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Mandado de Injunção

e
Mandado de Segurança

Prof. Me. Edson Barbosa de Miranda Netto


Mandado de Injunção
Nunes Júnior (2019):
 “O mandado de injunção é cabível quanto à norma
constitucional de eficácia limitada, em uma de suas
espécies mais conhecidas: a norma de eficácia limitada
de princípio institutivo. Esta é a norma constitucional que
precisa de um complemento, de uma regulamentação,
para gerar todos os seus efeitos. Dessa forma, é
necessário que haja lacuna na estrutura normativa, apta
a ser sanada através de qualquer lei ou ato normativo”.
Mandado de Injunção
Art. 5º, LXXI, da CF/88:

 “LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que


a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania”.
Mandado de Injunção
Lei n. 13.300/2016: Norma Regulamentadora:
 “Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre
que a falta total ou parcial de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.

 Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação


quando forem insuficientes as normas editadas pelo
órgão legislador competente.”
Mandado de Injunção
Não abarca qualquer omissão inconstitucional: deve
ser em relação a direitos e liberdades constitucionais
relativas a nacionalidade, soberania e cidadania.

O Mandado de Injunção (MI) possui uma aplicação mais


restrita se comparado com a Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão (ADO).

ADO: Controle Concentrado de Constitucionalidade.

MI: Controle Difuso de Constitucionalidade.


Mandado de Injunção
Em qualquer hipótese de norma constitucional que
precise de um complemento normativo, permanecendo
omisso o poder público, poderá ser ajuizada a ADO
(cabimento mais amplo).

Já o mandado de injunção tem um cabimento mais


restrito.

O MI só pode ser usado em caso de inviabilização do


exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.
Mandado de Injunção
Legitimidade ativa: qualquer pessoa é parte legítima
para ajuizar o mandado de injunção. Basta que essa
pessoa seja titular de um direito cuja realização não é
possível em razão da inexistência de norma
regulamentadora.

Legitimidade passiva: Poder, órgão ou autoridade


competente para edição da norma regulamentadora.
Mandado de Injunção
Art. 3º da Lei 13.300/2016:
 “São legitimados para o mandado de injunção, como
impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se
afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o
Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para
editar a norma regulamentadora”.
Mandado de Injunção
Efeitos da decisão: em caso de procedência, a decisão
judicial determinará um prazo razoável para que o
impetrado edite a norma regulamentadora.

Referido prazo será concedido uma única vez.

Em caso de não edição da norma regulamentadora pelo


impetrado dentro do prazo concedido: o próprio
Judiciário irá suprir a omissão legislativa.
Mandado de Injunção
Efeito ou eficácia concretista do Mandado de
Injunção: teoria que já era admitida anteriormente pela
doutrina e jurisprudência, sendo positivada na Lei n.
13.300/2016.
Precedente (exemplo): Greve de servidores públicos,
julgada nos Mandados de Injunção n. 670, 708 e 712.
Nunes Júnior (2019):
 “Ao contrário da ADI por omissão, em que a procedência
da ação implica a mera comunicação ao órgão
legislativo, no mandado de injunção, descumprido o
prazo limite para se legislar, o Judiciário estabelecerá as
regras necessárias ao exercício do direito (eficácia
concretista)”.
Mandado de Injunção
Eficácia concretista: Lei n. 13.300/2016:
 “Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será
deferida a injunção para:
 I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova
a edição da norma regulamentadora;
 II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos
direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou,
se for o caso, as condições em que poderá o interessado
promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado.
 Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se
refere o inciso I do caput quando comprovado que o
impetrado deixou de atender, em mandado de injunção
anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma”.
Mandado de Injunção
Eficácia concretista: Lei n. 13.300/2016:
 “Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes
e produzirá efeitos até o advento da norma
regulamentadora.
 § 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga
omnes à decisão, quando isso for inerente ou
indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da
prerrogativa objeto da impetração.
 § 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão
ser estendidos aos casos análogos por decisão
monocrática do relator.
 § 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova
não impede a renovação da impetração fundada em outros
elementos probatórios”.
Mandado de Injunção Coletivo
Espécies de Mandado de Injunção:
 Individual.
 Coletivo: art. 12 da Lei 13.300/2016.

O STF já aceitava a existência do Mandado de Injunção


Coletivo jurisprudencialmente por analogia ao MS
Coletivo.

A Lei 13.300/2016 pacificou essa questão ao prevê-lo de


modo expresso.
Mandado de Injunção Coletivo
Em relação ao Mandado de Injunção Individual,
alteram-se dois pontos:
 Legitimado ativo.
 Abrangência dos efeitos da decisão.

Além dos legitimados ativo a impetrar o Mandado de


Segurança Coletivo, a Lei 13.300/2016 também atribuiu à
Defensoria Pública e ao Ministério Público legitimidade
para impetrar Mandado de Injunção Coletivo.
Mandado de Injunção Coletivo
Legitimidade ativa do Mandado de Injunção Coletivo:
Lei 13.300/2016:
 “Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser
promovido:
 I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for
especialmente relevante para a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático ou dos interesses
sociais ou individuais indisponíveis;
 II - por partido político com representação no Congresso
Nacional, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou
relacionados com a finalidade partidária;”
Mandado de Injunção Coletivo
Legitimidade ativa do Mandado de Injunção Coletivo:
Lei 13.300/2016:
 III - por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de
direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade
ou de parte de seus membros ou associados, na forma de
seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
 IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for
especialmente relevante para a promoção dos direitos
humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal.
Mandado de Injunção Coletivo
Abrangência dos efeitos subjetivos da decisão de
Mandado de Injunção Coletivo: Lei 13.300/2016:
 “Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença
fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes
da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria
substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto
nos §§ 1º e 2º do art. 9º.
 Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não
induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante
que não requerer a desistência da demanda individual
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
comprovada da impetração coletiva”.
Mandado de Injunção Coletivo
Aplicação subsidiária de outras normas aos Mandado
de Injunção: Lei 13.300/2016:
 “Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado de
injunção as normas do mandado de segurança,
disciplinado pela Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009 ,
e do Código de Processo Civil, instituído pela Lei nº
5.869, de 11 de janeiro de 1973 , e pela Lei nº 13.105,
de 16 de março de 2015 , observado o disposto em seus
arts. 1.045 e 1.046”.
Mandado de Segurança
 O que é?
 Remédio / Ação Constitucional.
 Visa proteger direito líquido e certo, não amparado por
outro meio especifico, quando houver ilegalidade ou
abuso de poder por parte de autoridade pública ou de
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
 Deve ser proposta pelo titular do direito lesado ou na
iminência de sofrer a lesão: modalidades repressiva e
preventiva.
Mandado de Segurança
Previsão Constitucional: Art. 5º, LXIX, da CF:
 “conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data , quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público”.
Mandado de Segurança
Norma Regulamentadora: Art. 1º da Lei 12.016/2009:
 “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso
de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça. ”.
Mandado de Segurança
Objeto:
 Ato/omissão ilegal ou com abuso de poder de autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.

Direito líquido e certo:


 Aquele que pode ser comprovado de plano, ou seja, por
meio de prova pré-constituída [documental] anexa à
inicial, independentemente de dilação probatória.
Mandado de Segurança
O Mandado de Segurança possui caráter residual ou
subsidiário. É cabível apenas quando não houver outro
meio específico capaz de defender o direito violado.
Exemplos:
 Não podem ser cabíveis outros remédios constitucionais
(HC, HD, Ação Popular etc).
 Não é cabível contra decisão judicial passível de ser
impugnada por recurso com efeito suspensivo.
 Não cabível contra decisão transitada em julgada (existe
a ação rescisória).
 Não cabível contra ato de que caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo.
Mandado de Segurança
Celeridade: o MS goza de prioridade de julgamento
sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.
Art. 20 da Lei n. 12.016/2009:
 “Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os
respectivos recursos terão prioridade sobre todos os
atos judiciais, salvo habeas corpus.
 § 1º Na instância superior, deverão ser levados a
julgamento na primeira sessão que se seguir à data em
que forem conclusos ao relator.
 § 2º O prazo para a conclusão dos autos não poderá
exceder de 5 (cinco) dias”.
Mandado de Segurança
Legitimidade ativa: pessoa titular do direito líquido e
certo que foi lesado ou está na iminência de o ser.

Legitimidade passiva: autoridade coatora + pessoa


jurídica que esta integra (art. 6º, caput, da Lei 12.016).
 Art. 6º, §3º, caput, da Lei 12.016: “Considera-se autoridade
coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da
qual emane a ordem para a sua prática”.
 O ato ilegal pode ser comisso ou omissivo.
 A pessoa jurídica pode ser de direito público ou de direito
privado quando estiver prestando serviços públicos (ex:
hospital privado ou faculdade privada).
Mandado de Segurança
Direito líquido e certo:
 O direito protegido por meio do MS deve possuir liquidez
e certeza.
 Isso significa que ele deve ser comprovado já na petição
inicial por meio de provas pré-constituídas
(documentais).
 Assim, o objetivo central do MS é obter êxito já na tutela
de urgência, uma vez que não será possível produzir
outros meios de prova além daqueles trazidos junto da
inicial.
Mandado de Segurança
Tempestividade:
 Art. 23 da Lei n. 12.016/2009: “O direito de requerer
mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120
(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo
interessado, do ato impugnado”.
 Prazo decadencial: não se suspende nem se interrompe.
 Deve-se ser observado nos casos de MS repressivo (a
lesão já ocorreu).
 Após esse prazo, pode ser ajuizada ação ordinária com
pedido de tutela de urgência.
Mandado de Segurança
Produção de provas:
 O MS não comporta fase de produção de provas.

 Todas as provas devem ser trazidas aos autos na inicial


pelo autor. Serão, em regra, documentais.

Participação do MP:
 O MP deverá ser chamado a atuar como fiscal da ordem
jurídica.
Mandado de Segurança
Tutela de Urgência:
 A tutela de urgência é admitida nos termos do art. 7°, III,
da Lei 12.016/2009 e do art. 300 do CPC/2015.

 Pode possuir natureza de tutela cautelar ou de tutela


antecipada a depender do caso.

 Deve-se comprovar dois requisitos para sua concessão:


 Probabilidade do direito ou fumus boni iuris.
 Perigo de dano, risco ao resultado útil do processo ou
periculum in mora.
Mandado de Segurança
Competência:
 A competência para julgamento do mandado de
segurança é sempre fixada de acordo com a autoridade
coatora.
 Não há fixação de competência em virtude da natureza
do ato impugnado.
 Assim, poderá ser ajuizado MS desde a 1ª instância da
Justiça Estadual até o STF.
 A CF traz uma série de competências para julgamento
de MS.
Mandado de Segurança Coletivo
Mandado de Segurança Coletivo: responsável pela
tutela de direitos transindividuais ou coletivos em sentido
amplo.

 Diferenças para o MS Individual: legitimidade ativa e


objeto.

A impetração de MS Coletivo não impede a do Individual,


desde que seja feito dentro do prazo de 120 dias.
Mandado de Segurança Coletivo
Legitimidade ativa: Art. 21 da Lei 12.106:
 Partido político com representação no Congresso
Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária.

 Organização sindical, entidade de classe ou associação


legalmente constituída e em funcionamento há, pelo
menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e
certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial.
Mandado de Segurança Coletivo
Objeto:
 O MS Coletivo pode tutelar os mesmos direitos que o
MS individual.

 Porém, direciona-se principalmente para a tutela de


interesses coletivos em sentido estrito e individuais
homogêneos.

 OBS: O MS coletivo não tutela direitos difusos (não há


como assegurar um direito subjetivo líquido e certo a um
grupo indeterminado de pessoas).
Mandado de Segurança Coletivo
Objeto:
 Art. 21, parágrafo único, da Lei 12.016/2009:
 “Os direitos protegidos pelo mandado de segurança
coletivo podem ser:
 I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
 II - individuais homogêneos, assim entendidos, para
efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação específica da totalidade ou de
parte dos associados ou membros do impetrante”.
Mandado de Segurança Coletivo
Efeitos da sentença no MS Coletivo:
 Art. 22 da Lei 12.016/2009:
 “Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença
fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo
ou categoria substituídos pelo impetrante.
 §1º O mandado de segurança coletivo não induz
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos
da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a desistência de seu mandado
de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da
ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva”.
OBRIGADO!

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