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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS


CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS

Cleiton Novaes Teixeira


Douglas Ferreira Souza Ramos
Elisângela Campos
Fábio Luís Alkmin Chaves
Maxuel Oliveira e Souza
Sebastião Vinicius Silva

O POLICIAL-MILITAR COMO PROMOTOR DOS DIREITOS HUMANOS E


PROTETOR DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

Pouso Alegre - MG
2020
Cleiton Novaes Teixeira
Douglas Ferreira Souza Ramos
Elisângela Campos
Fábio Luís Alkmin Chaves
Maxuel Oliveira e Souza
Sebastião Vinicius Silva

O POLICIAL-MILITAR COMO PROMOTOR DOS DIREITOS HUMANOS E


PROTETOR DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

Trabalho apresentado para a disciplina


Direito Constitucional, pelo Curso de
Formação de Soldados da Polícia Militar
de Minas Gerais.

Pouso Alegre - MG
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3

2 DESENVOLVIMENTO 4

2.1 APLICAÇÃO DO DIREITO NA ATIVIDADE OPERACIONAL 4

2.2 PARTICULARIDADES POLICIAL MILITAR 5

2.3 DIFERENÇAS ENTRE SERVIDOR PÚBLICO E MILITAR 7

2.3 JUSTIÇA MILITAR 9

2.4 RESPALDO NO ORDENAMENTO JURÍDICO 10

3 CONCLUSÃO 12

REFERÊNCIAS 13
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1 INTRODUÇÃO

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), surgiu após a


Segunda Guerra Mundial, aprovada em 1948 na Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas. Na DUDH são direitos básicos imprescindíveis para a vida
humana, como direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, à dignidade da
pessoa humana logo cabe à Polícia Militar ser o garantidor dos direitos humanos,
como proteger a vida, promover a sensação de segurança, garantir os direitos de ir e
vir (DECLARACÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948; DIRETRIZ Nº
3.01.09/2018-CG).
O exercício da profissão de policial militar é sem dúvidas uma das mais
complexas atividades que existem, pois, o policial militar trabalha representando o
poder coercitivo do Estado e, muitas vezes, precisa empregar a força ou até mesmo
restringir direitos de maneira mais contundente. Não obstante, isso gera conflito, e
muitas vezes o policial militar, no exercício natural do seu labor, se vê caminhando
em uma linha tênue entre a proporcionalidade e o abuso do poder estatal que lhe é
conferido. Por isso, é necessário que haja instrumentos balizadores da atuação
policial, de modo que eles possam servir como mecanismos de orientação que
guiarão o policial no seu dia a dia.
Constitucionalmente, é legado a polícia militar a polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública e a proteção da incolumidade física das pessoas e do
patrimônio (parágrafo V, art. 144, CF). Ao buscar entender o papel da polícia militar
enquanto instituição, percebemos no dispositivo constitucional que a descreve uma
dificuldade intrínseca. Ora, se é preciso proteger as pessoas, o patrimônio dessas
pessoas e ainda por cima preservar a ordem pública, como fazê-lo de modo que se
não fira nem se exceda em tal atuação?
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 APLICAÇÃO DO DIREITO NA ATIVIDADE OPERACIONAL

Segundo o artigo - A promoção da polícia militar na promoção dos Direitos


Humanos (2017, p.2),

“A PM é uma categoria, normalmente solicitada para atuar em ambientes


sociais conflituosos, exigindo-se cada vez mais das corporações o respeito
à dignidade da pessoa humana. Não é suficiente que o policial desempenhe
bem as suas atividades, é fundamental fazê-las de forma ética, correta,
integra, e em conformidade com as leis e a cidadania”.

Nota-se a dificuldade de ser um PM (policial militar) justamente pelo exemplo


citado acima. Haja vista que atuar em situações de conflito, como por exemplo, uma
troca de tiro, possa complicar muito o modo como às coisas irão de desenrolar,
sobretudo para o policial militar, que não irá apenas sanar a injusta agressão usando
fogo contra fogo, mas precisa além de estar submetido a essa situação de extremo
stress, cumprir seu dever se atentando ao que o ordenamento jurídico prevê.
No curso de formação dos soldados até o de oficiais, estuda-se direito
constitucional. Isso porque a polícia militar já entendeu que é uma necessidade
precípua que o militar conheça a lei, pois sem respaldo nela, suas ações são
arbitrárias e ilegais. A atividade-fim (operacional) é toda regulamentada, desde as
abordagens até o uso diferenciado da força que permite em último caso ceifar a vida
de um indivíduo infrator para que a injusta agressão cesse. Por isso, estuda-se o art.
5° da CF (Constituição Federal), pois lá estão todos os direitos e deveres individuais
do cidadão, direitos que o PM deve acima de tudo preservar e conhecer.
Segundo Balestreri, zelar pela ordem pública é, acima de tudo, dar exemplo
de conduta baseada em princípios, não há exceção quando tratamos de princípios,
mesmo quando está em questão à prisão, guarda e condução de malfeitores. Se o
policial é capaz de transigir nos seus princípios de civilidade, quando no contato com
sociopatas, abona a violência, contamina-se com o que nega, conspurca a
normalidade, confunde o imaginário popular e rebaixa a igualdade de
procedimentos, com aquele que combate. (Balestreri, 1998, p.10).
Um policial que atua na atividade operacional e conhece os direitos que deve
salvaguardar e como fazê-lo, já está livre de metade dos problemas que pode ter se
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agisse sem embasamento legal. Por exemplo, prevê o Parágrafo XI do Art. 5 da CF


“a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Se o policial não
conhece ou ignora que só nessas hipóteses poderá ingressar no domicílio do
indivíduo, certamente responderá pelo abuso, mesmo que sua ação tenha sido
‘’aparentemente’’ legítima, já que se não tiver previsão legal, de nada adianta.
Nessa perspectiva, surge a necessidade de entender e concentuar a figura do
policial. Para Balestreri (1998, p.8):

“o operador de segurança pública é, contudo, um cidadão qualificado pelo


serviço: Emblematiza o Estado, em seu contato mais imediato com a
população. Sendo a autoridade mais comumente encontrada tem, portanto,
a missão de ser uma espécie de porta voz popular do conjunto de
autoridades das diversas áreas de poder. Além disso, porta a singular
permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da lei, o que lhe
confere natural e destacada autoridade para a construção social ou para
sua devastação”.

Muitos dizem que os fins não justificam os meios, na atividade policial isso
também se aplica. Posto que um policial em sua atividade operacional não poderá
empregar qualquer meio (modo de fazer), para chegar ao seu fim (a preservação da
ordem pública). Ora, existe uma série de leis e regulamentos, começando pela
constituição federal, que o submetem a só agir de acordo com o que a lei prevê.
Mesmo que em alguns casos ele tenha a discricionariedade, as opções possíveis
para sua ação também estarão descritivas, sendo assim, mesmo sua margem de
escolha é limitada e fundamentada.
Portanto, há que se falar que não pode haver trabalho policial sem
aplicabilidade do texto constitucional e de todas as legislações que dela derivam.
Atualmente, o policial deve se lançar dia após dia na busca pelo conhecimento
jurídico e técnico a fim de tornar as suas ações as mais precisas e legais possíveis,
pois só assim, será possível termos uma polícia de qualidade e que atende aos
anseios da população e que cumpre efetivamente sua função conforme a CF prevê.
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2.2 PARTICULARIDADES POLICIAL MILITAR

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144, atribui às Polícias


Militares o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública. Com isso a
Polícia Militar tem o dever de fiscalizar e reprimir atividades ilícitas em caráter
imediato. Nesse mesmo artigo a Constituição Federal fala que a Policia Militar é
força auxiliar e reserva do Exército, ou seja, alem de executar a atividade de
segurança pública, se necessário, ela pode ser requisitada pelo Exercito Brasileiro
para atuar na defesa nacional em caso de estado de sitio.
A Polícia Militar realiza seu serviço de forma ostensiva, ou seja, de maneira
visível com viaturas caracterizadas e uniformes representativos, nos quais,
possibilita a rápida identificação pelo cidadão seja ele infrator ou não, prevenindo
assim que o crime aconteça. A Polícia Militar também se preocupa com os crimes
em andamento ou que acabaram de acontecer, nessa situação ela é acionada pelo
cidadão, pessoalmente ou através de ligação telefônica para o número 190, e tem o
dever de tomar as devidas providências.
A Polícia Militar é legalmente atribuído os serviços de fiscalização e
segurança de trânsito, urbano e rodoviário, do meio ambiente, a prevenção criminal
e as atividades relacionadas com a restauração da ordem pública, além de atuar em
conjunto com órgãos e entidades públicas para garantir a estes o exercício do poder
de polícia, principalmente das áreas fazendária e ambiental. Mediante fundada
suspeita a Policia Militar também tem o direito e o dever de abordar pessoas e
veículos e realizar a busca pessoal a fim de encontrar objetos ilícitos e prevenir a
criminalidade.
Prevenção é a base da atividade policial militar, podemos citar alguns
portfólios que são essenciais para a execução dessa atividade, são eles; Base
Comunitária, tem como objetivo reduzir o crime e a desordem publica em sua área
de atuação e contribui também para aumentar a sensação de segurança e qualidade
de vida da comunidade local; PPVD, é a Patrulha de Prevenção a Violência
Doméstica formada por uma guarnição de dois policias militares, sendo que um
deles obrigatoriamente será uma policial feminina, que presta serviço de proteção a
vítima real ou potencial, e tem a missão de desestimular ações criminosas no
ambiente familiar; Patrulha Escolar, policiamento ostensivo no entorno e no interior
das escolas, com vistas a prevenção da criminalidade, no qual, atua em sincronia
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com o Programa Educacional de Resistência as Drogas (PROERD); Grupo Especial


de Policiamento em Área de Risco (GEPAR), empregado em áreas de risco,
aglomerados, vilas, com ações planejadas e treinamento especifico, tem como
objetivo principal a prevenção do crime de homicídio nessas localidades; Patrulha de
Atendimento de Meio Ambiente (P MAmb), tem o objetivo de proceder a fiscalização
ambiental integrada das atividades e empreendimentos com potencial poluidor
degradador, recursos hídricos. Intervenções ambientais, fauna, solo, patrimônio
cultural e urbano, alem do combate a violência no campo; Patrulha Rural (PR), é o
policiamento em zona rural, atividade sistemática de preservação da ordem pública,
que tem por objetivo prevenir e reprimir delitos em fazendas, sítios, condomínios e
cooperativas, dentre outras áreas rurais.
Tendo em vista que a atividade Policial Militar é uma atividade essencial para
a preservação da ordem pública e ao cumprimento das leis, a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 142, deixa bem clara a restrição do direito de greve para os
policiais militares.

2.3 DIFERENÇAS ENTRE SERVIDOR PÚBLICO E MILITAR

Inicialmente, de acordo com a CF/88, a Administração Pública era organizada


em 03 seções:
● Seção I  - Disposições Gerais ( art. 37 a art. 38 )
● Seção II  - Dos Servidores Públicos Civis ( art. 39 a art. 41 )
● Seção III  - Dos Servidores Públicos Militares ( art. 42 )
Com a Emenda Constitucional 18/98, passou a ser organizado da seguinte forma:
● Seção I  - Disposições Gerais ( art. 37 a art. 38 )
● Seção II  - Dos Servidores Públicos ( art. 39 a art. 41 )
● Seção III  - Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
( art. 42 )
● Seção IV  - Das Regiões ( art. 43 )

Tal mudança demonstra que o Estado promoveu a supressão do termo


“Servidores”, reforçando a característica militarista das Polícias Militares. Além disso,
a remuneração dos militares passam a ser fixadas como subsídio, conforme o Art.
39, § 4º, da Constituição.
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Com isso, parte da doutrina passou a considerar a exclusão dos militares da


categoria de servidores públicos, outros os passaram a classificar como “agentes
militares”.

Fato é que os Policiais Militares são servidores do Estado sujeitos ao regime


contido de acordo com suas atividades específicas, obedecendo o art. 42, § 10,
CF/88.

Em se tratando da promoção dos direitos humanos, a Polícia Militar em sua


atividade ostensiva busca manter a preservação da ordem pública. Assim, é
constante sua atuação na sociedade e proximidade com o cidadão, principalmente
através de serviços de polícia comunitária. Para tanto, a Instituição possui uma
responsabilidade enorme para a incutir no cidadão o espírito social da manutenção
dos direitos, principalmente dos direitos humanos.

O tratamento correto nas abordagens e postura durante as operações


policiais fazem com que o policial seja fruto de um julgamento por parte da
sociedade. Por isso, é de suma importância que o policial militar seja um
promovedor da garantia desses direitos fundamentais. Não somente pela legalidade
e legitimidade de suas atitudes, mas intrinsecamente, o militar deve ter ciência de
que é espelho para o cidadão, desde a criança que o observa até o adulto com mais
experiência. A importância da promoção dos direitos é tanta que, referente aos
criminosos, por exemplo, eles também possuem direitos humanos, como ao
julgamento e tratamento digno quando detidos.

Além disso, o agente militar é representante do Estado mantendo um contato


próximo e físico da população. Os pilares do militarismo estão na hierarquia e
disciplina. Por isso, é indispensável que durante a formação nos cursos militares, o
policial tenha equilíbrio psicológico satisfatório, de modo a não afetar sua saúde
emocional, pois entende-se que este equilíbrio reflete na saúde da própria
instituição. Face a isso, Balestreri (2005) afirma que: “A verdadeira hierarquia só
pode ser exercida com base na lei e na lógica, longe, portanto, do personalismo e do
autoritarismo doentios. ” (BALESTRERI, 2005, p. 78).

Diferentemente de um servidor público comum, a complexibilidade das


atividades policiais é muito grande. O policial militar atua fortemente sobre crimes,
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problemas com relação à violência, conflitos sociais, dentre outros. Por isso, como já
dito anteriormente, além da manutenção da ordem pública, o militar têm a obrigação
legitima e moral de ser propagador dos direitos humanos, sendo mediador dos
conflitos em sua atuação frente à sociedade, sendo garantidor dos direitos coletivos
e individuais. No que tange ao assunto, Bengochea (2006) afirma: “Deve-se ter
sempre clara a ideia de que a sociedade é complexa, ocorrendo conflitos de
diversos tipos todos os dias, e que para a resolução destes os órgãos de segurança
pública devem utilizar ações diferenciadas. A polícia não pode utilizar um
procedimento padrão, único, para todas as formas de conflito, ela precisa ter a
capacidade de ampliar o espaço de decisão nas escolhas de ações e intervenções
para cada fato que enfrenta. Assim, a postura mediadora passa a ser uma função
importantíssima na ação da polícia” (BENGOCHEA, 2006, p. 120).

Outra especificidade da diferença do policial militar frente ao servidor público


comum, é a polícia ostensiva tem uma parcela maior de responsabilidade na
representatividade do Estado. Além disso, muito pela atividade policial, o Estado
consegue proteger alguns direitos humanos, como por exemplo, a própria garantia
do direito à vida.

Por isso, podemos constatar que os policiais militares, possuem algumas


especificidades quando comparados aos servidores públicos comum, principalmente
na promoção dos direitos humanos. Devendo ser promotor e garantidor desses
direitos, visando manter a eficácia de sua aplicabilidade na prática policial.

2.3 JUSTIÇA MILITAR

Os militares estão sujeitos expressamente à Justiça Militar, componente do


Poder Judiciário, conforme Art. 92, inciso VI da CF/88. Estão divididas em: Justiça
Militar da União e Justiça Militar Estadual.

A Justiça Militar da União faz referência às Forças Armadas e estão descritas


na própria Constituição Federal, tendo competência para processar e julgar os
crimes militares definidos em lei, julgando militares ou civis.
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Já a Justiça Militar Estadual, existe a possibilidade de que os Tribunais de


Justiça façam Leis próprias, de acordo a Constituição do Estado. É competente para
julgar os militares Estaduais nos crimes militares definidos em lei e ações judiciais
em atos disciplinares, salvo quando a vítima for civil. Julga somente militares
estaduais.

2.4 RESPALDO NO ORDENAMENTO JURÍDICO

A Polícia Militar é um dos órgãos constitucionalmente responsáveis pela


segurança pública, cabendo-lhe, conforme previsto no artigo 144, §5º, da
Constituição Federal, a preservação da ordem púbica e a atividade de policiamento
ostensivo.
A polícia militar fim de cumprir sua missão, o Estado confere a esta instituição
policial o poder de polícia administrativa e o uso legítimo da força, para viabilizar o
controle e a adequação dos interesses, direitos e deveres individuais em benefício
da coletividade ou do próprio Estado, com o objetivo sempre da preservação da
ordem e incolumidade públicas.
O conceito legal de poder de polícia está contido no artigo 78, do Código Tributário
Nacional (Lei nº 5.172/66), que dispõe:

“Art. 78 – Considera-se poder de polícia a atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais
ou coletivos.” (BRASIL, 1966).

O poder de polícia não é ilimitado. Ele está intrinsecamente relacionado ao


interesse público, ou seja, ele deve ser exercido apenas nos limites exigidos para se
alcançar o bem comum. Segundo Di Pietro (2003), o poder de polícia somente pode
ser exercido quando não for possível o emprego de outro meio eficaz para se
alcançar o objetivo pretendido, não sendo válido quando desproporcional ou
excessivo.

Os militares, no exercício de suas atividades, se deparam, cotidianamente,


com situações que apresentam os mais diferentes níveis de risco e complexidade.
11

Cada momento exigirá que o policial planeje suas ações de maneira rápida e eficaz,
agindo de modo a neutralizar uma crise e mitigar eventuais consequências. Para
tanto, os policiais, mesmo nas circunstâncias mais adversas, devem estar
preparados para tomarem decisões, principalmente quanto ao uso da força, que
estejam dentro dos padrões técnicos, legais e éticos exigidos. Dessa forma, o poder
de policia por parte dos militares regem pelos seguintes atributos:
A discricionariedade é a livre escolha de agir por parte do agente
administrativo, com base nos princípios da oportunidade e conveniência. É uma
margem de escolha ampla, mas que encontra limites na própria lei. Não se pode
confundir discricionariedade com arbitrariedade. Isto porque, enquanto a
discricionariedade significa agir dentro da lei, esta última está relacionada à uma
atuação fora dos limites impostos pela legislação vigente.

A autoexecutoriedade, por sua vez, é o atributo que permite que à


Administração Pública, por seus próprios meios, executar suas decisões, sem
precisar de nenhuma interferência ou autorização judicial.

Por fim, a coercibilidade é a possibilidade de imposição das decisões


administrativas, é a imperatividade dos atos da Administração Pública e a
possibilidade do uso da força para se fazer cumprir tais medidas.
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3 CONCLUSÃO

Muitos dizem que os fins não justificam os meios e na atividade policial isso
também se aplica. Posto que um policial em sua atividade operacional não poderá
empregar qualquer meio (modo de fazer), para chegar ao seu fim (a preservação da
ordem pública).
Ora, existem uma série de leis e regulamentos, começando pela constituição
federal, que o submetem a só agir de acordo com o que a lei prevê. Mesmo que em
alguns casos ele tenha a discricionariedade, as opções possíveis para sua ação
também estarão descritivas, sendo assim, mesmo sua margem de escolha é limitada
e fundamentada.
Portanto, há que se falar que não pode haver trabalho policial sem
aplicabilidade do texto constitucional e de todas as legislações que dela derivam.
Atualmente, o policial deve se lançar dia após dia na busca pelo conhecimento
jurídico e técnico a fim de tornar as suas ações as mais precisas e legais possíveis,
pois só assim, será possível termos uma polícia de qualidade e que atenda aos
anseios da população e que cumpre efetivamente sua função conforme a CF prevê.
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REFERÊNCIAS

BALESTRERI, Ricardo Brisola. Direitos Humanos: Coisa de Polícia. Passo Fundo-


RS. Pater Editora, 1998 (Edições CAPEC – Centro de Assessoramento a Programas
de Educação para a Cidadania), pág. 8.

BALESTRERI, Ricardo Brisola. Direitos Humanos: Coisa de Polícia. Passo Fundo-


RS. Pater Editora, 1998 (Edições CAPEC – Centro de Assessoramento a Programas
de Educação para a Cidadania), pág. 10.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil,


Capítulo I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, Art. 5.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em 29 de dez. 2020.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil,


Capítulo I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, Art. 5,
Parágrafo XI. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 29 de
dez. 2020.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil,


Capítulo III – DA SEGURANÇA PÚBLICA, Art. 144, Parágrafo V. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 29 de
dez. 2020.

CARVALHO, R. O. A polícia militar na promoção dos direitos humanos. Macapá-AP,


2017, pág. 2.

DECLARACÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948;

DIRETRIZ Nº 3.01.09/2018-CG.

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