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RESENHA

Escrita por José Carlos Moreira Alves a 18a edição da obra “Direito Romano” foi
publicada no Rio de Janeiro pela Editora Forense no ano de 2018. O livro didático dividido
em 56 capítulos distribuídos em partes gerais e especificas tendo 883 páginas de texto
expositivo sendo o capítulo 23 (A propriedade) abordado por essa resenha, tem como público-
alvo todo o corpo acadêmico interessado nos conhecimentos sobre o direito romano, suas
particularidades e suas perspectivas modernas.
José Carlos Moreira Alves nasceu em 1933 na cidade de Taubaté. Foi ministro do
supremo tribunal federal tendo sido presidente daquela corte, professor de direito civil na
Faculdade de direito da Universidade de São Paulo e também livre-docente de direito civil e
romano na faculdade de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro é doutor honoris
causa pela faculdade de direito da Universidade Tor Vergata de Roma II e escritor de outras
obras como “Estudos de Direito Romano” e vários volumes de “Direito Romano”.
A estrutura e evolução do Direito Romano é a temática do autor na obra. O que se
apresenta no capítulo abordado por essa resenha é a conceituação do que seria propriedade e a
invocação do pensamento moderno sobre o assunto, as nuances do direito de propriedade,
torna-se evidente a missão do autor em entregar uma análise aprofundada do direito clássico e
sua relação com a atualidade.
Em primeira análise, o capítulo busca a conceituação de propriedade e relata que os
romanos não definiram o direito de propriedade. Os juristas da Idade Média foram quem
buscaram esse conceito. Mesmo hoje, encontra-se problema com a conceituação de
propriedade, como o de resumir numa definição. Quanto ao direito romano, fica mais
complexo abordar por causa das alterações da estrutura desse direito ao longo de uma
evolução. As definições propostas pelos mais notáveis romanistas pecam por incompletas.
Mesmo o conceito de Bonfante em que a propriedade é vista como “a senhoria mais geral
sobre a coisa seja em ato, seja pelo menos em potência”, pois, como salienta Volterra, não se
aplica exatamente à propriedade como se apresenta nos direitos clássico e pós-clássico.
Sobre as origens do direito de propriedade em Roma, os autores modernos têm
apresentado soluções diversas. Pelos textos que dispomos, encontramos sempre conceito com
único significado de propriedade, que se aplica tanto às coisas móveis quanto imóveis; tanto
às res mancipi quanto res nec mancipi. No período pré-clássico, os romanos só conheceram
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uma espécie de propriedade: a propriedade quiritária que era de titularidade dos cidadãos
romanos ou latino ou peregrino que tivesse o ius commercii e seu objeto eram coisa móvel ou
imóvel. Ademais, no direito clássico, encontramos ao lado da propriedade quiritária três
situações análogas à propriedade, denominadas: propriedade bonitária (pretoriana) que surgiu
quando o pretor passou a proteger a pessoa que a recebia do vendedor por meio da simples
traditio; a propriedade provincial que existia apenas com relação a imóveis que estavam
situados nas províncias, às quais não tinha sido estendido o ius italicum e propriedade
peregrina que referenciavam os peregrinos que somente poderiam ser possuidores, essa
situação foi sendo protegida pelo pretor peregrino e pelos governadores que concediam aos
peregrinos ações reais análogas às que protegiam a propriedade quiritária. No período pós-
clássico, esses diferentes tipos de propriedade desapareceram, até que na época de Justiniano,
só encontraríamos uma única propriedade limitada por normas. No período clássico, essas
propriedades se aplicam em um ou os outros vários.
O conteúdo do direito de propriedade consiste no conjunto de poderes que o
proprietário tem sobre a coisa, ela atribui ao seu titular as faculdades de usar, gozar e dispor
da coisa. No entanto, essas faculdades podem sofrer limitações a ponto de se reduzirem a
mero título jurídico e depois readquirirem o seu conteúdo original. Esse fenômeno é chamado
de elasticidade do domínio. Tais limitações decorrem da vontade do proprietário, de causa
natural, ou da lei. As limitações naturais são impostas ao homem pela fragilidade de suas
forças, até onde possa economicamente atingir. Outrossim, limitações resultantes da lei o
proprietário devia abster-se de certos usos da coisa ou tolerar que outro utilizasse, são
impostas em virtude do interesse dos particulares ou do Estado.
A comunhão jurídica é quando um direito pertence a duas ou mais pessoas. Quando
esse direito é de propriedade de coisa corpórea, há condomínio ou copropriedade. Há
divergência de visão entre os romanistas quanto a natureza jurídica do condomínio, no que se
refere a conciliação de exclusividade que caracteriza o direito de propriedade e a pluralidade
de direitos de propriedade.
“Para uns. no condomínio, há uma pluralidade de titulares e de direitos de
propriedade sobre uma coisa indivisa, tendo cada condômino uma quota
ideal dela. Para outros - como. a princípio. Windscheid, que depois
abandonou tal tese -, a coisa pertence a todos os condôminos na sua
totalidade, mas seu valor é dividido entre cies.” (MOREIRA ALVES, 2018,
p. 336)

Dentre as várias diferenças apresentadas pelo livro, encontra-se a de Scialoja, que


acredita que o condomínio é um uma relação de concorrência de várias propriedades sobre a
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mesma coisa. Em relação ao direito romano no período clássico vigorou a concepção de


Scialoja e nos direitos clássico, pós-clássico e justinianeu prevaleceu a concepção de
existência da pluralidade de direitos de propriedade em que cada condômino possui uma
quota da coisa indivisa.
Neste momento o autor faz uma elaborada explanação dos modos de aquisição da
propriedade para o direito civil (iuris ciuilis) e para o direito natural (iuris naturalis). A
diferença que se faz entre os dois é de caráter político, pois o direito civil era exclusivo aos
cidadãos romanos enquanto que o natural era também aos estrangeiros. Ademais, os autores
modernos, escolhiam preferencialmente o título originário, quando são separados o direito de
propriedade que surge dele e o direito de propriedade precedente ou títulos derivados quando
não há essa separação.
O proprietário perde o direito de propriedade sobre a coisa quando esse vem a morrer,
quando se torna incapaz de ser proprietário, em virtude de capitis deminutio, quando a coisa
se extingue por destruição material ou por destruição jurídica, por transferência de
propriedade ou perda.
Existe amplitude de defesa da propriedade, quer quando privado da posse da coisa,
quer sobre risco de subtração de uma das faculdades inerentes ao domínio. No capítulo é
indicado alguns meios de defesa como a rei uindicatio que funciona no caso de o proprietário
ser desapossado da coisa; a actio negatória para o proprietário negar a existência, em favor de
outrem, que tenha direito real sobre a coisa em tutela e os meios de tutela dos direitos de
vizinhança.

ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano / José Carlos Moreira Alves. 18ª ed. rev. Rio
de Janeiro: Forense, 2018, 883p.

Livro: Direito Romano – Autor: José Carlos Moreira Alves


Nome do Capítulo: A PROPRIEDADE
Nome Completo do RESENHISTA: JHOWERLISON SILVA BEZERRA
Nome da Universidade: Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Nome do Curso: Direito Bacharelado
Nome da disciplina: Direito Romano
Período (semestre): 2021-1
Turno: Noturno

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