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DIREITOS REAIS
Introdução
Nas sociedades mais primitivas, desde as primeiras civilizações e as co-
munidades da Grécia Antiga, já se percebia a existência do conceito de
posse, embora não houvesse regramento sobre esse instituto. Foi apenas
com o advento do Direito romano que se passou a estabelecer as relações
de propriedade e posse de maneira mais conceitual, indicando limites
práticos e normativas específicas.
A partir dos conceitos que formam o instituto jurídico da posse, ao longo
do tempo, foram desenvolvidas teorias, que se tornaram majoritariamente
aceitas e que podem ser sintetizadas em dois principais grupos, tendo
como representantes Savigny e Ihering, que defendem a teoria subjetiva
e a teoria objetiva da posse, respectivamente. De maneira geral, embora
com perspectivas diferentes, é possível afirmar que há similitudes entre
as duas teorias, no que se refere à natureza jurídica e ao objeto da posse.
Neste capítulo, você vai ler sobre a origem e o conceito de posse, as
teorias que a fundamentam, bem como a natureza jurídica e o objeto
da posse, de acordo com a legislação e a doutrina.
Na história romana, o próprio conceito de posse foi sendo alterado nas di-
versas épocas, recebendo influências do direito natural, direito canônico e
direito germânico. [...] Na concepção mais aceita, o vocábulo posse provém
de possidere; ao verbo sedere apõe-se o prefixo enfático por. Nesse sentido
(semântico), posse prende-se ao poder físico de alguém sobre a coisa. Há
também os que sustentam que o termo deriva de potis (senhor, amo).
Nesse sentido, uma das principais dúvidas sobre o instituto jurídico da posse é
se ele se trata de um fato ou de um direito. A doutrina não é pacífica nesse ponto,
sendo que, para Tartuce (2019, p. 32), a posse é um direito, ou seja, “[...] o domínio
fático que a pessoa exerce sobre a coisa”. Já Venosa (2018, p. 32) entende que:
Apesar das divergências doutrinárias, aqui é fundamental citar uma distinção conso-
lidada na doutrina: o ius possidendi e o ius possessionis. O primeiro refere-se ao direito
de posse fundado na propriedade, ou seja, o possuidor também é proprietário e, se
perder a posse, não deixará de ser proprietário. Já o segundo é o direito fundado
no fato da posse, no aspecto externo, de forma que o possuidor pode não ser o
proprietário, embora pareça ser.
2 Teorias da posse
A teoria subjetiva tem como principal defensor Friedrich Carl von Savigny,
jurista alemão do século XIX, por meio da qual a posse pode ser conceituada
como o poder direto que alguém tem de dispor fisicamente de um bem com a
intenção de tê-lo e de defendê-lo. Para essa corrente, a posse é constituída de
dois elementos: o corpus e o animus domini. O corpus caracteriza-se pelo poder
de disponibilidade do bem, enquanto o animus caracteriza-se pela intenção de
exercer o direito de propriedade sobre a coisa. A partir de conceitos, Tartuce
(2019, p. 33) afirma que:
Para a teoria objetiva, cujo principal defensor foi Rudolf Von Ihering,
jurista alemão do século XIX, para que a posse seja constituída, basta que o
indivíduo disponha fisicamente da coisa ou que tenha a mera possibilidade de
exercer esse contato. De acordo com a teoria objetiva, dispensa-se a intenção
de ser dono, de forma que a posse dispõe de apenas um elemento, o corpus, de
forma que, como comenta Tartuce (2019, p. 33), “[...] para essa teoria, dentro
do conceito de corpus está uma intenção, não o animus de ser proprietário,
mas de explorar a coisa com fins econômicos”.
6 Posse
Ainda, para que seja caracterizada perante o Direito brasileiro, como ato
jurídico que é, a posse deve envolver um sujeito capaz, um objeto corpóreo ou
incorpóreo e uma relação de dominação entre o sujeito e o objeto; na ausência
de qualquer desses elementos, não há que se falar em relação possessória. Aqui,
é fundamental estabelecer uma distinção entre posse e detenção. Observemos
a previsão do art. 1.198 do Código Civil (BRASIL, 2002, documento on-line):
os caseiros;
as empregadas domésticas;
os bibliotecários.
Destarte, embora inexata a expressão posse de direitos, tem ela perfeita compre-
ensão na doutrina. [...] Desse modo, como corolário da teoria objetiva da posse,
há de ser concebido como possuidor todo aquele que no âmbito das relações
patrimoniais exerça um poder de fato sobre um bem. Mas, em qualquer situação,
a posse deve estampar uma exterioridade ou aparência. Sem esta, não há como
defendermos a existência da posse, porque impossível torna-se o animus, porque
não existirá o fato passível de posse. Por essa razão, não chegamos ao extremo
de admitir a posse de um direito de crédito, por exemplo, como também não
deferimos proteção possessória à manutenção de um cargo ou função pública,
para cujo resguardo existem medidas específicas, distantes da noção possessória.
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