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RESUMO: O presente trabalho tem por finalidade um estudo sobre o direito real de
laje como instrumento de regulamentação fundiária urbana, que foi criada pela Medida
Provisória 759/2016 que em seguida deu origem à Lei nº 13.465 de 11 de julho de
2017, onde inclui a laje no inciso XIII, no artigo 1.225, do Código Civil, no rol dos
direitos reais. O direito trata-se de ceder um espaço para construção na superfície
superior ou inferior da construção-base conforme a leitura dos dispositivos art. 1.510-
A, e §1º. Além disso, o fofo deste estudo se concentra nos conceitos doutrinários de
direito real de laje onde abordou tanto suas formas de constituição como de extinção.
Utilizou-se como referência o dispositivo legal, bem como a Lei nº 13.465/ 2017 para
apresentar essa modalidade que regulariza o direito real de laje.
1. INTRODUÇÃO
O direito real de laje foi positivado no Brasil pela Medida Provisória 759/2016, e
posteriormente alterado na Lei nº 13.465/2017 incluindo a laje no rol dos direitos reais
mencionado no art. 1225, XIII do Código Civil (BRASIL, 2002), como também,
combinando com os arts. 1.228 e 1510-A-E, ambos do Código Civil, que dispõe o
instituto anunciado, incluído no Livro das Coisas. Na prática, a mudança prescrita em
lei ocasionou melhoramentos em se tratando da medida provisória, principalmente no
que fere ao direito real de laje, embora certas críticas adequadas pelo interesse do
legislador em se apoiar em termos vagos e considerações jurídicas indefinidas,
sacrificando a ordem jurídica (KÜMPEL; BORGARELLI, 2017a).
O estudo apresenta a importância do confronto com as divergências
doutrinárias. Assim como Gagliano e Pmplona (2017), o emprego de laje em outra
ordem está saturada de resultados práticos. A título de exemplo, os autores
mencionam que, ao se declarar que acaso o direito real de laje for caracterizado direito
real sobre coisa alheia, seria afastado o direito de sequela, permanecendo ao
proprietário de laje exclusivamente os interditos possessórios. O artigo 1.510–A do
Código Civil não estabelece o que significa o direito de laje. A doutrina e a
jurisprudência ficarão encarregadas por esta tarefa. (DE LIMA, 2017b). É necessário
encarar, portanto, essa divergência doutrinária.
Para Tartuce (2018), o direito de laje versa sobre à possibilidade do proprietário
transferir para um terceiro a superfície superior ou inferior de uma construção-base
para edificação de uma unidade imobiliária, diferente da original já instalada sobre o
solo (TARTUCE, 2018). Gagliano e Pamplona Filho (2017, p. 1075) definem o unidade
de forma bem didática ao proferir que o direito de laje relaciona-se a condições “em
que o proprietário do ‘andar térreo’ cede o direito de uso e moradia para que um
terceiro construa ‘a sua casa’ no andar de cima”, em um mesmo lote passa a existir
unidades imobiliárias autônomas, de distintos titulares.
“O Direito não pode estar alheio à realidade social que o justifica” (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2017, p. 1075). No ponto de vista de Marquesi (2018, p. 2), o
direito de laje é um “exemplo de como os fatos sociais acabam motivando o agir
legislativo”. Isso em consequência da prática comum em espaços com aspectos
econômicos desfavorecidos e marginalizados instalados em grandes centros urbanos,
onde é aproveitada a laje de terceiro para edificar uma habitação. Cede-se a laje
onerosamente para terceiros de modo definitivo, ou de maneira gratuita para pessoas
da família (TARTUCE, 2018). Nesses lugares, as normas jurídicas habitam
popularmente com um modelo de direito costumeiro, modelos de condutas criadas
espontaneamente pelo povo (KÜMPEL; BORGARELLI, 2017a).
3. IMAGENS
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pela pesquisa realizada sobre o novel direito real de laje instaurado pela Lei nº
13.465/2017, trata-se da possibilidade do proprietário ceder a superfície superior ou
inferior de sua construção-base para que se estabeleça unidade imobiliária distinta da
originalmente edificada sobre o solo, é tipicamente uma invenção brasileira onde o ser
humano possui necessidades de moradia, é uma necessidade básica de
sobrevivência. (TARTUCE, 2018).
O direito real de laje não apareceu com a Medida Provisória 759/2016, em
seguida transformada na Lei nº 13.465/2017, entretanto este direito surgiu de uma
necessidade social de habitação, o solo urbano encontra-se em escassez, e o espaço
nas grandes cidades cada vez mais reduzido, a população vem se empilhando por
conta da crise econômica e financeira. (DE LIMA, 2017a). Estes fatores resultaram no
surgimento informal de um mercado imobiliário, que atualmente o Estado procura
finalmente regularizar.
Conforme os argumentos expostos, percebe-se que o direito real de laje é
direito real sobre coisa alheia. De Lima (2017a), também nos mostra que o direito de
laje é direito acessório da construção-base, que é o direito principal do proprietário.
Outrossim, destacou-se como instrumento de regulamentação fundiária urbana
a importância do direito real de laje, que regulariza e soluciona a problemática dos
ditos “puxadinhos”, considerando a situação das construções de unidades
sobrepostas, edificadas à margem da lei, comumente por moradores de baixa renda
familiar. Finalmente, constatou-se que o direito real de laje tem a intenção de garantir
a população o direito de moradia, que possa garantir a sua dignidade e de sua família.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União, Brasília, 11 de janeiro de 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em:
20 maio 2020.
TARTUCE, Flávio. Direito civil, v.4: direito das coisas. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
FARIAS, Cristiano Chaves de. O puxadinho virou lei: a Lei n. 13.465/17 e a disciplina
do direito real à laje. Disponível em: <http://meusitejuridico.com.br/2017/07/14/o-
puxadinho-virou-lei-lei-n-13-46517-e-disciplina-direito-real-laje/>. Acesso em: 27 maio
2020.