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DIREITOS REAIS
Eduardo Zaffari
Direitos reais sobre
coisas alheias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A propriedade tem características que garantem ao proprietário o pleno
domínio sobre a coisa, as quais sofrem restrições decorrentes dos demais
direitos reais e pela função social da propriedade, conforme prescreve
a Constituição Federal (BRASIL, 1988). As faculdades prescritas pelo Có-
digo Civil (BRASIL, 2002) poderão ser destacadas e atribuídas a terceiros,
constituindo um direito real.
Neste capítulo, você vai ler sobre o direito de gozo e a fruição, dife-
renciando-os dos demais atributos da propriedade. Você verá também
que, advindos do Direito romano, vários institutos — como os direitos de
superfície, usufruto, habitação e servidão — permitem que a propriedade
tenha um melhor aproveitamento e observância de sua função social.
Gozar (fruir);
Reaver;
Usar;
Dispor (reivindicar).
Aquele que detém todas as faculdades consigo tem a propriedade plena (ou
alodial) em contraposição àquele que tem a propriedade limitada (ou restrita),
que detém apenas parte das faculdades da propriedade ou esta sofre algum
Direitos reais sobre coisas alheias 3
Art. 1.285 O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nas-
cente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, cons-
tranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente
fixado, se necessário.
§ 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural
e facilmente se prestar à passagem (BRASIL, 2002, documento on-
-line, grifo nosso).
A fruição pode ser admitida sem uso; e o uso, sem a fruição. Donde ser falsa a
regra fructus sine usu esse non potest. Em diferentes lugares as leis romanas as
desmentem. Quem usa retira da coisa utilidades que não são frutos; quem frui
pode não usar. O usufruto compreende a fruição e o uso; mas é a destinação
da coisa, não só econômica, que determina modo e quantidade ao fruir e ao
usar. (MIRANDA, 2012c, p. 64).
2 Superfície e usufruto
O direito de superfície aparece prescrito como um direito real no art. 1.225,
II, do Código Civil (BRASIL, 2002), com regramento entre os arts. 1.369 e
1.377 do mesmo diploma legal. No Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), os
arts. 21 a 24 já previam a possibilidade deste direito.
O direito de superfície encontra sua origem no Direito romano (em-
phyteusis ou ager vectigalis), surgindo na atual legislação para substituir o
instituto da enfiteuse, existente no Código Civil de 1916, art. 678 e seguintes
da lei revogada. Entretanto, a retirada da enfiteuse da atual legislação não
a fez desaparecer, posto que as enfiteuses existentes, quando do advento
do atual Código Civil, permaneceram, apenas se proibindo a instituição de
novas enfiteuses.
Venosa (2017) afirma que, no Direito romano, esse instituto decorria da
necessidade prática de se permitir a construção em solo alheio, pois os ma-
gistrados permitiam que se construíssem tabernas em solo alheio, com sua
permanência em nome do Estado. Havia a separação entre o solo e a construção
sobre ele.
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A enfiteuse consiste em um direito real, que esteve previsto no Código Civil de 1916 até
sua revogação pelo Código Civil de 2002. O adquirente (enfiteuta) recebia terras públicas
ou particulares por um longo período ou, até mesmo, perpetuamente. Anualmente
deveria pagar ao alienante uma pensão anula, chamada de laudêmio.
Imóvel urbano
Direito de Exploração mais ampla: qualquer utilização conforme
superfície no política urbana
Estatuto da Cidade Em regra, é possível utilizar o subsolo ou o espaço aéreo
Cessão por prazo determinado ou indeterminado.
Art. 1.831 Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito
real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família,
desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
Por meio desse instituto real, um prédio proporciona utilidade a outro, gravando
o último, que é do domínio de outra pessoa. Em suma, a servidão reapresenta
um tapete de concessão em benefício de outro proprietário, simbologia que serve
como luva para representar a servidão de passagem, sua situação mais comum.
BEVILÁQUA, C. Direito das coisas. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003. 2 v.
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TARTUCE, F. Direito civil: direito das coisas. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
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