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SEGURANÇA JURÍDICA E PROTEÇÃO DO ATO JURÍDICO

PERFEITO, DA COISA JULGADA E DO DIREITO ADQUIRIDO

LEGAL SECURITY AND PROTECTION OF THE PERFECT JURIDICAL


ACT, THE RES JUDICATA AND THE ACQUIRED RIGHT

Alexandre Abreu de Oliveira1


Ana Paula Breder Longuinhos2
Larissa dos Santos Silva Quirino3
Marcos Guilherme Leite Benedito4
Roberta Moreira dos Santos Santana5

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar como o Superior Tribunal
de Justiça (STJ) lida com as controvérsias que concerne à segurança jurídica e
proteção do ato jurídico perfeito, da coisa julgada e do direito adquirido, na matéria
de direito ambiental. Primeiramente, introduzimos e discutimos o princípio da
segurança jurídica, conceituamos O Ato Jurídico Perfeito, A Coisa Julgada e o
Direito Adquirido. Posteriormente, discutimos o papel do STJ. Finalmente,
desenvolvemos uma análise dos julgados para averiguar as decisões tomadas pelo
STJ. Concluímos que a maioria dos julgados recolhidos foram de decisões
unânimes, onde o STJ protege o princípio da Segurança Jurídica, ora por
salvaguardá-lo, ora por negar a sua usurpação como meio de justificativa a
degradação do meio ambiente contrariando assim, a nossa hipótese inicial.
Palavras chaves: Ato Jurídico Perfeito, Coisa Julgada, Direito adquirido, Superior
Tribunal de Justiça (STJ).

1
Graduando no curso de Direito, 2º período, UNA Cristiano Machado, e-mail:
alexandreabreu106@gmail.com
2
Graduanda no curso de Direito, 1º período, UNA Cristiano Machado, e-mail:
anapaulabreder@gmail.com
3
Graduanda no curso de Direito, 1º período, UNA Cristiano Machado, e-mail:
larissadossantossilvaquirino@gmail.com
4
Graduando no curso de Direito, 2º período, UNA Cristiano Machado, e-mail:
marcosguilhermeb@gmail.com
5
Graduanda no curso de Direito, 2º período, UNA Cristiano Machado, e-mail:
robertamoreiradsantos@gmail.com
ABSTRACT: The present article has as its main objective the analysis of how the
Supreme Tribunal of Justice deals with the controversies pertaining to Legal
Certainty and the protection of Accrued Rights, Claim Preclusion and Vested Rights
in environmental Law. Firstly, we introduced and discussed the principle of Legal
Certainty and the concept of Accrued Rights, Claim Preclusion, and Vested Rights;
subsequently, we discussed the Supreme Tribunal of Justice’s role (STJ). Lastly, we
developed case studies to ascertain the STJ’s decisions. We concluded that the
majority of cases were of unanimous decision, where the court protects the principle
of Legal Certainty whereas by upholding it, or by denying its use as a way of
justifying environmental degradation, therefore, disproving our initial hypothesis.
Keywords: Accrued Rights, Claim Preclusion, Vested Rights, STJ.

SUMÁRIO: INTRODUÇÃO. SEGURANÇA JURÍDICA. O ato jurídico perfeito. O


direito Adquirido. A coisa julgada. O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E A
RETROATIVIDADE DA LEI. STJ E SEU PAPEL. ANÁLISE JURISPRUDÊNCIAS.
SÚMULAS. CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS.

INTRODUÇÃO

A segurança jurídica é o princípio que nos garante previsibilidade nas


relações jurídicas, e a proteção à confiança ou confiança legítima. O princípio da
segurança jurídica consta em nossa Constituição Federal de 1988 no art. 5º “a lei
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
(BRASIL,1988, Art. 5, XXXVI). Estes termos são posteriormente definidos pela
LINDB-42.
O princípio da irretroatividade da lei diz que uma nova lei não pode voltar ao
passado tendo como dois fundamentos a segurança e a certeza nas relações
jurídicas, representadas pelo ato jurídico perfeito, direito adquirido e da coisa
julgada.
Com a inserção do Novo Código Florestal (2012), surgiram novos desafios
relativos ao que constitui um ato jurídico perfeito, e o que é e quando se aplica o
direito adquirido.
Com o presente artigo, partimos da pergunta de como as controvérsias sobre
segurança jurídica e proteção do ato jurídico perfeito, da coisa julgada e do direito
adquirido são enfrentadas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria de Direito
Ambiental. Para respondê-la, fizemos um recorte em tema com o Direito Ambiental e
observamos os julgados correspondentes para averiguar como o STJ se posiciona
diante o assunto.
A relevância da pesquisa é dada não somente pela relevância do tema, que
representa a estabilidade das relações jurídicas e tem uma função indispensável na
garantia dos direitos fundamentais entre as pessoas e entre as pessoas e o Estado,
sendo este um dos pilares do nosso sistema jurídico, mas também pela relevância
da matéria que está cada vez mais em pauta no mundo contemporâneo.

SEGURANÇA JURÍDICA

A Segurança Jurídica é um conjunto de circunstâncias que fazem as pessoas


terem o conhecimento antes das suas consequências de seus atos, que vem a
previsibilidade fazendo com o que uma nova lei não prejudique uma lei anterior
como diz o art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal (CF) de 1988, segundo o
qual "a lei não prejudicará o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico
perfeito". (BRASIL,1988, Art. 5, XXXVI). A estabilidade e a previsibilidade são ideias
nucleares do princípio da segurança jurídica.
De acordo com J. J. Gomes Canotilho:

Os princípios da protecção da confiança e da segurança jurídica podem


formular-se assim: o cidadão deve poder confiar em que aos seus actos ou
às decisões públicas incidentes sobre os seus direitos, posições jurídicas e
relações, praticados ou tomadas de acordo com as normas jurídicas
vigentes, se ligam os efeitos jurídicos duradouros, previstos ou calculados
com base nessas mesmas normas. Estes princípios apontam basicamente
para: (1) a proibição de leis retroactivas; (2) a inalterabilidade do caso
julgado; (3) a tendencial irrevogabilidade de actos administrativos
constitutivos de direitos. (CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional,
p. 373)
Extrai-se, portanto, que a proteção da confiança e a segurança jurídica
exigem uma atuação Estatal que proteja os cidadãos das mudanças legais,
que são necessárias para o desenvolvimento social. (CANOTILHO, J. J.
Gomes. Direito constitucional, p. 375)

Ato Jurídico Perfeito


O ato jurídico perfeito é dado pelo Parágrafo 1º do Artigo 6º da Lei de
Introdução ao Código Civil, onde se diz que “Reputa-se ato jurídico perfeito o já
consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.” (BRASIL,1942, Art.
6, §1º)
O ato jurídico perfeito garante ao indivíduo que o buscou um direito adquirido,
mantendo-se assim o direito da pessoa mesmo em caso de uma alteração na regra
jurídica. (ONGARATTO, 2010)
Uma forma de se exemplificar a aplicação do ato jurídico perfeito seria em
teoria alterando-se na lei da união matrimonial a idade mínima para a realização,
atualmente a idade para se realizar o casamento é de 18 anos, caso fosse alterada
para 20 anos em uma nova lei, aqueles que já realizaram o mesmo e possuem idade
inferior ao que é dito na nova regra ainda permaneceriam casados.

O direito adquirido

Como mencionado acima, a Constituição Federal declara no art. 5º, inciso


XXXVI. Porém não define esses conceitos de direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada. Já a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, explicita:
Art. 6º. “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.” (BRASIL,1942, Art. 6)
§ 2º “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém
por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo,
ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem." (BRASIL,1942, Art. 6,
§2º)
Ou seja, diz-se “[...] de um bem ou situação jurídica que se integrou ao
patrimônio de uma pessoa cumprindo a lei vigente à época [...]" (SAMPAIO, 2005 p.
80), e tem como função garantir, no tempo, a manutenção dos efeitos jurídicos de
normas modificadas ou suprimidas, protege os indivíduos que titularizam uma
situação jurídica proveitosa anterior à aplicação das novas disposições legais. Não
inibindo, assim, a evolução da legislação, modificação ou revogação, de acordo com
Modesto:

A garantia do direito adquirido funciona, no tempo, como um guarda-chuva.


Não impede a aplicação geral e imediata da lei nova. Resguarda, no
entanto, os indivíduos que titularizam uma situação jurídica vantajosa
anterior da aplicação das novas disposições legais. Estes indivíduos
seguem regidos pela regra alterada ou revogada, mais vantajosa, para
certos e determinados efeitos, (...)Trata-se de uma garantia individual, que
funciona como tal, pois tutela a situação subjetiva de um ou mais indivíduos
determinados. Não funciona como um dique das reformas legislativas, não
represa nem pode conter a alteração abstrata da lei, porque a sua função é
apenas prolongar em concreto a aplicação da norma mais vantajosa,
revogada ou modificada por lei sucessiva (...), porém apenas para os
indivíduos que incorporaram em seu patrimônio individual a situação jurídica
anterior. (MODESTO,1998, p. 81)

A coisa julgada

Segundo Eduardo Talamini o conceito de coisa julgada é “A coisa julgada


consiste sempre na imutabilidade e indiscutibilidade da decisão sobre a qual ela
recai”. (TALAMINI, 2005). Isso consiste em proteção jurídica, a coisa julgada é o
significado final do processo ou última instância, a decisão se torna imutável não se
podendo mais discutir ou recorrer à mesma, que o processo se propôs a julgar. Isso
vem a ser a segurança jurídica, para que possamos compreender melhor o conceito
de coisa julgada temos que entender também que é coisa julgada material e formal.
O material é aquele que gere os bens da vida, da pessoa. Já o direito formal
processual tem efeito somente no decorrer do processo são as garantias das partes,
sobre os procedimentos que devem ser seguidos para que se chegue a uma
decisão, essas áreas do direito e interligam dependendo uma da outra para que um
processo corra bem e de uma forma justa para ambas as partes. No código de
processo civil artigo 502 “Denomina- se coisa julgada material a autoridade de que
se torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”.
(BRASIL, 2015, Art. 502).
Já o conceito de coisa julgada formal é doutrinário para que possamos
compreender a amplitude do conceito de coisa julgada. Se em um processo a
decisão estiver em última instância, ou a parte interessada deixar transcorrer o
prazo, e não recorrer a decisão isso se dá a coisa julgada formal e ao mesmo tempo
a coisa julgada material.
O NOVO CÓDIGO FLORESTAL E A RETROATIVIDADE DA LEI

O Novo Código Florestal (Lei 12.621/2012) que entrou em vigência em 2012


apresenta, de acordo com Maria Fátima Leyser, “[...] um grande retrocesso quando
se trata da preservação do meio ambiente trazendo uma forte redução na proteção
legal ambiental.” (CONJUR,2020)
O novo código também abre espaço para a questão da aplicação de suas
normas no tempo, onde se discute se estas normas podem ou não alcançar
situações jurídicas pretéritas como especificado em alguns de seus artigos, onde por
exemplo, segundo Oliveira “é assegurado aos proprietários que se adequem às
novas normas estabelecidas e não as normas do antigo código florestal.” Entre
outros, é possível destacar os artigos 61-A, 61-B e 61-C:

Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada,


exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de
ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho
de 2008. (...) Art. 61-B. Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais
que, em 22 de julho de 2008, detinham até 10 (dez) módulos fiscais e
desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em
Áreas de Preservação Permanente é garantido que a exigência de
recomposição, nos termos desta Lei, somadas todas as Áreas de
Preservação Permanente do imóvel, não ultrapassará: (...) Art. 61-C. Para
os assentamentos do Programa de Reforma Agrária, a recomposição de
áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo ou no
entorno de cursos d'água, lagos e lagoas naturais observará as exigências
estabelecidas no art. 61-A, observados os limites de cada área demarcada
individualmente, objeto de contrato de concessão de uso, até a titulação por
parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra.
(BRASIL, 2012, Art. 61)

O que nos leva à questão da retroatividade das leis. De acordo Silva:

A irretroatividade, pois, quer exprimir que o fato novo não tem eficácia para
atingir coisas que se fizeram sob o império ou domínio de fato então
existente. Aplicada às leis, quer dizer que a lei nova não alcança ou não
atinge, com a sua eficácia, atos jurídicos que se praticaram antes que
viesse, bem assim os efeitos que deles se geraram.(SILVA, 1997, pg.523)

Como vimos acima, é garantido na Constituição Federal de 1988, em seu


artigo 5º-XXXVI, que "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada”. (BRASIL,1988, Art. 5, XXXVI). Logo entendemos que não existe
proibição absoluta à eficácia retroativa, desde que se respeite o ato jurídico perfeito,
a coisa julgada e o direito adquirido.
Esta questão nos leva a questionar qual seria o posicionamento do STJ sobre
o assunto, e para isso, fizemos a análise de seus julgados relacionados ao art. 6º da
LINDB-42 em matéria de Direito Ambiental.

STJ E SEU PAPEL

Dos Superiores Tribunais, se destaca o Superior Tribunal de Justiça, (STJ).


Constituído por 33 ministros, indicados pelo atual Presidente da República e com
responsabilidade de atuar em casos civis e criminais, baseando no que dito no artigo
105 da Constituição Federal (CF) de 1988 - Compete ao STJ:

I - processar e julgar, originariamente:


a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal,
e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público
da União que oficiem perante tribunais;
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de
Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do
próprio Tribunal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das
pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito
à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército
ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o
disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas
de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração
direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo
Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às
cartas rogatórias; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo
internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou
domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados,
cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o
ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e
segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais,
cujas decisões terão caráter vinculante.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004).
(BRASIL, 1988, Art. 105)

Entendemos então, que o STJ é o grande paladino da Constituição, ou seja,


seu fiel protetor.

ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA

O material usado para análise corresponde a jurisprudência disponibilizadas no


site do STJ6. A consulta foi realizada no dia 8 de novembro de 2021, das 11h às 14h.
A busca por acórdãos contemplou a LINDB-42 no seu “art. 6º" e a palavra-chave "
6
BRASIL. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. (org.). Jurisprudência do STJ. 2011
A 2020. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp. Acesso
em: 04 nov. 2021.
Direito Ambiental “, resultando em 13 julgados. As controvérsias em que o Supremo
entra, decorrentes aos casos trabalhados, mostra a forma em que o artigo 6, é
utilizado erroneamente com a pretensão de degradar o meio ambiente. Houve a
exclusão de somente um acórdão7, relativo à proteção do meio ambiente devido a
decisão não unânime e a turma em que foi julgado. A amostra final é assim
composta por 12 acórdãos.
Analisando cada um dos achados, obtivemos resposta convergente daquilo
que primeiramente nos foi implantado, sendo que, os casos em que o STJ se coloca
em controvérsia, destacamos os que o Relator Herman Benjamin dá provimento em
recurso especial de segunda turma (T2):

O Tribunal de origem, ao determinar a "adaptação do TAC à nova disciplina


legal", contrariou a orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de
Justiça de que "o novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato
jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada. (STJ,
2020)

Observa-se que ele sempre tende a proteger o que ele entende ser
correto para si, mesmo que saia fora do que o STJ tende a preservar na maior
parte dos julgados.

Súmulas

O STJ se baseia em súmulas, para tomar suas decisões. Dentre elas


destacamos as súmulas 5, 7, 211 e 613 que são citadas nos julgados analisados,
junto ao Direito Ambiental.

Súmula nº 5: A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso


especial.

Súmula nº 7: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.

Súmula nº 211: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da


oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.

7
Retirado documento 2 do nº do recurso: 2016/0334601-2.
Súmula nº 613: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de
Direito Ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Notamos que o argumento de segurança jurídica é muito usado com a


pretensão de degradar o meio ambiente, são casos sem mérito onde o art. 6 não se
aplica. Com isso vemos que as entidades da nação brasileira acham que podem
“infringir” o meio ambiente de qualquer forma.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas. (BRASIL, 1988, art. 225)

Foi observado que a maioria dos julgados, faz referência ao entendimento do


STJ sobre o art. 225 § 1º, I, onde é constatado que:

O novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico
perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada, tampouco para
reduzir de tal modo e sem as necessárias compensações ambientais o
patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas de
extinção, a ponto de transgredir o limite constitucional intocável e
intransponível da "incumbência" do Estado de garantir a preservação e a
restauração dos processos ecológicos essenciais. (STJ, 2019)

Sendo assim o direito adquirido não pode ser invocado para mitigar a
salvaguarda ambiental, não servindo para justificar o desflorestamento da flora
nativa, temos direito a um ar sadio, ou seja, digno para todos.

REFERÊNCIAS

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