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DIREITO PENAL – I

PARTE GERAL

A parte Geral, compreende os arts. 1° ao 120°, tem a redação determinada pela lei n° 7.209, de
11/07/1984.

Título 1 – Da aplicação da Lei penal


Art 1°: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há prévia sem cominação legal.

Lei penal do tempo:


Art 2°: Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único: A lei posterior que, de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado
Art 3°: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas
as circustâncias que a determinaram, aplica-se o fato praticado durante sua vigência.

Tempo do crime
Art 4°: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
Teoria sobre o momento do crime:
Atividade: O crime é praticado no momento da conduta, ação ou omissão.
Resultado: O crime é praticado no momento da procução do resultado
Ubiquidade ou mista: O crime considera-se praticado no momento da conduta e no momento do
resultado.
Em outras palavras, um menor com 17 anos e 11 meses esfaqueia uma senhora, que vem a
falecer, em consequência desses golpes, 3 meses depois. Não responde pelo crime, pois era
inimputável à época da infração.

Territorialidade
Art 5°: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras do direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1° Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do teritório nacional as embarcações
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar.
§2° É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada , achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial no
Brasil.

- No princípio da territorialidade, a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou,
pouco importanto a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
- No princípio da territorialidade absoluta: só a lei penal brasileira é aplicável aos crimes
cometidos no território nacional.
- No princípio da territorialidade temperada: a Lei penal brasileira aplica-se, em regra, ao crime
cometido no território nacional. Excepcionalmente, porém, a lei estrangeira é aplicável a delitos
cometidos total ou parcialmente em território nacional, quando assim determinarem tratados e
convenções internacionais. A isso denomina-se intraterritorialidade, pois a lei estrangeira estaria
sendo aplicada no território nacional, ou seja, de fora para dentro do nosso país. (O Brasil adota
este princípio, pois, o ordenamento penal brasileito é aplicável aos crimes cometidos no território
nacional, de modo que ninguém, nacional, estrangeiro ou apátrida, residente ou em trânsito pelo
Brasil, poderá subtrair-se à lei penal brasileira por fatos criminosos aqui praticados, salvo quando
normas de direito internacional dispuserem o contrário.)
Componentes do território
A) Solo ocupado pela corporação política.
B) Rios, lagos, mares interiores, golfos, baías e portos.
C) Mar territorial: é a faixa de mar exterior ao longo da costa, que se estende por 12 milhas
marítimas de largura, medidas a partir de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro.
Nesse espaço territorial, o brasil exerce sua soberania plena, excepcionada apenas pelo
chamado “direito de passagem inocente”, pelo qual navios mercantes ou militares de qualquer
Estado podem passar livremente pelo mar territorial, embora sujeitos ao poder de polícia do
Estado Costeiro.
D) Zona contígua: compreende uma faixa que se estende das 12 às 24 milhas marítimas, na
qual o Brasil poderá tomar medidas de fiscalização, a fim de evitar ou reprimir infrações às leis e
aos regulamentos aduaneiros, fiscais de imigração ou sanitários, no seu território ou mar
territorial. Não está compreendida no território nacional, mas, como o próprio nome diz, em área
a este contígua.
E) Zona econômica exclusiva: Compreende uma faixa que se estende das 12 às 200 milhas
marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar
territorial, onde o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento,
conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao
leito do mar, deste e seu subsolo.
F) Espaço aéreo: trata-se de dimensão estatal de altitude. O Art.11 da da Lei n° 7.565, de 19 de
dezembro de 86, estatui que “o Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço
aéreo acima de seu território e mar territorial.”
G) Espaço cósmico: o espaço cósmico poderá ser explorado e utilizado livremente por todos os
Estados, em condições de igualdade e sem discriminação, não sendo objeto de apropriação
nacional por proclamação de soberania, por uso ou ocupação, nem por qualquer meio.
H) Navios e aéronaves: quando públicos, consideram-se extensão do território nacional; quando
privados, também, desde que estejam em mar territorial brasileito, alto-mal ou no espaço aéreo
correspondente a um ou outro, conforme o caso.
Extensão do território nacional: o alto – mar não está sujeito à soberania de qualquer Estado.
Regem-se, porém, os navios que lá navegam pelas leis nacionais do pavilhão que os cobre, no
tocante aos atos civis ou criminais a bordo deles ocorridos.

- Sempre que o território for neutro, irá prevalecer a lei brasileira.

Lugar do Crime
Art.6°: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
- Lugar do crime é o da ação ou omissão sendo irrelevante o local da produção do resultado.
- A teoria adotada pelo Brasil é o da ubiquidade ou mista: lugar do crime é tanto o da conduta
quanto o do resultado. Será, portanto, o lugar onde se deu qualquer dos momentos do iter
criminis.

Extraterritorialidade
Art.7°: Ficam sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro
I – Os crimes:
a) Contra a vida ou a liberdade do presidente da república;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, de Estado, de território, de Município, de
Empresa Pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo poder
público;
c) contra a admnistração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II – os crimes
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiros;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§1°: Nos casos do Inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.
§2°: Nos casos do Inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§3°: A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça

- Princípio da extraterritorialidade: consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos


fora do Brasil.

Formas de extraterritorialidade
a) Incondicionada: são as hipóteses previstas no inciso I do art.7°. Diz-se incondicionada porque
não se subordina a qualquer condição para atingir um crime cometido fora do território nacional.
b) Condicionada: são as hipóteses do inciso II e do §3°. Nesses casos, a lei nacional só se
aplica ao crime cometido no estrangeiro se satisfeitas as condições indicadas no §2° e nas
alíneas a e b do §3°.

Princípios para aplicação da extraterritorialidade


a) Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por
brasileiro fora do Brasil (art.7,II,b). O único critério levado em conta é o da nacionalidade do
sueito ativo.
B) Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. Nesta hipótese, o que interessa é a nacionalidade da
vítima. Caso seja brasileiro, aplica-se a lei do nosso país, mesmo que o crime tenha sido
realizado no exterior.
C) Real, de defesa ou proteção: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido fora do brasil, que
afete interesse nacional. É o caso de infração cometida contra o Presidente da Republica ou
contra o patrimônio de qualquer das entidades da administração pública, seja direta, indireta ou
fundacional etc.
D) Justiça universal: todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a
nacionalidade do deliquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja
dentro de seu território.
Classificação das hipóteses de acordo com os princípios e as formas de extraterritorialidade
Inciso I: todas as hipóteses, da letra a a d, são de extraterritorialidade incondicionada:
alínea a: princípio real, da defesa ou de proteção;
alínea b: princípio real, da defesa ou de proteção;
alínea c: princípio real, da defesa ou de proteção;
alínea d: para alguns, princípio da justiça universal (o genocida será punido de acordo com a lei
do país em que estiver); para outros, princípio da nacionalidade ativa (exige que o agente seja
brasileiro.

(…)
Contagem do prazo
Art.10°: O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.
- Não interessa a que horas do dia o prazo começou a correr, considera-se o dia todo para efeito
da contagem do prazo. Assim, se a pena começou a ser cumprida às 23:50, os 10 min são
contados como um dia inteiro. Do mesmo modo, não importa se o prazo começou em domingo
ou feriado, computando-se um ou outro como primeiro dia.
Prazos processuais: De acordo com a Súmula 310 do STF, se o dia do começo for domingo ou
feriado, o início do prazo será o dia útil imediatamente subsequente.
Prazos improrrogáveis: os prazos de natureza penal são considerados improrrogáveis, mesmo
que termine em domingos ou feriados. Ou seja, caso termine em um sábado, domingo ou
feriado, não existirá a possibilidade de prorrogação para o primeiro dia útil subsequente. O prazo
morre ali mesmo.

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