O mandado de segurança coletivo é instrumento constitucional que visa assegurar a proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra atos ou omissões por parte de autoridades cuja atuação se reveste de ilegalidade ou abuso de poder. Assim, possui como objetivo, a maior facilidade no acesso à justiça e consequentemente, uma considerável celeridade, devido ao fato de permitir que pessoas jurídicas protejam os direitos de seus membros, impedindo um eventual ajuizamento de inúmeras ações similares junto ao Poder Judiciário. Yasmine L. P. Santos (2023, p. 153), ao falar sobre o mandado de segurança, afirma que “ [...]trata-se de gênero que abrange duas espécies: o mandado de segurança individual e o mandado de segurança coletivo - este último é também espécie do gênero ação coletiva..”. Lojo, o mandado de Segurança Coletivo busca a preservação ou a reparação de interesses transidividuais, se configurando assim, como preventivo ou repressivo, amparando interesses transindividuais homogêneos (individuais ou coletivos). Entende-se por interesses individuais homogêneos, aqueles decorrentes de uma situação comum de vários associados ou membros, de modo que tal relação de congruência é meramente casual. Quanto a legitimidade do mandado de segurança coletivo a autora afirma ser inerente à autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público que esteja realizando ilegalidade ou abuso de poder. sendo que referida legitimidade ad causam foi limitada pela Constituição Federal e pela Lei. Nº. 12.016/2009.10Art. 6º, § 6º. Lei 12.016/2009. O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito. Art.19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais. Súmula 304. STF. Decisão denegatória demandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso de ação própria.11Súmula 266. STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.
Ou seja, tanto a Constituição Federal quanto a Lei do MS preveem um rol de
legitimados à propositura do mandado de segurança de natureza coletiva. De acordo com a Constituição Federal Brasileira, os legitimados ativos são: partidos políticos com representação no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe ou associação, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Tal instituto, além de possuir respaldo na Constituição, encontra-se regulamentado pela Lei 12.016/2009 (que é a lei do Mandado de Segurança) a qual em alguns de seus artigos, esclarece vários pontos acerca do mandado de segurança coletivo como: a necessidade de pertinência em relação à finalidade das organizações sindicais, entidades de classe, associações e partidos políticos.
Já no que diz respeito ao objeto do mandado de segurança coletiva segundo a
autora, A LMS prevê que o objeto do mandado de segurança coletivo são os direitos coletivos e individuais homogêneos. Assim, o objeto do mandado de segurança coletivo é o mesmo do objeto do mandado de segurança individual, porém direcionado a proteção dos direitos coletivos em sentido estrito. Em suma, é feito contra ato de omissão ilegal ou abuso de poder de autoridade, desde que presentes os atributos de liquidez e certeza. A competência, por sua vez, para julgar mandado de segurança se define pela categoria da autoridade coatora e/ou pela sua sede funcional. Para a fixação do juízo competente em mandado de segurança não interessa a natureza do ato impugnado, o que importa é a sede da autoridade coatora e sua categoria funcional. Assim os mandados de segurança impetrados contra atos de autoridades federais têm foro competente na localidade onde tais autoridades estão sediadas, desde que haja vara federal, ou, na hipótese negativa, na Capital do Estado respectivo. Para as autoridades estaduais e municipais, o foro competente será sempre o da respectiva comarca. Assim. Compete aos Tribunais Regionais Federais processar e julgar, originariamente, os mandados de segurança contra ato do próprio Tribunal, ou de juiz federal (CF, art. 108, I, c). Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar o mandado de segurança quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição (CF, art. 114, IV).
A coisa julgada se relaciona à imutabilidade, seja dos efeitos da decisão, seja da
própria decisão, conforme a doutrina que se perfilhe, e por isso, na impossibilidade de se discutir novamente matéria já levada à deliberação pelo Poder Judiciário, dentro do mesmo processo (coisa julgada formal) ou fora dele (coisa julgada material). O escopo da mantença desse instituto no ordenamento é a garantia de valor muito caro à Constituição e, por conseguinte, a todo o sistema jurídico do País, que é a segurança nas relações pessoais. Com a sua presença, o sistema proporciona às pessoas a confiança de que após a deliberação do Estado sobre a aplicação do direito a determinado caso concreto, resta impossibilitada nova deliberação a respeito daquele conflito.
Por sua vez, o julgamento do mandado de segurança coletivo não prejudica a
apreciação de demanda individual. Nesse sentido, prevê a LMS:
Art. 22 §1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as
ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. Há disposição sobre o tema na Lei do Mandado de Injunção (Lei n.o 13.300/2016), e no CDC. A exemplo, mandado de segurança coletivo, os quais os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual, caso nao requerer sua desistência. Ao mandado de injunção coletivo, o qual não induz litispendência em relaçao aos individuais, bem como os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência no prazo de trinta dias. Ao CDC, as quais as ações coletivas previstas nos incisos I e II do parágrafo 81, não induzem litispendência para as ações individuais não beneficiarão os autores das açõesindividuais, se não for requerida sua suspenção no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.