Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CENTRO DE EDUCAÇÃO
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO CABO BRANCO
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
INTRODUÇÃO
Este texto apresenta uma análise dos artigos: “ Os Direitos e Garantias Fundamentais
para os Agentes da Atividade Policial: Um olhar sob a Educação Continuada de Segurança
Pública”1 e Direitos Fundamentais versus Abordagens Policiais: Em busca de um diálogo
cidadão para consolidação da Paz Social”2. Para tanto, foi realizada leitura reflexiva, atentando-
se aos tópicos de interesses comuns encontrados em ambos artigos científicos, sobretudo, aos
Direitos Humanos dos Agentes Policias e aos Aspectos Constitucionais das abordagens
policiais. Dessa forma, temos como objetivo fazer uma interligação desses temas, focando na
necessidade de promover uma maior valorização dos policiais, bem como, respaldar legalmente
e enfatizar a importância de sua principal ação cotidiana: as abordagens.
Diante destes conceitos introdutórios, é pertinente frisar que a missão principal dos
órgãos de segurança pública é assegurar um certo nível de sensação de segurança, e assim,
promover permanentemente a qualificação de seus integrantes. Corroborando com isso,
CAMPOS & NUNES (2018) pontuam que,
1
Artigo publicado em: Cadernos da Fucamp, v.17, n.30, p. 113 - 138 /2018.
2
Artigo publicado em: Revista FIDES, v. 12, n. 1, p. 742-762, 9 set. 2021.
“(...) podemos afirmar que uma sociedade sem segurança é uma sociedade que não
consegue ter efetividade na fruição de seus direitos e garantias fundamentais e para
tanto, necessário se faz política pública de segurança que possa ser eficaz neste direito
e garantia do cidadão. ” (CAMPOS e NUNES, 2018, p.123)
Sendo assim, a qualificação contínua dos agentes policiais torna-se primordial nesse
cenário de busca incessante da paz social, pois, é mediante a manutenção da ordem pública, que
o Estado consegue proporcionar à sociedade uma justiça social que se reflete na sensação de
segurança, principalmente nos espaços de uso coletivo. Nesse sentido, a ideia de promover uma
formação pautada nos direitos humanos aos integrantes dos órgãos policiais é um mecanismo
que retroalimenta o sistema de segurança pública. Isso porque, não podemos pensar que as
polícias são estruturas sociais fora da sociedade, pelo contrário, elas são partes que respondem
muitas vezes pelo todo, mostrando-se, como elemento indelével e indissociável do corpo social.
Aliado a esses conceitos, percebemos que as políticas de segurança pública devem ser
estimuladas pelas necessidades da sociedade, isso porque a construção sociológica dos órgãos
policiais não pode tangenciar o círculo social, mas deve ser forjada nos entraves que a própria
sociedade cria como um processo de amadurecimento social, pois entendemos que:
Depreende-se desse contexto teórico, portanto, que, para alcançar uma situação
hipotética e utópica de ordem pública permanente, a educação continuada dos encarregados de
aplicação da lei deveria ser prioridade precípua. E, ainda que tal cenário seja racionalmente
impossível de ser alcançado, em qualquer nível de promoção de Segurança Pública deve-se
proporcionar “a formação do policial cidadão promotor da paz social” (CAMPOS e NUNES,
2018, p.132)
Assim, parafraseando CAMPOS & NUNES (2018), para garantir essa formação é
fundamental que a Portaria Interministerial SEDH/MJ nº 2, de 15 de dezembro de 2010 seja
implementada em todas as instituições policiais, pois faz-se mister que a promoção e defesa dos
direitos humanos dos profissionais de Segurança Pública sejam integralmente estabelecidos
como ingredientes sociais os quais incentivem o engajamento integral dos policiais no projeto
de justiça social, e ainda conforme os citados autores:
“(...) este profissional também é cidadão e coloca sua vida em risco em detrimento do
bem comum. Sua valorização é de extrema importância para que ele execute um
trabalho de excelência na busca do bem-estar e proteção da sociedade, garantindo a
todos a paz social. ” (CAMPOS e NUNES,2018, p.134)
Logo, por essa ótica, os agentes policiais são profissionais que, como qualquer outro
trabalhador, têm direitos e devem ser tratados com respeito e dignidade; a formação e
treinamento adequados são fulcrais para que eles desempenhem suas funções de maneira
eficiente e segura, garantindo assim uma melhor qualidade de serviço para a sociedade.
Neste ínterim de ideias, percebemos que o Estado, por meio dos órgãos de segurança
pública, limita os direitos fundamentais das pessoas ao mesmo tempo em que tem a missão de
garantir a paz social. E, nessa linha de raciocínio, NETO & CABRAL (2021) nos ensinam que,
Portanto, percebe-se que há uma linha tênue nas abordagens policiais e que é preciso
expertise por parte dos agentes de segurança pública para não darem ignição a certas
ocorrências que possam gerar fagulhas de desordem pública. Nesse sentido, o uso ponderado
do poder de polícia deve ser estimulado dentro das instituições policiais. O limite legal da ação
policial em uma busca pessoal tem que estar pautado em atos profissionais que enfatizem a
educação social, ou seja, o policial, ao fazer uma interpelação a um indivíduo, deve ser o menos
invasivo possível, tendo a consciência de que seu poder de polícia é estritamente funcional. Nas
palavras de NETO & CABRAL (2021), fica claro que
“(...) o ato de parar um indivíduo para identificá-lo e ter certeza de que ele não está
praticando nenhuma atividade ilegal é a forma mais pura de expressão do que é e para
que serve o poder de polícia e dever de manutenção da ordem. ” (NETO e
CABRAL,2021, p.753)
Com base nesses argumentos, infere-se que a abordagem policial é essencial para a
manutenção da ordem pública. Em que pese toda a celeuma que existe em torno dessa temática,
precipuamente nas interferências sobre os direitos fundamentais do cidadão, é pacificado que o
direito coletivo tem prioridade sobre o direito individual. Dessa forma, a busca por uma
Segurança Pública de qualidade e ativa é fundamental para o estabelecimento da paz social “que
ultrapassa o viés da individualidade e abrange a sociedade como um todo, enquanto valor
supremo”. (NETO e CABRAL, 2021, p.759)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após leitura e reflexão sobre os conceitos trazidos por esses dois artigos, a correlação
feita com os tópicos ‘Direitos Humanos dos Agentes Policiais e Aspectos Constitucionais das
abordagens policiais’ nos apresentou a possibilidade de pensarmos na relevância de tais temas.
Diante disso, teorizar sobre o papel da Segurança Pública, analisando conjuntamente os Direitos
Humanos e o conflito social existente nas abordagens policiais, nos permite fazer projeções
sobre a influência que esses direitos implementados pode trazer para a qualidade dos serviços
oferecidos à sociedade.
Deste modo, resta evidente que o agente encarregado de aplicação da lei tendo a
consciência de garantia de seus direitos fundamentais “contribui significativamente para a
construção de uma política pública de segurança eficaz na busca da sociedade justa e na garantia
dos direitos fundamentais do cidadão”. (CAMPOS e NUNES, 2018, p.135). Por fim,
alicerçados nesses argumentos, entendemos que a missão constitucional dos policiais se reveste,
portanto, de significados que otimizem a mitigação dos riscos sociais e do status quo de
sociedade carente de segurança pública.
REFERÊNCIAS
-Silva, Robson Rodrigues da; ENTRE A CASERNA E A RUA: O DILEMA DO PATO: UMA
ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DA NSTITUIÇÃO POLICIAL MILITAR A PARTIR DA
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DOM JOÃO VI. Editora da UFF, 2011.