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Fortaleza – CE
Março de 2023.
LEGÍTIMA DEFESA COMO DIREITO E DEVER NO ORDENAMENTO
JURÍDICO BRASILEIRO
RESUMO
Este trabalho tem como missão a análise do instituto da legítima defesa, com foco no seu
utilizador e quando este, respaldado por tal dispositivo, age em direito ou dever. A priori a
análise desta excludente de ilicitude passou pelo instituto em si, demonstrando todos seus
requisitos objetivos e subjetivos, fundamentos, doutrinas e jurisprudências. Mais adiante foi
demonstrado o fator social de violência a qual o país se encontra, em especial os
profissionais de segurança pública, e como isso atinge os mesmos quando na utilização do
dispositivo legal. Concluindo este trabalho abordamos em específico a legítima defesa
policial, o quão complexo e incômodo ela é para o agente da lei, podendo gerar terríveis
consequências jurídicas para os mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: Legitima Defesa; Legitima Defesa Policial.
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A LEGÍTIMA DEFESA
2.1.1 Conceito e fundamento
2.1.2 Natureza Jurídica
2.1.3 Espécies e Requisitos Legais
2.1.4 Legítima defesa aplicada pelos profissionais de segurança pública às vítimas
reféns
2.2 A PROFISSÃO POLICIAL NO BRASIL
2.2.1 Histórico
2.2.2 Aspectos legais
2.2.3 Fatores sociais de risco
2.3 LEGÍTIMA DEFESA POLICIAL
2.3.1 Legítima Defesa, Dever Policial
2.3.2 Legitima defesa ou estrito cumprimento do dever legal?
2.3.3 Rito processual
2.3.4 Legitima defesa da vítima refém
3 CONCLUSÃO
4 REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
4
2 DESENVOLVIMENTO
2
BRASIL. Código Penal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm . Acesso em: 09 Abril 2021
5
2.1.2 Natureza Jurídica
3
BRASIL. Código Penal.. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm . Acesso em: 09 Abril 2021
6
morte por ‘B’. Em determinada noite, em uma rua escura, encontram-se. ‘B’
coloca a mão no bolso, e ‘A’, acreditando que ele iria pegar uma arma,
mata-o. Descobre-se, posteriormente, que ‘B’ tinha a intenção de oferecer-
lhe um charuto para selar a paz. (MASSON, 2020. p.352)
a) Injusta agressão
4
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.Disponível em:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/agressao. Acesso em: 09
Abril 2021
5
PRIBERAM, Dicionário. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/injusto . Acesso em: 09 Abril
2021
6
MASSON, op. cit., p.347
7
A agressão, para caracterizar legítima defesa, deve ser dirigida, com
destinatário certo, pois, do contrário, caracteriza perigo atual (sem
destinatário determinado, permitindo, conforme as circunstâncias, a
descriminante do estado de necessidade. Logo, se diante de um carro
desgovernado, o pedestre, para salvar a sua vida, sacrifica bem jurídico de
terceiro, agiu em estado de necessidade (e não legítima defesa). (CUNHA,
op. cit., p.332-333).
b) Atual ou iminente
2.2.1 Histórico
11
BRASIL. Código Tributário Nacional. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm . Acesso em: 09 Abril 2021
11
FIGURA 01 – Dados em relação ao número de policiais mortos 12
Fonte:
https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2020/09/03/no-de-pessoas-mortas-pela-policia-
cresce-no-brasil-no-1o-semestre-em-plena-pandemia-assassinatos-de-policiais-tambem-sobem.ghtml
12
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-
content/uploads/2021/02/anuario-2020-final-100221.pdf . Acesso em: 09 Abril 2021
13
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-
content/uploads/2021/02/anuario-2020-final-100221.pdf . Acesso em: 09 Abril 2021
12
FIGURA 02 – Dados em relação aos PMS e PCS mortos em serviço e fora, e
suicídio de policiais14
Fonte: Dados das Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Pessoal (2019)
14
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-
content/uploads/2021/02/anuario-2020-final-100221.pdf . Acesso em: 09 Abril 2021
15
Suicide in the world: Global Health Estimates, 2019, p. 6. Disponível
em: https://www.who.int/publications/i/item/suicide-in-the-world Acesso em: 09 Abril 2021
16
Monitor da Violência. Disponível em:
http://especiais.g1.globo.com/monitor-da-violencia/2018/mortes-violentas-no-brasil/?
_ga=2.92484319.391371196.1617823374-395429212.1611881939#/dados-mensais-2019 . Acesso
em: 09 Abril 2021
13
Fonte: G1 – Monitor da Violência: As mortes violentas mês a mês no Brasil (globo.com)
14
legítima defesa ganha algumas características e trâmites especiais, visando
justamente um tratamento diferencial à categoria mais exposta a essa violência. Mas
esse diferencial, ainda assim, é suficiente para garantir a segurança jurídica
necessária a qual os policiais tanto almejam? Vejamos a seguir.
19
MASSON, op. cit., p.360
16
resguardados pelos excludentes de ilicitude da legítima defesa e do estrito
cumprimento do dever legal.20 (STJ,2014).
20
STJ: AgRg no cc 133875/SP. nº 2014/0115118-1. Terceira Seção. Rel. Ministra Laurita Vaz. Ac. Em
13/08/2014
21
STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO: 972.173 ES 2017/972.173. RELATORA MIN. ROSA
WEBER. DJ. 30/05/2017
22
BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689.htm . Acesso em: 09 Abril 2021
17
A mudança vai além. Em seu §2, é tratado acerca de um defensor
designado ex-ofício pela instituição a que o policial estava vinculado à época dos
fatos:
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela
investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do
investigado.23
Talvez um dos fardos mais pesados criados pelo Direito Penal seja a
posição de garantidor. Para os policiais militares, esse fardo se torna ainda
mais pesado, uma vez que, de acordo com o Estatuto da Polícia Militar de
quase todos os Estados da federação, o policial militar, mesmo fora do seu
horário normal de trabalho, ainda é considerado como garantidor, tendo,
mesmo nas horas e nos dias de folga, o dever de agir para impedir os
resultados previstos nos tipos penais. O raciocínio não é diferente quando
estamos diante de um policial civil, cujos estatutos também prevêem a sua
condição de garantidor durante as 24 horas do dia. 24
23
BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689.htm . Acesso em: 09 Abril 2021
24
GRECO, op. cit., p.207
18
Logo, para a correta adequação da teoria do dispositivo legal à prática
policial, faz-se necessário que o direito dado aos policias seja integral, que perdure
também quando o mesmo esteja em sua folga.
25
BRASIL. Código Penal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm . Acesso em: 09 Abril 2021
26
CUNHA, op. cit., p.338
27
MASSON, op. cit., p. 350
19
Nesse sentido, pontua Masson:
28
MASSON, op. cit., p. 350
29
GRECO, op. cit., p 164
20
3 CONCLUSÃO
Foi tratado neste trabalho o instituto da legítima defesa, tema que foi
destrinchado em todo o dispositivo legal, com o intuito de demostrar que a mesma é
muito mais complexa do que imaginamos, principalmente quando aliada à
conjuntura social em que vivemos no Brasil. Durante as pesquisas realizadas, foi
possível notar a intensa problemática de violência social vivenciada no Brasil e, por
estarmos acostumados, não notamos o quão grave e assustadora é essa realidade.
Violência essa que atinge a todos, sem distinção de classe social, raça, credo e
profissão, e de igual forma todos temos o direito à legítima defesa, direito esse a ser
exercido quando essa violência assustadora “bater em nossa porta”.
Nota-se sobretudo que a categoria policial necessita de maior respaldo
legislativo para que possa resguardar seus bens jurídicos e os de outrem, visto que
obriga-se a assumir o papel de garantidor. Dessa forma, torna-se imprescindível que
o ordenamento jurídico pátrio assegure a esses profissionais direitos proporcionais
às responsabilidades às quais estão obrigados. Embora as recentes mudanças
promovidas pelo “Pacote Anticrime” tenham conferido significativas melhorias acerca
de tal problemática, muito ainda necessita ser feito a fim de garantir uma efetiva
proporcionalidade entre os deveres e direitos da categoria em questão.
A pesquisa e trabalho buscou responder se, com base na legislação
vigente, há segurança jurídica para a efetiva praticabilidade da legítima defesa. Com
base nas pesquisas e estudos feitos, fica claro que o Estado tem se esforçado para
garantir a segurança jurídica dos praticantes de tal dispositivo, sobretudo dos
agentes da lei, categoria mais beneficiada pelas mudanças trazidas na legislação.
Chegamos à conclusão de que há segurança jurídica, porém não o
suficiente para atender todas as necessidades dos agentes da lei e cidadãos. As
mudanças trazidas foram boas, porém, por vezes, redundantes, sem efetividade na
prática, além de que tais mudanças apenas respaldam em caso de efetivo exercício
policial, quando é fato que a maioria das ocorrências com resultado morte dão-se
quando o policial está de folga.
Por fim, é preciso que o Estado continue avançando e trazendo novos
dispositivos legais, para que todos aqueles que vierem a praticar seu direito estejam
respaldados e amparados por uma segurança jurídica forte e consistente.
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4 REFERÊNCIAS
CEREZO MIR, José. apud GRECO, Rogério. Atividade Policial: aspectos penais,
processuais penais, administrativos e constitucionais, 10ª ed. Niterói, RJ:
Impetus, 2020.
CUNHA, Rogério Sanchez. Manual do direito penal (arts. 1º ao 120), 8 ed. rev.,
ampl. e atual. Salvador: JusPODIVIM, 2020.
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). v.1, 14ª ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 14ª ed. Editora Forense.
Rio de Janeiro, 2020..
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