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DARLENSANDRO NUNES DE OLIVEIRA

Direito Penal do Inimigo: Passos para o individuo se tornar um inimigo.

    O Direito Penal do Inimigo é uma teoria jurídica que propõe a aplicação de


um regime penal diferenciado para aqueles que são considerados inimigos da
sociedade, ou seja, pessoas que não respeitam as normas e os valores
fundamentais do Estado Democrático de Direito. Esses indivíduos seriam
tratados com menos garantias e direitos do que os demais cidadãos, podendo
sofrer medidas de segurança preventivas, penas mais severas e restrições ao
devido processo legal.

    Mas como alguém se torna um inimigo? Quais são os critérios para definir
quem merece esse tratamento excepcional? Segundo o jurista alemão Günther
Jakobs, criador da teoria, existem três passos para o indivíduo se tornar um
inimigo:

                1. O primeiro passo é a negação da vigência da norma. Isso significa
que o indivíduo não reconhece a validade e a autoridade da lei, agindo de
forma contrária aos seus preceitos. Por exemplo, um terrorista que atenta
contra a vida e a segurança das pessoas, ou um traficante que desafia o poder
estatal.

                2. O segundo passo é a negação da vigência do sistema. Isso
significa que o indivíduo não aceita a existência e a legitimidade do Estado e
das instituições democráticas, buscando subvertê-las ou destruí-las. Por
exemplo, um golpista que tenta derrubar o governo, ou um integrante de uma
organização criminosa que corrompe agentes públicos.

                3. O terceiro passo é a negação da vigência da pessoa. Isso significa
que o indivíduo não respeita a dignidade e os direitos humanos dos demais
membros da sociedade, tratando-os como objetos ou obstáculos para os seus
fins. Por exemplo, um estuprador que viola a integridade física e psicológica
de uma vítima, ou um assassino que mata sem motivo ou remorso.

DARLENSANDRO NUNES DE OLIVEIRA


DARLENSANDRO NUNES DE OLIVEIRA

    Esses três passos configurariam uma progressiva desumanização do


indivíduo, que deixaria de ser visto como um cidadão e passaria a ser visto
como um inimigo. Assim, o Direito Penal do Inimigo justificaria a aplicação
de um tratamento mais duro e repressivo para esses casos, visando proteger a
sociedade e o Estado de Direito.

    No entanto, essa teoria é alvo de muitas críticas e controvérsias, pois fere os
princípios constitucionais e os tratados internacionais de direitos humanos.
Além disso, ela abre espaço para arbitrariedades e abusos por parte das
autoridades, que poderiam rotular como inimigos aqueles que discordam ou se
opõem ao seu poder. Por fim, ela nega a possibilidade de ressocialização e
reintegração dos infratores, criando uma categoria de excluídos e
marginalizados.

    Portanto, o Direito Penal do Inimigo é uma teoria perigosa e


antidemocrática, que deve ser rejeitada por todos aqueles que defendem o
Estado de Direito e os direitos humanos.

DARLENSANDRO NUNES DE OLIVEIRA

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