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Fenómeno sucessório
Na realidade, se com a morte cessam todos direitos e obrigações de que era titular o
falecido, teremos que as suas dívidas e os seus créditos se extinguiriam, que o direito de
propriedade também se extinguiram, que o direito de propriedade também se
extinguiria, e que os seus bens moveis passariam a constituir verdadeiras res nullius
Ora, manifestamente que tal situação provocaria elevada insegurança a incerteza socio-
juridico no mundo das relações entre as pessoas.
Se aceite que eles se extinguem ou possam extinguir – se com a morte do seu titular,
como e o caso dos direitos de personalidade, do casamento, da pensão vitalícia e do
usufruto, ja mesmo, não se compreenderia que acontecesse em relação a direitos, que
não se encontrem incindivelmente ligados a pessoa do falecido.
A expressão sucessão pode ser usada para exprimir situações diversas no sentido mais
amplo e vulgar esta palavra traduz a conexão existente entre dois ou mais momentos ou
entre acontecimentos separados no espaço e no tempo, mas que se interligam entre si.
Assim, existindo factos que ocorrem em ocasiões distintos e se seguem uns aos outros,
numa sequência lógica e natural, pode – se dizer que estamos perante uma sucessão de
factos.
Pode se dizer que no sentido etimológico de palavra e bastante amplo, o termo sucessão
exprime uma relação de continuidade de factos ou de coisas.
Em sentido amplo e vulgar, por sucessão pode designar – se a relação existente entre um
prius e um posteriuus.
No domínio da ciência jurídica, que é o direito, não podemos nem devemos pautar por
conceitos tao amplos, sob pena de se perder a precisão e o rigor técnico, que é
característico do direito.
Dai que se possa entender por sucessão a vinda de uma pessoa ou de uma coisa para se
colocar no lugar ou na posição que era assumida por outra, investindo – se na mesma
posição jurídica que aquela detinha. Este conceito é uma noção menos ampla, na
medida em que se circunscreve tao só a uma certa espécie de situações.
Para Pereira Coelho, diz que há um fenómeno de sucessão sempre que uma pessoa
assume, numa relação jurídica que se mantem idêntica, a mesma posição que era
ocupada por outra pessoa. O conceito é amplo, visto que quando se vende o doa um
determinado bem, verifica – se uma sucessão de pessoas jurídicas relativamente sobre o
bem.
Assi sendo sucessão como fenómeno de substituição de uma pessoa viva nas relações
jurídicas-patrimoniais de que era titular uma pessoa falecida. Este e o conceito de
sucessão de pessoas, em sentido jurídico restrito.
Por um lado para que se verifique a sucessão, nos termos indicados, necessário se torna
pressupor que não extingue a relação jurídica ou o direito, que e objecto da sucessão.
Por outro lado, igualmente se impõe, como pressuposto, que o direito ou relação
jurídica, objecto da sucessão, se mantem idêntico, independentemente do facto de se ter
operado uma modificação dos sujeitos.
Uma boa verdade, existem correntes doutrinários que entendem que o direito
subjectivo se liga indissoluvelmente a certo sujeito, o seu titular, e que uma vez
desaparecido o direito se extingue. Deste modo, para esta corrente não pode haver
sucessão de direitos.
Por outro lado, outros autores consideram o direito subjectivo como um poder jurídico
objectivo e abstracto e, como tal, perfeitamente susceptível de poder ser transmitido, por
vontade do próprio sujeito ou por forca da lei.
Para esta corrente doutrinaria em principio o direito subjectivo pode continuar a existir
para alem da morte do seu titular e vir a ingressar na esfera jurídica de um outro sujeito
mantendo – se esse direito inalterável. Porem de acordo com esta corrente uma restrição
surge a possibilidade da sucessão de direitos subjectivos.
Ela ocorre sempre que se trate de direitos incidiveis, ou seja sempre que pela sua
natureza ou pelo seu fim o direito esteja intima e indissoluvelmente ligado a sua
determinada pessoa, como será o caso de pensão vitalícia de que fosse titular o
falecido ou do usufruto de herança de que era titular o cônjuge sobrevivo. Neste
caso, porque se trata de direitos que se acham insensivelmente ligados ao seu titular, já
se compreende que eles se extinguem pela sua morte.
Duas perspectivas são perfilhadas pelo prof. Pereira Coelho, a primeira perspectiva
pode entender – se os sujeitos como elementos que se mantem estáticos na transmissão
Existem doações por morte, quando a morte do doador for causa da transmissão dos
bens. Antes da morte do doador a doação não produz quaisquer efeitos e o donatário não
possui nenhuns direitos sobre os bens doados
Doação com reserva de usufruto (artigo 958 CC), esta figura não causa dificuldades
maiores na sua percepção, porquanto nos deixa compreender perfeitamente que o
donatário adquire a sua propriedade dos bens doados, e não a propriedade plena. Porque
existem direitos que o donatário adquire imediatamente, como o direito de disposição
sobre o bem ou o direito de oneração, pode afirmar – se, claramente que se trata de
doação em vida.
Doação com reserva do direito de dispor (artigo 959), o doador se atribui o poder de
dispor, no futuro, de algum ou de algumas partes do bem ou bens doados, ficando o
donatário, como consequência com o direito de propriedade restringido, em ressoltado
da condição resolutivas, traduzida pela reserva.
Pelo exposto, sendo certo que, de imediato, o donatário adquire direitos sobre o bem ou
bens doados, ainda que limitados, duvidas não poderão subsistir de que esta em
presença da figura de doação em vida
Doação cum murial, esta traduz – se no facto de alguém doar certo ou certos bens a
outrem, na condição desses bens so se transferirem para o donatário, apos a morte do
doador. E, como se pode ver claramente, mais uma vez se esta perante situação de
doação em vida, na medida em que com a realização do negocio jurídico, que e a
doação, o donatário adquire, desde logo, direitos a coisa, embora a termo.
Doação si praemorial , o doador estabelece que a doação produz efeitos, quando ele
falecer e se o donatário lhe sobreviver. Para Pires de Lima e Antunes Varela e doação
por morte e, como tal, proibida por lei, em conformidade com o preceituado pelo artigo
946 do CC.
Para estes autores esta se em presença de verdadeira doação por morte tendo em conta
com os seus efeitos só se produzem com a morte do doador.
Para pereira Coelho, trata – se de doação condicional, a que vai acoplado um termo. A
condição e a sobrevivência do donatário e o termo e o falecimento do doador. Ademais
o donatário adquire direitos de que já pode dispor em vida do doador, como se retira do
disposto pelo artigo 274 do CC.
Outra excepção ao princípio da proibição dos pactos sucessórios pode ser encontrado no
número 2 do artigo 1700 do citado diploma legal.
No caso da doação partilha, não se esta em presença de pacto sucessório, mas perante
autentica doação entre vivos, por imposição expressa da lei.
Excepções na 2ª alínea do citado preceito dispõe que são permitidos os pactos sobre
sucessão aberta ou não de um dos contraentes. Seguintes casos
A doutrina considera duas espécies de sucessão por morte a sucessão legal e a sucessão
voluntaria, a diferença entre uma da outra assenta no facto da primeira decorrer duma
norma legal e a segunda resultar de acordo de vontade do autor da sucessão.
Por sua vez a sucessão voluntaria que tem origem um negocio jurídico, subdivide – se
em : sucessão contratual e testamental.
A sucessão testamental esta previsto nos artigos 2179 a 2334 enquanto que a sucessão
contratual acham – se consagrados no artigo 2028 do CC
Do número 1 do citado preceito legal retira- se que a sucessão contratual tem lugar
quando, por contrato, alguém renuncia a sucessão de pessoa viva ou dispõe da sua
própria sucessão, ou da sucessão de terceiro ainda não aberta. O numero 2 prevê que
apenas admitem os contratos sucessórios, nos casos previsto na lei, pelo que os
restantes serão considerados nulos, sem prejuízo do que se prevê no numero 2 do artigo
946 do CC.
Herança e legado
Quota – deve ser entendida como quota ideal ou abstracta, isto e uma quota parte
abstracta do todo que e afinal de contas a herança.
Qualificação de herdeiro
Caso em que o de cujus deixa alguém a totalidade dos bens que compõem a herança ou
a situação em que o falecido deixa a outrem metade, um quinto ou um oitavo do seu
património. A deixa a B os seus bens; C deixa a D ½ dos bens que integram o seu
património.
Pode acontecer que o difundo deixe a outrem uma parte ou uma fracção aritmética, que
adicionadas não perfazem a unidade, ou seja, que não cabem no todo um número exacto
de vezes (ex. 3/5, 2/3/ 40%). Não se deixa de estar perante situação de quota abstracta
da herança, que se expressa no facto de existir indeterminação, quando aos bens que
integram cada uma daquelas fracção aritmética.
Para os três casos apresentados existe indeterminação relativamente aos bens deixado
pelo autor da sucessão, inequivocamente que se terão de qualificar tais situações como
herança.
Herança ex re certa
Ex. A deixa a B todos os seus bens moveis e a C todos os seus bens imoveis; A deixa
a B e C todos os seus bens imoveis e a D e E todos os seus bens moveis.
em caso desta natureza, como compreender a posição de B e C Ou de B, C, D, e E?
Dos exemplos acima apresentados ressalta que o fundamental nesta questão, consiste
sempre em saber qual teria sido a vontade do autor da sucessão.
Dai que a solução correta tenha de ser encontrada através de um critério interpretativo
do acto de disposição praticado pelo de cujos. É a via que que nos aponta a lei, no artigo
2187, numero 1
Assim sendo, primeiro lugar há que verificar qual foi a vontade real do autor da
sucessão, face ao texto do testamento.
Se, por exemplo o testador indica que pretendia deixar a B somente os bens os bens
moveis e a C os bens imoveis, claramente que nos deparemos com o caso, em que
ambos são legatários.
Se assim for ainda é possível o recurso a outro tipo de demonstração a que se obtém
através da chamada prova complementar, como sejam cartas confidenciais feitas a
terceiros ou qualquer outra espécie de referências.
Caso não se torne possível chegar a uma conclusão, através quer de testamento em si
mesmo, quer de prova complementar segundo pereira coelho que desde que o de cujus
haja disposto de todos os bens B e C seriam considerados herdeiros uma vez que
dispusera de todos os seus bens.
Qualificação do legado
O A deixa a B bens determinados e especificados, ou seja não lhe quis atribuir uma
quota do seu património, no sentido de que a lei prevê, no nº 2 do artigo 2030do C;
A deixa a B, por testamento a manada de gado que possui, ou sua biblioteca, u então sua
discoteca, para se encontrar a resposta adequada para esta questão, importa ter presente
o conceito de universalidade de facto ou de coisa composta, que se encontra consagrado
no artigo 206 do Código Civil.
Assim sendo C será chamado a sucessão de B só pelos bens que integram o património
autónomo, isto porque o referido património é composto por um conjunto
individualizado de bens enquanto unidade jurídica, já que não se pode confundir com o
património do herdeiro, neste caso B e por outro lado porque a intenção de B fora de
deixar a C apenas esses bens, com exclusão de todos os demais.
A no seu testamento, dispõe apenas dos seus bens móveis a favor de B; ou que a no
testamento só dispõe dos seus imóveis atribuindo –os a B. No nº 2 do artigo 2030do CC,
não se pode afirmar que a totalidade dos bens moveis ou bens imóveis constitui quota
da herança. Sempre que se terá inferir que Ao dispor do seu património, do modo como
fez, pretendeu atribuir a B tão somente a totalidade dos seus moveis ou dos seus bens
imóveis, e nada mais do que isso. Portanto exclui –o do restante do património.
Para Galvão Talles, a estrutura da herança e legado é a mesma que aquisição. Para
outros autores defendem o ponto de vista de que a sucessão não é o mesmo que
transmissão ou aquisição, herança e legado tem de ser entendidas como figuras
juridicamente distintas, no que toca a estrutura. Para Coelho quanto a estrutura a
herança é sucessão e quanto que legado é aquisição.
Uns autores defendem que embora o resultado final a que eventualmente, se chegue
possa a ser idêntico, a posição de partida sempre terá sido diferente, na medida em que a
herança se liga ao sistema de sucessão pessoal, enquanto para outros pelo contrario a
herança se liga ao sistema de sucessão patrimonial.
Para Galvão tales tanto o herdeiro como o legatário são adquirentes do património,
a diferença cinge se numa universalidade patrimonial e de uma singularidade,
respectivamente. E quanto a função é a continuidade dessa unidade.
Para Pereira Coelho, entende que á herança esta reservado um interesse objectivo, que
se destina a dar continuidade as relações que devam perdurar para além da morte do seu
titular. Pois para as duas correntes a herança tem por finalidade dar continuidade a
direitos ou relações jurídicas.
Estas figuras são tratados de mesmo modo designadamente no que tange a caducidade
da instituição de herdeiro e da nomeação do legatário sucessão da posse, situações essas
que se acham regulado respectivamente, nos artigos 2318º e 1255 do CC
São diferentes no que tange a direito de exigir a partiha artigo nº 1 do artigo 2101,
confirmado pelo nº 2 do artigo 1326, pelo contrario com mos legatários esta situação
não se coloca, tendo em conta que estes desde o inicio do fenómeno sucessório,
conhecem bens que concretamente, lhes foram atribuídos porquanto se trata de bens
certos determinados.
O legatário não responde pelos encargos da herança, mas antes pelos encargos do
legado, com excepção do artigo 2227 seg. do CC