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Instituto Superior de Ciências e Educação á Distância

Curso: Curso de Direito 3o Ano

Cadeira: Direitos Reais

Tema: O Direito de Superfície

O Tutor:

 Dr. Sancho Bila

Discente:

 Assamina Ernesto Tembe

Maputo , Março de 2020


INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA

CURSO DE DIREITO

3º ANO

NOME DA ESTUDANTE: ASSAMINA ERNESTO TEMBE

TRABALHO DE CAMPO

TITULO DO TRABALHO:

O DIREITO DE SUPERFÍCIE

MAPUTO, MARÇO DE 2020


ÍNDICE

1.
Introdução 4

1.2. Objectivos (gerais e específicos) .............................................................................................5


1.3.Contextualização........................................................................................................................6
1.4. Origem ..................................................................................................................................... 6
1.5.Conceitos Fundamentais de Doutrinadores ..............................................................................7
1.5.Conceitos Fundamentais de Dotrinadores ................................................................................8
1.6. Noção legal...............................................................................................................................8
1.7. Objecto de superfície................................................................................................................9
1.7.1.Construção..............................................................................................................................9
1.7.2. Plantação................................................................................................................................9
1.8. Natureza jurídica de Direito de Superfície...............................................................................9
1.8.1.De quem é a propriedade de superfície.................................................................................10
1.8.2. A superfície como direito autônomo...................................................................................10
1.9. Constituição de direito de superfície .....................................................................................10
2.0. Direitos e encargos do superficiário e do proprietário............................................................10
2.0. Direitos e encargos do superficiário e do proprietário............................................................11
2.1. Extinção do direito de superfície1
3. Conclusão2
4. Referências Bibliográficas3
1.Introdução

Antes de conceituar o Direito de Superfície, é preciso delimitar claramente o que é superfície. Na


linguagem corrente, superfície é a camada mais superficial do solo. Não obstante, no sentido
jurídico tradicional, proveniente do Direito Romano, superfície é tudo o que está acima do solo,
que aflora deste . Alguns ordenamentos limitam o Direito de Superfície a edificações e
plantações; outros admitem além desses, qualquer outra obra que o superficiário fizer, havendo
ainda os ordenamentos que proíbem plantações, admitindo apenas as edificações.

O direito de superfície é o direito real de plantar, realizar semeaduras ou edificar em terreno de


propriedade alheia.

Este direito caracteriza-se por ser um direito real limitado, pois recai sobre coisa alheia,
restringindo-se a certas utilidades da coisa.

Direito de Superficie 5
1.2. Objectivos

Geral

 Conhecer a noção de Direito superfície

Específicos

 Conhecer o objecto de superfície;


 Compreender o modo de constituição de superfície;
 Conhecer os encargos do superficiário;
 Conhecer o direito do proprietário;
 Saber a forma de extinção de superfície.

Direito de Superficie 6
1.3.Contextualização

Para que imóveis não ficassem sem construções ou sem plantações, enfim, inutilizados e
desocupados muitas vezes por falta de recursos financeiros, passaram a ser aproveitados por
terceiros, ou seja, pessoas não proprietárias, através do instituto do direito de superfície. O
interessado, chamado de superficiário, passou a aproveitar o terreno que não era de sua
propriedade. Segundo Orlando Gomes, possibilitou o desdobramento do direito real de
propriedade permitindo assim, uma dupla utilização do mesmo imóvel.

Atualmente, o direito de superfície pode ser usado para construção de prédios, parques,
supermercados, piscinões, conjuntos habitacionais, estacionamentos, shopping-centers, escolas
etc., além de plantações, dando um destino rentável ao terreno, com melhor utilização e
aproveitamento dos espaços urbanos e rurais.

Desta forma, através deste instituto não há propriedade subaproveitada. O imóvel que por
restrições legais ou de mercado não encontrava um fim que o viabilizasse, pôde estabelecer um
equilíbrio tanto para o interesse público, que é a função social, como também para o interesse
particular.

1.4. Origem

No início do Império Romano não havia divisão de parte da terra, ou seja, não era viável supor a
divisão da parte do solo e da parte da superfície do imóvel, muito menos supor a possibilidade de
ambas as partes não pertencerem ao mesmo proprietário.

Ocorre que naquela época, Roma conquistou muitas terras, fato que tornou difícil o seu governo,
sem saber exatamente como administrá-las. Desta forma, através do Poder Público, o Rei decidiu
ceder as terras aos romanos, através de um contrato individual, permitindo aos comerciantes a
instalação de tabernas sobre as ruas. Sendo assim, os solos permaneciam em poder do Estado,
mas, a administração e produção, cabiam aos romanos. Assim, os romanos pagavam anualmente
ao Rei um valor sobre esse direito, chamado de solarium ou cânon. Assim surgiu o direito de
superfície.

Observa-se que, naquela época, o direito de superfície abrangia apenas as construções, mas não
as plantações, as quais eram destinadas as enfiteuses.

Direito de Superficie 7
1.5.Conceitos Fundamentais de Dotrinadores

Segundo entendimento de alguns doutrinadores, o direito de superfície é definido de várias


formas:

De acordo com Silvio Venosa, direito de superfície é “direito real de gozo ou fruição, direito de
plantar ou edificar em terreno de propriedade alheia, chamado de direito de implante. De uma
forma bem clara, trata-se de uma concessão do solo”.

Para o autor Washington de Barros Monteiro, trata-se “do direito construir, assentar qualquer
obra, ou ele plantar em solo de outrem”

Já para José Carlos Correia Alves, conceitua a superfície referindo-se ao direito romano, é o
“instituto em virtude do qual alguém chamado superficiário, recebe o direito alienável e
transmissível, de uso e fruição sobre prédio em solo alheio”.

No mesmo pensamento temos o autor José Oliveira Ascenção, que afirma que “superfície pode
ser simplesmente definida como o direito real de ter coisa própria incorporada em terreno
alheio.”

De acordo com o entendimento de Pontes de Miranda, "no direito brasileiro, não há o direito de
superfície, não há edifício que exista, juridicamente, sem o terreno”.

Segundo entendimento de Carlos Roberto Gonçalves, direito de superfície “trata-se de direito


real de fruição ou gozo sobre coisa alheia”.

Para o autor José Guilherme Braga Teixeira, consiste a superfície em:

“direito real e não se confunde com o sentido etimológico do vocábulo que lhe deu a
denominação, indicativo da parte superior de uma coisa corpórea e composto de preposição
super e do substantivo fáceis, ambos latinos. Esse sentido, que é o da linguagem comum,
corresponde ao da geometria, no qual se entende a superfície como a parte exterior dos corpos,
a extensão considerada como duas dimensões: largura e comprimento. O sentido de superfície
como direito real implica, além do comprimento e da largura, a altura, pois é extremamente
acima do solo que crescem as plantações e se origem as construções”.

Direito de Superficie 8
Também a respeito encontramos a conceituação dada pelo autor Wilson de Sousa Campos
Batalha: “o direito de superfície, consiste no direito real de ter plantações (plantio), fazer
semeaduras (satio) ou construir edifícios (inaedificatio) em terreno de propriedade alheia.”.

Enquanto para o autor Orlando Gomes, superfície é o “direito de ter uma construção ou
plantação em solo alheio”.

Desta forma, entendemos que, no direito de superfície, o superficiário constrói ou planta em um


terreno que não é seu, sem que tenha a necessidade de se tornar proprietário.

Além disso, quem cede o solo é o proprietário, ou seja, aquele que tem o domínio direto,
chamado de fundieiro ou concedente. Esse imóvel é cedido à pessoa denominada de
superficiário, a qual terá o domínio útil do imóvel e pagará a este, fundieiro ou concedente, um
valor anual sobre ele, chamado de cânon ou solarium.

Por recair sobre coisa alheia, este direito real de superfície é limitado, isto é, o superficiário não
se torna dono do imóvel. Além disso, este direito é divisível, pois é possível dividir ou fracionar
entre vários superficiários. Esse direito é também impessoal, pois pode ser transferido a terceiro
por contrato ou a herdeiros por sucessão.

1.6. Noção legal

O Código Civil em vigor em Moçambique, regula a superfície no livro III Direito das Coisas, no
título V, capitulo I DO DIREITO DE SUPERFICIE.

Art.1524: "O direito de superfície consiste na faculdade de construir ou manter, perpétua ou


temporariamente, uma obra em terreno alheio ou de nele fazer ou manter plantações”.

Nesta noção retiramos os elementos seguintes:


 Construir
 Perpetua
 Uma obra em terreno alheio.
Entretanto com a expressão perpetua não quer dizer que não há descontinuidade.

1.7. Objecto de superfície

1.7.1.Construção

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É uma parte da coisa que, pela delimitação autônoma, permite a apropriação de forma separada
do solo. Significa uma obra a ser feita ou que já se encontre em fase de execução ou
completamente edificada.

Configura um dos elementos dissociáveis da coisa imóvel, possibilitando o desmembramento de


seu complexo, em especial com os elementos correspondentes ao solo, isto é, o que está acima e
abaixo.

Na disciplina legislativa, ao lado da plantação, constitui o objeto, do que, juridicamente, é


denominado superfície e sobre ela recai um direito real de propriedade, não de coisa alheia, mas
de coisa própria.

1.7.2. Plantação

Consiste no acto ou efeito de semear, cultivar, caracterizada pelo gesto físico de enterrar a
semente no solo para, aí, se enraizar. A incorporação resultante caracteriza a superfície.
Juridicamente, é menos importante que decorra do trabalho humano ou seja constituída de
espécies nativas, servindo de exemplo os bosques naturais ou reservas florestais.

1.8. Natureza jurídica de Direito de Superfície

É um direito real autônomo, não podendo ser reduzido à categoria dos demais direitos reais
limitados sobre o imóvel alheio. Deste modo, uma vez concedido, o edifício construído ou a
plantação feita pertencem exclusivamente ao superficiário, enquanto o solo continua a pertencer
ao seu proprietário.

Oliveira Ascenção (1987): “Aparentemente, o domínio de aplicação deste instituto é o mais


amplo possível. Da própria definição resultaria que o direito de superfície, poderia ser definido
simplesmente como o direito de ter coisa própria incorporada em terreno alheio, pois parece
que todas as coisas poderiam ser qualificadas, ou como plantações, ou como obras, consoante
estivessem ou não organicamente associadas à terra”.

Não é um direito real sobre coisa alheia, limitado, visto que a incorporação (construção ou
plantação) pertence ao superficiário e não ao proprietário do solo. O direito real sobre coisa

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alheia pode ser caracterizado pelo uso do solo ou por uma servidão. Já a propriedade
superficiária, embora se apoie no terreno do senhorio, é de domínio pleno do superficiário.

1.8.1.De quem é a propriedade de superfície

A propriedade da superfície é do construtor ou do plantador. De salientar, que o subsolo é


reservado ao proprietário (art.1 533˚), ao qual, também, o uso e a fruição do solo, enquanto não
se iniciar a construção da obra ou não se fizer a plantação (artigo 1.532˚).
Os doutrinadores que defendem a superfície como um direito real, imobiliário, limitado e
autônomo acreditam que a propriedade de superfície é algo isolada da propriedade do terreno.

Inclusive, é concedida ao superficiário uma proteção erga omnes sobre sua propriedade. Como
um direito real autônomo, uma vez concedido, as benfeitorias pertencem exclusivamente ao
superficiário e o solo continua a pertencer ao seu proprietário. De acordo com o art. 1525˚, se o
objetivo for construção de uma obra, o direito de superfície pode abranger a parte do solo
desnecessária à sua implantação, desde que tenha utilidade para o fim perseguido.

1.8.2. A superfície como direito autônomo

A constituição do Direito de Superfície consiste, como já foi explicado, na suspensão, enquanto


dure a concessão, do efeito aquisitivo da propriedade pela acessão.

1.9. Constituição de direito de superfície

O artigo 1.528˚ dispõe que o direito de superfície pode ser constituído por: contrato, testamento,
usucapião e alienação.

2.0. Direitos e encargos do superficiário e do proprietário.

Art. 1530˚
No acto de constituição de direito de superfície pode convencionar-se, a título de preço que o
superficiário pague uma única prestação ou pague certa prestação anual, perpétua ou temporal.

 Do artigo atrás referido resulta que o superficiário tem os seguintes encargos:

 Pagar o preço, sempre em dinheiro;


 O dinheiro deve ser pago numa única prestação ou em parcela anual;
 O período de pagamento pode ser perpétuo ou temporário.

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 Direito de proprietário

O proprietário do solo tem o direito de exigir o triplo das prestações em dívida.


 Quanto a direito transmissibilidade dos direitos:
 Os direitos de superfície, como o de propriedade do solo são transmissíveis por acto inter
vivos ou por morte. (art. 1.534˚)
 Quanto a direito preferência:
 É conferido ao proprietário do solo, em último lugar, na venda ou dação em cumprimento do
direito de superfície (art. 1535˚).

2.1. Extinção do direito de superfície

O artigo 1536˚ enumera de forma taxativa os casos de extinção:

a) Se o superficiário não concluir a obra ou não fizer a plantação dentro do prazo fixado, ou, na
falta de fixação, dentro do prazo de dez anos;
b) Se destruída a obra ou as árvores, o superficiário não reconstruir a obra ou não renovar a
plantação, dentro dos mesmos prazos a contar da destruição;
c) Pelo decurso do prazo, constituído por certo tempo;
d) Pela reunião, na mesma pessoa, do direito de superfície e do direito de propriedade;
e) Pelo desaparecimento ou inutilização do solo;
f)Pela expropriação por utilidade pública (artigo 1.524˚), assistindo a cada um dos titulares a
parte do ressarcimento que corresponder ao valor do respectivo direito.

O nº 2 da norma prevê, que no título constitutivo pode também estipular-se a extinção do direito
de superfície, em consequência da destruição da obra ou das árvores, ou da verificação de
qualquer condição resolutiva. Já o artigo 1.538˚ dispõe que, sendo o direito de superfície
constituído por certo tempo, o proprietário do solo, logo que expire o prazo, adquire a
propriedade da obra ou das árvores, ressalvado, na dependência de estipulação em contrário, o
direito a uma indenização em favor do superficiário, segundo as regras do enriquecimento sem
causa.

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3.Conclusão

Podemos, concluir, em síntese apertada, que o direito de superfície surgiu no Direito Romano, na
fase do final do período clássico. Inicialmente foi considerado mero direito obrigacional,
tomando, em seguida, os primeiros contornos de direito real, até se consagrar definitivamente
quando lhe foi atribuída ação própria, concomitantemente com o reconhecimento dos meios de
protecção próprios da propriedade.

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4. Referências Bibliográficas

 https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/direito-de-superficie/

 Direito; 3º ano disciplina/modulo: direitos reais/ISCED.páginas (80,81,82,83,84,)

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