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DIREITO DAS

SUCESSÕES

Professora Ma Denise Pineli Chaveiro


COLATERAIS
 No quarto lugar da ordem de vocação
hereditária estão os parentes colaterais

 São herdeiros legítimos, mas não


necessários. São herdeiros facultativos.

 Existindo apenas colaterais o autor da


herança poderá dispor da totalidade do
patrimônio, via testamento.
COLATERAIS
IRMÃOS

Os irmãos são classificados em bilaterais


(germanos) e unilaterais.

Os irmãos unilaterais são divididos em


consanguíneos e uterinos.

Havendo somente irmãos bilaterais ou somente


irmãos unilaterais a divisão será feita por
cabeça, igualmente.
COLATERAIS
Irmão unilateral (mesmo pai ou mesma
mãe) herdam apenas a metade do que
cada irmão bilateral (mesmo pai e mesma
mãe).

Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos


bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes
herdará metade do que cada um daqueles herdar.
COLATERAIS

Pai e Mãe
(premortos)

B irmão bilateral A C irmão bilateral


½ da herança De cujus ½ da herança
COLATERAIS

Pai e Mãe
(premortos)

B irmão unilateral A C irmão unilateral


½ da herança De cujus ½ da herança
COLATERAIS

Pai e Mãe
(premortos)

Irmão B
Irmão A (bilateral) A
(unilateral)
2/3 da herança De cujus
1/3 da herança
COLATERAIS
 Ex: João falece, ab intestato, sem
descendentes, sem ascendentes, sem
cônjuge ou companheiro(a). Sobreviveram
à João 2 irmãos bilaterais e 2 irmãos
unilaterais.
 O seu patrimônio totaliza R$ 300 mil reais.
 Como será dividida a herança de João?
COLATERAIS

R$ 100 mil para cada irmão bilateral

R$ 50 mil para cada irmão unilateral


COLATERAIS
SOBRINHOS E TIOS

Entre os colaterais os sobrinhos preferem aos


tios, apesar de ambos serem parentes de 3º
grau (art. 1843, CC).

Assim, havendo sobrinhos e tios, os primeiros


herdam 100% da herança, ficando os tios
afastados.

Os tios somente herdarão se não existirem


sobrinhos vivos.
COLATERAIS
Avô de A
(premorto)

Tio de A Pai de A
(vivo) (premorto)

A Irmão de A
De cujus (premorto)

Sobrinho de A
(vivo)
100%
COLATERAIS
Aplica-se a regra segundo a qual os mais
próximos excluem os mais remotos (art.
1840, CC).

Flexibilizando o princípio proximior


excludit remotiorem temos o direito de
representação em favor dos sobrinhos.
COLATERAIS

Os sobrinhos poderão herdar


representando seu pai (irmão do falecido)
premorto.

Observe que o direito de representação


somente beneficia os sobrinhos e não os
sobrinhos-netos.
COLATERAIS
Pai
(premorto)

B irmão A C irmão
(premorto) falecido ½ da herança

D sobrinho E sobrinho
¼ ¼
COLATERAIS
Pai
(premorto)

B irmão C irmão D irmão


A
bilateral Bilateral unilateral
falecido
(premorto) 2/5 (premorto)

E sobrinho F sobrinho G sobrinho H sobrinho


1/5 1/5 1/10 1/10
COLATERAIS
A diferença de metade da cota é
observada quando os sobrinhos herdam
por estirpe e também quando herdam por
cabeça.

Os sobrinhos herdam por cabeça na


hipótese de todos os irmãos do autor da
herança forem premortos.
COLATERAIS
Pai
(premorto)

B irmão B irmão
A
bilateral unilateral
falecido
(premorto) (premorto)

D sobrinho E sobrinho F sobrinho G sobrinho


2/6 2/6 1/6 1/6
COLATERAIS
SOBRINHOS-NETOS E TIOS-AVÓS

São parentes em 4º grau e somente herdam se


não houver parente em 3º grau.

Os sobrinhos-netos não preferem os tios-avós.


Se ambos forem vivos haverá a concorrência, e
eles dividirão da herança.

Normas restritivas de direito não permitem


analogia ou interpretação extensiva.
COLATERAIS
Bisavô
(premorto)

Avô Tio-avô
(premorto) 50%

Pai
(premorto)

B irmão de A
(premorto)

C sobrinho de A
(premorto)

D sobrinho-neto
50%

A (autor da herança)
COLATERAIS
PRIMOS

São parentes em 4º grau e somente


herdam se não houver parente em 3º
grau.

Em concorrência com os demais parentes


em 4º grau a herança é dividida em partes
iguais.
Bisavô
(premorto)

Avô Tio-avô
(premorto) 1/4

Pai Tio
(premorto) (premorto)

Primo 1
A (autor da herança)
1/4

Irmão Primo 2
(premorto) 1/4

Sobrinho
(premorto)

Sobrinho-neto
1/4
COLATERAIS E VACÂNCIA
 Quando já iniciado o procedimento de
judicial de Herança Jacente (CPC/15, art.
738/743) os herdeiros requerer seus
direitos hereditários.

 Para os colaterais essa possibilidade


termina com a declaração da vacância
(§2º, Art. 743 CPC)
QUESTÕES INTERESSANTES
SOBRE O TEMA
 Na ausência de herdeiros necessários, é
indispensável a inclusão dos
herdeiros colaterais no polo passivo de
demanda de reconhecimento e dissolução
de união estável post mortem.
litisconsórcio necessário.

 REsp 1.759.652-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso


Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 23/06/2020, DJe 18/08/2020 (Informativo nº 678
25 de setembro de 2020.)
 Na falta de descendentes e ascendentes,
será deferida a sucessão por inteiro ao
cônjuge ou companheiro sobrevivente,
não concorrendo com
parentes colaterais do de cujus.

 REsp 1.357.117-MG, Rel. Min. Ricardo


Villas Bôas Cueva, por unanimidade,
julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018
(Informativo nº 622 20 de abril de 2018.)
 A Quarta Turma, por meio do REsp 1.337.420-RS, rel. Min. Luis
Felipe Salomão, DJe 21/9/2017 (Informativo 611), utilizou como um
de seus fundamentos para declarar a ilegitimidade dos parentes
colateriais que pretendiam anular a adoção de uma das herdeiras
que, na falta de descendentes e de ascendentes, o companheiro
receberá a herança sozinho, exatamente como previsto para o
cônjuge, excluindo os colaterais até o quarto grau (irmãos, tios,
sobrinhos, primos, tios-avôs e sobrinhos-netos). Nesse sentido, os
parentes até o quarto grau não mais herdam antes do companheiro
sobrevivente, tendo em vista a flagrante inconstitucionalidade da
discriminação com a situação do cônjuge, reconhecida pelo STF.
Logo, é possível concluir, com base no artigo 1.838 e 1.839,
do CC/2002, que o companheiro, assim como o cônjuge,
não partilhará herança legítima, com os
parentes colaterais do autor da herança, salvo se houver
disposição de última vontade, como, por exemplo, um
testamento.
 REsp 1.357.117-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado
em 13/03/2018, DJe 26/03/2018 (Informativo nº 622 20 de abril de 2018.)
 (2022/FGV DPE-MS - Defensor Público Substituto) Quando
Hermenegildo morreu, deixou o pequeno casebre onde residiu nos
últimos anos da sua vida e alguns bens pessoais. Sua vizinha tentou
alegar que era companheira do falecido, mas não houve comprovação
satisfatória dessa alegação. Há notícia de que ele teria deixado um
filho, que o abandonara há muitos anos, bem como teria um primo em
outro Estado, mas não há elementos indicativos de quem sejam.
 Diante disso, é correto afirmar que:
 A) a herança ficará jacente, figurando sua vizinha como curadora até
que se obtenha a localização do filho e, na ausência deste por cinco
anos, ela se torna proprietária dos bens;
 B) o juiz mandará arrolar e arrecadar os bens, mas pode ser
dispensada a expedição de editais, ante a notícia de que haveria
herdeiros;
 C) findo o prazo de um ano, a herança passará à propriedade do ente
público, extinguindo-se os direitos de eventuais herdeiros;
 D) declarada a vacância da herança, seu primo não terá mais qualquer
direito, mas seu filho ainda poderá reivindicar os bens por cinco anos.
 (2022/FGV DPE-MS - Defensor Público Substituto) Quando
Hermenegildo morreu, deixou o pequeno casebre onde residiu nos
últimos anos da sua vida e alguns bens pessoais. Sua vizinha tentou
alegar que era companheira do falecido, mas não houve comprovação
satisfatória dessa alegação. Há notícia de que ele teria deixado um
filho, que o abandonara há muitos anos, bem como teria um primo em
outro Estado, mas não há elementos indicativos de quem sejam.
 Diante disso, é correto afirmar que:
 A) a herança ficará jacente, figurando sua vizinha como curadora até
que se obtenha a localização do filho e, na ausência deste por cinco
anos, ela se torna proprietária dos bens;
 B) o juiz mandará arrolar e arrecadar os bens, mas pode ser
dispensada a expedição de editais, ante a notícia de que haveria
herdeiros;
 C) findo o prazo de um ano, a herança passará à propriedade do ente
público, extinguindo-se os direitos de eventuais herdeiros;
 D) declarada a vacância da herança, seu primo não terá mais
qualquer direito, mas seu filho ainda poderá reivindicar os bens
por cinco anos.
REFERÊNCIAS
 Constituição Federal
 Código Civil
 DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. São Paulo. Editora
Revista dos Tribunais.
 DONIZETTI, Elpídio. QUINTELLA, Felipe. Curso Didático de Direito
Civil. São Paulo. Editora Atlas.
 GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de
Direito Civil. Volume único. São Paulo. Editora Saraiva.
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro vol. 7. Direito
das Sucessões. São Paulo. Editora Saraiva.
 TARTUCE, Flávio. Direito Civil vol. 6. Direito das Sucessões. Rio de
Janeiro. Editora Forense.

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