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Sucessões - Direito de Representação

Seminário 19/03/2021

I - INTRODUÇÃO (igor)

O tema tratado será "Direito de Representação" no âmbito do Direito


Sucessório, consubstanciado nos artigos 1.851 ao 1.856 do Código Civil.
Podemos afirmar que, no direito sucessório, existem duas formas de suceder:
pode ser por direito próprio (iure proprio) ou pode ser por representação (iure
representationis). A sucessão por direito próprio ocorre quando a pessoa vem a
obito e a herança é deferida ao herdeiro mais próximo, seja em decorrência de
sua condição de parentesco com o falecido ou em decorrência do vínculo de
conjugalidade (cônjuge ou companheiro). Por outro lado, o direito de sucessão por
representação ocorre quando a pessoa é chamada a suceder em lugar do parente
mais próximo do autor da herança, pois ele é pré-morto, ausente ou incapaz de
suceder.

Por exemplo: se uma pessoa falece deixando filhos, todos vivos, os netos e
bisnetos, que também são descendentes, não são contemplados com a herança.
Todos os filhos herdam por direito próprio e recebem quinhões idênticos.
Entretanto, se um dos filhos do autor da herança é pré-morto, seus descendentes
poderão representá-lo na sucessão, recebendo a cota que àquele caberia (art.
1851 do CC).

II - FINALIDADE
Conforme Clóvis Beviláqua temos que a

Representação sucessória é um benefício da lei, em virtude do qual os


descendentes de uma pessoa falecida são chamados a substituí-la na sua
qualidade de herdeira legítima, considerando-se do mesmo grau que a
representa, e exercendo, em sua plenitude, o direito hereditário que a esta
competia.

Já para Orlando Gomes

“visa a corrigir o absurdo que derivaria de rigorosa aplicação do princípio


segundo o qual o parente mais próximo exclui o mais afastado”

Em suma, como adotados em nosso sistema que o mais parente mais


próximo exclui o mais distante, o objetivo do direito de representação é mitigar o
rigor da norma, pois torna-se incongruente que, se alguém morre deixando um
filho e tendo outro morrido antes, os filhos deste fiquem excluídos da sucessão,
sendo toda a herança herdada tão somente pelo filho sobrevivo

III – REQUISITOS para o direito de representação

Para que ocorra o direito de representação é necessário que preencha os


seguintes pressupostos: NOTA: REPRESENTANTES SÃO OS PAIS.
REPRESENTADOS SÃO OS FILHOS

a) Que o representado tenha falecido antes do representante, salvo as


hipóteses de ausência, indignidade e deserdação (desaparecimento do
domicílio sem dar notícia do paradeiro), (v. arts. 1.163 do CPC, e 1.814 e
1.816 do CC, cujas causas aplicam-se à deserdação). Caso ele fale do
indigno: A sucessão do indigno, porém, que o art. 1.816 considera
como morto (morte civil) para efeitos hereditários, sendo por isso
substituído pelos seus descendentes, constitui exceção a essa regra.
Ocorre o mesmo com a representação do ausente, aquele que
desaparece de seu domicílio sem que haja notícia de seu paradeiro. É
também considerado presumidamente morto, nos casos em que a lei
autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Tal fato decorre da premissa que a representação só se materializa em


caso de extinção do representado(filhos), porquanto não é possível a
representação de pessoa viva, ressalvada a hipótese do indigno, por
ser ele considerado como morto para efeito sucessório e por ser
pessoal o efeito da exclusão por indignidade, em razão do aspecto
personalíssimo da sanção civil cominada

b) Que o representante seja descendente do representado. A


representação se caracteriza, com efeito, pela chamada do descendente
(filho) para substituir o ascendente (pais) em uma sucessão. Quando é feita
na linha reta, o filho substitui o pai na sucessão do avô, e assim por diante.
Quando ocorre na linha colateral, o filho substitui seu pai, na sucessão de
um tio, em concorrência com outros tios. — se o autor da sucessão morre
sem descendência, sua herança irá para os ascendentes e, se
somente um dos genitores for vivo, receberá totalmente a herança,
ainda que o outro genitor tenha ascendentes vivos. De igual maneira,
não se revela possível, em razão dos aspectos caracterizadores da
representação, que um irmão represente outro pre-morto ou o
sobrinho represente o tio. Na linha transversal só subsistirá o direito
de representação em benefício dos filhos do irmão falecido, quando
concorrerem com o irmão deste. (linha reta descendente: netos
representam filhos e linha colateral: sobrinhos representam os tios)

c) Que o representante tenha legitimação para herdar do representado,


no momento da abertura da sucessão. Tal condição é aferida em relação
ao sucedido, e não ao representado. O representante ocupa a posição
deixada pelo representado, mas não herda do representado, mas sim do de
cujus, e tem de apresentar legitimação sucessória para essa finalidade.
Essa questão, todavia, não é pacífica. Sílvio Venosa, por exemplo,
entende que, como o representante recebe a herança diretamente do
avô, será tão ofensiva ao direito a tentativa de homicídio contra este,
como contra o pai premorto. Por isso, o indigno não está inibido de
herdar só em relação ao pai que representa, senão também com
relação ao avô, que é o de cujus da herança tratada 8 . Predomina na
doutrina, no entanto, o entendimento de que a legitimação para herdar
é aferida em relação ao sucedido e não ao representado,

d) Que não haja solução de continuidade no encadeamento dos graus


entre representante e representado (não pode o neto saltar sobre o pai
vivo a fim de representá-lo na herança do avô, salvo em caso de ausência,
indignidade ou deserdação). Não pode alguém suceder saltando a pessoa
do intermediário. “Se o representante encontra num grau intermédio um
parente sucessível vivo, ou renunciante, é detido, e não tem direito à
herança, porque não pode ocupar o lugar do representado: se vive o filho,
não pode ser representado pelos seus filhos; se um herdeiro renuncia, não
podem ser chamados os seus sucessores no seu lugar.  não se revela
possível que o descente salte o pai vivo, para representá-lo na
sucessão do avo, excepcionalmente nos casos de declaração de
indignidade. Ao lado disso, o herdeiro do renunciante não pode
representá-lo que este repudiou. Portanto, é inadmissível a
interrupção da cadeia do grau de parentesco, omitindo-se o lugar do
intermediário. Caso o representante encontre num grau intermediário
um herdeiro sucessível vivo ou renunciante, não gozará de qualquer
direito à sucessão, uma vez que estará impossibilitado de ocupar o
lugar do representado.

e) Que reste, no mínimo, um filho do “de cujus” ou, na linha colateral, um


irmão do falecido. Isso porque, se todos os filhos do falecido já morreram,
ou todos os irmãos deste, os netos, no primeiro caso, e os sobrinhos, no
segundo, herdam por direito próprio.

IV - CAUSAS DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

O direito de representação é admitido em três hipóteses, quais sejam: pré-


morte, indignidade e deserdação. O falecimento do sucessível antes do autor da
sucessão é considerado como a causa mais comum da vocação de
representantes. Instituída a representação com o objetivo de regular, de maneira
excepcional, a sucessão em caso de pré-morte, vigia o corolário viventes non
datur representatio, perfeitamente harmonioso com a premissa de que a
representação era considerada como simples ficção legal da transmissão
hereditária. Como bem evidencia Orlando Gomes, “esse princípio tinha,
entretanto, significação restrita, sendo enfatizado para acentuar-se que os
herdeiros do renunciante não o representam”[18]. Não se pode olvidar que o
regramento que permite a representação de pessoas vivas tem amparo, contudo
em situações taxativamente limitadas. As exceções à regra geral são justificadas
em casos de exclusão da herança.

Ademais, o direito de representação reclama a morte do representado


antes do autor da herança, sendo, porém, admitido quando ocorre a comoriência,
visto que, em aludida situação, não é possível aferir qual dos dois sobreviveu ao
outro. Para o efeito da representação no direito sucessório, equipara-se à morte a
ausência declarada. Ao regular o tema em comento, a Lei Substantiva Civil cogita
a aplicação unicamente ao caso da pré-morte, porém, na disciplina daquele que
não podem suceder, declara pessoais os efeitos da exclusão, assinalando que os
descendentes do herdeiro excluído sucedem como se ele morto fosse antes da
abertura da sucessão, nos termos do artigo 1.816[19] do diploma legal
mencionado alhures. É evidente que o indigno é considerado como falecido antes
de suceder, assegurando à sua descendência o direito de representação, por
expressa disposição legal, uma vez que verificadas as demais condições para a
sua ocorrência. “A deserdação deve ser incluída entre as causas que originam a
representação, posto não reproduza a lei, ao regê-la, a disposição relativa à
indignidade. Tal como o indigno, o deserdado é excluído da sucessão pelas
mesmas causas”[20], não se justificando, portanto, tratamento diverso. Ao lado
disso, os efeitos da deserdação afinam como os da indignidade, devendo ser
também pessoais. Desta feita, não se pode olvidar que a transmissão dos efeitos
aos descendentes do deserdado seria injusto.

A sucessão representativa não encontra descanso quando o herdeiro


renuncia à herança, porquanto o arcabouço normativo declara que ninguém pode
suceder representado renunciante. Nesta senda, vigora o entendimento de que,
uma vez renunciando, nunca foi herdeiro, logo, não há que se cogitar
representação se herdeiro nunca foi. Os herdeiros do renunciante podem receber
a herança que lhe caberia se não houvesse a renúncia, mas por direito próprio e,
por conseguinte, por cabeça. Tal fato ocorrerá se o renunciante for o único legítimo
de sua classe, hipótese em que os herdeiros do renunciante herdarão por cabeça
e diretamente, já que inexistem outros na mesma classe, ou, ainda, se todos os
outros da mesma classe renunciar à herança. No mais, o renunciante à herança
de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outro.

V - CLASSES DE HERDEIROS PASSÍVEIS DE REPRESENTAÇÃO

Consoante verificado em momento pretérito, o direito de representação só


pode dar-se na linha reta descendente e nunca na linha reta ascendente,
consoante disposição contida no artigo 1.852 do Código Civil. “Com a abertura da
sucessão, são chamados os descendentes do de cujus que herdam por cabeça,
se do mesmo grau. Todavia, se naquele momento já tiver havido o óbito de alguns
desses descendentes, os filhos destes representá-lo-ão”, mesmo que haja
diversidade de grau, herdando por estirpe. A guisa de exemplificação pode-se citar
o episódio em que o autor da herança falece deixando dois filhos e quatro netos,
descendentes de outro filho pré-morto, sendo que o acervo hereditário será
partilhado em três quotas iguais, a saber: aos dois filhos sobrevivos, cada um,
caberá uma quota e a terceira será dividida, de maneira igual, entre os quatro
netos que descendem do filho premorto, consoante disposição contida no artigo
1.855 do Estatuto de 2002. Na linha reta, o direito de representação tem lugar ad
infinitum, sem quaisquer limitações, ao passo que na linha colateral ou transversal
só se opera em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando concorrerem com
irmão deste, sendo considerada, deste modo, uma exceção à regra de que os
parentes mais próximos excluem os mais remotos. “Logo, os sobrinhos só
herdarão por representação quando concorrerem com os tios, irmãos do de cujus,
representando seu pai, irmão pré-morto do autor da herança”. Prima destacar que
se todos os irmãos do auctor successionis já forem falecidos, restando tão
somente sobrinhos, não há que se falar em direito de representação, já que
aqueles herdarão por cabeça, não sendo a herança dividida em quotas
correspondentes aos irmãos pré-mortos, porém será, igualmente, dividida entre
todos os sobrinhos.

Da mesma maneira, inexistirá o direito de representação se o autor da


herança deixar um tio e três primos, filho de outro tio premorto, por exemplo, já
que o tio vivo recolherá, integralmente, a herança, excluindo, por consequência, os
primos. Igualmente, os filhos de um sobrinho pré-falecido não herdam, quando
concorrem à sucessão com outros sobrinhos vivos. Em tal situação, a herança é
deferida tão somente aos sobrinhos, estando os sobrinhos-netos excluídos. “A teor
do disposto no art. 1.840 do Código Civil, os colaterais 'mais próximos excluem os
mais remotos, salvo direito de representação concedido aos filhos de irmãos', pelo
que não há falar em herança por representação de filhos do sobrinho do 'de
cujus'”. O direito de representação só opera na linha reta descendente e, de
maneira excepcional, na linha colateral, porquanto se dá unicamente em favor dos
filhos, e nunca dos netos, irmãos dos falecidos, quando com os outros irmãos
concorrem. “A sucessão por representação se faz em linha reta e não envolve o
cônjuge do representado. O direito de representação existe em linha reta
descendente, herdando os filhos do herdeiro pré-morto tal como herdaria o
representado se vivo estivesse. Ademais, é inadmissível a utilização do direito de
representação na linha ascendente.

VI - EFEITOS DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

Dentre os efeitos produzidos pelo direito de representação, pode-se citar


que os representantes, alocados no lugar do representado, herdam exatamente o
que a ele caberia se vivo estivesse e sucedesse, possibilitando, assim, ao
representante a participação em uma herança da qual seria excluído, em
decorrência dos postulados emanados pelo princípio de que o parente mais
próximo afasta o mais remoto. “Essas pessoas passam a ocupar a posição de
herdeiro que substituem, com os mesmos direitos e encargos, agrupadas, porém,
numa unidade inorgânica”[27]. Outro efeito a ser mencionado está relacionado ao
fato de o representante, parente o autor da herança em grau mais remoto, herde
como se fosse do mesmo grau do representado, afastando outros parentes que
sejam de grau mais próximo do que o seu.

A quota-parte hereditária dos que herdam por direito de representação não


respondem pelos débitos do representado, mas sim pelos do auctor successionis.
Ao lado disso, o quinhão do representado será dividido em partes iguais entre os
representantes, logo, se o de cujus deixou um filho vivo e três netos de outro filho
pré-morto, será a herança dividida em duas partes iguais, sendo que uma caberá
ao filho sobrevivo e a outra partilhada igualmente entre os netos filhos do pré-
morto. “Como se vê, na sucessão por estirpe não se pode dividir o acervo
hereditário pelo número de pessoas que irão recebê-lo, pois a ideia central da
representação é a partilha da herança em tantas porções quantas forem as
estirpes”[28], sendo que, dentro de cada estirpe, será a quota subdividida pelo
número de representantes, igualmente.

Terão os representantes que trazer à colação valores recebidos em razão


de doações feitas pelo representado, mesmo que os bens doados não integrem a
herança e embora não tenham recebido, pessoalmente, do autor da herança
nenhuma liberalidade. É permitido ao renunciante da herança de uma pessoa
representá-la na sucessão de outra, logo, se um dos filhos do autor da herança
repudiar a herança, seus descendentes não herdarão por representação, eis que o
renunciante é tido como estranho à herança. Todavia, o renunciante poderá
representar o de cujus na sucessão de terceira pessoa, eis que o repúdio não é
extensivo a outra herança, não mencionada expressada pelo renunciante. O
direito de representação só tem assento na sucessão legítima, nunca
relativamente à testamentária.

Aula 15/04/2021

8.Direitos Previdenciários

- Pensão por morte

- Cumpridos os requisitos da lei 8.213/91 e da súmula 336 do STJ, é cabível


pensão por morte para cônjuge ou companheiro. Inclusive, é possível dividir o
benefício entre esposa e concubina, companheiros de união estável comum e
união estável homoafetiva (temas 498,526 e 529 do STF)

9. Previdência Privada

9.3 Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido

- O valor é pago durante o periodo contratado. Mas, havendo morte antes do


prazo final contratado, os valores pagos podem ser repassados aos herdeiros até
o fim do período contratado.

9.4 Renda mensal reversível ao beneficiário indicado

- O valor é pago durante o período contratado, enquanto o contratado esteja vivo;

- Em caso de morte do contratado, o valor restante é revertido a beneficiário


indicado em contrato.

10. Direito Digital – (Im)possibilidade de acesso por terceiros ao conteúdo


postado pelo usuário em caso de morte do titular da conta em rede social.

10.1 Procedimentos necessários (facebook e Instagram)

- Nome do Falecido;

- Data do Falecimento;

- Anexar certidão de óbito – O site disponibiliza local para tanto.

AULA 29/04/21

SUCESSÃO DO CONJUGE/COMPANHEIRO

1. Viúvo/Viúva – a 3ª classe de herdeiros – art.1.829, III, CCV – interpretação


conforme a CF/88

- Já possui garantia de recebimento de parcela de bens por conta da meação;

2. Mação diferente de herança

- A meação é direito próprio do conjuge/companheiro e depende de regime de


bens, além do fator que desencadeará o rompimento do vínculo de convivência.

- É um direito regulado pelo direito das famílias.

Art.1.831 CC:

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