, Pontes ele - Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5), Forense, Rio, 1979.

Moraes, Walter - Direito das Sucessões: Teoria Geral e Sucessão Legítima, Ed. RT, S. Paulo, 1980.

Pereira, Caio Mário da Silva - Instituições do Direito Civil, Forense, Rio, 1974.

Prata, Edson - Jurisdição Voluntária, EUD, S. Paulo, 1979.

Santos, Moacyr Amaral - Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, Saraiva, S. Paulo, 1978.

Theodoro Júnior, Humberto - Processo de Conhecimento, Forense, Rio, 1981.

1. Teoria Geral e Sucessão Legítima, Ed. RT, S. Paulo, 1980, p. 1.

2. Walter Moraes, ob. cit., p. 9.

3. Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, Forense, Rio, 1974, vol. VI, p. 273.

4. Direito das Sucessões, Forense, Rio, 1981, p. 280.

5. Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5), Forense, Rio, 1977, vol. XIV, p. 3.

6. Ob. cit., p. 274.

7. Orlando Gomes, ob. cit., p. 280.

8. "Reparos sobre a Jurisdição e a Ação", Revista de Direito Processual, 1/19, Uberaba, apud Ernani
Fidelis dos Santo, Procedimentos Especiais, EUD, S. Paulo, 1979, p. 144.

9. Instituições de Direito Processual, trad. de J. Guimarães Menegale, Saraiva, S. Paulo, 1965, vol. II,
p. 3.

10. Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5), Forense, Rio, 1979, vol. I, p. 108.

11. Trattato del Processo Civile, Morano, Nápoles, 1958, p. 82.

12. Moacyr Amaral Santos, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, Saraiva, S. Paulo, 1978, vol.
I, pp. 65-67.

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NATUREZA JURÍDICA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

13. Edson Prata, Jurisdição Voluntária, EUD, S. Paulo, 1979, pp. 11-13.

14. Moacyr Amaral Santos, ob. cit., p. 56.

15. Vicente Greco Filho, Direito Processual Civil Brasileiro, Saraiva, S. Paulo, 1981, vol. I, p. 39.

16. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, ob. cit., p. 65.

17. Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 39.

18. Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 39.

19. Ob. cit., p. 16.

20. Ob. cit., p. 65.

21. Vicente Greco Filho, ob. cit., p. 40.

22. Ob. cit., p. 58.

23. Instituciones de Derecho Procesal Civil, Ed. Jurídicas Europa-America, B. Aires, 1962, vol. II, p.
147.

24. Ob. cit., vol. II, p. 16.

25. Manual de Direito Processual Civil, Ed. RT, S. Paulo, 1979, vol. I, p. 4.

26. Manual de Direito Processual Civil, Saraiva, S. Paulo, 1975, vol. I, pp. 80-81.

27. Tratado de Direito Judiciário do Trabalho, LTr, S. Paulo, 1977, p. 665.

28. Ob. cit., p. 20.

29. Ob. cit., p. 62.

30. Ob. cit., p. 115.

31. Ob. cit., p. 99.

32. Ob. cit., pp. 19-20.

33. Ob. cit., p. 94.

34. Estudios de Derecho Procesal Civil, Ed. Jurídicas Europa-America, B. Aires, 1970, trad. por
Santiago Sentís Melendo, vol. I, p. 89, apud Wilson de Souza Campos Batalha, ob. cit., p. 665.

35. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, ob. cit., p. 66.

36. Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5), Forense, Rio, 1981, vol. V, p. 83.

37. Ob. cit., p. 279.

38. Ob. cit., vol. III, pp. 231-235.

39. Processo de Conhecimento, Forense, Rio, 1981, vol. II, p. 671.

40. Ob. cit., p. 17.

41. Direito Processual Civil, José Bushatsky, S. Paulo, 1975, p. 86.

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42. Ob. cit., vol. XVI.

43. Antônio Macedo de Campos, Inventários e Partilhas, Sugestões Literárias, ed. Saraiva, S. Paulo,
1983, p. 165.

44. Ob. cit., p. 294.

45. Comentários ao Código de Direito Processual Civil, vol. XIV, p. 19.

46. Hamilton de Morais e Barros, Comentários ao Código de Processo Civil (LGL\1973\5), Forense,
Rio, 1977, vol. IX, p. 187.

47. Ob. cit., p. 251.

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