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INSTITUTO ENSINAR CURSOS

GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA

EDEMAR MARRIEL DA SILVA

POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA E OS DIREITOS HUMANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Instituto Ensinar Cursos, como parte das
exigências para obtenção do Certificado do Curso
de Gestão em Segurança Pública e Privada.

Orientadora: Rossana Castro

Goiânia - GO
2020
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POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA E OS DIREITOS HUMANOS


Edemar Marriel da Silva1

RESUMO

O presente trabalho tem por principal premissa a necessidade de demonstrar a importância de tornarem
próximas a segurança e a comunidade, em especial, a de periferia, objetivando resgatar a dignidade do
profissional de segurança pública e a confiança do cidadão, há muito tempo perdida. Essa pesquisa tem
sua justificativa pela necessidade de demonstrar que direitos humanos e prestação de serviços em
segurança pública são totalmente compatíveis, contudo, os resultados esperados em relação à questão
do resgaste pelo Estado de uma política social efetiva dentro da comunidade ainda não ocorrem de forma
satisfatória. Diante do exposto, percebe-se que esta situação leva a concluir que o Estado precisa rever
suas ações.

Palavras chave: Direitos humanos. Política nacional de segurança; Sistema Único de Segurança
Pública.

1 INTRODUÇÃO

A segurança pública é essencial para as pessoas e faz parte do conjunto de leis


fundamentais para a vida da pessoa humana e integra o conjunto de direitos humanos.
Embora seja direito social e fundamental definido e garantido constitucionalmente a
todos nos setores sociais, a abordagem à segurança pública não é encorajador, dada a
alta taxa de violência e criminalidade.
Problemas relacionados ao aumento da criminalidade, aumento da sensação de
incerteza, especialmente em grandes centros urbanos, degradação do espaço público,
dificuldades relacionadas à reforma das instituições de justiça criminal, violência policial,
eficácia preventiva de nossas instituições, superlotação nas prisões, rebeliões, fugas,
deterioração das condições de detenção jovens em conflito com a lei, corrupção,
aumento dos custos operacionais do sistema, problemas relacionados à eficácia das
investigações criminais e policiais e atrasos nos tribunais, entre outros, são desafios
para a consolidação política bem-sucedida da democracia no Brasil.
É necessário mudar o foco da política de segurança pública na contenção de
homicídios. Esta é uma realidade aterradora e o aumento da violência criminosa no
Estado envolve fatores de risco como desigualdade social e econômica, má distribuição
de renda, alta disponibilidade de armas e drogas, falta de programas de integração

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edermarriel87@gmail.com
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social e uma cultura de violência. Entre outras coisas, isso contribui para o fato de o
especialista em segurança estar realmente em clima de guerra. O propósito da
ocupação das comunidades deve mitigar e até exterminar a violência e as mortes
resultantes do tráfico.
O problema da segurança não pode, portanto, limitar-se ao repertório tradicional
do direito e das instituições judiciais, em particular a justiça criminal, prisões e polícia.
Obviamente, as soluções devem incluir o fortalecimento da capacidade do Estado de
lidar com a violência, a retomada das habilidades de liderança nas políticas de
segurança pública, mas também o alargamento dos pontos de contato entre instituições
públicas e a sociedade civil, a produção acadêmica mais relevante para essa área.
Em resumo, os novos gestores de segurança pública (não apenas a polícia,
promotores, juízes e burocratas da administração pública) devem enfrentar esses
desafios para que um amplo debate nacional sobre esse tema se torne um controle real
sobre a política de segurança e, incentivar parcerias entre órgãos governamentais e a
sociedade civil na luta pela segurança e qualidade de vida dos cidadãos brasileiros.

2 O ESTADO E A POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL


O Brasil possui um contexto muito complexo em relação ao mundo criminal,
devido a vários tipos de violência, e esse fator também exige que o Estado seja capaz
de desenvolver políticas efetivas para lidar com esses problemas sociais. Quanto ao
modelo atual de gerenciamento de segurança pública, existem entidades que afirmam
que ele mudou (ADORNO, 1996):
No Brasil, a reconstrução da sociedade e do Estado democráticos, após 20
anos do regime autoritário, não foi suficientemente profunda para conter o
arbítrio das agências responsáveis pelo controle da ordem pública. Não
obstante as mudanças dos padrões emergentes de criminalidade urbana
violenta, as políticas de segurança e justiça criminal, formuladas e
implementadas pelos governos democráticos, não se diferenciaram grosso
modo daquelas adotadas pelo regime autoritário. A despeito dos avanços e
conquistas obtidos nos últimos anos, traços do passado autoritário revelam-se
resistentes às mudanças em direção ao Estado democrático de Direito [...]
(ADORNO, 1996, p. 233).
Segundo Bobbio (2004), os direitos humanos derivam da dignidade e do valor
inerente à pessoa humana, esses são universais, inalienáveis e igualitários. Os direitos
são inerentes a todo ser humano, não podem ser retirados ou alienados por ninguém;
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sendo planejado e aplicado a todas as pessoas igualmente - independentemente do


critério raça, cor da pele, sexo, idioma, religião, política ou outra opinião, nacionalidade
ou origem status social, propriedade, nascimento ou qualquer outro status. A segurança
pública está prevista na Constituição Brasileira de 1988, no art. 144 e sua principal
missão é manter a ordem pública e a garantia das pessoas e do meio ambiente. Assim,
por sua própria natureza, a segurança é a primeira agência governamental garantidora
de direitos humanos em caso de violação.
Conforme se verifica o sistema de segurança pública brasileiro atual que é
baseado na Constituição Federal de 1988 demonstra ter um compromisso legal com a
segurança individual e coletiva. Infelizmente as políticas de segurança pública atual
parece não conseguir resolver os problemas de criminalidade que fazem parte da
sociedade brasileira (CARVALHO; SILVA, 2003).
Para Sapori (2007),
Planejamento, monitoramento, avaliação de resultados, gasto eficiente dos
recursos financeiros não têm sido procedimentos usuais nas ações de combate
à criminalidade, seja no executivo federal, seja nos executivos estaduais. Desse
ponto de vista, a história das políticas de segurança pública na sociedade
brasileira nas duas últimas décadas se resume a uma série de intervenções
governamentais espasmódicas, meramente reativas, voltadas para a solução
imediata de crises que assolam a ordem pública [...] (SAPORI, 2007, p. 109).
Como se pode ver a gestão da segurança pública é uma responsabilidade
enorme que envolve uma diversidade de aspectos que devem ser considerados quando
se vai elaborar as leis e normas para o combate a violência nos municípios, estados e
no país inteiro. Neste sentido, é importante que estes órgãos públicos de segurança
estejam adequadamente comprometidos e unidos para criar leis coerentes com a
realidade.

2.1 O PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA


A política de segurança pública é um processo sistêmico e otimizado que
envolve um conjunto de atividades públicas e sociais destinadas a proteger o indivíduo
e a comunidade, estendendo o castigo da justiça, recuperando e tratando aqueles que
violam a lei, garantindo direitos e cidadania a todos. Cada um dos atributos, como a
segurança é um tópico amplo, a divisão de atributos é fundamental para alcançar os
objetivos estabelecidos na lei.
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Cita Passetti (2003, p.170), sobre o Estado penalizador “os estudos e pesquisas
procuram mostrar as dimensões atuais dos efeitos da globalização nas segregações,
confinamentos e extermínios de populações pobres, adulta, juvenil e infantil”. Este
processo que criminaliza a pobreza gera insegurança social e promove o Estado Penal.
Neste sentido descreve Wacquant (2001, p13):
Desenvolver o Estado penal para responder as desordens suscitadas pela
desregulamentação da economia, pela dessocialização do trabalho assalariado
e pela pauperização relativa e absoluta de amplos contingentes do proletariado
urbano, aumentando os meios, a amplitude e a intensidade da intervenção do
aparelho policial e judiciário, equivale a restabelecer uma verdadeira ditadura
sobre os pobres. Sobre a insegurança social.
O Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) utiliza um parâmetro teórico
específico em relação ao desenvolvimento da política de segurança pública brasileira,
cujo principal objetivo é formular ações voltadas à repressão e prevenção ao crime
nesse país (SALLA, 2003).
O PNSP recebe apoio financeiro direto do Fundo Nacional de Segurança Pública
(FNSP), criado especificamente para subsidiar programas relacionados ao combate ao
crime e à violência na sociedade brasileira. Infelizmente, a formatação da atual política
de segurança pública não produziu resultados satisfatórios em relação à realidade no
Brasil.
De acordo com Salla (2003),
[...] o Plano Nacional de Segurança Pública [...] compreendia 124 ações
distribuídas em 15 compromissos que estavam voltadas para áreas diversas
como o combate ao narcotráfico e ao crime organizado; o desarmamento; a
capacitação profissional; e o reaparelhamento das polícias, a atualização da
legislação sobre segurança pública, a redução da violência urbana e o
aperfeiçoamento do sistema penitenciário. Uma novidade é que no plano, além
dessas iniciativas na área específica de segurança, eram propostas diversas
ações na esfera das políticas sociais. O plano, no entanto, não fixava os
recursos nem as metas para ações. Ao mesmo tempo, não estavam
estabelecidos quais seriam os mecanismos de gestão, acompanhamento e
avaliação do plano (SALLA, 2003, p. 430).
Percebe-se que o PNSP demonstra seu aspecto positivo ao possibilitar a
institucionalização de importantes diretrizes direcionadas para a efetividade de ações
de gestão da segurança pública, porém os avanços práticos ainda deixam muito a
desejar. A política de segurança pública definida pela implementação do Sistema Único
de Segurança Pública (SUSP) tem como principal objetivo controlar e reduzir a violência
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e o crime, estabelecendo um modelo planejado de atividades integradas que agregam


todos os órgãos de segurança pública.
Esse modelo integrado de segurança pública, usado até hoje pela gestão de
segurança pública brasileira, baseia-se nos critérios e parâmetros estabelecidos no
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), institucionalizado
em 2007 (LOPES, 2009). As autoridades de segurança estão tentando transmitir ao
público que a política de segurança se baseia no respeito aos direitos e garantias
fundamentais e, de acordo com Fabretti (2014) na prática, esses princípios não são
respeitados:
Apesar de as autoridades públicas, principalmente as vinculadas ao Poder
Executivo Federal, promoverem o discurso do respeito aos direitos e garantias
fundamentais, na maioria das vezes, as autoridades que se encontram na linha
de frente do combate à criminalidade (policiais, secretários de segurança e até
governadores) simplesmente desconsideram a Constituição Federal
(FABRETTI, 2014, p. 81).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo desenvolver um levantamento teórico sobre os
principais aspectos da gestão da segurança pública, destacando a situação atual da
segurança pública brasileira, tendências e perspectivas, porque, em geral, o crime no
Brasil é suportado por dois tipos específicos de crime: tráfico de drogas e crime
organizado.
Espera-se que, por meio de atividades normativas, o PNSP obtenha a
capacidade jurídica criminal do Estado, que será ampliada e aprimorada juntamente
com a aprovação e sanções de propostas legislativas, com a absorção de tendências
legais modernas e processos penais, além de impedir práticas ilegais de maior
extensão rigorosamente e desenvolver atuação mais eficaz e moderna.
Considera-se também que o presente estudo atenda aos objetivos propostos,
pois pode contribuir significativamente para futuras pesquisas de segurança pública no
país e, mais especificamente, no plano nacional de segurança pública, fornecendo
informações detalhadas sobre ele.
Por se tratar de um estudo bibliográfico, este estudo se limita a uma análise
detalhada de publicações teóricas, destacando apenas os conceitos e estatísticas
levantados nesse universo. Diante dessa limitação, propõe-se que os estudos a seguir
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possam vincular informações teóricas a estudos de caso práticos, fornecendo uma


imagem mais precisa da realidade do crime no Brasil.

REFERÊNCIAS

ADORNO, S. A gestão urbana do medo e da insebobgurança: violência, crime e


justiça penal na sociedade brasileira contemporânea. 282 p. Tese (apresentada como
exigência parcial para o Concurso de Livre-Docência em Ciências Humanas) –
Departamento de Sociologia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, 1996.
BOBBIO, Noberto. A Era dos Direitos. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

CARVALHO, Vilobaldo Adelídio de and SILVA, Maria do Rosário de Fátima e. Política


de segurança pública no Brasil: avanços, limites e desafios. Revista Katálysis, 2011,
vol.14, n.1, pp. 59-67. ISSN 1414-4980.

FABRIETTI, Humberto. B. O regime constitucional da segurança cidadã. 195 p.


Tese (apresentada ao programa de pós-graduação em direito político e econômico da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à obtenção do título de
Doutor em Direito, 2013).

LOPES, E. Política e segurança pública: uma vontade de sujeição. Rio de Janeiro:


Contraponto, 2009.

PASSETTI, Edson. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo: Cortez, 2003.

SALLA, F. Os impasses da democracia brasileira: o balanço de uma década de políticas


para as prisões no Brasil. Revista Lusotopie, Paris, v. 10, p. 419-435, 2003.

SAPORI, L. F. Segurança pública no Brasil: desafios e perspectivas. Rio de Janeiro:


Editora FGV, 2007.

WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar Ed., 2001.

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