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MANDADO DE SEGURANÇA

 É utilizado de forma subsidiária, com o objetivo de garantir que autoridades e órgãos que
exerçam o poder público não impossibilitem o acesso de pessoas à direitos constitucionais.

O que é mandado de segurança e para que serve?


Ele tem como objetivo proteger um direito líquido e certo que é ameaçado por uma
autoridade pública ou um órgão que exerça funções públicas. Trata-se do remédio
constitucional mais comum no dia-a-dia do advogado.
Na prática, o mandado de segurança visa combater atos ilegais ou abusivos de autoridades e
órgãos públicos, com o objetivo de garantir direitos constitucionais à pessoa ou coletivo que
tenha sido alvo do ato irregular. É uma forma de garantir e proteger os direitos
constitucionais da sociedade.

Base legal do mandado de segurança


Por ser subsidiário, ele é aplicado em situações onde os remédios constitucionais de habeas
corpus (para proteção dos direitos de locomoção) ou habeas data (para proteção dos direitos
à informação) não forem aplicáveis. Isso significa que ele dá efetividade a todos os outros
direitos previstos na nossa Constituição.

A medida visa tutelar sobre direito líquido e certo quando há uma ameaça real ao direito. O
direito líquido e certo é aquele que não precisa de provas adicionais para ser comprovado,
pois se trata de um direito que é fácil vislumbrar a partir de documentos.

Entre os coatores (aqueles que podem sofrer um mandado de segurança) estão as


autoridades públicas, aquelas que possuem poder de criar e desfazer atos dentro da
administração pública e pessoas jurídicas que exerçam poder público e tenham os mesmos
poderes.

Dessa forma, pode-se afirmar que este remédio constitucional subsidiário não é aplicável a
todos os agentes públicos, mas apenas àqueles que tenham o poder de realizar os atos
irregulares ou ilegais.

Lei 12.016/09
O mandado de segurança está previsto na Constituição Federal de 1988, mas é regulado pela
lei específica 12.016, de 2009, que irá definir quais são os seus prazos, particularidades,
alcance e trâmites. O Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15), portanto, é aplicado
apenas de forma subsidiária à lei 12.016/09, sendo utilizado em situações onde a lei
específica não for suficiente.

Tipos de mandados de segurança


O mandado de segurança pode apresentar diferentes modalidades, levando em consideração
quem está entrando com a medida processual ou em que momento da impetração o remédio
constitucional está sendo aplicado.
Repressivo
O mandado de segurança repressivo ocorre quando a autoridade pública ou pessoa jurídica
que exerce poder público já realizou o ato irregular ou ilegal.

Ou seja, o remédio constitucional é utilizado, nessa situação, com o objetivo de repreender o


ato, preservando o direito alheio. Um exemplo de mandado de segurança repressivo seria
uma pessoa, que tem o intuito de se aposentar, entrar com a medida processual contra uma
autoridade pública que lhe negue a aposentadoria, mesmo apresentando todos os
documentos e requerimentos.

O direito constitucional a aposentadoria, nesse caso, está sendo impedido por um ato
irregular de uma autoridade que exerce poder público. Dessa forma, reprime-se esse ato
ilegal com um mandado de segurança.

Preventivo
O preventivo, por sua vez, visa proteger a pessoa em frente a uma ameaça de lesão de seus
direitos constitucionais ou infraconstitucionais.

O mandado de segurança preventivo, de forma geral, é considerado declaratório. Isso


significa que o juiz que analisar o pedido irá afirmar, caso considerado próprio o pedido, que o
impetrante (aquele que entra com o mandado) não poderá ter seu direito impedido pela
autoridade ou órgão competente.

Individual
O mandado de segurança individual, ocorre quando uma pessoa física ou jurídica única entra
com o remédio constitucional contra autoridade ou órgão que exerce poder público de forma
irregular.

Coletivo
O mandado de segurança coletivo, por sua vez, implica numa situação onde a irregularidade
ou ilegalidade cometida pela autoridade ou órgão em questão afeta várias pessoas,
independente se elas configuram um grupo específico ou não.

Nesse caso, organizações sindicais e de classe, partidos políticos e associações podem entrar
com o mandado de segurança coletivo a favor da classe que representam. Caso diversas
pessoas entrem com o mesmo mandado de segurança contra uma autoridade ou órgão
específico, o juiz poderá acatar ao remédio constitucional de uma e suspender os demais, por
compreender que a situação se trata de um mandado de segurança coletivo.

Exemplo de mandado de segurança


Um  pintor de 59 anos que entrou com mandado de segurança contra o INSS após seu pedido
de benefício assistencial não ter sido analisado após 200 dias. O pintor, que entrou com o
pedido devido a uma deficiência física adquirida, não teve o mesmo analisado após 200 dias
de ter protocolado. Então, entrou com o mandado de segurança, uma vez que o órgão o
estava impedindo de exercer um direito constitucional.

No caso, a juíza responsável pela análise do pedido julgou procedente o mandado de


segurança, pois a demora da análise do pedido ia contra os princípios da eficiência e
razoabilidade da administração pública. O órgão, então, recebeu o prazo de 30 dias para se
manifestar sobre o pedido.

Pedido de liminar no mandado de segurança


É possível, sim, fazer um pedido de liminar em um mandado de segurança, fazendo com que
ele seja acatado antes da conclusão do litígio.

Entretanto, a petição do mandado de segurança precisa comprovar que há risco de dano


irreparável ou de difícil reparação caso o impetrante não consiga reverter as condutas
irregulares da autoridade ou órgão que exerce poder público.

Entretanto, o parágrafo 2º do artigo 7º da lei nº 12.016/09 define algumas situações onde


não é possível conceder liminar no mandado de segurança. São elas:

“§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação
de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do
exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão
de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza”.

Recursos cabíveis ao mandado de segurança


Por poder ser julgado por diferentes órgãos competentes, o mandado de segurança possui
diferentes tipos de recursos que podem ser aplicados a decisões em seu sentido.

A lei nº 12.016/09 estipula a possibilidade de agravo de instrumento (artigo 7º, parágrafo 1º)
contra decisão a respeito da liminar e a possibilidade de apelação (artigo 14) sobre sentença.

A respeito de acórdão realizado pelos Tribunais regionais ou estaduais, cabe recurso ordinário
constitucional ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em acórdão feito pelos Tribunais
Superiores, cabe recurso ordinário constitucional ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Prazo para entrar com um mandado de segurança


Em relação ao prazo, o artigo 23 da lei 12.016/09 estipula que o mandado de segurança
poderá ser requisitado em até 120 dias após o interessado ter ciência do ato irregular
cometido pelo órgão ou autoridade pública.

Diferente dos prazos do Novo CPC, esse prazo de 120 dias é contado em dias corridos. Ou
seja: o interessado em entrar com mandado de segurança terá quatro meses (em média) para
começar a disputa judicial, contados a partir do momento onde a pessoa tiver ciência do ato
irregular.

Quanto tempo leva para julgar um mandado de segurança?


Por se tratar de um remédio constitucional, o julgamento de um mandado de segurança
costuma ser rápido.

O juiz de primeira instância terá o prazo de 5 dias para avaliar e dar sua sentença a respeito
do pedido, tendo o prazo começado após os 10 dias oferecidos para que a autoridade coatora
apresente as informações devidas.
Para os Tribunais estaduais e federais, o julgamento deve ocorrer na próxima sessão imediata
após a conclusão do processo pelo juiz de primeira instância.

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