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1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1GONÇALVES, Carlos Roberto Direito das Coisas - Coleção Direito Civil Brasileiro Volume 5 – 17.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Cit. P. 46.
Savigny sustenta que a posse seria conhecida do direito antes dos interditos,
de modo que Ihering considera a posse como mera consequência do processo
reivindicatório, de modo que, na questão dos interditos possessórios, o pretor podia
entregar a posse da coisa litigiosa a qualquer das partes.
A esse respeito, Anaide Cavalcanti Lobo e Nelson Sussumu Shikicima
ensinam que:
Sendo a posse um poder de fato que uma pessoa tem sobre a coisa
que traz consigo, Caio Mário da Silva Pereira aduz que o Direito
Romano “foi particularmente minucioso ao disciplinar este instituto.
Tão cuidadoso que todos os sistemas jurídicos vigentes adotam-no
por modelo” (2008, p. 15 apud SANTOS, 2016). Ou seja, os romanos
entenderam que a posse deveria ser protegida independentemente do
seu possuidor ser ou não proprietário da coisa, devendo conferir-lhe
tratamento jurídico eficaz, protegendo-se a posse (estado de fato),
protege-se também a propriedade (estado de direito). Neste sentido,
as ideias e os conceitos oriundos do direito romano, tornaram-se
fontes de inspiração para as teorias especialmente de Savigny, Ihering
e Saleilles. 2
2 LOBO, Anaide Cavalcanti e col. Posse: Evolução Histórica e Doutrinária, Conceito e Classificação
no Brasil. Disponível em <https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=19596>. Acesso em:
26.06.2022.
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LOBO, Anaide Cavalcanti e col. Posse: Evolução Histórica e Doutrinária, Conceito e Classificação
no Brasil. Disponível em: <https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=19596>. Acesso em:
26.06.2022.
4GONÇALVES, Carlos Roberto Direito das Coisas - Coleção Direito Civil Brasileiro Volume 5 – 17.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Cit. P. 48.
Verifica-se que a lei supracitada faz menção a posse mansa e pacífica das
terras devolutas, e o faz de forma mais específica ao definir terras devolutas mais
precisamente no § 3º do artigo 3º, a saber:
Verifica-se que a lei reconheceu que a posse não se fundava em “título legal”,
mas reconhecia-se como título social para ser por ela legitimada. Assim as posses
foram legitimadas, mesmo as que se achavam em áreas de sesmarias ou de outras
concessões do governo.
Paulatinamente as ocupações continuaram no Brasil exigindo novas soluções
legais e judiciárias. Finalmente, o Código Civil de 1916 passou a regular de modo
sistemático a posse, destacada da propriedade, seguido pelo Código Civil de 2002.
A teoria objetiva de Ihering revelou-se mais adequada e satisfatória, tendo
sido adotada pelo Código Civil de 1916 (vide seu respectivo artigo 485), e também o
Código Civil de 2002, como se depreende da definição de possuidor constante do
artigo 1.196.
É interessante observar que o aludido artigo 1.196 não conceitua a posse,
optando por concentrar-se mais na figura do possuído, de modo que também é
possível verificar nessa conceituação os seguintes componentes:
a) exercício de fato;
b) (da) totalidade ou parte (de); e
c) poder inerente à propriedade (uso, fruição e disposição da coisa).
Portanto, para ser considerado possuidor, é suficiente que tenha o exercício
de fato de parte ou da totalidade de qualquer desses poderes em relação à coisa
(pode usar, sem fruir, por exemplo).
6. LEITURA COMPLEMENTAR