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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA (ISMU)-MAPUTO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO, EDIÇÃO 2021-2022


DIREITO DAS SUCESSÕES
Maputo, 12 /08/2022
Tema 1: 1.Conceito de Sucessão: sentido vulgar e sentido
técnico. 2. Sucessão e aquisição translativa. 3. Distinção
entre sucessão e transmissão. 4. Noção legal de sucessão.
5. Sucessão em vida e sucessão por morte

Tempo: 2 horas

Objectivo: dar a conhecer aos Licenciandos o conceito de


sucessão em sentido jurídico amplo e em sentido jurídico
restrito

Método: expositivo, debate e esclarecimento de dúvidas

Docente: Prof. Doutor Rodrigues Lapucheque, Coronel de


Infantaria Motorizada
1. Conceito de Sucessão: sentido vulgar e sentido técnico

1. sentido vulgar e sentido técnico


A expressão sucessão pode ser usada exprimir situações diversas.
No sentido mais amplo ou vulgar esta palavra traduz a ligação
existente entre dois ou mais momentos ou entre acontecimentos
separados no espaço e no tempo, mas que se interligam entre si.
Assim, existindo factos que ocorrem em ocasiões distintas e se
seguem uns aos outros, numa sequência lógica e natural, pose-se
dizer que estamos perante uma sucessão de factos.
A expressão de uma ideia também não será mais do que a produção
de uma sucessão lógica de palavras, que reflectem um exercício de
raciocínio.
Consequentemente, podemos dizer que, no sentido etimológico da
palavra, e amplo, o termo sucessão exprime uma relação de
continuidade de factos ou de coisas. Ele traduz e reflecte uma
sequência dos mesmos factos ou coisas no tempo e no espaço,
registando-se uma relação entre eles.
Como resultado que se possa falar de sucessão de factos, sempre
que uns se seguem aos outros, ou seja, logo que se verifica que um
facto se coloca no lugar dum outro, obedecendo a uma clara e
coerente sequência no espaço e no tempo.
1.Conceito de Sucessão: sentido vulgar e sentido técnico
(Cont.2)
Em conclusão, no sentido amplo e vulgar, por sucessão pode designar-se a
relação existente entre um prius e um posterius.

Porém, na ciência jurídica, que é o direito, não nos podemos nem devemos
pautar por conceitos tão amplos, sob pena de se perder a precisão e o rigor
técnico, que é característico do direito.

Assim, em rigor, a expressão sucessão, no sentido técnico-jurídico, deve


possuir um significado menos amplo.

Na realidae, na etimologia jurídica e ainda num sentido genérico, sucessão


significa a substituição de uma pessoa por outra ou substituição de uma
coisa por outra.

Daí que entendemos por sucessão a vinda de uma pessoa ou de uma coisa,
para se colocar no lugar ou na posição que era assumida por outra,
investindo-se na mesma posição jurídica que aquela ocupava.

O Prof. Pereira Coelho, apresenta da seguinte forma, a noção jurídica de


sucessão: “Há um fenómeno de sucessão sempre que uma pessoa assume,
numa relação jurídica que se mantém idêntica, a mesma posição que era
ocupada por outra pessoa”.
1. Conceito de Sucessão: sentido vulgar e sentido técnico
(Cont.3)

Sucessão em sentido jurídico restrito


Sucessão é um fenómeno de substituição de uma pessoa viva
nas relações jurídico-patrimoniais de que era titular uma pessoa
falecida.
Este conceito de sucessão de pessoas, em sentido jurídico
restrito, corresponde ao conceito de sucessão mortis causa.

Finalmente, Direito das Sucessões é o conjunto de normas que


disciplinam a transferência do patrimônio (activo e passivo –
créditos e débitos) de alguém, depois da sua morte, em virtude
de lei ou testamento. Está regulado nos arts. 1.784 a 2.027 CC.
A Constituição Federal assegura o direito de herança (artigo 5º,
XXX).
O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada
ou não com o direito de família.
2. Sucessão e aquisição translativa

A definição de sucessão mortis causa que atrás analisamos,


ressalta a existência de dois aspectos fundamentais no referido
conceito.
Por um lado para que se verifique a sucessão, nos termos
indicados, é necessário pressupor que não se extingue a relação
jurídica ou o direito, que é objecto da sucessão.
Por outro lado, impõe-se, como pressuposto, que o direito ou a
relação jurídica, objecto da sucessão, se mantém idêntico,
independentemente do facto de ter havido uma modificação dos
sujeitos.

Estas são questões amplamente debatidas pela doutrina.


Existem correntes doutrinais que entendem que o direito
sujectivo se liga indissoluvelmente a certo sujeito, o seu titular,
e que uma vez este desaparecido o direito se extingue.
Deste modo, para estas correntes, não poderá haver sucessão
de direitos.
2. Sucessão e aquisição translativa (Cont.2)

Por outro lado, outros autores consideram o direito subjectivo


como um poder jurídico objectivo e abstracto e, como tal,
perfeitamente susceptível de poder ser transmitido, por vontade do
próprio sujeito ou por força da lei.
Para esta corrente doutrinária, em princípio, o direito subjectivo
pode continuar a existir para além da morte do seu titular e vir a
ingressar na esfera jurídica de um outro sujeito, mantendo-se esse
direito inalterável.
Porém, de acordo com esta corrente, uma restrição surge à
possibilidade da sucessão de direito subjectivos.
Ela ocorre sempre que se trate de direitos inseparáveis, ou seja,
sempre que, pela sua natureza ou pelo seu fim, o direito esteja
íntima e indissoluvelmente ligado a uma determinada pessoa,
como será o caso da pensão vitalícia de que fosse titular o falecido
ou do usufruto de herança de que era titular o cônjuge sobrevivo.
Neste caso, porque se trata de direitos inseparavelmente ligados
ao seu titular, já se compreende que eles se extingam pela sua
morte.
2. Sucessão e aquisição translativa (Cont.3)

Prosseguindo a abordagem da corrente doutrinária que


considera possível a sucessão de direitos, importa verificar
como é que este direito transita da esfera jurídica do anterior
sujeito para a do novo titular.
Como é sabido a doutrina em geral considera que a aquisição
de um direito se pode efectuar de forma originária ou por forma
derivada, podendo esta última revestir as formas constitutiva,
restitutiva ou translativa.
Vamos ver, de seguida, se sucessão nos direitos e qualquer
daquelas formas de aquisição de direitos será a mesma coisa ou
eventualmente, se confundem.
Tendo em conta o conceito de aquisição originária de direitos,
de modo algum se poderá afirmar que ela se confunde com
sucessão nos direitos, uma vez que, por lei, nesta (a sucessão)
o direito se mantém idêntico ao do anterior titular, ao passo
que naquela (a aquisição originária) o direito do adquirente
constitui um direito novo, que não depende do direito do
anterior titular, mas sim do facto aquisitivo.
3. Distinção entre sucessão e transmissão
4. Noção legal de sucessão
5. Sucessão em vida e sucessão por morte
BIBLIOGRAFIA

SACRAMENTO, Luís Filipe, AMARAL, Aires José Mota do, Direito das Sucessões,
Livraria Universitária, Universidade Euardo Mondlane, Maputo, 1997
FRANKLIN, Samuel, Montes Claros

SITES:
https://samuelfranklin.jusbrasil.com.br/artigos/588658998/resumo-
completo-de-direito-das-sucessoes, consultado: 11/08/2022

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