Você está na página 1de 3

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua

formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema: "Abuso de autoridade no Brasil".”, apresentando proposta de intervenção. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto 1

Abuso de poder ou abuso de autoridade é conceituado como o ato humano de se prevalecer


de cargos para fazer valer vontades particulares. No caso do agente público, ele atua contrariamente ao
interesse público, desviando-se da finalidade pública. A democracia direta é um sistema que se opõe a este
tipo de atitude. O abuso de poder pode se dar em diversos níveis de poder.

O abuso de poder se manifesta de duas formas distintas: o excesso de poder e o desvio de


finalidade. Ocorre "excesso de poder quando o agente público atua fora de sua competência"[2]. Já o
desvio de finalidade ocorre "quando o agente, embora competente, pratica o ato visando interesses
mesquinhos, pessoais, e não o bem comum".

Alguns exemplos podem ser o funcionário público que acha que é dono do espaço público só
porque tem autoridade para cuidar do local e é protegido pela lei. Ou quando uma pessoa detentora de
autoridade usa critérios baseados em abuso de autoridade e preconceitos. Ou o político que acha que pode
tomar decisões de autoridade sem consultar democraticamente o povo que o elegeu.

Texto 2

Abuso de autoridade

Constitui-se "abuso de autoridade" quando uma autoridade, no uso de suas funções, pratica qualquer
atentado contra a liberdade de locomoção, a inviolabilidade do domicílio, o sigilo da correspondência, a
liberdade de consciência e de crença, o livre exercício do culto religioso, a liberdade de associação, os
direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto, o direito de reunião, a incolumidade física do
indivíduo e, aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional (incluído pela Lei nº 6.657,
de 5 de junho de 1979). O abuso de autoridade levará seu autor à sanção administrativa civil e penal, com
base na lei. A sanção pode variar desde advertência até à exoneração das funções, conforme a gravidade
do acto praticado.
Texto 3

Desembargador afastado por 'carteirada' segue recebendo salário; é justo?...

Matheus Pichonelli
Colaboração para o TAB
29/08/2020 04h01

Uma segunda onda de revolta, ao menos nas redes sociais, marcou a repercussão da notícia de
que o Conselho Nacional de Justiça abriu procedimento administrativo contra o desembargador Eduardo
Almeida Prado Rocha de Siqueira, flagrado, em julho, destratando um guarda civil e rasgando uma multa
por se negar a usar máscara de proteção em uma praia de Santos (SP).

Em julgamento online, os conselheiros do CNJ decidiram afastá-lo do cargo. Ele, porém,


continuará recebendo salário de desembargador (superior a R$ 35 mil), o que, segundo o tribunal das
redes, abre caminho para uma punição apenas amena no conselho.

Nas imagens que viralizaram, o desembargador chamou o agente de "analfabeto" e acionou o


secretário de Segurança Pública da cidade, exigindo providências — o homem da lei, afinal, não poderia
estar submetido a um decreto municipal, certo?

Errado. Se a cena suscitou reflexões sobre uma sociedade mediada pelo abuso de autoridade,
a abertura do procedimento administrativo no CNJ provocou dúvidas sobre a real possibilidade de um
magistrado ser responsabilizado por seus crimes no Brasil.

Texto 4

Violência policial: o que é, por que acontece e como controlar?

26/09/20 por Arthur Stabile

Entenda como funciona o uso da força por parte do Estado, quando há abusos e
quais os meios legais de denunciá-los:

O Estado tem entre suas prerrogativas o chamado “monopólio do uso da força” como
forma de garantir a ordem social. Essa prática se dá através das polícias, especialmente, no caso
do Brasil, as militares. Até onde o uso da força é legal? Em que ponto vira violência policial contra
as pessoas?
A ideia de que o Estado tem um “monopólio legítimo da violência” foi articulada pela primeira vez
no começo do século 20 pelo sociólogo alemão Max Weber. A doutrina, que influenciou a
formação dos Estados contemporâneos, diz que os Estados são o único ente que tem a
prerrogativa de utilizar a força para garantir que o pacto social (definido pelas leis de cada país)
não seja quebrado e, por meio de seus braços armados, como as polícias e Forças Armadas,
controla a sociedade.
Como acontece o uso da força?

Há diversas formas de aplicar essa lógica. A presença de um policial militar na esquina já


pode ser compreendida como um uso da força, ainda que de forma preventiva. Segue a
ideia de se mostrar presente para dissuadir a prática de um crime.

O policial não necessariamente precisa investir fisicamente contra as pessoas, seja com
golpes, seja com armamentos, para evitar uma prática criminosa. A Polícia Militar atua
como polícia ostensiva, de atuação nas ruas para combater os crimes, enquanto a Polícia
Civil, também chamada de polícia judiciária, trabalha em investigações para interromper
ou antecipar práticas criminosas.

No entanto, o uso abusivo dessa força, principalmente vindo da Polícia Militar, é histórico
e recorrente no Brasil. Um dos principais pontos em jogo nesse sentido é quando o
policial mata uma pessoa em serviço. Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
prometer dar mais garantias aos policiais que matam em serviço, essa possibilidade legal
já existe.

A lei dá sustentação para uma morte acontecer, contanto que ela se baseie no artigo 23
do Código Penal, ao ser cometida “em estado de necessidade, em legítima defesa ou em
estrito cumprimento do dever legal”. Esse último item enquadra a atividade policial.

Na prática, vemos o argumento de legítima defesa ser usado inclusive quando um policial
mata uma pessoa desarmada dando um tiro nas suas costas. Há estudos que apontam os
homicídios como forma de um PM “aliviar a tensão”, como explica a tese de doutorado do
tenente-coronel aposentado da PM paulista Adilson Paes de Souza.

Em que momento vira violência policial?

Quando as ações ultrapassam essa barreira, em casos de morte, o policial comete um


assassinato e, em vez de cumprir o papel legal de defender a sociedade, ataca-a. É
preciso ter a real necessidade de proteger a vida, seja a sua ou de outras pessoas, para
que a ação do braço armado do Estado tenha respaldo e seja uma morte em intervenção
policial, também chamada de auto de resistência, e não um assassinato.

Um exemplo: somente no primeiro semestre de 2020, sob comando do governador João


Doria (PSDB), os policiais do estado de São Paulo mataram 498 pessoas, a maior
quantidade de homicídios cometida por agentes da segurança pública desde 1996 –
quando a estatística começou a ser contabilizada pelo governo.

Você também pode gostar