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DIREITO PENAL

PROF. NIDAL AHMAD

DIREITO CIVIL
PROF.ª MAITÊ DAMÉ

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DIREITO CIVIL
PROF.ª MAITÊ DAMÉ
@maitedame

1. Sucessão legítima
2. Sucessão testamentária

1. Sucessão legítima

Falecido Solteiro

• Mais próximos excluem os mais remotos


• Existe direito de representação
DESCENDENTES • Filhos sucedem por cabeça
• Outros descendentes, por cabeça ou por
estirpe, conforme se achem ou não no mesmo
grau.

• Mais próximos excluem os mais


remotos
• Não há direito de representação
ASCENDENTES • Havendo igualdade em grau e
diversidade em linha, os
ascendentes da linha paterna
herdam a metade, cabendo a
outra aos da linha materna.

• Mais próximos excluem


os mais remotos
• Ordem:
• Irmãos
• Sobrinhos
• Tios
COLATERAIS • Demais colaterais
• Existe direito de
representação – FILHOS
DE IRMÃOS
• Irmão unilateral – peso 1
• Irmão bilateral – peso 2

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Ordem da vocação hereditária
Há uma relação preferencial, quando uns excluem os outros de classe
subsequente – art. 1.833, CC

Pai vivo (ascendente)

“A” (falecido)

“B” – Filho vivo (descendente)


– recebe 100% da herança

“A” (falecido)

“B” – Filho vivo (descendente) – “C” – Filho vivo (descendente) –


recebe 50% da herança recebe 50% da herança

“D” – neto vivo – não herda

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Os parentes mais próximos excluem os mais remotos, salvo direito de
representação.
Direito de representação – quando houver diversidade de graus, ou seja,
a lei chama a suceder certos parentes do falecido em todos os direitos que ele
sucederia se vivo fosse – art. 1.851.

“A” (falecido)

“B” – premorto (morreu antes “C” – Filho vivo (descendente)


de “A”) – recebe 50% da herança

“D” – neto vivo – recebe 25% – “E” – neto vivo – recebe 25% –
direito de representação direito de representação

Os herdeiros parentes sucedem ou por direito próprio, ou por direito de


representação, ou por direito de transmissão.
Sucessão por cabeça ou direito próprio: mesmo grau;
Sucessão por estirpe: sucessão de graus diversos;

De cujus

Recebe por direito


Filho 1
Filho 2 próprio – por
Pré-morto cabeça.

Recebem por representação


Neto 1.1 Neto 1.2
do FILHO 1 (pré-morto). Trata-
se de herança por estirpe.

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Sucessão por linha - cada linha recebe metade do patrimônio,
independente de haver dois ascendentes em um lado e dois no outro. Linha
materna + linha paterna.

Avô Paterno
Falecido
Pai (falecido)
Avó Paterna

Avô Materno
Mãe (falecida)
Avó Materna

Descendentes
Na linha descendente – os de grau mais próximo excluem os mais
remotos.

Falecido

Filho 1 Filho 2 Filho 3 Filho 4

POR DIREITO PRÓPRIO


Cada filho receberá ¼

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Na linha descendente – os
A (falecido) de grau mais próximo
excluem os mais remotos.

B – filho – C – filho –
recebe recebe
50% 50%

D – neto – E – neto – F – neto –


nada nada nada
recebe recebe recebe

Falecido

Filho 1 –
Filho 2
pré-morto

Neto 1.1 Neto 1.2

Por estirpe:
O filho 2 receberá ½ - por direito próprio;
Os netos receberão a outra metade, em razão do filho 1 ser pré morto –
por estirpe (representação)

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Falecido

Filho 1 – Filho 2 –
falecido falecido

Neto 1.1 Neto 1.2 Neto 2.1 Neto 2.2

Por direito próprio (dos netos)


Cada neto receberá ¼ da herança – por direito próprio.

Ascendentes

A
(falecido)

Pai = ½ da herança.
Mãe Pai Mãe = ½ da herança.

Não havendo descendentes, herdam os ascendentes.

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No caso do Pai falecido, a Mãe herda
toda a herança do filho/de cujus, pois
não há direito de representação na
sucessão dos ascendentes.

Avô Materno–
A – falecido
Mãe – 25%
premorta Avó Materna–
25%
Avô Paterno–
25%
Pai – premorto
Avó Paterna–
25%

Neste caso, os avós paternos receberão a ½ da


herança e a avó materna a outra ½.

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Cônjuge e companheiro sobreviventes
A ordem da vocação hereditária do art. 1.829 coloca o cônjuge
sobrevivente como herdeiro concorrente com descendentes e ascendentes e,
na falta destes, como herdeiro da totalidade da herança.
Em 10/05/2017 o STF reconheceu repercussão geral em que entende
inconstitucional a diferenciação na sucessão do cônjuge e do companheiro.
*** ver decisões do STF nos RE 646721 e RE 878694
Em razão disto, a sucessão do companheiro passou a ser tratada da
mesma maneira que a sucessão do cônjuge.

CONCORRÊNCIA COM DESCENDENTES: condicionado ao regime. Salvo


na CUB, SOB e CPB (sem bens particulares).
CONCORRÊNCIA COM ASCENDENTES: independente do regime.
O cônjuge sobrevivente é herdeiro necessário (art. 1.845). E o
companheiro, como fica? O STF não mencionou!

Falecido casado ou DESCENDENTES EM SOBREVIVENTE


ASCENDENTES EM
CONCORRÊNCIA COMO
convivente em COM O
CONCORRÊNCIA COM O
SOBREVIVENTE HERDEIRO
união estável SOBREVIVENTE UNIVERSAL

• Condicionado ao
regime de bens
• REGRA • Independentement • Não
• Há concorrência e do regime de bens
• Meação sobre bens
havendo
• EXCEÇÃO
• CUB comuns descendente
• SOB • Herda sobre a s, nem
totalidade da
• CPB, s/BP herança (outra
ascendentes
• Meação sobre bens metade dos bens • Direito real
comuns comuns + totalidade
• Herança sobre bens de bens
de habitação
particulares particulares) sobre o
• % de concorrência • % de concorrência imóvel em
• Divisão igualitária – • 1/3 se concorrer que o casal
até 3 filhos comuns com Pai e Mãe
• Divisão igualitária – • ½ se concorrer só
residia
qualquer número com Pai ou só com
de filhos individuais Mãe ou se maior for
• Reserva de ¼ da o grau
herança – mais de 3
filhos comuns

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Regime da comunhão universal de bens: NÃO HÁ CONCORRÊNCIA

Sem
ascendentes

De cujus Cônjuge

- Patrimônio de R$100.000,00
A
- Meação: R$ 50.000,00
- Legítima: R$ 50.000,00
- A = R$ 25.000,00
B
- B = R$ 25.000,00

Regime de Separação Obrigatória de Bens: NÃO HÁ CONCORRÊNCIA


A segunda hipótese excetuada pelo legislador (art. 1.829, inc. II) é aquela
em que o regime adotado do casamento foi o da Separação Obrigatória de
bens, por força da lei.
Neste caso, aplica-se a súmula 377 do STF, de forma que, ao final do
casamento (por morte ou divórcio), haverá a comunicação do patrimônio
adquirido de forma onerosa durante a união. Desta forma, o cônjuge
sobrevivente terá direito a meação destes bens. Há discussão, quanto a
aplicação da súmula, sobre a necessidade de prova do esforço comum ou não.
Não há uniformidade jurisprudencial.
Desta forma, o cônjuge sobrevivente receberá a metade dos bens
comuns e, quanto aos particulares, não terá direito a nada.

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Sem
ascendentes

Cônjuge sobrevivente –
Falecido meação sobre os bens
comuns – súmula 377, STF

Filho A – recebe Filho B – recebe


50% da herança 50% da herança

Comunhão Parcial de bens, sem bens particulares: NÃO HÁ


CONCORRÊNCIA
Sem bens particulares, não há concorrência (regra geral). O cônjuge
sobrevivente não concorre com os descendentes, porque é meeiro, quando o
autor da herança não houver deixado bens particulares (bens doados, havidos
por inventário ou legado, ou adquiridos antes do casamento).

Separação Convencional de Bens: HÁ CONCORRÊNCIA


No regime da separação convencional, há pacto antenupcial e os
cônjuges definem a incomunicabilidade do patrimônio, ou seja, cada um
conserva o seu patrimônio particular. Contudo, apesar de haver uma
separação absoluta dos patrimônios, com o falecimento de um, o outro será
herdeiro, em concorrência com os descendentes.

Comunhão Parcial de Bens com bens particulares: HÁ


CONCORRÊNCIA
O cônjuge terá a sua quota calculada sobre todo espólio, ou somente
com relação aos bens particulares deixados pelo falecido?
Existem diversas correntes que explicam esta questão:

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1.ª corrente – MAJORITÁRIA – meação sobre os bens comuns +
concorrência sobre bens particulares

De cujus Cônjuge

A B
• 10.000 de bens particulares
• 100.000 de bens comuns
• Cônjuge = 50% bens comuns + concorrência sobre bens particulares
– 1/3
• Filhos = 25% dos bens comuns para cada um + 1/3 dos bens
particulares – art. 1.832, CC.

De cujus Cônjuge

A B C D

Cônjuge
Meação – 50% sobre bens comuns
Herança – ¼ (25%) sobre bens particulares
Filhos
Bens comuns = ¼ para cada
Bens particulares = 18,75% para cada

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2.ª corrente – meação sobre os bens comuns + concorrência sobre a
totalidade da herança (particulares + comuns).

De cujus Cônjuge

A B C

Cônjuge = 50% de meação + ¼ do total em concorrência


Filhos = ¼ da herança

3.ª corrente – Maria Berenice Dias – meação sobre bens comuns +


concorrência sobre bens comuns (não contribuiu para a aquisição dos
bens particulares, portanto, não pode herdar).

De cujus Cônjuge

A B C D E

Art. 1.832
Cônjuge = 50% de meação + 1/4 da herança em concorrência
Filhos = dividem ¾ da herança = 15% para cada um

Regime de participação final nos aquestos: HÁ CONCORRÊNCIA


Embora não expressamente previsto, nesse regime, ocorre a
concorrência. A opção por este regime deve ser elaborada através de pacto
antenupcial. Neste caso, a partilha assemelha-se aos casos de comunhão
parcial de bens:

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• havendo bens particulares e aquestos = participação (espécie de
meação) sobre os aquestos e concorrência sobre os particulares.
• havendo bens particulares e não havendo aquestos =
concorrência sobre os particulares, sem participação.
• havendo apenas aquestos = apenas participação, sem
concorrência.

Quinhão do cônjuge que concorre com descendentes


O art. 1.832, estabelece a proporção da concorrência do cônjuge
sobrevivente com os descendentes.
Há duas situações diferentes: filiação comum e filiação exclusiva do autor
da herança. Desta forma, a concorrência ficará da seguinte forma:
FILHOS COMUNS = herdará em partes iguais (até 3 filhos) ou, se tiver
mais de 3 filhos (4, por exemplo), o cônjuge sobrevivente herdará, no mínimo,
¼ da herança.
FILHOS EXCLUSIVOS DO AUTOR DA HERANÇA = o cônjuge
sobrevivente herda em partes iguais (independentemente do número de
filhos).
FILHOS COMUNS E EXCLUSIVOS DO AUTOR DA HERANÇA = FILIAÇÃO
HÍBRIDA = o cônjuge sobrevivente herda em partes iguais
(independentemente do número de filhos). Neste caso, mesmo havendo
filhos comuns, não lhe é reservada a quarta parte da herança.
Isto aplica-se, também, nos casos em que houver concorrência com
herdeiros netos.
Neste caso, ter-se-á, sucessão por cabeça e não por representação.

A – falecido

Cônjuge de A – recebe
1/4

B – filho premorto C – filho premorto

D – neto – recebe E – neto – recebe


1/4 ¼

F – neto – recebe
1/4

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Concorrência do cônjuge sobrevivente com ascendentes

Cônjuge sobrevivente Cônjuge sobrevivente = meação + 1/3

Pai = 1/3

Mãe = 1/3
De cujus

Pai (1/3)

Mãe (1/3)

- Avós maternos (não herdam)

- Pai = ½

- Cônjuge = meação + ½ da herança

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Cônjuge sobrevivente como único herdeiro
Não havendo descendentes, nem ascendentes, o cônjuge é, nos termos
do art. 1.829, III, o próximo herdeiro necessário.

Requisitos para que o cônjuge seja herdeiro:


a) Que não esteja divorciado ou separado (judicial ou extrajudicialmente);
b) Que não esteja separado de fato há mais de 2 anos do finado – cuidado:
EC 66/2010 – entendo que não pode estar separado de fato,
independentemente do tempo.

Colaterais
Art. 1.839 CC e Art. 1.840
Refere-se à família nuclear em substituição à patriarcal = limitação 4º
grau.
Ordem:
1º) os irmãos (parentes em 2º grau);
2º) tios e sobrinhos (parentes em 3º grau);
3º) primos e tios avós e sobrinhos-netos (parentes colaterais em 4º grau).

Irmão bilaterais e unilaterais:


Art. 1.841.(CC/02) Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais
com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um
daqueles herdar.
Inconstitucional – vergonhoso, sem sentido, esvaziado.

Sem ascendentes, nem


descendentes, nem
cônjuge

A – irmão B – irmão C – irmão D – irmão E–


bilateral bilateral unilateral unilateral falecido.

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Representação na sucessão colateral:
Art. 1.840, CC – apenas filhos de irmãos!

Pai de A
(falecido)

C – bilateral D–
B – bilateral
A (falecido) – 2/5 da unilateral
(premorto)
herança (premorto)

E – sobrinho F – sobrinho
G – 1/5 da
– 1/5 da – 1/5 da
herança
herança herança

Representação quando há irmãos bilaterais e unilaterais:


Art. 1.841.

Ascendente
(falecido)

D – pré
De cujus A B C
morto

Filho 1 Filho 2

Multiplique os dois herdeiros bilaterais (A e B) 2x2 = 4 e some os unilaterais


(C e D) + 2 = 6.

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Assim, os representantes do herdeiro pré-morto D receberão 1/6 do valor da
herança.

1º Exemplo: Se o de cujus deixa três irmãos, sendo que um deles já


falecido com filhos.

Pai
falecido

C
De cujus A B
(premorto)

D E
(sobrinho) (sobrinho).

A – 1/3
B – 1/3
D e E – dividirão 1/3

2º Exemplo: o de cujus deixa um irmão vivo; um irmão (pré-morto) com


dois filhos e outro irmão (pré-morto) com três filhos.

Pai falecido

B C
De cujus A
(premorto) (premorto)

D E F G
(sobrinho) (sobrinho) (sobrinho) (sobrinho).

A – 1/3
D e E – dividirão 1/3
F e G – dividirão 1/3

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3º Exemplo: o de cujus deixa 3 irmãos vivos, 1 irmão pré-morto com filhos
e outro irmão pré-morto sem filhos. Divide-se em quatro partes. “E” é
considerado como se jamais tivesse existido.

Pai
falecido

D E
De cujus A B C
(premorto) (premorto)

F G
(sobrinho) (sobrinho)

4º Exemplo: o de cujus deixa três irmãos vivos; um irmão pré-morto com


filhos; outro irmão pré-morto, com um filho pré-morto que tem um filho vivo.
Divide-se em quatro (4) partes... sobrinho-neto não herda – neste caso, não
há representação.

Pai falecido

D E
De cujus A B C
(premorto) (premorto)

F G H (sobrinho
(sobrinho) (sobrinho) premorto)

I (sobrinho
neto)

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2. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

Liberdade Limitada a 50% da herança Herdeiro necessário

de dispor

Plena Colaterais

Disposições Patrimoniais

Pessoais Reconhecimento de filho

Perdão indigno

Capacidade No ato de elaborar o testamento Pessoa capaz

Maior de 16 anos

Incapacidade superveniente não


retira validade

Formas Público Tabelionato


2 testemunhas
ordinárias Próprio testador
Particular
3 testemunhas
Possível não observar requisitos se houver risco de vida –
juiz analisa

Cerrado Próprio testador


2 testemunhas
Tabelião aprova
Costurado e lacrado

Codicilo Disposições de pequeno valor

Formas Marítimo e aeronáutico No diário de bordo

especiais Deve ser entregue a autoridade no desembarque

Só tem validade se a pessoa falecer na viagem ou não


convalescer dentro de 90 dias após desembarque

Militar Ao oficial responsável

Situação excepcional – aceito de viva voz

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Se alguém falece sem deixar testamento → sucessão legítima (sucessão
por força de lei) → obedece a ordem da vocação hereditária.
Se o testamento não compreender todos os bens do testador ou o
testamento for invalidado ou caducar → também haverá sucessão legítima.
Sucessão testamentária → representa a vontade do testador.
Se não foi feito testamento, presume-se que a pessoa tenha concordado
com a ordem da vocação hereditária.
Sucessão legítima → representa, portanto, a vontade presumida do
testador.
Contudo, do ponto de vista quantitativo, no Brasil prevalece a sucessão
legítima (há a limitação da liberdade de testar).

Mas essa noção do art. 1.857 limita a vontade do testador a disposições


de caráter patrimonial. Contudo, sabe-se que o testamento serve, também,
para disposições de caráter diferente do patrimonial:
• Reconhecimento de filhos fora do casamento (art. 1.609, III)
• Nomeação de tutor para filho menor (art. 1.729, § único)
• Reabilitação do indigno (art. 1.818)
• Instituição de fundação (art. 62)
• Imposição de cláusulas restritivas se houver justa causa (art. 1.848).

Art. 1.858.
• Ato personalíssimo;
• Ato revogável.

Características
ATO – é ato de última vontade, presume a última deliberação do “de
cujos”;
UNIPESSOALIDADE – um só agente pode testar, num só ato.
• Vedação do testamento de mão comum - art. 1.863 CC.
• Vedação do testamento conjuntivo (mão comum), feito por duas
ou mais pessoas, seja simultâneo (disposição conjunta para
beneficiar terceira pessoa), recíproco (instituindo benefícios

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mútuos) ou correspectivo (disposições em retribuição de outras
correspondentes).
• Nada impede, contudo, que o casal faça cada um seu testamento
em que um deixa os bens para o outro. O que não pode é isso ser
feito em um mesmo ato. Podem fazer, no mesmo momento, mas
em atos diferentes.

CARÁTER PERSONALÍSSIMO – art. 1.858. Não pode ser feito por


procurador.

SOLENIDADE – pressupõe formalidades essenciais, prescritas em lei, que


asseguram a existência, a validade e a eficácia.
• Exceção: testamento nuncupativo (de viva voz), admissível como
espécie de testamento militar (art. 1.896).

UNILATERALIDADE – basta a vontade do testador.


Necessidade, contudo, de aceitação da herança (art. 1.804 e 1.923).

REVOGABILIDADE – a vontade testamentária é essencialmente


revogável (art. 1.969).
É irrenunciável a liberdade de revogar ou modificar o testamento.
Pode, contudo, o testador, modificar o testamento a qualquer momento
e quantas vezes quiser (art. 1.858).
Exceção: o testamento é irrevogável com relação a cláusula na qual
eventualmente o testador tenha reconhecido filho fora do matrimônio (art.
1.609, III).
Se houverem vários testamentos sucessivos, feitos pelo mesmo testador,
com seu falecimento, terá validade apenas o último, a não ser que sirva para
completar o anterior.

GRATUIDADE – não há vantagens para o testador.


Mesmo que haja encargo para o beneficiário, o testamento segue sendo
gratuito.
Não existe contra-prestação (exigível).

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Entretanto, o herdeiro responde pelas dívidas (arts. 1.792 e 1.821).

PATRIMONIALIDADE NÃO NECESSÁRIA – cláusulas patrimoniais ou


não: instituir herdeiros, deserdá-los ou retratar a deserdação (1.857, § 2º).

ATO CAUSA MORTIS – o testamento só produz efeitos com a morte do


testador.

Capacidade para testar


A capacidade testamentária pode ser ativa (quem pode dispor) ou
passiva (quem pode adquirir por testamento).
A capacidade do agente é requisito de validade do testamento.
Nesse sentido, o art. 1.860 dispõe sobre os que não podem testar, por não
terem discernimento, de forma que se subentende que todos os demais
possuem capacidade para testar.
Assim, podem testar os cegos e os analfabetos, por exemplo (1.866, 1.867,
CC).
É exigida no momento de elaborar o testamento (capacidade
superveniente). Mesmo que, após fazer o testamento, perca a capacidade, o
ato será válido.

Incapacidade para testar


São os casos que mais ocupam os tribunais.
• Em razão da idade:
Os menores de 16 anos, por serem absolutamente incapazes não podem
testar.
É nulo o testamento elaborado por menor de 16 anos.
• Os relativamente incapazes (maiores de 16 anos) podem testar,
mesmo sem a assistência do representante legal.
O testamento é personalíssimo e só o maior de 16 anos mesmo poderá
fazer o testamento e não seus pais ou representantes legais.
• Por falta de discernimento:
Aquelas pessoas que não tem discernimento não são amentais, ou seja,
se encontram, momentaneamente, fora de seu juízo perfeito, em razão de

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uma patologia (arteriosclerose, excessiva pressão arterial, etc), embriaguez,
uso de entorpecente, etc.
Trata-se de uma situação transitória.

Incapacidade testamentária dos relativamente incapazes:


Os relativamente incapazes são proibidos de testar, exceto os maiores de
16 anos, cujo § único do art. 1.860 prevê a possibilidade.
Não podem testar, portanto os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e
os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido (art. 4.º, II),
bem como os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo (III), por
não terem consciência dos atos praticados.
O surdo mudo só não testa se não conseguir expressar sua vontade.
O surdo, mas não mudo, poderá testar, conforme art. 1.866.

Hipóteses não geradoras da incapacidade:


Exceto as hipóteses previstas no art. 1.860, todas as pessoas podem fazer
testamento válido.
A idade avançada, por exemplo, não é suficiente para negar a capacidade
testamentária.
O que determina a incapacidade testamentária é a falta de
discernimento.
Deve-se destacar que, em razão do Estatuto da Pessoa com Deficiência,
houve alteração dos arts. 3.º e 4.º do CC. Sendo assim, os deficientes mentais
não são mais incapazes podendo, portanto, testar.

Impugnação à validade do testamento


A validade do testamento só pode ser discutida/questionada após a
morte do testador. Enquanto estiver vivo, não há o que se discutir, mesmo
porque o testamento pode ser alterado.
Art. 1.859 – testamento nulo.
Extingue-se em 5 anos o prazo para impugnar a validade do testamento,
contando da data do seu registro.
O lapso quinquenal é contado da Ação de Registro, Abertura e
Cumprimento do Testamento (arts. 735 a 737 do CPC/2015).

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Art. 1.909 – testamento anulável
São anuláveis as disposições testamentárias que sejam viciadas por erro,
dolo ou coação, extinguindo-se em 4 anos o direito de anular a disposição a
partir do momento em que o interessado tiver conhecimento do erro.

Testamento público
Escrito público – tabelião ou substituto legal.
Leitura em voz alta, na presença das testemunhas e do testador, para
que se verifique se o que está expresso no ato notarial é a real vontade do
testador.
Assinatura do testador, 2 testemunhas e tabelião.
Deve corresponder a vontade do testador – minuta ou declaração verbal.
Possibilidade da autoridade diplomática lavrar testamento consular – ver
art. 18 da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LICC).
Necessidade de que as testemunhas (2) estejam presentes em todo o
ato.
Art. 1.865 – assinatura a rogo; Art. 1.866 – indivíduo surdo; Art. 1.867 –
indivíduo cego
Analfabeto só pode testar pela forma pública (arts. 1.872 e 1.876, § 1.º)
Podem testar na forma pública: surdos, alfabetizados, analfabetos (1865)
e cegos (1867).
Não podem testar na forma pública: mudos e surdos mudos por não
poderem fazer declarações orais ao tabelião (1864, I).
Necessidade de registro e cumprimento – Art. 736, CPC/2015

Testamento cerrado
Declaração de última vontade, redigida manualmente ou
mecanicamente e submetida a termo de aprovação do tabelião, presentes ao
testador e a duas testemunhas, seguindo-se o fechamento e costura do
instrumento.
Pode ser escrito pelo testador ou terceiro (1.868).
O tabelião, ao fazer a aprovação, não lê o testamento, mas verifica se as
formalidades foram obedecidas – deve estar assinado pelo testador em todas
as folhas e não pode conter rasuras ou borrões.

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Só tem eficácia com a lavratura do auto de aprovação, pelo tabelião, na
presença de 2 testemunhas.
O testador deverá saber ler, pois precisa ter meios de se certificar que, no
caso de terceiro redigir o testamento a seu rogo, seguiu corretamente e
fielmente as suas instruções. Neste caso, o testador pode não saber escrever,
mas, necessariamente, deve saber ler.

Art. 1.873 – O surdo-mudo pode fazer testamento cerrado, desde que


escreva e assine.
Depois de aprovado, o testamento é devolvido ao testador. O Tabelião
anotará em livro próprio.
Registro = Art. 735, CPC/2015 = se não houver vício externo que o torne
suspeito de nulidade ou falsidade, o juiz abre o testamento e mandará que o
escrivão leia na presença do apresentante. Depois de ouvido o MP, estando
tudo nos conformes, o juiz mandará registrar, arquivar e cumprir o
testamento. Uma vez registrado o testamento, deverá o testamenteiro
(indicado ou dativo) assinar o termo de testamentaria.

Testamento particular
Art. 1.876 – escrito pelo testador de próprio punho ou por processo
eletrônico.
ART. 1.877 – Publica em juízo: é a fase da materialização, execução do
testamento.
Deve haver a citação dos herdeiros legítimos.

Requisitos:
• Ser escrito e assinado pelo testador.
• Inquirição das testemunhas em juízo (confirmar o testamento);
• Pode ser feito em idioma estrangeiro;
• A lei permite que terceira pessoa redija, pois pode ser datilografado;
• Se for escrito a mão, deverá ser feito pessoalmente pelo testador.
• Uma testemunha pode confirmar (Leite, 393).
• Leitura e assinatura de 3 testemunhas

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Publicação = Art. 737, CPC/2015: com o falecimento do testador deverá
haver o requerimento de registro do testamento. Poderão requerê-lo o
herdeiro, legatário, testamenteiro ou outra pessoa, detentora da cédula
testamentária. O herdeiro que não tiver requerido a publicação do testamento
deverá ser intimado (§ 1.º). Uma vez que esteja tudo nos conformes e ouvido o
MP, o juiz confirmará o testamento.

Testemunhas instrumentárias
A atuação das testemunhas no testamento tem a função de conferir
validade ao ato.
Em princípio, todas as pessoas capazes, podem ser testemunhas.
Contudo, o art. 228, CC determina as pessoas que não podem ser testemunhas
(cuidado com as alterações do Estatuto da Pessoa com Deficiência):
Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:
I - os menores de dezesseis anos;
IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das
partes;
V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o
terceiro grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade.
§ 1o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o
depoimento das pessoas a que se refere este artigo.
§ 2o A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de
condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os recursos
de tecnologia assistida.

Codicilos
Para disposições de pequeno valor - 1881/1883.
Toda pessoa capaz de testar pode dispor em codicilo.
Formas: é hológrafo; simplificada; sem formalidades; não exige
testemunhas; deve ser escrito pelo disponente ou por terceiro; não exclui a
forma pública, embora indique a particular.
Execução: As mesmas regras do testamento particular. Se público ou
cerrado, segue-se as normas de execução destes. (art. 737, § 3.º, CPC/2015).

27
Consequências: Art. 1.882 – O codicilo pode ser autônomo, ou pode
existir como parte integrante de um testamento; Não revoga testamento;
Pode ser revogado por testamento; É revogável por outro codicilo; As regras
da capacidade no testamento valem para o codicilo.

Marítimo ou Aeronáutico
Marítimo: é a declaração de última vontade, feita a bordo de navios,
embarcações: em alto mar (1.892). Pode ser feito pelos tripulantes ou pelos
passageiros.
justifica-se em caso de emergência e necessidade;
• exige apenas duas testemunhas;
• será lavrado, em regra, pelo Comandante;
• se o testador não puder assinar, alguém assina a rogo;
• o registro do testamento será no diário de bordo: parágrafo único,
do art. 1888.

Caducidade: Efemeridade
Art. 1.891 – Caducará: Tem eficácia temporal e condicional:
• não morrer na viagem;
• 90 dias subsequentes ao desembarque não testar da forma
ordinária
• É nulo o testamento feito em portos – neste caso, poderia ser feito
através de uma forma ordinária de testamento. Tem que ser em
alto mar (Art. 1892).
• O prazo de caducidade: 90 dias após o último desembarque: no
fim da viagem. Perde a eficácia: 90 dias(não três meses). Se o
testador ficar impedido de fazer pela foram ordinária(doença),
valerá a disposição( prova).

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Militar
Justifica-se: pela excepcionalidade da situação.
Pode ser feito dentro ou foram do território nacional;
Pode ser feito por civis (médicos, enfermeiros, jornalistas), a serviço
militar;
A forma pública está prevista no art. 1.893; pode na forma cerrada ( 1.894).
Exige a forma escrita: escrito e assinado;
Caducidade: Art. 1.895
• Noventa dias possa fazer da forma ordinária. Caduca da mesma
forma que o marítimo.
• Não era prazo de eficácia se apresentar as formalidades prescritas
(art. 1.895): segurança e definitividade. Não caducará.
Nuncupativo militar (Art. 1896)
• É um testamento oral, feito de viva voz pelo testador: empenhado
em combate ou ferida mortalmente.
• As declarações são feitas a duas testemunhas: que devem
escrevê-las e confirmar em juízo.

DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

O QUE É POSSÍVEL ESTABELECER COMO CLÁUSULA TESTAMENTÁRIA?

As disposições testamentárias contemplarão unicamente pessoas


naturais ou jurídicas.
Inadmissível a contemplação de animais, SALVO se o testador determinar
o encargo de cuidar de um animal em específico.

São de natureza:
• pessoal – nomeação de tutor, reconhecimento de filho, etc.
• patrimonial; referente aos bens

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Interpretação do testamento:
Quando da interpretação das cláusulas testamentárias, deve-se atentar
para buscar a verdadeira intenção do testador, ainda que não tenha se saído
bem com as palavras escritas. É nesse sentido a determinação do art. 1.899,
CC.

Regras proibitivas:
Nomeação a termo: Art. 1898
A herança se transmite imediatamente, a partir do óbito. Aberta a
sucessão o herdeiro não tem o que aguardar.

Instituição de herdeiro sob condição captatória: Art. 1.900, I


Essa condição captatória “é a que representa um induzimento, mediante
nomeação e favorecimento de outrem, como herdeiro, para que este também
inclua o captador, ou terceiro, em suas disposições testamentárias, como
beneficiário” (Gonçalves, p. 331).
Ex.: lego tal quantia para Fulano se ele me contemplar em seu
testamento.
Ex.: deixo a Fulano, que instituo como meu herdeiro, o quanto ele me
transmitir em seu testamento.

Referência a pessoa incerta: Art. 1.900, II


Ex.: “beneficio meus amigos” ou “beneficio a pessoa mais digna da
cidade”.
Trata-se de expressões vagas, de forma que não há como precisar quem
é a pessoa que o testador pretende beneficiar.
Quanto mais claro, melhor será. Mas não é preciso indicar o nome da
pessoa, desde que existam características possíveis de identificar o
beneficiário.
Ex.: deixo x% dos meus bens para o primeiro filho da minha irmã Fulana,
que nascer após a minha morte.

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Beneficiar pessoa incerta, a ser identificada por terceiro: Art. 1.900, III
É simples. Neste caso, não seria uma liberalidade personalíssima do
falecido, mas sim do terceiro, que determinaria quem seria beneficiado.

Beneficiar ao herdeiro, ou a outrem, da prerrogativa de fixar o valor


do legado: Art. 1.900, IV
É simples. Neste caso, não seria uma liberalidade personalíssima do
falecido. Quem deve fixar o valor do legado é o testador e não terceiro, ainda
que a sua ordem.
Ex.: A, B e C são meus herdeiros, cada um com a proporção que Fulano
decidir.
Beneficiar às pessoas indicadas nos arts. 1.801 e 1.802: Art. 1.900, V

Regras permissivas:
Nomeação pura e simples: art. 1897
Puro e simples: não tem condição suspensiva e nem resolutiva. Não há
qualquer encargo, condição ou contraprestação.
Ex.: nomeio Fulano como meu herdeiro, que receberá x% da minha
herança.

Nomeação sob condição: art. 1897


Condição é acontecimento futuro e incerto do qual depende a eficácia
do negócio jurídico.
Ex.: deixo minha casa para Marcelo se ele me sobrevier.
Se houver uma condição suspensiva a aquisição do direito pelo herdeiro
dependerá do implemento da condição. O implemento da condição terá
efeito retroativo (ex tunc). Se não houver o implemento da condição, a
cláusula testamentária caducará.
Ex.: Fulano receberá “x valor” mensal enquanto for estudante de direito
Neste caso, havendo uma condição resolutiva, se Fulano parar de
estudar, não mais receberá o valor definido pelo testador.

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Nomeação com a imposição de encargo: art. 1897
A herança pode vir subordinada a um encargo que o beneficiário deverá
cumprir, caso aceite a herança.
Ex.: instituo Fulano como meu herdeiro, que receberá x% do meu
patrimônio, com o encargo de alimentar Cicrano até os 24 anos de idade.
Há discussão doutrinária e jurisprudencial quanto ao descumprimento
do encargo e a perda da validade da disposição testamentária. A maioria da
doutrina entende que, descumprido o encargo, os interessados deverão
propor ação judicial para que seja declarada a ineficácia da deixa
testamentária.

Disposição motivada: art. 1897


É possível a nomeação de herdeiro por certo motivo. O testador ao
nomear alguém como seu beneficiário não é obrigado a indicar o motivo, mas,
caso queira, não pode haver a confusão com obrigação modal (de encargo),
pois se trata de fatos passados.
Ex.: nomeio Fulano como meu herdeiro, pois foi ele quem salvou a vida
do meu filho no acidente de carro sofrido em 2006.

Disposição com cláusulas de inalienabilidade: art. 1.911


O art. 1.911 dispõe sobre a possibilidade de o testador estabelecer ônus ou
gravame sobre os bens que integram a herança. Essa cláusula de
inalienabilidade que pode ser imposta, traz como consequência a
impenhorabilidade e a incomunicabilidade desses bens.
Trata-se, portanto, da transferência do domínio de forma limitada.
Quando se faz a interpretação do art. 1.911 em conjunto com o art. 1.848,
verifica-se que a restrição imposta ao testador de justa causa, refere-se tão
somente a imposição de cláusulas para a legítima. Quanto ao testamento ou
legado, não há a imposição de justa causa.

Rompimento do testamento
Ocorre a ruptura do testamento quando “há a superveniência de uma
circunstância relevante, capaz de alterar a manifestação de vontade do

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testador, como, verbi gratia, o surgimento de um herdeiro necessário”
(Gonçalves, p. 457)

Superveniência de descendente sucessível (art. 1.973):


Hipóteses:
• Nascimento posterior de filho, ou outro descendente. Só no caso
do testador que não tinha nenhum descendente.
• Aparecimento de descendente, que o testador supunha falecido,
ou cuja existência ignorava. Se o testador sabia da existência do
herdeiro e, ainda assim, testou, o testamento subsiste.
• Reconhecimento voluntário ou judicial do filho, ou a adoção,
posteriores à lavratura do testamento.

Surgimento de herdeiros necessários ignorados, depois do


testamento (art. 1.974)
Surgimento, depois do feitio do testamento, de outros herdeiros
necessários, que o testador não conhecia.

Subsistência do testamento se conhecida a existência de herdeiros


necessários (1.975)
Se o testador dispõe somente de sua metade disponível, a exclusão dos
herdeiros necessários não implica na ruptura do testamento.
Se o testador avançou na legítima do herdeiro necessário de que tinha
conhecimento, o testamento não se rompe, mas reduz-se a liberalidade, para
o efeito de restaurar por inteiro a quota legalmente reservada.

Revogação do testamento
Revogar = modificar ou desconstituir, através de novo ato de vontade.
Caducar = o ato perde a validade por uma causa que o esvazia, ou em
razão de um fato que lhe retira o objeto.
Nulidade = onde há um vício, embora as consequências sejam idênticas:
deixa de existir a disposição testamentária. Depende de declaração judicial,
enquanto a revogação é ato unilateral.
O testamento é essencialmente revogável.

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É nula a cláusula de renúncia a faculdade de revogar testamento.

Espécies de revogação:
EXPRESSA: dá-se mediante a confecção de novo testamento, onde é
indispensável mencionar a revogação do anterior, ou parte dele. Observa-se a
mesma solenidade pra a celebração (art. 1.969 CC).
TÁCITA: decorre do surgimento de novo testamento, cujos dizeres e o
conteúdo apresentam-se incompatíveis com o anterior. Ante a contradição,
permanece sempre a disposição mais recente.

O simples fato de existir novo testamento não significa que tenha


revogado o anterior. Ambos podem coexistir, desde que não sejam
contraditórios, ou seja, desde que se complementem.

Formas de revogação:
1. Total = revogação pura e simples: declara-se, em novo testamento, a
revogação do anterior, não fazendo qualquer limitação ou reserva.
2. Parcial: limita-se ao tópico atingido – art. 1.970 CC
3. A revogação do testamento de reconhecimento de filho é válida, mas a
declaração de reconhecimento permanece surtindo efeitos.
4. O novo testamento não atinge os legados, pois estes são especificações
dos bens.
5. A superveniência de descendente revoga automaticamente o testamento
– art. 1.973 – este dispositivo pressupõe a inexistência, ou conhecimento,
de qualquer descendente. Situação irrelevante em face do teor do art.
1.974: “rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem
outros herdeiros necessários.”

Efeitos da revogação:
• priva-se o testamento de qualquer eficácia, se total, ou da eficácia na
parte atingida, se parcial;
• passa a vigorar a sucessão (legítima) hereditária, em todos os seus
efeitos.

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Ação para anulação do testamento:
• proposta no juízo do inventário.
• testamento viciado ou com cláusulas proibidas.

LEGADOS
Coisa certa e determinada deixada a alguém via testamento ou codicilo.
a) Legado de coisa alheia – não pode o testador legar coisa certa que não
lhe pertença no momento da abertura da sucessão (art. 1.912).
b) Legado de crédito. Art. 1.918 – trata-se de uma cessão de crédito, em
que o legatário substitui o testador e primitivo credor e pode promover a
respectiva cobrança.
c) Legado de alimentos. Art. 1.920 – engloba o sustento, a cura, o
vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for
menor.

Caducidade dos legados - hipóteses:


• herdeiro ou legatário pré-morto;
• um dos beneficiários recusa sua parte na herança ou abre mão do
legado;
• quando o herdeiro é afastado por qualquer causa de exclusão por
indignidade.

DIREITO DE ACRESCER
Ocorre quando o testador contempla vários beneficiários no testamento,
deixando para todos a mesma herança, em porções não determinadas e um
deles vem a faltar.
Ex. se o testador beneficiar 3 herdeiros e se um deles falecer antes do
testador, a sua parte será acrescida à dos demais.
Consiste no direito de o herdeiro ou legatário também receber,
respeitada o número de contemplados no testamento, a parte que caberia a
um outro herdeiro ou legatário que não pode ou não quis receber sua herança
ou legado.

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O direito de acrescer ocorre, também, no direito das coisas (art. 1.411, CC),
como nos casos em que o usufruto é constituído em favor de duas ou mais
pessoas. Nestes casos, havendo o usufruto simultâneo (e deve estar expresso
no documento), a parte do usufrutuário que falecer, acrescerá ao do sobrevivo.
Ex.: imóvel com usufruto para o casal João e Maria, de forma simultânea (50%
para cada). Neste caso, falecendo João, o usufruto será 100% de Maria.
Este direito de acrescer, no caso do direito sucessório, ocorre apenas na
sucessão testamentária, pois na sucessão legítima o direito de representação
impede a aplicação deste instituto, salvo os casos de direito de renúncia.

Pressupostos:
• Nomeação de vários herdeiros ou legatários na mesma disposição
testamentária;
• Atribuição sem discriminar as porções ou o quantum, no mesmo bem
ou porção de bens.
• A falta ou impossibilidade de herdar de um herdeiro ou legatário
instituído no testamento.
• O testamento não pode ter indicado uma pessoa determinada para que,
na falta do herdeiro ou legatário, receba sua parte – não pode haver
substituto.
• Indivisibilidade do bem, no caso de legados.
• Indeterminação das quotas hereditárias.

Sucessão testamentária:
Se o falecido tiver deixado 10% de seu patrimônio (ou uma casa) para A e
B, a herança será dividida:
Sucessão legítima = 90%
A = 1/3
B = 1/3
C = 1/3 (seus herdeiros receberão por representação).
Sucessão testamentária = 10%
A e B receberão em partes iguais.

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Se um deles não puder receber ou não quiser, como não há especificação
de percentual de cada herdeiro, a parte soma-se ao outro, por direito de
acrescer.
Art. 1.941, CC.

Falecido

C
A B
premorto

D E

Sucessão testamentária:
Se o falecido tiver deixado 10% de seu patrimônio para A e B, tocando 6%
para A e 4% para B, a herança será dividida:
Sucessão legítima = 90%
A = 1/3
B = 1/3
C = 1/3 (seus herdeiros receberão por representação).
Sucessão testamentária = 10%
Se um deles não puder receber ou não quiser, não haverá direito de
acrescer. Receberá apenas a parte indicada na disposição testamentária.

Falecido

C
A B
premorto

D E

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DIREITO DE ACRESCER NOS LEGADOS
Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos co-legatários, quando
nomeados conjuntamente a respeito de uma só coisa, determinada e certa,
ou quando o objeto do legado não puder ser dividido sem risco de
desvalorização.
Ex.: “Deixo o imóvel X para João e Maria”. Se quando o testador falecer,
Maria já tiver falecido, o imóvel X ficará 100% para João.
Quando o testador não dispõe do percentual de cada co-herdeiro,
presume-se que ele desejava que se um faltasse, os demais ficassem com a
herança.
No direito de acrescer, o acréscimo é forçado, pois não pode o
beneficiário (co-herdeiro ou co-legatário) aceitar sua parte e renunciar ao
direito de acrescer – art. 1.945.
Art. 1.943, § único - os co-herdeiros ou co-legatários, aos quais acresceu
o quinhão daquele que não quis ou não pode suceder, ficam sujeitos às
obrigações ou encargos que o oneravam.
Neste caso, nos termos do art. 1.945, segunda parte (salvo se o acréscimo
comportar encargos especiais impostos pelo testador), poderá haver a
renúncia do acréscimo.
Ex.: Deixo o imóvel X para João e Pedro. Pedro terá o encargo de cuidar
dos meus gatos até que morram, alimentando-os e deixando que sigam
dormindo dentro da residência.
Se Pedro falecer antes do testador, a parte dele acresce à de João. No
entanto, como o acréscimo traz um encargo especial para João que,
originariamente não existia, ele poderá recusar o acréscimo.

Legado de usufruto – art. 1.946


Usufruto = direito de usar e gozar da coisa por certo tempo ou
vitaliciamente.
O testador pode instituir o exercício do usufruto sobre um bem em favor
de duas ou mais pessoas. Se não houver a especificação das quotas, haverá
direito de acrescer o usufruto.
Ex.: deixo o usufruto do imóvel X para João e Maria. Se Maria falecer antes
do testador, João ficará com usufruto sobre 100% do imóvel.

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Ex.: deixo o usufruto do imóvel X para João e Maria, no percentual de 50%
para cada um. Neste caso, falecendo Maria, João ficará com usufruto apenas
sobre 50%. O restante do usufruto ficará nas mãos do nu-proprietário.

Substituição testamentária
É a disposição testamentária na qual o testador chama uma pessoa para
receber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após o
herdeiro ou legatário nomeado em primeiro lugar, ou seja, quando a vocação
deste ou daquele cessar por qualquer causa. Assim, na substituição já consta
do testamento quem será o herdeiro a ser chamado em segundo lugar.
Art. 1.947
Ex.: Nomeia Fulana sua herdeira. Que, se ela falecer, Beltrano receberá
em seu lugar.

A substituição pode ser vulgar, recíproca ou fideicomissária.


A substituição vulgar pode ser:
• Simples ou singular, um só substituto para um ou muitos herdeiros
instituídos (art. 1.947)
• Coletiva ou plural, quando há mais de um substituto a ser chamado
simultaneamente (art. 1.948)
• Recíproca, quando são nomeados dois ou mais beneficiários,
estabelecendo que reciprocamente se substituam. Neste caso, os herdeiros
recolherão a cota do que faltar (art. 1.950)

Exemplo: João deixa, por meio de testamento, um legado a Paulo,


estabelecendo que, caso o legatário não queira ou não possa receber o legado,
este ficará com André. SIMPLES.
Exemplo: João, mediante testamento, deixa determinado quinhão de
sua herança a Beatriz e Carolina, estabelecendo que, se as mesmas não
quiserem ou não puderem recebê-la, ficará com Cristina. PLURAL
Exemplo: Paulo, por testamento, deixa um automóvel para André e uma
casa para Maria, estabelecendo que um é substituto do outro. Caso André
não queira ou não possa receber o legado, este fica com a sua substituta,

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Maria. O mesmo ocorre se Maria não quiser ou não puder receber o legado
que ficará com seu substituto, André. RECÍPROCO.
Na substituição recíproca, havendo cordeiros ou legatários de partes
desiguais, a proporção dos quinhões fixada na primeira disposição entender-
se-á mantida na segunda.
Exemplo: Paulo, por testamento, estabelece como seus herdeiros: Carlos,
a quem deixa 1/6 da herança; Ademir, a quem deixa 2/6; e Joana, a quem deixa
3/6. Paulo estabelece a substituição recíproca entre os herdeiros.
Suponhamos que Joana não queira receber sua parte. Serão chamados os
seus substitutos Carlos e Admir. Como então será dividida a parte de Joana?
Como Ademir herdou o dobro de Carlos, esta proporção será observada
quanto à divisão da parte que cabia à Joana.
Ainda na substituição recíproca, pode o testador incluir entre os
substitutos uma pessoa nova, que nada adquiriu por herança ou legado.
Assim, no exemplo acima, suponhamos que Paulo, em seu testamento,
tenha determinado que, caso um de seus herdeiros não pudesse ou não
quisesse receber a herança, ela ficaria com os outros herdeiros e também com
Gabriela, que seria herdeira testamentária. Neste caso, o quinhão vago será
dividido de forma igual entre os substitutos, na medida em que com a
inclusão de nova pessoa não há mais como se observar as proporções
estabelecidas pelo testador.

Fideicomisso – art. 1.951 e ss.


Trata-se das situações nas quais o testador estabelece um beneficiário,
mas com a incumbência de, após, por sua morte, ou em vida, transmitir o bem
a outra pessoa, inclusive sob certa condição.
Existem três figuras:
• Fideicomitente – o instituidor, testador, doador;
• Fiduciário (ou gravado) – que recebe o bem para, após, efetuar a
transmissão;
• Fideicomissário (ou substituto) – pessoa que recebe o bem quando da
morte do fiduciário – art. 1.952 – ao tempo da morte do testador não pode
estar viva (se estiver, recebe a propriedade).

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A disposição testamentária deve indicar o tempo do fideicomisso: se
vitalício (até a morte do fiduciário) ou a termo (prefixado pelo testador).
Exemplo: João (testador – fideicomitente), por meio de testamento,
deixa um determinado bem para Fernando (fiduciário), estabelecendo que
quando este morrer aquele bem deverá ser transmitido para o primeiro filho
deste (fideicomissário).
Exemplo: João (testador – fideicomitente), por meio de testamento,
deixa um determinado bem para Fernando (fiduciário), estabelecendo que
quando o primeiro filho deste (fideicomissário) completar dezoito anos
(termo), deverá adquiri-lo.
Art. 1.952 – A substituição fideicomissária só se permite em favor
daqueles que não foram concebidos ao tempo da morte do testador.
Se ao tempo da morte do testador já tenha nascido o fideicomissário,
este desde logo adquire a propriedade dos bens fideicomitidos, convertendo-
se em usufruto o direito do fiduciário.
Art. 1.958 – O fideicomisso caduca se o fideicomissário morrer antes do
fiduciário, ou antes de realizar-se a condição resolutória do direito deste
último. Nesse caso, a propriedade se consolida nas mão do fiduciário.
Art. 1.959 – Não se permite fideicomisso além do segundo grau.
É proibido o fideicomisso sucessivo, ou seja, não pode o testador deixar o
bem para A, com o dever de, com sua morte, transmitir para B e este, para C.
A cláusula não será totalmente nula. Quando A falecer, B adquirirá a
propriedade do bem.

Reduções testamentárias:
Art. 1.967 e art. 1.968/CC
Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção
disponível, será proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou
herdeiros instituídos, até onde bastem, e, não bastando, também os legados,
na proporção de seu valor.

Ordem:
1. herdeiro instituído (ou proporcionalmente, se houver mais de um);
2. legatário, na proporção do seu valor;

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3. redução das doações (começando pela mais nova ou
proporcionalmente se forem na mesma data).
Ex. Se alguém tem 2 filhos faz uma disposição a favor de um no
montante de 60%, a redução ocorre em 10%.
Se o testador, prevenindo o caso de redução, dispuser que se inteirem,
de preferência, certos herdeiros ou legatários, a redução far-se-á nos outros
quinhões ou legados, observando-se ao seu respeito a ordem estabelecida na
regra anterior.
Ex. Bens 70mil reais. Deu 20 mil a um amigo e 50 mil a um sobrinho. Tem
filho, reserva da legítima. Desconta, visto que mencionou, primeiro do
sobrinho.
Art. 1.966, CC
Redução de Disposições Testamentárias

Autor da herança testa Autor da herança testa


Sabendo da existência de Sem saber existência de herdeiro
herdeiro necessário necessário
Autor da herança ultrapassa o Herdeiro necessário aparece
limite da liberdade de dispor após testamento
Autor da herança falece Autor da herança falece
TESTAMENTO É CUMPRIDO = TESTAMENTO NÃO É CUMPRIDO
mas com redução das = rompe-se

Rompimento de Testamento
disposições ao limite da parte Sucessão será exclusivamente
disponível legítima
Sucessão será legítima – 50% e
testamentária – 50%
Art. 1.973, CC

TESTAMENTEIRO
Testamenteiro = executor do testamento.
• Conjunto: quando a atuação é conjunta, cumulando funções
• Separado: quando o exercício da testamentaria é feito uns em falta dos
outros

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Testamentaria – conjunto de funções que são realizadas pelo
testamenteiro, o completo de direitos e obrigações.
Não é múnus público. É privado.
• Instituído: quando o testador o nomeia
• Dativo: quando não havendo testamenteiro nomeado ou, se o nomeado
recusar a testamentaria, o juiz nomeia alguém para o encargo – art. 735,
§ 4.º, CPC/2015.
• Testamenteiro universal: a quem se confere a posse e a administração
da herança ou de parte dela.
• Testamenteiro particular: não desfruta do direito de posse ou
administração da herança por não tê-los ou por tê-los perdido.

A pessoa que é nomeada testamenteira pode aceitar ou não o encargo.


1.979 – Registro do testamento – como o testamenteiro é o detentor (em
regra) do testamento, a ele incumbe (compete/pode) levá-lo a registro.
1.980 – Obrigação do Testamenteiro:
1. apresentar o testamento em juízo para o registro.
2. depois de registrado o testamento, dar cumprimento, ou seja, executar
as disposições nele constantes – prazo – 180 dias.
• 1.984 – Na ausência de nomeação de testamenteiro, a execução
testamentária, compete a um dos cônjuges ou herdeiro nomeado
pelo juiz.
3. defender a validade do testamento – art. 1.981, CC
4. exercer as funções de inventariante, se estiver na posse e na
administração da herança ou se não houver cônjuge, nem herdeiros
necessários.
5. prestar contas – art. 1.980.
1.985 - o encargo não se transmite aos herdeiros do testamenteiro. É
encargo pessoal indelegável. O testamenteiro pode fazer-se representar em
juízo por procurador (1.985) e mandatário (1.764)

Remuneração do testamenteiro: a testamentaria é função


remunerada. O testamenteiro tem direito a receber um prêmio ou vintena
pelos serviços prestados.

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1.987 - Direito ao prêmio – Vintena – de 1 a 5% sobre a herança líquida.
Herdeiro ou legatário não recebe a gratificação.
1.988 - o herdeiro ou legatário nomeado testamenteiro pode escolher o
prêmio (1 a 5%) ou a herança ou legado (o que lhe for mais favorável).
O herdeiro a que o art. 1.988 refere-se é o herdeiro instituído ou o
legatário e não o herdeiro necessário. No caso de herdeiro necessário
nomeado testamenteiro, terá direito a receber o prêmio, pois não é obrigado
a exercer gratuitamente o encargo.
O pagamento da vintena deve ser feito em dinheiro, não sendo admitida
a adjudicação de bens para pagamento, salvo se for o meeiro (art. 1.139, CPC).
1.989 - Perda do prêmio:
• quando faz despesas ilegais;
• quando é negligente ou prevaricador;
• quando não inventariar os bens (por culpa). O novo testamenteiro
receberá o prêmio.

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