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Mas como alguém se torna um inimigo? Quais são os critérios para definir
quem merece esse tratamento excepcional? Segundo o jurista alemão Günther
Jakobs, criador da teoria, existem três passos para o indivíduo se tornar um
inimigo:
1. O primeiro passo é a negação da vigência da norma. Isso significa
que o indivíduo não reconhece a validade e a autoridade da lei, agindo de
forma contrária aos seus preceitos. Por exemplo, um terrorista que atenta
contra a vida e a segurança das pessoas, ou um traficante que desafia o poder
estatal.
2. O segundo passo é a negação da vigência do sistema. Isso
significa que o indivíduo não aceita a existência e a legitimidade do Estado e
das instituições democráticas, buscando subvertê-las ou destruí-las. Por
exemplo, um golpista que tenta derrubar o governo, ou um integrante de uma
organização criminosa que corrompe agentes públicos.
3. O terceiro passo é a negação da vigência da pessoa. Isso significa
que o indivíduo não respeita a dignidade e os direitos humanos dos demais
membros da sociedade, tratando-os como objetos ou obstáculos para os seus
fins. Por exemplo, um estuprador que viola a integridade física e psicológica
de uma vítima, ou um assassino que mata sem motivo ou remorso.
No entanto, essa teoria é alvo de muitas críticas e controvérsias, pois fere os
princípios constitucionais e os tratados internacionais de direitos humanos.
Além disso, ela abre espaço para arbitrariedades e abusos por parte das
autoridades, que poderiam rotular como inimigos aqueles que discordam ou se
opõem ao seu poder. Por fim, ela nega a possibilidade de ressocialização e
reintegração dos infratores, criando uma categoria de excluídos e
marginalizados.