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DIREITO DAS COISAS


Prof. Carlos Fernando de Barros Autran Gonçalves
7ª Período MATUTINO – aula do dia 17/03/2020

TEMA DA AULA: ACESSÃO NATURAL

I) CONTEXTUALIZAÇÃO: A doutrina classifica a acessão como


forma originária de aquisição da propriedade imóvel; assim, este
tema dá continuidade aos estudos da usucapião (forma originária)
e do registro imobiliário (forma derivada).

II) MARCO LEGAL: art. 1.248 a art. 1.252, do Código Civil.

III) LIÇÕES DO DIA 17/03:

1º Conceito de acessão: é o acréscimo de coisa nova incorporada ao imóvel;

LEMBRAR: Na teoria dos bens, não há como confundir os bens imóveis e


os bens acessórios. Acessão é aquilo que incorpora o bem imóvel, tendo o
caráter de bem principal. Diferente de acessão é benfeitoria, bem acessório
voltado à melhoria do bem principal.

2º Classificação das acessões (art. 1.248, do Código Civil): acessão natural;


e acessão artificial.

2.1º Acessões naturais: formação de ilhas (art. 1.249); aluvião (art. 1.250);
avulsão (art. 1.251); e abandono de álveo (art. 1.252).

2.2º Acessões industriais: construções; e plantação (nesta situação, plantação


é para fins de construção, não tendo finalidade de produzir frutos).

3º Requisitos específicos da “acessão natural”: tal fato jurídico civil sempre


acontece em função da correnteza de “águas particulares” e “águas naturais”,
gerando o acréscimo no imóvel por deslocamento de terra ou recuo de águas.

3.1º O que são “águas particulares” e “águas naturais”?


=> Águas particulares são as não-navegáveis que pertencem a domínio
privado. Da mesma maneira que na usucapião, não cabe acessão sobre terras
e águas públicas. São águas públicas aquelas em que há navegação marítima,
tratadas como bens da União e dos Estados-Membros, de acordo com texto
constitucional (art. 20, III; e art. 26, I a III, todos da Constituição Federal);
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=> Águas naturais são aquelas cujo curso natural das águas foi preservado
sem mudança artificial humana. Aplica-se para as águas pluviais (da chuva),
para as águas fluviais (dos rios), as águas lacustres (dos lagos) e até às águas
marítimas (dos mares).

4º Há três regras sobre a FORMAÇÃO DE ILHAS (art. 1.249, Código Civil):


 As ilhas formadas no meio do rio serão acrescidas à propriedade dos
imóveis ribeirinhos de ambas as margens, na proporção de suas terras
até a linha que dividir a ilha em duas partes iguais, traçando uma linha
imaginária no meio do rio;
 As ilhas formadas em favor de uma das margens, neste traço da linha
imaginária no meio do rio, pertencerão à propriedade do imóvel que
for fronteiriço à ilha;
 As ilhas formadas num novo braço de rio, pertencerão à propriedade
do imóvel favorecido por este novo braço do rio.

5º ALUVIÃO (art. 1.250, Código Civil):


 São acréscimos incorporados à propriedade do imóvel ribeirinho, de
forma SUCESSIVA e IMPERCEPTÍVEL, por causa de terras levadas
pela correnteza das águas.

6º AVULSÃO (art. 1.251, Código Civil):


 São acréscimos incorporados à propriedade do imóvel, por FORÇA
NATURAL VIOLENTA e REPENTINA de correntes de água;
 Exemplos: acidentes ambientais que transportam terras de um imóvel
para o outro;
 Este é o único caso de acessão natural que gera direito de indenização
ao prejudicado. Há uma crítica doutrinária referente a tal direito de
indenização; porém, na regra civil, o proprietário é autorizado a não
pagar a indenização, desde que autorize o prejudicado a retirar a parte
que lhe pertencia (algo pouco provável na prática);
 Prazo decadencial de um ano para o prejudicado reclamar o direito de
indenização ou o direito de retirada na hipótese de não ser indenizado.

7º ÁLVEO ABANDONADO (art. 1.252, Código Civil):

7.1º Histórico: tais regras foram trazidas do “Código de Águas” (Decreto nº


24.643/de 1934), estando ainda em vigor, no que couber.

7.2º O que é “álveo abandonado”?


=> É a superfície lisa e seca, antes encoberta por água, tendo diferença
em relação à ilha, por estar em abandono; logo, a regra visa atender à função
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social, pois pode não haver significância para os proprietários ribeirinhos o


fato de que o álveo foi formado na cabeceira da propriedade.

7.3º Incidência concreta da regra civil, a partir do exemplo a seguir:


=> Quando o rio seca e forma o acréscimo de terra (álveo abandonado)
nas margens das propriedades ribeirinhas, pertencerá o álveo aos imóveis das
margens na linha fronteiriça às propriedades.

IV) RECOMENDAÇÕES DE ESTUDO:

 Ver as imagens de “acessão natural” postadas pelo Professor no grupo


de Whatsapp da turma.

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