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Sucessão dos colaterais

Tal categoria está enquadrada na quarta posição na ordem da vocação


hereditária, assim, é entendido que caso não haja algum cônjuge sobrevivente,
prevalecerá o disposto no art. 1.830 do Código Civil:

Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge


sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados
judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova,
neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do
sobrevivente.

E consonantemente, o determinado pelo art. 1839 do Código Civil:

Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições


estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o
quarto grau.

Assim, pelo Decreto-Lei n. 9.461, de 15 de julho de 1946, se estabelece somente


a possibilidade até o quarto grau, em linha transversal, para ordem de vocação
hereditária. Tal medida busca a mesma vertente moderna enquadrada nos direitos das
sucessões, buscando cada vez mais uma maior limitação da vocação dos colaterais e
assim, atingindo uma correspondência cada vez mais precisa.

Vale destacar o fato que busca a exclusão da sucessão entre os colaterais por
proximidade, previsto no art. 1840 do Código Civil:

Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os


mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de
irmãos.

Ex.: Irmãos excluem tios

Porém, o princípio proximior excludit remotiorem abre a exceção de tal, no


acontecimento em benefício dos sobrinhos (terceiro grau) que representam o pai
premorto.
Ex: de cujus deixa um irmão, um sobrinho do irmão premorto e quatro
sobrinhos do terceiro irmão já falecido, tal herança será repartida em três partes
semelhantes resultada de três estirpes. E consequentemente, será repartida proporcional
para as partes correspondentes à cada irmão.

Contudo, torna-se indispensável destacar o fato de que sobrinhos-netos, no caso


do falecimento dos sobrinhos, estes não herdam por motivo do disposto no referido
artigo, havendo a exclusão na sucessão de parentes mais distantes.

É estabelecido pelo STJ em agravo regimental:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS


DECLARATÓRIOS. PRETENSÃO DE EFEITOS INFRINGENTES.
VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, I E II, DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA.
FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA N. 284/STF. 1. Na classe
colateral, apenas os sobrinhos herdam por representação, sendo que, nas
demais situações, aqueles que se encontrarem em grau de parentesco mais
próximo herdarão, excluindo o direito de representação dos mais distantes.
2. Os parentes colaterais de 4º grau só são chamados a suceder por direito
próprio, mas não por representação, ou seja, só herdam se o falecido não
tiver deixado nenhum colateral de 3º grau. 3. Agravo regimental provido
para dar parcial provimento ao recurso especial.(STJ - AgRg no REsp:
950301 SP 2007/0108527-7, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, Data de Julgamento: 22/06/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 01/07/2010)

Realçando o fato de que primos são considerados parentes em 4º grau, não


podendo representar sua mãe ou pai, sendo excluídos da sucessão por não concorrer
com os tios, parentes de 3º grau colateral.

Ademais, nota-se que entre irmãos, há regimentos específicos em se tratando de


sucessão. Com relação a isto, é evidenciado a diferenciação dos herdeiros bilaterais e
dos herdeiros unilaterais, previsto no art. 1841 do Código Civil:

Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais


com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um
daqueles herdar.
Ex.: No caso dos autos, existindo dois irmãos bilaterais e quatro irmãs
unilaterais, a herança divide-se em oito partes, sendo quatro oitavos para os irmãos
germano e um oitavo para cada irmã unilateral, totalizando para elas 50% do patrimônio
deixado pelo irmão unilateral falecido.

Estabelece o art. 1842 do Código Civil o caso da não concorrência de irmãos


bilaterais, dispondo:

Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão,


em partes iguais, os unilaterais.

Consequentemente com o exposto, é compreendido que a lógica desta norma é


aplicada no caso de haver somente irmãos bilaterais.

Outrossim, é considerado a preferência da sucessão aos sobrinhos, mesmo que


sobrinhos e tios estejam na mesma linha colateral de terceiro grau, demonstrado no art.
1843 do Código Civil:

Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os


havendo, os tios.

§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos,


herdarão por cabeça.
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos
unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um
daqueles.
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos
unilaterais, herdarão por igual.

Salienta-se as especificações presentes nos parágrafos que regulamentam neste


caso, a repartição na sucessão. Além disto, no caso de haver irmãos bilaterais e irmãos
unilaterais, atribui-se na divisão o peso dois para os bilaterais, e peso um para os
unilaterais, no que se refere à divisão dos bens.

No caso de não existir sobrinho, os tios do finado têm a preferência, depois os


primos-irmãos, sobrinhos-netos e tios-avós, que são parentes colaterais em quarto grau.
Pelo fato de não haver representação, todos decorrem por direito próprio, herdando
todos semelhantemente, sem alguma diferenciação. Por fim, é de imprescindível
importância destacar o fato de que os herdeiros colaterais citados são herdeiros
legítimos, conforme art. 1829 inciso IV do Código Civil, contudo, não são herdeiros
necessários, disposto no art. 1845 do Código Civil. Devido a isso, pode haver a
exclusão destes pelo autor da herança, desde que declarado através do testamento,
transmitindo seu espólio sem os beneficiar, tendo tal possibilidade corroborada pelo art.
1850 do Código Civil:

Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta


que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.

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