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Sucessões:
Caroline Wüst
Sucessão Legítima:
É a divisão da herança descrita na lei = a chamada dos herdeiros e a
determinação das cotas que cada um receberá será feita por critérios legais.
Herda-se porque: a) por lei a pessoa é convocada à sucessão; b) por ter tomado lugar
de alguém que não pode ou não quis receber.
São chamados os parentes do herdeiro falecido em todos os direitos que ele receberia
em face de: 1) ter morrido antes do de cujus; 2) ter sido considerado indigno; 3)
ter sido deserdado.
Na renúncia não há direito de representação (art. 1.811, CC) = como abriu
mão da herança não há como os descendentes representa-lo.
Pedro
morre
A – renuncia
a herança B - irmão
A - morre B
Art. 8º, CC: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros,
presumir-se-ão simultaneamente mortos” = Comoriência.
Se João, pai de “A” e “B”, falece simultaneamente com seu filho “A” deixando um
patrimônio de R$100.000,00 (cem mil reais) e não há cônjuge/companheira
supérstite, a herança de R$100.000,00 (cem mil reais) vai toda para o filho “B”.
Mas se o filho “A” tenha deixado descendentes “A1” e “A2” haverá a presunção
de premoriência, por motivo de equidade, mesmo que tenha havido no caso
concreto comoriência.
Assim, “A1” e “A2” receberão por representação R$25.000,00 (vinte e cinco mil
reais) como representantes do pai “A” falecido com o avô João.
Sucessão dos descendentes sem a existência de um
parceiro (cônjuge ou companheiro) sobrevivente:
Quando apenas estiverem participando da sucessão os filhos, os netos e os bisnetos, etc.
Os descendentes (art. 1.829, I, CC) devem ser sempre o primeiro grupo chamado a
herdar. O amor primeiro desce depois sobe.
Um filho tem o mesmo direito hereditário de outro = não é cabível tratamento diferenciado
aos filhos em razão de sua origem (se biológica ou afetiva).
Art. 1.834, CC: “Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de
seus ascendentes”.
No parentesco em linha reta não existe limitação (diferente da linha colateral que está
limitada ao quarto grau) = os filhos são parentes em linha reta descendente em 1º grau, os
netos em 2º grau, os bisnetos em 3º grau, trinetos em 4º grau, tetraneto em 5º grau,
pentaneto em 6º grau, etc.
Art. 1.594, CC: “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de
gerações [...]”.
Art. 1.833, CC: “Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais
remotos, salvo o direito de representação”.
Ex: João falece e deixa um patrimônio de R$1.000.000,00 (um milhão de reais), bem como
tem dois filhos “A” e “B” (descendentes de 1º grau). Cada um deles ficará com
R$500.000,00 (quinhentos mil reais). Nada recebendo os netos “A1”, “B1” e “B2”.
Essa lógica, não afeta o direito de representação em caso de premoriência ou exclusão por
indignidade/deserdação.
Ex: No caso de premoriência do filho “B”, cada neto, “B1” e B2”, receberá R$250.000,00
(duzentos e cinquenta mil) a título de herança, tendo eles o direito de receber o que “B”
receberia se estivesse vivo.
Ex: João falece, assim como os filhos “A” e “B”. Os netos “A1”, “B1”, “B2” e “B3” recebem
cada um R$250.000,00 (duzentos e cinquenta mil).
Sucessão na multiparentalidade:
A anuência do pai, mãe e do filho maior de 12 anos deverá ser feita pessoalmente perante
o oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais ou escrevente autorizado (art. 11, §4º e 5º,
Provimento 63, CNJ).
Art. 1.852, CC: “O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas
nunca na ascendente”.
Ex: Falece João e deixa um patrimônio de R$200.000,00 (duzentos mil reais), sem deixar
descendentes, e, na linha ascendente deixa 2 avós paternos e uma avó materna. A
herança deverá ser destinada R$100.000,00 (cem mil reais) para a linha materna e
R$100.000,00 (cem mil reais) para a linha paterna – o avô paterno ficará com
R$50.000,00 (cinquenta mil reais) e a avó paterna ficará com R$50.000,00 (cinquenta mil
reais).
Ex: João falece solteiro, divorciado ou viúvo, não deixando filhos ou netos, mas deixando
pais, avós e bisavós vivos e um patrimônio de R$1.000,000,00 ( um milhão de reais) a
herança será partilhada apenas entre os pais, cabendo ao pai R$500.000,00 (quinhentos
mil reais) e à mãe R$500.000,00 (quinhentos mil reais). Os avós e bisavós vivos nada
receberão.
Art. 1.852, CC: “O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas
nunca na ascendente”.
Ex: Havendo o falecimento de uma pessoa que não deixou descendentes e cujo pai já
havia falecido anteriormente, a mãe herdará a totalidade da herança, nada recebendo os
ascendentes do pai (avós paternos).
Sucessão dos pais nas hipóteses de
vínculo multiparental:
Ex1: João falece sem deixar descendentes nem cônjuge ou companheira, mas
deixa 2 mães (“A” e “B”) e 1 pai. Sua herança será dividida entre todos os
genitores em igualdade de condições, ou seja, 1/3 da herança para cada um.
Ex2: João falece sem deixar descendentes nem cônjuge ou companheira, mas
deixa 2 mães (“A” e “B”) e 2 pais (“C” e “D”). Sua herança será dividida entre todos
os genitores em igualdade de condições, ou seja, 1/4 da herança para cada um.
Sucessão dos avós e dos demais
ascendentes:
A convocação dos ascendentes não é apenas dos pais, mas também dos outros parentes em
ordem sucessiva se não existirem mais próximos em grau, como avós e bisavós. Regra é que o de
grau + próximo exclui o + remoto.
Pais adotivos e demais ascendentes herdam, afastando os pais biológicos já que a adoção rompe
os vínculos com a família consanguínea.
A divisão da herança é feita por linha, cabendo a metade para a linha materna e metade para
a paterna, mesmo que haja 1 avô paterno e 2 avós maternos.
Art. 1.836, § 2º, CC: “Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da
linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna”.
Ex: João falece e não deixa descendentes e seus pais são premorientes. Porém, deixa 1 avô
paterno, 2 avôs maternos e um patrimônio de R$1.000,000,00 (um milhão de reais). O avô paterno
herda R$500,000,00 (quinhentos mil reais) e cada um dos avós maternos receberá R$250.000,00
(duzentos e cinquenta mil reais).
Sucessão dos avós nas hipóteses de
vínculo multiparental:
No caso de multiparentalidade ao morrer a pessoa deixa 3 ou + vínculos paterno-filiais.
Logo, deve ser feita a divisão em tantas linhas sucessórias quantas corresponder o
número de relações parentais.
Ex1: João possui 2 pais (“A” e “B”) e 1 mãe (“C”). Ao falecer, seus pais já estavam mortos
e João deixa um patrimônio de R$900.000,00 (novecentos mil reais). Assim, cada casal
de avós (pai e mãe de “A” – “A1” e “A2”, pai e mãe de “B” – “B1” e “B2” e pai e mãe de “C”
– “C1” e “C2”) receberá R$300.000,00 (trezentos mil reais).
Como não existe representação dos ascendentes, a sucessão é feita por linhas, por isso
cada linha (“A1” e “A2”; “B1” e “B2” e “C1” e “C2”) recebe 1/3 da herança, devendo ser
dividido entre os integrantes de cada linha – ou seja – cada pessoa recebe R$150.000,00
(cento e cinquenta mil reais).
Ex2: Se “B2” estiver morto, “B1” recebe os R$300.000,00 (trezentos mil reais) porque a
divisão é feita por linha.