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MUSASHI DEFENSORIA PtiBLICA DA UNIÃO


RODADA #01 (GABARITO)1

INÍCIO: TÉRMINO: APROVEITAMENTO: /33

FILOSOFIA DO DIREITO

Conceito e tarefa da filosofia do direito. A estrutura do Direito. Teoria da norma jurídica.


Interpretação do Direito.

Physis x Nomos

1. GABARITO: 1-B; 2-A.

2. O direito é uma ferramenta de consecução da Justiça. Porém, (sempre/nem sempre) direito e


justiça caminham juntos.

3. GABARITO: E
A) Prescrição é a fulminação de uma pretensão jurídica pelo decurso de um prazo aliado à
inércia do titular dessa pretensão. Por exemplo, de acordo com o art. 206, parágrafo 3º, inciso
V, do Código Civil, uma pessoa possui o prazo de três anos para reivindicar judicialmente a
reparação por um dano. Decorrido tal prazo sem o ajuizamento da ação e inexistindo uma
causa impeditiva ou suspensiva da prescrição, será inviável o ajuizamento da ação, ainda que
o indivíduo possua razão e prescrição se revele injusta.
B) De acordo com o art. 6º, par. 3º, da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB),
coisa julgada ou caso julgado é “a decisão judicial de que já não caiba recurso”. Assim, ainda
que a decisão seja injusta, ela não poderá mais ser alterada, exceto em caso de ação
rescisória (que estudaremos oportunamente, mas que só é cabível em casos excepcionais).
C) Direito adquirido consiste nos “direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,
como aqueles cujo começo do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem” (LINDB, art. 6º, par. 2º). Prioriza-se a segurança jurídica, a
estabilidade das relações. Nosso direito adotou a teoria do direito adquirido de Carlo
Francesco Gabba, isso é, considera-se adquirido não apenas o direito cujas condições de
aquisição já tenham sido reunidas e o direito esteja sendo efetivamente exercido (por
exemplo, alguém que está aposentado, uma vez reunidas as condições para o exercício do
direito à aposentadoria), como também aqueles direitos cujas condições já se encontram
preenchidas mas cujo exercício ainda está pendente (por exemplo, alguém que já reuniu as
condições para se aposentar mas prefere continuar trabalhando). Nesses casos, ainda que

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Propriedade intelectual de Fabre Jus e seus autores: Daniele Nunes, Diego Vale, Edinho Jr., Fábio Wu, Filipe Kinsky, Guilherme de
Luca, Jamil Nakad Jr., Ju Hyeon Lee, Karen Magri, Luiz Fabre e Marcos Esteves.

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haja alteração legal nas condições para se aposentar, estabelecendo um tempo maior de
serviço ou de contribuição, o indivíduo estará imunizado, protegido, pois já adquiriu o direito à
aposentadoria.
D) Ato jurídico perfeito é o ato “já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou”
(LINDB, art. 6º, par. 1º). Trata-se da imunização do ato em face de oscilações futuras na
forma exigida para tais atos. Por exemplo, se a lei admite que uma compra e venda seja feita
por procuração e tal contrato de compra e venda é realizado, caso sobrevenha uma lei
proibindo tal compra e venda por procuração nenhum efeito produzirá em relação ao negócio
já realizado segundo as leis vigentes no momento de sua realização.
E) O princípio da proporcionalidade, diferentemente dos demais, é um princípio não escrito,
implícito, que está mais a favor do valor justiça do que do valor segurança jurídica. Enquanto a
prescrição praticamente sequer dá bola para o justo, ao tempo em que o direito adquirido, a
coisa julgada e o ato jurídico perfeito possuem proteção constitucional contra alterações legais
posteriores, o princípio da proporcionalidade lida com a ideia de se chegar a uma solução
justa, a um meio termo, a uma solução equilibrada diante de um conflito entre valores
fundamentais. Por exemplo, a Constituição Federal assegura o direito de passeatas (na
realidade, assegura o direito de reunião e de liberdade de expressão, sendo a passeata uma
reunião em movimento), mas ao mesmo tempo assegura o direito de ir e vir das pessoas. Pelo
princípio da proporcionalidade, justifica-se que os manifestantes tenham o dever de avisar
previamente as autoridades, para que assim o trânsito seja organizado de modo a não afetar
o direito de ir e vir de quem não quer participar da manifestação.

4. GABARITO: 1-C; 2-A; 3-B

NORMA JURÍDICA

5. Enquanto a linguagem do direito positivo é (descritiva/prescritiva), a linguagem da ciência do


direito é (descritiva/prescritiva). Isto é, o direito positivo prescreve uma conduta; a ciência do
direito descreve o direito positivo.
6. Ontológico é algo que pertence ao plano (fático/normativo), ao mundo do ser. Por exemplo, a lei
da gravidade é uma lei do mundo ontológico.
7. Deontológico é aquilo que pertence ao plano (fático/normativo), ao mundo do dever-ser. Por
exemplo, a lei que proíbe o homicídio ou a lei moral que proíbe furar a fila.
8. No plano normativo, deontológico, há normas jurídicas e normas (morais/físicas). O que difere as
normas jurídicas das normas morais é o caráter oficial da coercibilidade das primeiras.
9. Normas jurídicas (se confundem/não se confundem) com texto de lei.
10. Norma (é/não é) um juízo, uma construção intelectual, e não um texto.
11. Norma (é/não é) um juízo hipotético-condicional que construímos a partir da leitura e interpretação
dos textos.
12. Norma é um juízo hipotético-condicional. É um “se isso”, “então aquilo”. Graficamente, a norma é
representada da seguinte maneira: F  R (A A’), ou seja, se ocorrer o fato F, então deve-ser uma
relação jurídica R entre os sujeitos de tal relação (A e A’). A primeira parte da norma é chamada
de (antecedente/consequente), descritor ou hipótese, e descreve um fato já ocorrido ou um fato
que pode vir a ocorrer.
13. A segunda parte da norma é chamada de (antecedente/consequente), prescritor ou tese e
descreve uma relação jurídica entre sujeitos determinados ou indeterminados que se deflagra a
partir da ocorrência da hipótese.
14. Se o antecedente normativo se refere a um fato futuro ou de hipotética ocorrência, então dizemos
que a norma é (abstrata/concreta), como geralmente se dá com as normas veiculadas por leis e
contratos.
15. Se o antecedente normativo se refere a um fato pretérito ou já ocorrido, então dizemos que a
norma é (abstrata/concreta), como geralmente se dá com as normas veiculadas por um auto de
infração ou por uma sentença judicial.

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16. Se o consequente normativo se refere a uma relação jurídica entre sujeitos indeterminados, então
dizemos que a norma é (geral/individual), como geralmente se dá com as normas veiculadas por
leis.
17. Se o consequente normativo se refere a uma relação jurídica entre sujeitos determinados, então
dizemos que a norma é (geral/individual), como geralmente se dá com as normas veiculadas por
contratos ou sentenças típicas.
18. A rigor, segundo a teoria pura do direito de Hans Kelsen, fontes do direito seriam os fatos que
resultam na criação de normas, sendo sintetizadas no binômio competência/procedimento, isso é,
fonte do direito seria o procedimento válido desenvolvido por sujeitos credenciados pelo sistema
para introduzirem normas jurídicas ao sistema. Todavia, a doutrina comumente faz uma distinção,
chamando tais fatos de fontes (formais/materiais) do direito e chamando o produto de tal
atividade, como as leis, decretos e regulamentos, de fontes (formais/materiais) do direito.
19. Para a teoria pura do direito, normas são “expressões irredutíveis do deôntico”, ou seja, unidades
elementares do direito; o conteúdo mínimo para que uma prescrição jurídica faça sentido. Para a
teoria pura, (podemos/não podemos) chamar de fonte formal do direito tudo aquilo que veicula
normas, como leis, contratos, sentenças, decretos, regulamentos, autos de infração. Todos esses
veículos positivam normas, ainda que normas abstratas e gerais em alguns casos, concretas e
individuais em outros, ou abstratas e individuais, ou concretas e gerais.

HERMENÊUTICA

20. GABARITO: A – A alternativa B descreve o significado de “interpretação”. A C, o significado de


“aplicação do direito.

21. GABARITO: A – B – C – D.
A) Estas escolas são do séc. XVIII à primeira metade do século XVIII;
B) Estas são de meados do século XVIII;
C) final do século XVIII a primeira metade do século XX;
D) Meados do século XX.

22. B – Cada uma dessas escolas investe em um método interpretativo. Aplicamos o direito valendo-
nos, simultaneamente, de todos os métodos.

23. 1-G; 2-A; 3-D; 3-D; 4-B; 5 – F; 6-C; 7-I; 8-E; 9-H.

24. A – Histórico. Este método propõe uma viagem ao passado para se descobrir o significado dos
institutos em sua época.

25. B – Sociológico. Este método procura contemporanizar o instituto.

26. 1-c; 2-a; 3-d; 4-b. Nas próximas rodadas exploraremos tais conceitos. Por ora, basta o contato
superficial.

27. GABARITO: B - Analogia é um recurso de aplicação do direito para a hipótese de lacuna jurídica
(situação não prevista em lei), quando o aplicador recorre a uma norma prevista para uma
situação similar. Apresentaremos um exemplo na questão 29. Na presente questão, o que tems é
a interpretação analógica. A interpretação analógica ocorre quando tipificadas situações,
seguindo-se uma expressão de abertura que deve ser interpretada em similitude com as hipóteses
antecedentes.

28. GABARITO: IV

O par. 3º do artigo 405 da CLT, ao prever hipóteses de trabalho prejudicial à moralidade do menor
de dezoito anos, lista quatro hipóteses nos seus incisos. Qual inciso abaixo dispensa interpretação
analógica (grife em cada um dos demais incisos a expressão que indica interpretação analógica)?

I - prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, buates, cassinos, cabarés,


dancings e estabelecimentos análogos;

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II - em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras


semelhantes;

III - de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes, desenhos,


gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que possam, a juízo da
autoridade competente, prejudicar sua formação moral;

IV - consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.

29. GABARITO: A – Trata-se de analogia, pois não se trata de uma interpretação ditada pela própria
norma. A norma, expressamente, apenas menciona a proibição de vendas de bebidas alcóolicas.
Não há uma expressão do tipo “e outros produtos similares”. Analogia é técnica de aplicação do
direito, e não forma de interpretação.

30. GABARITO: Verdadeiro. A analogia é a aplicação da lei que rege um caso a outro caso similar
não previsto em lei. Seria como aplicar a lei Maria da Penha para proteger homens. Já a
interpretação analógica é uma forma de interpretação extensiva expressamente demandada pela
lei. No direito penal, a analogia não será cabível em prejuízo do réu, como decorrência do
princípio da legalidade penal (princípio da taxatividade; só se admite analogia in bonam partem).
Já a interpretação extensiva, por outro lado, é possível, por exemplo, para responsabilizar
companheiro caso a norma fale apenas em cônjuge. Uma das modalidades de interpretação
extensiva é a interpretação analógica, presente, por exemplo, no crime de estelionato: Art. 171 -
Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

APLICAÇÃO DO DIREITO

31. GABARITO: B.

32. GABARITO: B – É o contrário. A norma especial, específica, geralmente prevalece sobre a norma
geral.

A ESTRUTURA DO MUNDO JURÍDICO

33. GABARITO: 1 – F; 2-K; 3-B; 4-A; 5-J; 6-I; 7-C; 8-E; 9-D; 10-H; 11-G.

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INÍCIO: TÉRMINO: APROVEITAMENTO: /

DIREITOS HUMANOS/ DIREITOS FUNDAMENTAIS

Origem, essência e finalidade dos direitos humanos. Direitos humanos e direitos fundamentais.

1. 1-B; 2-A.
2. Escola de Frankfurt; Teoria Crítica.
3. 1-A; 2-B. A questão physis x nomos é insanável e debatida ainda hoje. Afinal, o direito é o justo ou
o jurídico? Há institutos que consagram a prevalência do valor segurança jurídica em detrimento
do valor justiça (como a prescrição, a coisa julgada) e vice-versa (a teoria da coisa julgada
inconstitucional, o princípio da proporcionalidade). Talvez Herbert Hart haja sido o filósofo do
direito que melhor aproximou uma coisa da outra. Vejamos, a título de curiosidade humanística o
pensamento deste emérito representante do juspositivismo.
Deixadas de lado as intermináveis disputas quanto à existência de um fundamento ético-moral
para o direito, fato é que existem, como diria Hart, cinco verdades elementares e diversas contingências
que impedem pensar o direito como mera técnica burocrática e neutra de solução de litígios.
Com efeito, Herbert L. A. Hart, sucessor de John Austin e herdeiro natural da tradição utilitarista
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inglesa, em seu clássico O Conceito do Direito , com o modo simples e pragmático de observação que é a
tônica da doutrina anglo-saxã, enumera cinco verdades irrefutáveis respeitantes à natureza humana e ao
mundo em que os homens vivem. São verdades elementares (truísmos) que aproximam o direito da
moral, segundo Hart:
1) A vulnerabilidade humana – os homens são vulneráveis aos ataques de outros homens, de sorte que as
exigências comuns do direito e da moral consistem, na sua maior parte, não em serviços ativos a serem
prestados, mas em abstenções, as quais são usualmente formuladas na forma negativa como proibições,
como as que restringem o uso da violência;
2) A igualdade aproximada – apesar dos homens diferirem um dos outros em força física, agilidade e
capacidade intelectual, nenhum homem é tão poderoso que possa subjugar os demais por um tempo
superior a um período curto, sendo necessária alguma forma de cooperação permanente. Mesmo o
homem mais forte tem de dormir de vez em quando e, quando adormecido, perde temporariamente a sua
superioridade. “Este fato da igualdade aproximada, mais do que qualquer outro, torna óbvia a necessidade
de um sistema de abstenções mútuas e de compromisso que está na base, quer da obrigação jurídica,
quer da obrigação moral”. Hart assinala, ainda, a grande disparidade, na órbita internacional, entre
Estados, registrando que “esta desigualdade entre os membros do direito internacional é uma das coisas
que lhe deu caráter tão diferente do direito interno e limitou a medida em que é capaz de operar como um
sistema coercitivo organizado”.
3) O altruísmo limitado – “a demonstração de que, por força apenas da finalidade modesta da
sobrevivência, as regras básicas do direito e da moral são coisas necessárias, não deve ser identificadas
com o ponto de vista falso de que os homens são predominantemente egoístas e não têm uma
preocupação desinteressada na sobrevivência ou no bem-estar dos seus semelhantes. Mas se os homens
não são demônios, tampouco são anjos”, situando-se no meio-caminho entre esses dois extremos, fato
que torna um sistema de abstenções recíprocas simultaneamente necessário e possível, pois “com anjos
nunca tentados a causar danos aos outros, as regras que exigem abstenções não seriam necessárias.
Com demônios dispostos a destruir, independentemente dos custos para si próprios, seriam impossíveis.
Sendo as coisas como são, o altruísmo humano é limitado no seu âmbito e intermitente, e as tendências
para a agressão são suficientemente freqüentes para serem fatais relativamente à vida social, se não
forem controladas”.
4) A limitabilidade dos recursos – a contingência dos seres humanos necessitarem comida, roupas, abrigo
e de que estes bens não existem à mão com abundância ilimitada, mas seja, pelo contrário, são escassos
e tenham que ser arrancados da natureza ou que ser constituídos pelo esforço ou trabalho humanos,

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Cap. IX.

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torna imperiosa alguma forma mínima de propriedade e de sua respectiva proteção, caso seja a meta do
homem a sobrevivência. A divisão do trabalho, que todos os grupos, à exceção dos menores, devem
desenvolver para obter os recursos necessários, trazem consigo a necessidade de regras que são
dinâmicas, no sentido de que permitem aos indivíduos criar obrigações e fazer modificar a sua incidência.
5) A limitabilidade da compreensão e da força de vontade – Conforme Hart, mesmo que seja claro o
benefício de observância às regras básicas sobre as pessoas, propriedade e proteção, nem todos os
homens se vêem sensibilizados por elas, não as obedecendo. Exatamente por isso é indispensável a
previsão de sanções com vista a evitar que os cumpridores das regras sejam prejudicados por aqueles
que não se sentem sensibilizados. As sanções são, assim, exigidas não como um motivo normal para a
obediência, mas como uma garantia de que os que obedecerem voluntariamente não serão sacrificados
aos que não obedeceram. Obedecer, sem isso, seria arriscar-se a ser posto contra a parede. Dado este
perigo constante, o que a razão pede é a cooperação voluntária num sistema coercitivo.
Partindo destas verdades óbvias, Hart assinala certas relações e postulados que permitirão a
criação de regras mínimas de condutas que qualquer organização social que se pretenda viável deve
conter:
a) O Poder e a autoridade – Hart conclui que nenhum Estado pode basear-se apenas na força, de modo
que a maioria dos cidadãos comuns coopera de modo voluntário na observância da sua supremacia, sem
o que nenhum governo resiste por muito tempo;
b) Influência da moral sobre o direito – conforme apontado por Adrian Sgarbi em seu “Clássicos da Teoria
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do Direito ” as leis imorais são ofensivas. Portanto, mesmo que haja a possibilidade de direito e moral não
coincidirem, esse contraste salta aos olhos. Nesse sentido, muitas vezes as regras primárias dos Estados
Modernos apresentam pontos de influências não apenas da moral social normalmente aceita, mas de
ideais morais mais vastos. Para Hart, “nenhum positivista poderá negar estes factos, nem que a
estabilidade dos sistemas jurídicos depende em parte de tais tipos de correspondência com a moral. Se tal
for o que se quer dizer com a expressão conexão necessária do direito e da moral, então a sua existência
deverá ser admitida”;
c) Interpretação – a interpretação das leis não é um processo automático. A textura aberta do direito deixa
um campo considerável de decisão discricionária aos juízes. Diz Hart: “uma decisão judicial,
especialmente de alta importância constitucional, envolve freqüentemente uma escolha entre valores
morais e não uma simples aplicação de um único princípio moral proeminente; será tolice acreditar que,
quando o significado do direito é objeto de dúvidas, a moral tem sempre uma resposta clara a dar”. Por
isso que, nesta escolha, os juízes demonstram suas virtudes judiciais: imparcialidade e neutralidade ao
examinar alternativas, consideração dos interesses de todos os que são afetados, e preocupação com a
colocação de um princípio geral aceitável como base da racional de decisão;
d) Crítica do direito – para Hart, como decorrência do afirmado no item b, supra, a moral é uma constante
instância crítica ao direito positivo;
e) Princípios de legalidade e de justiça – há sempre um mínimo de justiça sempre que o comportamento
humano é controlado por regras enunciadas publicamente e aplicadas por via judicial;
f) Validade jurídica e resistência contra o direito – embora o direito que lesione preceitos morais não deixe
de ser direito, diz Hart que a moral freqüentemente aparece como uma forma de resistência ou de instigar
a resistência contra o tratamento tirânico.
Portanto, o que se vê é que a despeito de todo o logicismo do juspositivismo dogmático, há certas
evidências óbvias ensejadoras de postulados pragmáticos que impedem separar a ética, preceito de
índole natural, do direito, concluindo-se que, na prática, aquela é o fundamento deste, de sorte que o
ordenamento não se compraz com decisões meramente jurídicas (isto é, motivadas conforme silogismos
extraídos do direito positivo), exigindo que as mesmas também sejam justas.
Neste contexto, não há que se confundir, diga-se, legalismo com legalidade, sendo aquele uma
distorção deste, fruto da exacerbação irrefletida do texto escrito pelas escolas mais reacionárias do direito
(escola francesa da exegese, escola dos pandectistas alemães, etc), forte na crença na onisciência do
legislador.

4. Estóicos.

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P. 142.
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5. Universal; intrínsecas à condição humana.

6. Jus Gentium (direito das gentes, ou direito dos povos)

7. Da Igreja Católica; teológico.

8. Antropológico; Paz de Vestfália. A Paz de Vestefália, firmada em 1648, decretou o fim da Guerra
dos 30 anos. Pela primeira vez, reconheceu-se, no plano internacional, a igualdade formal dos
Estados. A expressão “Direito Internacional”, porém, só surgiria em 1780, cunhada por Jeremy
Bentham. Vemos, pois, um entrelaçamento entre as disciplinas Direitos Fundamentais, Direitos
Humanos e Direito Internacional Público. Tornemos aos Direitos Fundamentais/Humanos.

9. Laicizou, secularizou.

10. Imperativo categórico.

11. Primeira.

12. Inalienável, indisponível.

13. Irrelevante. A ética kantiana é o fundamento filosófico para se repudiar situações de precarização
de direitos ou mesmo situações de trabalho escravo sob o fundamento de que “ele está
acostumado a fazer suas necessidades no mato”; “ele está acostumado a viver sob condições
desumanas”; “as condições de vida na localidade de origem desse são ainda piores”. É claro que
ele está acostumado: o ser humano se acostuma a tudo e assim colonizamos todo o planeta. Mas
sendo a dignidade um valor objetivo, inalienável e indisponível, este indivíduo deverá tê-la
protegida, ainda que não se sinta sob condições degradantes. Conforme veremos futuramente,
por diversas razões as vítimas não se enxergam reduzidas a condição análoga à de escravo. Isso
é indiferente por dois motivos: um é o motivo filosófico, kantiano, ora tratado; outro é um motivo
econômico que abordaremos oportunamente (o combate a determinados delitos é também um
combate à concorrência desleal e à precarização das condições de vida de todo um setor da
economia).

14. Federal. O Plenário do STF, no julgamento do RE 398.041 (rel. Min. Joaquim Barbosa,
sessão de 30.11.2006), fixou a competência da Justiça Federal para julgar os crimes de
redução à condição análoga à de escravo, por entender "que quaisquer condutas que violem
não só o sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos
trabalhadores, mas também o homem trabalhador, atingindo-o nas esferas em que a Constituição
lhe confere proteção máxima, enquadram-se na categoria dos crimes contra a organização do
trabalho, se praticadas no contexto de relações de trabalho". O ministro Dias Toffoli destacou que
alguns casos podem repercutir, posteriormente, em cortes internacionais de direitos humanos,
situação na qual quem responde é a União em nome dos estados. Ele acrescentou, ainda, que
“muitas vezes as instituições locais não dão a devida atenção a tão grave situação concreta”.
Apesar de ter acompanhado a divergência quanto ao caso, o presidente do STF, ministro Ricardo
Lewandowski, expressou preocupação quanto ao esvaziamento da competência das autoridades
judiciárias e do Ministério Público locais no que diz respeito à defesa dos direitos fundamentos da
pessoa humana. “É dever de qualquer juiz, de todos os ramos, defender os direitos fundamentais
da pessoa humana. Essa não é uma competência exclusiva da Justiça Federal e acho que essa
competência concorrente é extremamente salutar”, disse, ao acrescentar que “nós temos hoje
uma Justiça estadual forte, presente, aparelhada, preparada para fazer face aos mais diversos
desafios”.

15. Foi. Esse foi o problema da razão iluminista pura, da teoria pura do direito. Ela conseguia
legitimar, através de fórmulas jurídicas desprovidas do elemento moral, Estados autoritários
erigidos a partir de uma manipulação da ordem jurídica. O Estado Nazista era formalmente de
Direito, ainda que materialmente repugnante. Inclusive, a teoria de Kelsen está fortemente
presente na ideologia nazista, o que lhe rendeu desprestígio e críticas injustas (a teoria é pura;
não significa que o direito deve ser desprovido de valores).

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16. Crítica. É uma crítica ao pensamento iluminista e ao positivismo lógico.

17. Condenado, pois há uma distinção entre liberdade de pesquisa e de expressão e franca apologia
ao nazismo disfarçado por argumentos pseudo-científicos. Trata-se do HC 82424, DJ 17/03/2004,
versando sobre publicações anti-semitas. O principal argumento da defesa para afastar o crime
previsto no art. 20 da Lei 7.716/89 foi o argumento de que o delito estava prescrito, pois ao
mencionar a imprescritibilidade de crimes raciais, a Constituição empregaria um sentido estrito de
raça que não compreenderia questões religiosas. Em voto condutor do Min. Maurício Corrêa,
restou assentado que a expressão “racismo” não é utilizada pelo ordenamento como expressão
simplesmente biológica. O sentido biológico de “raça” impossibilitaria qualificar de racista, por
exemplo, as distinções infundadas de tratamento entre negros e brancos, já que em termos
biológicos estes grupos compõem a mesma raça, que é a raça humana. A expressão possui um
sentido que é sócio-cultural, haja vista a inexistência de diferenças biológicas entre os seres
humanos a possibilitar a sua segmentação em raças (isto é, entre seres geneticamente incapazes
de se reproduzir). Portanto, o racismo deve ser compreendido em seu sentido sociocultural,
podendo se manifestar por distinções fundadas na cor da pele, na origem social ou na religião.
Quanto às discussões periféricas, não menos importantes, a matéria mais polêmica no HC citado
não seria exatamente o enquadramento como racista do ato segregacionista anti-semita. O ponto mais
controvertido da discussão se referia à liberdade de expressão. Assim, seria vedado publicar o livro escrito
por Hitler? Isso não teria qualquer valor histórico? Seria um delito escrever um artigo negando a existência
do holocausto? Foi este o ponto sublinhado pelo Min. Marco Aurélio, que salientou: “À medida em que se
protege o direito individual de livremente exprimir as idéias, mesmo que estas pareçam absurdas ou
radicais, defende-se também a liberdade de qualquer pessoa manifestar a própria opinião, ainda que
afronte o pensamento oficial ou majoritário. Quando somente a opinião oficial pode ser divulgada ou
defendida e se privam dessas liberdades as opiniões discordantes ou minorarias, enclausura-se a
sociedade em uma redoma que retira o oxigênio da democracia e, por conseqüência, aumenta-se o risco
de ter-se um povo dirigido, escravo dos governantes e da mídia, uma massa de manobra sem liberdade.
(...) Os piores acontecimentos havidos – entre eles a perseguição dos judeus – sempre ocorreram nos
momentos de trevas no campo das comunicações, de falta de publicidade de modo a permitir-se o
acompanhamento público. Com isso foram evitadas as reações próprias aos episódios. (...) O Estado
mostra-se democrático quando aceita e tolera, no próprio território, as mais diferentes expressões de
pensamento, especialmente aquelas opiniões que criticam sua estrutura, seu funcionamento e o
pensamento majoritário”.
Em contrapartida, apesar da importância da liberdade de expressão, o Ministro Maurício Correa
distinguiu este valor da incitação ao racismo, presente no caso concreto, citando que o conflito de valores
é similar ao que se verifica no conflito entre liberdade de expressão x delitos contra a honra, e no caso
concreto houve clara ultrapassagem dos limites da liberdade, ao passo que a história nos ensina os riscos
da propaganda racista, que pode redundar em violências irrecuperáveis.
18. Pela Constituição, por leis, por qualquer ato normativo. Daí a existência de expressões como
“norma infraconstitucional materialmente fundamental” ou “norma apenas formalmente
fundamental”.

19. 1-C; 2-B; 3-A.

20. 1-B; 2-A. Portanto, vemos que a própria Constituição Federal, a exemplo da Constituição
Portuguesa, sustenta a distinção advogada por Ingo Wolfgang, referindo-se a direitos humanos no
art. 4º, II, quando fala sobre a regência do Brasil nas relações internacionais, e referindo-se a
direitos fundamentais no Título II, quando arrola direitos do homem positivados no plano interno.

21. D – A interessantíssima abordagem das características dos direitos fundamentais será objeto de
outra rodada.

22. 1-B; 2-A. Conforme veremos posteriormente, o instrumental brasileiro contemporâneo de combate
à escravidão é muito mais refinado e rico que o instrumental internacional. Já em matéria de
liberdade sindical, no Brasil ainda há conceitos arcaicos como unicidade sindical, enquadramento
compulsório por categoria, poder normativo da Justiça do Trabalho e contribuição sindical
compulsória que colocam o País aquém do padrão de liberdade sindical concebido
internacionalmente por documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto
Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Políticos, o Protocolo de San Salvador e a
Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho.

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23. 1-A; 2-B. Segundo Luís Roberto Barroso, garantias são instituições, condições materiais ou
procedimentos colocados à disposição dos titulares de direitos para promovê-los ou resguardá-
los. De acordo com o autor, “existem garantias sociais – ligadas à geração e à distribuição de
riquezas -, políticas – associadas à separação de Poderes e a outros mecanismos essenciais à
democracia e ao exercício da cidadania – e jurídicas, que consistem nos diferentes institutos e
ações judiciais dedutíveis perante o Poder Judiciário”. Estas últimas são os também denominados
remédios. Assim, conforme Tiago Cavalcanti, os remédios constitucionais são garantias que
envolvem a busca de um provimento judicial. Ou seja, os remédios constituem espécies do gênero
garantia, revelando-se um instrumento processual com o objetivo primário de assegurar o
exercício de um direito. São exemplos o habeas corpus, destinado à proteção da liberdade de
locomoção, o mandado de segurança, para a proteção de direito líquido e certo, o habeas data,
destinado ao acesso e eventual retificação das informações relativas à pessoa do impetrante, e a
ação popular, cuja finalidade é proteger a res publica.

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INÍCIO: TÉRMINO: APROVEITAMENTO: /

DIREITO PREVIDENCIÁRIO E DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Seguridade social. Conceito. Evolução histórica. Princípios da solidariedade, universalidade,


seletividade e distributividade.

Aos que estiverem iniciando, as questões abaixo apresentarão elevado grau de complexidade. A
aprendizagem da base é sempre muito difícil, mas é o passo mais importante para assimilar a
lógica e condições sobre salário de contribuição, salário de benefício, carência, período de graça e
benefícios. Persistam, tenham fé. Reiteramos: esse início será bastante difícil, mas sairão muito
fortalecidos.

1) GABARITO: b) Saúde; c) Previdência Social. Gratuitas/contributivo.

2) GABARITO: É; É. A segurança social é um direito positivado nos arts. 22, 23 e 25 da Declaração


Universal dos Direitos Humanos de 1948. Confira-se:
Art. XXII. Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social,
à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
ART. XXIII. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a
condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. (...) 3.
Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana
e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
ART. XXV. 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e
a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância
têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou
fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social.
Outrossim, trata-se de direito fundamental. A segurança social vem positivada como direito social logo no
art. 6º da Constituição:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

3) GABARITO: Otto von Bismarck.

4) GABARITO: Industrial-meritocrático; conservador-corporativo. Não se assustem. O princípio da


disciplina é realmente complexo. O modelo criado por Bismarck origina o sistema denominado Industrial-
meritocrático ou Conservador-corporativo.

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5) GABARITO: França; é; contribuições previdenciárias. Referências: Simone Barbisan Fortes; Maria


Lucia Teixeira Weneck Vianna.

6) GABARITO: William Beveridge/necessidade/mérito.

7) GABARITO: A) Residual/Liberal; B) Institucional-redistributivo/Social-democrata.

8) GABARITO: Maioria dos países escandinavos/necessidade. A Assistência Social não depende de


prévia filiação ao sistema, nem de contribuição, assim como a Saúde. A Previdência Social depende de
contribuições da pessoa filiada ao sistema.

9) GABARITO: Contribuições previdenciárias/impostos. Os impostos custeiam a assistência social; as


contribuições previdenciárias custeiam a previdência social.

10) GABARITO: individualização.

11) GABARITO: restritas, bastante restritas. Basicamente, as demandas do desemprego e da pobreza.

12) GABARITO: Impostos.

13) GABARITO: 1-A; 2-C; 3-B.

14) GABARITO: 1988.

15. GABARITO: Saúde/Assistência Social/Previdência Social. Atualmente, a primeira é vinculada ao


Ministério da Saúde; a segunda, ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; a terceira,
ao Ministério do Trabalho e Previdência Social.

16. GABARITO: E – os quatro primeiros são princípios expressos da seguridade social, ao lado de V)
equidade na forma de participação no custeio, VI) diversidade da base de financiamento; VII) caráter
democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados. O princípio da
solidariedade ou do solidarismo é um princípio implícito e está de fato presente, considerano-se que a
Constituição adotou a ideia de Estado social garantidor de várias prestações.

17) GABARITO: E, conforme art. 194 da CF. Na F há uma pegadinha recorrente: a gestão é quadripartite
(governo, trabalhadores, empregadores, aposentados), e não tripartite.

18) GABARITO: A. Apenas na previdência privada temos o regime de capitalização.

19) GABARITO: 1-b; 2-a. Lembrem-se: são princípios. Princípios são mandados de otimização (segundo
Robert Alexy). Não significa que, na prática, tais descrições ocorram.

20) GABARITO: objetivo. Trata-se do que Wladimir Novaes Martinez denomina de universalidade objetiva.

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21) GABARITO: Subjetivo. Trata-se do que Wladimir Novaes Martinez denomina de universalidade
subjetiva ou horizontal.

22) GABARITO: Nem todas. Somente os segurados e dependentes são beneficiários.

23) GABARITO: Falso. Saúde e Assistência não demanda filiação prévia.

24) GABARITO: Falso. São beneficiários os segurados e os dependentes.

25) GABARITO: 1-a; 2-b.

26) GABARITO: Falso. É uma pegadinha recorrente. Dia a súmula 344 do TST: SALÁRIO-FAMÍLIA.
TRABALHADOR RURAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O salário-família é devido
aos trabalhadores rurais somente após a vigência da Lei nº 8.213, de 24.07.1991. Isso porque, conforme
veremos, é vedada a concessão de benefício sem a prévia criação de fonte de custeio, além de se
demandar a normatização da regra do benefício previdenciário (fato gerador, valor, base de cálculo, etc).

27) GABARITO: seletividade; distributividade.

28) GABARITO: Verdadeiro.

29) GABARITO: Verdadeiro.

30) GABARITO: 1-B; 2-A.

31) GABARITO: Verdadeiro.

32) GABARITO: Verdadeiro.

33) GABARITO: irredutibilidade. Ingressaremos no tema mais polêmico da rodada de Seguridade Social.
A rigor, o que evitaria o aviltamento seria o reajustamento de forma a preservar o valor real do benefício,
que vem previsto no art. 201, §4º, da CF. Mas diz o art. 1º, IV, do Decreto 3.048/1999:
“Art. 1º Parágrafo único. A seguridade social obedecerá aos seguintes princípios e diretrizes: IV -
irredutibilidade do valor dos benefícios, de forma a preservar-lhe o poder aquisitivo.”

34) GABARITO: Nominal. Não há consenso na doutrina. A rigor, tirante a referência que é feita pelo art.
1º, IV, do Decreto 3.048/1999, irredutibilidade é uma proteção passiva contra o avanço estatal no valor do
subsídio e, desse modo, seria sempre meramente nominal. Outra coisa é o direito a reajustamento dos
benefícios previdenciários para a preservação de seu valor real, conforme critérios definidos em lei (CF,
art. 201, §4º), e aqui também se discute se o direito ao reajustamento implica no direito à manutenção do
valor real-real do benefício (isso é, deve sempre se utilizar o índice que melhor refletir a inflação) ou um
direito à manutenção do valor real-nominal (isso é, o que importa é que se trate do critério definido em lei,
ainda que não espelhe verdadeiramente a inflação). Pela Constituição, em uma interpretação literal,
haveria direito à manutenção do valor “real-real” e o critério definido em lei deveria espelhar um índice
realista de inflação. Mas para a jurisprudência do STF, também aqui a proteção seria meramente nominal,
formal, nos termos da lei. É claro que essa jurisprudência é instável e poderá ser alterada (da mesma

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forma que o STF alterou a jurisprudência quanto aos índices de correção de precatórios), principalmente
em caso de abusividade de um critério legal de reajustamento.

35) GABARITO: Distributiva, ou seja, cada um dentro de suas possibilidades a cada qual de acordo com
suas necessidades. Esse é um tema de formação humanística muito complexo e já foi cobrado em 2ª fase
de concurso da magistratura do trabalho. Topam um breve Chat? No facebook, entrem em contato com
“Fabre Jus”, informe seu nome como matriculado no curso e peça o direcionamento à comunidade de
debates e Chats.

36) GABARITO: não são.

37) GABARITO: Verdadeiro. CF, art. 195.

38) GABARITO: Falso. CF, art. 195.

39) GABARITO: renda (inciso I, a); jurídica (inciso I, b); salário-maternidade (inciso II); sobre as tarifas de
energia elétrica e telefonia (todo o inciso IV é falso).

40) GABARITO: quadripartite.

41. GABARITO: Verdadeiro. O Projeto de Lei do Senado 178/2007 pretende recriar tal Conselho Nacional
de Seguridade Social. Último estado: 11/03/2015 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania,
aguardando designação de relator.

42) GABARITO: trabalhadores, empregadores, aposentados, Governo.

43) GABARITO: Verdadeiro.

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